Foram
dez dias de poucas ondas e muita espera em Gold Coast,
palco da abertura do Mundial de Surfe. Mas na noite desta terça-feira no
Brasil, manhã de quarta-feira na Austrália, os surfistas, enfim, foram
para a água
para a disputa das repescagens. E se o atual campeão
mundial Gabriel Medina já estava garantido no round 3 por ter vencido na
estreia, a esquadra brasileira que entrou em ação nesta segunda fase
mostrou que a "Brazilian Storm" têm muito mais que uma estrela somente.
Em um mar de ondas pequenas, o que se viu foi um show verde
e amarelo na praia de Snapper Rocks. Primeiro, Adriano de Souza (Mineirinho)
venceu o campeão de 2001, o americano C.J. Hobgood. Depois, Filipe Toledo- com direito a show de aéreos - e os estreantes
no circuito Ítalo Ferreira e Wiggolly Dantas despacharam três surfistas da
casa, Adam Melling, Adrian Buchan e Kai Otton, respectivamente. Só não foi possível passarem
os seis brasucas porque no duelo que entre os amigos Miguel
Pupo e Jadson André, o primeiro levou a melhor, enquanto o segundo foi eliminado.
Filipe Toledo foi o grande destaque da segunda
da fase da etapa de Gold Coast (Foto: Luciana
Pinciara / Motion Photos)
Com
o término da repescagem, foram definidos os confrontos da 3ª fase.
Gabriel Medina enfrentará o irlandês Glenn Hall, na elite graças ao
convite da organização a atletas lesionados; Mineirinho pega o havaiano
Freddy Patacchia; Filipe Toledo, o americano Kolohe Andino; e Miguel Pupo,
o australiano Josh Kerr. Os estreantes Ítalo e Wiggolly terão pela
frente dois campeões mundiais: Kelly Slater e Joel Parkinson,
respectivamente. As disputas serão realizadas a partir 18h00 (horário de
Brasília) de quarta-feira.
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mineirinho bate campeão mundial
Adriano de Souza em ação na segunda fase da etapa (Foto: Luciana Pinciara / Motion Photos)
O
primeiro dos
seis brasileiros a entrar em ação foi Adriano de Souza, pela quarta
bateria do
dia. Em um mar ainda longe do ideal em Snapper Rocks, Mineirinho
conseguiu
derrubar o campeão mundial de 2001, C.J. Hobgood por 13,83 x 11,00, e
garantiu
vaga na terceira fase. Os dois foram para a água no momento em que o mar
estava muito fraco, tanto que a organização decidiu paralisar a
competição durante cerca de 4h após a bateria deles. Depois de esperar
quase 10 minutos uma onda boa, Mineirinho conseguiu executou algumas
rasgadas e "cutbacks",
anotando
7,50 e pulando na frente. Na sequência, o brasileiro marcou 6,33,
chegando aos 13,83.
Com apenas 6,17 pontos em duas ondas, o americano saiu do mar para a
trocar a
prancha. Mas não adiantou muito. Na metade final, Hobgood somou apenas
4,50 e 6,50, chegando a 11,00 pontos, insuficiente para superar o
brasileiro, que avançou para a 3ª fase.
- Foi uma bateria muito no limite das ondas. Sabíamos que
poderia ser um estrago. Eu e C.J. conversamos antes e entramos em um acordo
para entrar no mar, porque achamos que depois não teria nada muito melhor. Tive a
felicidade de encontrar logo duas ondas no início da bateria, quando ainda
havia algo. E com isso, deixei ele com uma certa pressão no fim da bateria. E
deu tudo certo, porque ele não conseguiu encontrar uma outra onda para virar.
Estou muito feliz de estar no round 3 – disse Mineirinho.
