Representantes do arquipélago do Pacífico Sul, Elwin e Iatika estreiam em Mundiais apesar de dificuldades para custear viagens da preparação olímpica
Os aplausos, mesmo que modestos em relação aos dados às adversárias
polonesas, deixaram Elwin e Iatika arrepiadas. A dupla estreante em
Mundiais estava ali, na quadra central do torneio mais importante de
suas vidas, realizando um dos muitos sonhos da infância relacionados ao
vôlei de praia. Nem a derrota para Lili/Bárbara
desanimou a dupla. Do arquipélago de Vanuatu, no Pacífico Sul, para o
mundo, as atletas usam a criatividade para arrecadar fundos e custear a
campanha rumo aos Jogos do Rio de Janeiro. Por enquanto, mesmo que ainda
modestos, os resultados nas areias são a maior esperança de desembarcar
no Brasil em 2016.
Elwin e Iatika apareceram para o mundo do vôlei de praia em 2009 ao
vencerem o campeonato da Oceania. A Federação Internacional de Vôlei
(FIVB), que até então não as conhecia, pediu para que a australiana
Natalie Cook, representante da entidade na região, coletasse maiores
informações. A campeã olímpica enviou às ilhas seu treinador e a jovem
técnica Lauren McLeod. Lauren aceitou o desafio de treinar a parceria e
até hoje segue à frente da dupla em múltiplas funções.
No início, a meta era classificar a dupla para os Jogos de Londres
2012. O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Internacional
de Vôlei (FIVB) abraçaram a causa e deram o suporte financeiro
necessário para levar a parceria ao Circuito Mundial. A estreia veio em
2011, e as atletas sentiram o gosto de pisar em solo olímpico no
evento-teste britânico. Mas bateram na trave na hora de garantir a vaga
na competição do ano seguinte. Sem o objetivo alcançado, temeram o fim
da trajetória na elite internacional. Mas não ficaram de mãos atadas.
Sem um patrocinador fixo, Elwin, Iatika e Lauren passaram a arrecadar fundos por conta própria. Organizaram eventos como churrascos e festas na comunidade local e fizeram rifas. Lauren passou a treinar times estrangeiros no exterior em troca de estadia gratuita da equipe no local. O número de participação em torneios caiu, mas as duas conquistaram a vaga para o Mundial de Stare Jablonki e reavivaram as esperanças de seguir no Circuito.
- Meu pai me encorajou a começar a jogar para que eu pudesse ser a primeira pessoa a família a viajar em um grande avião. Agora espero que as pessoas em nosso país sigam nossa batalha, que mais mulheres e juvenis comecem a participar de modalidades esportivas e tentem dar o seu melhor. Espero que algumas pessoas em nosso país possam ver pelo menos um de nossos jogos aqui. Estamos muito animadas. Perdemos a classificação para Londres, mas vamos continuar tentando para o Rio - disse Elwin.
Na estreia no campeonato polonês, a equipe de Vanuatu frustrou a
torcida local ao derrotar as polonesas Bekier e Oleksy por 2 sets a 0,
com parciais de 21/14 e 21/13. No segundo jogo, porém, as duas não
resistiram à força das brasileiras Lili e Bárbara Seixas. Nada que
desanime a dupla, que sonha superar o 17º lugar alcançado no Grand Slam
de Xangai de 2012.
- Acho que a parte mais difícil já passou. No início foi mais duro
porque era preciso fazer uma escolha. Tenho duas crianças e às vezes
fico longe deles por duas semanas, às vezes por um mês. Agradeço muito
aos meus pais e meu marido por cuidar deles quando estou fora. Agora
conhecemos melhor as jogadoras e conseguimos jogar melhor. E as crianças
já entendem. É só voltarmos com um presente ou com um chocolate que
elas entendem - brincou Iatika.
Apesar do esforço que faz pelo projeto, a técnica Lauren Mcleod teme pelo futuro. Sem salário fixo, a australiana espera que algum patrocinador ou alguma entidade de sensibilize com a história de suas comandadas para que elas possam seguir no esporte de alto rendimento.
