sábado, 24 de dezembro de 2011

Lembra Dela? Vera Mossa, musa do vôlei e do cinema, vira 'mãe do Bruno'

Com três Olimpíadas no currículo e participação no filme ‘Rock estrela’, ex-jogadora hoje trabalha com comércio enquanto curte os três filhos

Por Helena Rebello Rio de Janeiro
 
As cortadas que fizeram de Vera Mossa um dos ícones de uma geração desbravadora na década de 80 ficaram apenas na memória. Da primeira Olimpíada do vôlei feminino brasileiro aos 15 anos à aposentadoria por lesão em 2000, a ex-jogadora viveu cada momento com a intensidade de um furacão e conquistou tantas vitórias quanto fãs e admiradores pelo país. Hoje, aos 47 anos e há mais de uma década longe das quadras, a paulista agora tem vínculo com o esporte apenas por ser “a mãe do Bruno”.

-Eu adorava jogar, até treinar, mas não tenho muita nostalgia da quadra. Quando não tive mais condições, coloquei um ponto. (...) Hoje fico muito feliz, contente e orgulhosa pelo Bruno estar conseguindo realizar os sonhos de ser jogador profissional e ter uma carreira bacana. Só posso me alegrar ao falarem que sou “a mãe do Bruninho”.

Bruninho com a família (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Vera Mossa com os três filhos no Natal: Luisa, Edinho e Bruninho (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
Vera sempre foi precoce. Na primeira vez que o vôlei brasileiro feminino foi a uma Olimpíada, a menina de Casa Branca, no interior de São Paulo, fez a primeira viagem internacional da vida. Aos 15 anos, a então promessa nacional desembarcou em Moscou e viu, do banco de reservas, as companheiras terminarem o campeonato na sétima colocação. De volta ao Brasil, descobriu que estava grávida, se casou com o jogador de basquete Éder Mundt Leme e ficou um ano parada para cuidar do filho Edinho. No retorno às quadras, cresceu como atleta e assumiu posição de destaque na seleção.

Nas Olimpíadas seguintes, em Los Angeles, foi titular, e, apesar da fraca campanha verde- amarela – sétima colocação novamente -, guardou a edição de 1984 dos Jogos como o momento mais marcante na seleção.

 - Nem foi feliz, mas foi um momento que simbolizou bem a nossa geração. Fomos para lá com muita esperança, mas não tínhamos muita estrutura ainda. Treinamos bastante e não tivemos um resultado legal, perdemos para os EUA de 3 a 2, de virada. Aquele jogo mudaria nossa história. O momento ficou meio que emblemático. Eu adorava jogar, até treinar, mas não tenho muita nostalgia da quadra. Quando não tive mais condições, coloquei um ponto. Sinto mais falta do convívio que tivemos naquele período. Nos divertíamos bastante e ficou muita coisa boa.

De Cláudia a Vera em “Rock estrela”
Separada do primeiro marido, Vera começou a namorar o hoje técnico da seleção masculina Bernardo Rezende, o Bernardinho. Em 1985, um ano antes do nascimento de Bruno, a jogadora encontrou tempo na agenda de viagens para participar do filme “Rock estrela”, de Lael Rodrigues, também diretor de “Bete Balanço”. Na história, a esportista disputava o amor de Roque, interpretado pelo ator Diogo Vilela, com a argentina Graziela, personagem de Malu Mader. Léo Jaime, Andréa Beltrão e Guilherme Karan também fizeram parte do elenco.

Vera Mossa - Filme Rock Estrela (Foto: Divulgação)No cartaz de divulgação de 'Rock Estrela', Vera com Malu Mader, Diogo Vilela e Léo Jaime (Divulgação)
Vera revelou uma curiosidade da película, agora rara em tempos de Blu-ray e DVD. No projeto inicial, ela faria uma personagem chamada Cláudia, mas, como não era atriz, o sindicato só permitiu que o filme, já montado, fosse exibido se o papel em questão, de uma jogadora de vôlei, retratasse ela mesma. Assim, após a dublagem, os personagens moviam a boca para falar Cláudia, mas se ouvia o som de Vera.

- Foi supergostoso participar. Não lembro quem me ligou, mas falou que ele queria fazer um filme sobre vôlei, que era meu fã e queria fazer um filme que eu fosse personagem. Aquilo obviamente não era eu e nem a história da minha vida, mas me diverti pra caramba fazendo. Eu era muito nova, e tudo era válido, uma experiência boa. Depois, meus filhos assistiram e adoraram. O mais velho (Edinho) gastou tanto a fita que não deu mais para assistir. O Lael era apaixonado por rock, por vôlei e foi juntando tudo. Era mais para mostrar as músicas do que para contar uma história.

Com a exposição no cinema, a face “musa” ganhou ainda mais projeção. Solicitada para ensaios fotográficos e entrevistas ao lado das contemporâneas Jaqueline e Isabel, a paulista foi a sua terceira Olimpíada, em Seul-1988, como um dos rostos de uma geração que aliava a qualidade esportiva à beleza para os espectadores. Vera conta que, apesar de atender a todos os pedidos de jornalistas na época, não se sentia confortável. Hoje, porém, vê a importância da “fase artista”.

Vera Mossa (c), da seleção feminina de vôlei, durante os Jogos Panamericanos realizado em Caracas, na Venezuela (Foto: Divulgação)Vera Mossa durante os Jogos Pan-Americanos de Caracas, na Venezuela (Foto: Divulgação)
- Eu achava que as pessoas estavam confundindo as coisas. Não gostava muito, e rótulo de musa às vezes me incomodava, me ligavam para saber opinião sobre vários assuntos, e eu simplesmente não entendia por que minha opinião importaria para alguém. Eu era jogadora de vôlei, não artista ou celebridade, e isso às vezes pesava. Mas hoje acho que foi importante para o vôlei em si. Nós fomos os primeiros ídolos do esporte, e todo esporte precisa de ídolos para sobreviver e ter cada vez mais adeptos e simpatizantes.

A mãe do Bruninho
Bruninho com a mãe Vera Mossa (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Bruninho, ainda adolescente, ao lado de Vera
Mossa (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)
Atualmente, Vera vive em Campinas, onde administra uma loja de bijuterias e cuida da caçula Luisa, fruto de seu terceiro casamento. Desde a aposentadoria por lesão em 2000, o contato mais próximo com o vôlei veio quando atuou como comentarista do SporTV e através do filho Bruno, tetracampeão da Superliga pelo Florianópolis e atleta da seleção.

Agora que o levantador é adulto, a relação com Bernardinho é mínima, mas serena. A única coisa que incomoda Vera é quando citam o ex-companheiro como justificativa para a presença do filho no grupo verde e amarelo.

- Fico muito feliz, contente e orgulhosa pelo Bruno estar conseguindo realizar os sonhos de ser jogador profissional e ter uma carreira bacana. Só posso me alegrar ao falarem que sou “a mãe do Bruninho”. A única coisa que me incomoda é quando falam que ele é protegido do pai. Aí eu fico louca. Ele merece muito estar lá, e as pessoas que falam isso não têm noção.

FONTE:
 http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2011/12/lembra-dela-vera-mossa-musa-do-volei-e-do-cinema-vira-mae-do-bruno.html

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