Adriano de Souza, o Mineirinho, atende fãs após
vitória (Foto: Luciana Pinciara / Motion Photos)
incansável, ítalo ferreira surpreende surfista da casa
O segundo brasileiro a entrar na água foi Ítalo Ferreira. O potiguar de Baía Formosa surpreendeu o australiano
Adrian Buchan na bateria 9 por 11,67 x 11,10. Com a estratégia de pegar o máximo de ondas
possíveis, Ítalo começou ditando o ritmo, e logo nas duas primeiras somou
8,33. Enquanto isso, Buchan só foi dropar a primeira onda com quase dez minutos
de confronto. Na metade da bateria, Ítalo acertou um aéreo e anotou 6,17. Pouco
depois, marcou 5,50, aumentando sua pontuação para 11,67, fazendo o rival a
precisar de 7,27. Sob pressão, o surfista local conseguiu no máximo um 6,33 e
sucumbiu ao brasileiro.
- Minha estratégia foi sair pegando as ondas, sair trocando
as notas. Foi isso que eu fiz. Fiz ele sempre precisar ficar buscando. Ele
esperou muito e eu vi nas baterias anteriores que quem esperava muito não
conseguia passar – explicou Ítalo.
Ítalo Ferreia na segunda fase da etapa de Gold
Coast do Mundial de Surfe (Foto: Luciana
Pinciara / Motion Photos)
filipe toledo abusa dos aéreos e detona australiano
Na sequência, foi a vez do paulista Filipe Toledo, caçula do
circuito com 18 anos. Com direito a um show de aéreos, ele bateu o também australiano Adam Melling por 16,47 x 13,10 na bateria
10. O competidor da casa saiu na frente ao somar 12,84, com um 6,67 e um 6,17.
Mas logo Filipinho mostrou seu repertório de aéreos, sua grande especialidade,
anotando 7,00 e 8,27, chegando a um total de 16,07. O prodígio de Ubatuba ainda
trocou sua pior nota por um 8,20 nos minutos finais, dificultando ainda mais a vida de Melling,
que terminou com um total de 13,10.
- As condições do mar não estavam muito boas. Mas quando
está assim, é bom para dar aéreo, bom para fazer manobras radicais, onde meu
surfe encaixa. No começo da bateria eu estava meio eufórico demais, errei
algumas ondas que não eram para ter errado, que podiam ser cruciais. Mas aí parei,
pensei, respirei e fui mais para o fundo. E aí fiz as manobras com calma e deu
tudo certo.
Filipe Toledo celebra vitória na segunda fase da
etapa de Gold Coast (Foto: Luciana Pinciara
/ Motion Photos)
no sufoco, wiggolly vira no fim contra surfista local
Outro
estreante na elite, o paulista Wiggolly Dantas venceu
o australiano Kai Otton por 14,16 x 13,93 na bateria mais apertada do
dia. O surfista da casa saiu na frente com um 5,50 e
um 8,43, somando os 13,93 logo de cara e colocando o brasileiro em
combinação (com a necessidade de marcar duas notas para ter chance de
virar). Dantas, porém, teve frieza para esperar as melhores
ondas. Com um 7,83 no meio do confronto e um 6,33 perto do minuto final,
o paulista de Ubatuba chegou a 14,16, virando o jogo sobre o surfista
da casa. Precisando
de 5,73, Otton ainda pegou uma última onda no zerar do cronômetro para
dar mais
contornos de emoção para o confronto. No fim, os juízes lhe deram 5,37,
pouco
menos do que precisava para ficar com a vitória. Para desespero de
Otton, que saiu em disparada em direção à torre de pontuação e precisou
ser contido pelos funcionários da WSL.
-
Eu achei que ele tinha virado a bateria. Eu tinha pego uma
onda menor e feito uma pontuação boa. Mas aí vi que a onda dele tinha
potencial. Aí quando saí, um amigo brasileiro do lado de fora me disse que eu
tinha passado, muito apertado, mas tinha passado. Foi no sufoco. O Otton pegou
duas ondas boas, enquanto eu comecei esperando mais. Mas no fim, acabei pegando
duas ondas boas e consegui passar.