- Pela parte do vôlei acho que é realmente possível que elas consigam uma vaga para os Jogos do Rio. Essa é a "parte fácil" do nosso trabalho, ir para a areia e trabalhar duro. Mas o problema é que não temos o dinheiro para viajar o quanto precisamos para competir. Estamos fazendo o melhor que podemos, e este Mundial é a consolidação do nosso trabalho. Achamos que o programa cairia depois que não conseguimos a classificação para Londres, mas aí mudamos nosso foco para o Mundial. Foi algo muito importante para que atraíssemos mais uma vez o interesse das pessoas no Pacífico, conseguíssemos apoio e para que a comunidade do vôlei veja o nosso esforço. É sempre possível trabalhar mais duro na areia, mas no campo financeiro temos nossos limites.
Na fase de classificação, em jogo válido pelo Grupo M, Iatika e Elwin enfrentam ainda as italianas Gioria e Giombini. As duas primeiras colocadas da chave avançam para a fase de mata-mata, assim como as oito melhores terceiras colocadas.
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2013/07/churrascos-rifas-e-saudades-vanuatu-dribla-obstaculos-de-olho-no-rio-2016.html
Elwin e Iatika realizam sonho de disputar o primeiro Mundial da carreira em Stare Jablonki (Foto: FIVB)
Elwin com Matauatu no evento teste de Londres:
redução de verba fez delegação diminuir (Foto:FIVB)
redução de verba fez delegação diminuir (Foto:FIVB)
Sem um patrocinador fixo, Elwin, Iatika e Lauren passaram a arrecadar fundos por conta própria. Organizaram eventos como churrascos e festas na comunidade local e fizeram rifas. Lauren passou a treinar times estrangeiros no exterior em troca de estadia gratuita da equipe no local. O número de participação em torneios caiu, mas as duas conquistaram a vaga para o Mundial de Stare Jablonki e reavivaram as esperanças de seguir no Circuito.
- Meu pai me encorajou a começar a jogar para que eu pudesse ser a primeira pessoa a família a viajar em um grande avião. Agora espero que as pessoas em nosso país sigam nossa batalha, que mais mulheres e juvenis comecem a participar de modalidades esportivas e tentem dar o seu melhor. Espero que algumas pessoas em nosso país possam ver pelo menos um de nossos jogos aqui. Estamos muito animadas. Perdemos a classificação para Londres, mas vamos continuar tentando para o Rio - disse Elwin.
Agachadas, Elwin e Iatika com dinamarqueses: Lauren dá treinos em troca de estadia (Arquivo Pessoal)
Elwin com a filha Jennifer, de apenas quatro anos:
ausência é 'compreendida' (Foto: Arquivo Pessoal)
ausência é 'compreendida' (Foto: Arquivo Pessoal)
Apesar do esforço que faz pelo projeto, a técnica Lauren Mcleod teme pelo futuro. Sem salário fixo, a australiana espera que algum patrocinador ou alguma entidade de sensibilize com a história de suas comandadas para que elas possam seguir no esporte de alto rendimento.
- Pela parte do vôlei acho que é realmente possível que elas consigam uma vaga para os Jogos do Rio. Essa é a "parte fácil" do nosso trabalho, ir para a areia e trabalhar duro. Mas o problema é que não temos o dinheiro para viajar o quanto precisamos para competir. Estamos fazendo o melhor que podemos, e este Mundial é a consolidação do nosso trabalho. Achamos que o programa cairia depois que não conseguimos a classificação para Londres, mas aí mudamos nosso foco para o Mundial. Foi algo muito importante para que atraíssemos mais uma vez o interesse das pessoas no Pacífico, conseguíssemos apoio e para que a comunidade do vôlei veja o nosso esforço. É sempre possível trabalhar mais duro na areia, mas no campo financeiro temos nossos limites.
Na fase de classificação, em jogo válido pelo Grupo M, Iatika e Elwin enfrentam ainda as italianas Gioria e Giombini. As duas primeiras colocadas da chave avançam para a fase de mata-mata, assim como as oito melhores terceiras colocadas.
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2013/07/churrascos-rifas-e-saudades-vanuatu-dribla-obstaculos-de-olho-no-rio-2016.html
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