Wiggolly Dantas na segunda fase da
etapa de Gold Coast do Mundial
de Surfe (Foto: Luciana
Pinciara / Motion Photos)
miguel pupo vence duelo brasileiro contra jadson andré
No único duelo verde e amarelo do dia, o paulista Miguel
Pupo levou a melhor sobre o potiguar Jadson André por 14,10 a 10,00. O surfista de Itanhaém saiu
na frente com um 7,00 logo em sua primeira onda e jogou a pressão para cima do
compatriota de Natal. Apesar da estratégia de pegar o máximo de ondas possíveis,
Jadson não conseguia alcançar boas pontuações.
Miguel Pupo em ação na segunda fase da etapa
de Gold Coast do mundial de Surfe (Foto:
Luciana Pinciara / Motion Photos)
Nos minutos finais, Pupo ainda emplacou
um 7,10, chegando aos 14,10 e dificultando ainda mais a vida do amigo. O
potiguar tentou o que pôde nos minutos finais, mas não conseguiu chegar próximo
das notas do compatriota.
- Não sei por que toda hora eu pego brasileiro nas baterias.
É difícil, mas estou aqui para fazer meu trabalho, para competir. Pelo menos eu
nem o vi durante a bateria. Fiquei mais lá fora, ele ficou mais embaixo. Foi
melhor assim, porque se ficássemos um ali do lado do outro ficaria aquela
pressão, aquele vai ou não vai. Uma pena que ele foi eliminado, mas estou aqui
também para representar o meu país – disse Pupo.
Jadson André antes de entrar na água para a
segunda fase (Foto: Luciana Pinciara
/ Motion Photos)
resultados 2ª fase (repescagem):
1: Mick Fanning (AUS) 15,50 x 9,43 Dane Reynolds (EUA)
2: Kelly Slater (EUA) 13,33 x 10,63 Jack Freestone (AUS)
3: Michel Bourez (PYF) 11,67 x 12,77 Glenn Hall (IRL)
4: Adriano de Souza (BRA) 13,83 x 11,00 C.J. Hobgood (EUA)
5: Taj Burrow (AUS) 15,17 x 9,84 Ricardo Christie (NZL)
6: Josh Kerr (AUS) 12,74 x 10,40 Brett Simpson (EUA)
7: Kolohe Andino (EUA) 15,83 x 15,53 Jeremy Flores (FRA)
8: Owen Wright (AUS) 16,60 x 12,33 Keanu Asing (HAV)
9: Adrian Buchan (AUS) 11,10 x 11,67 Italo Ferreira (BRA)
10: Filipe Toledo (BRA) 16,47 x 13,10 Adam Melling (AUS)
11: Kai Otton (AUS) 13,93 x 14,16 Wiggolly Dantas (BRA)
12: Miguel Pupo (BRA) 14,10 x 10,00 Jadson Andre (BRA)
1: Kelly Slater (EUA) x Ítalo Ferreira (BRA)
2: Josh Kerr (AUS) x Miguel Pupo (BRA)
3: Joel Parkinson (AUS) x Wiggolly Dantas (BRA)
4: Taj Burrow (AUS) x Sebastian Zietz (HAV)
5: Nat Young (EUA) x Julian Wilson (AUS)
6: Gabriel Medina (BRA) x Glenn Hall (IRL)
7: Mick Fanning (AUS) x Dusty Payne (HAV)
8: Owen Wright (AUS) x Bebe Durbidge (AUS)
9: Adriano de Souza (BRA) x Fredrick Patacchia (HAV)
10: Jordy Smith (AFS) x Matt Banting (AUS)
11: Kolohe Andino (EUA) x Filipe Toledo (BRA)
12: John John Florence (HAV) x Matt Wilkinson (AUS
FONTE: