Ao lado de
Ricardo, atleta de 42 anos, que é considerado por muitos o maior da
história da modalidade, fez sua última partida no Grand Slam da Cidade
Maravilhosa
Por Gabriel Fricke
Rio de Janeiro
(OBS. DO BLOG:
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DA MATÉRIA ABAIX
O
vôlei de praia se despediu oficialmente de seu "Rei" nesta sexta-feira.
Dono de mais de 150 pódios na carreira e de três medalhas olímpicas,
sendo uma de ouro em Atenas 2004, e tido por muitos como o maior jogador
da história da modalidade, Emanuel fez sua última partida no Grand Slam
do Rio de Janeiro, na Praia de Copacabana, mesmo local onde será
instalado o palco dos Jogos Olímpicos, torneio do qual, pela primeira
vez desde que o esporte entrou no programa em Atlanta 1996, o paranaense
de 42 anos não irá participar. Ao lado de Ricardo, o adeus foi na
repescagem, no início da tarde desta sexta-feira, contra os primos Marco
e Esteban Grimalt, do Chile, pelo placar de 2 a 1 (15/21, 21/16 e
15/13). E o que não faltou foi emoção.
Emanuel após a última partida da carreira (Foto: Gabriel Fricke)
-
O último ponto foi o encerrar de tudo isso que construí. Tentei, lutei e
não consegui passar para a próxima fase. Em 25 anos, nunca tive o
sentimento de ficar sem fala. Eu perdi a voz. É muito triste para mim
por enquanto. Estávamos muito bem na partida, mas o jogo começou a sair
da nossa mão. Infelizmente dessa vez não deu. Fica a lembrança de ter
encerrado a carreira de maneira justa e digna - disse Emanuel, que ficou
com a bola do jogo e tratou logo de passá-la para a mulher, a
ex-jogadora Leila.
Emanuel
anunciou a decisão na semana passada. A Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV) ainda fará uma homenagem ao paranaense neste domingo, mesmo dia
das finais da etapa do Rio de Janeiro do Circuito Mundial. Agora,
Emanuel pretende desempenhar novos papéis, como ser a voz dos jogadores
junto à presidência da comissão de atletas do Comitê Olímpico do Brasil e
da comissão nacional de atletas do Ministério dos Esportes.
-
Vou ficar uns dois meses fora, mas depois pretendo voltar ao vôlei para
ajudar novos talentos. Já estava preparado para isso, mas não sabia que
sofreria tanto. É uma dor diferente. Não consegui falar lá na quadra,
perdi as palavras. Quando chegou no tie-break, eu comecei a sentir.
Antes estava tranquilo. A energia não vinha mais, começou a falta.
Confesso que eu não estava preparado para parar nesse jogo - lamentou.
O abraço em Ricardo: parceiro na principal
conquista da carreira, em Atenas, e no adeus
(Foto: Matheus Vidal / CBV)
O parceiro Ricardo lamentou o adeus na repescagem.
-
Não é fácil. Nós conversamos na preleção sobre as dificuldades, porque
eles vêm crescendo, mas nunca pensamos na derrota. Não pensei que seria o
último jogo, mas tudo que construímos não vai se apagar. Tentei fazer
meu melhor sempre e me doar ao máximo. O jogo acaba e você sempre pensa
que poderia ter feito algo diferente. Mas o Emanuel é especial demais
para o esporte e para os brasileiros - elogiou.
No Grand Slam
do Rio, Emanuel fez um jogaço ao lado de Ricardo contra Reinder
Nummerdor e Christiaan Varenhorst, da Holanda, de onde saiu vitorioso
pelo placar de 2 a 0, parciais de 21/19 e 22/20), em 42 minutos. Na
estreia da chave principal do torneio, eles haviam perdido para os
poloneses Grzegorz Fijalek e Mariusz Prudel por 2 a 1, parciais de
21/14, 19/21 e 15/12, em 57 minutos. Ainda na fase de grupos, bateu
Liamin e Barzouk, da Rússia, por 2 a 0, duplo 21/17. Esse foi o 257º
evento de Emanuel no Circuito Mundial. Nesta sexta, caiu para os
chilenos.
O esforço na defesa: Emanuel luta no fundo de quadra (Foto: Matheus Vidal / CBV)
Comandados
pelo brasileiro Eduardo Garrido, os primos Grimalt entraram com tudo em
quadra e, no primeiro set, disputavam ponto a ponto com Ricardo e
Emanuel. Apesar da chuva na Praia de Copacabana, a torcida compareceu em
bom número para apoiar os brasileiros. Aos poucos, eles começaram a
ditar o ritmo e abriram 15/11. A partir daí, só precisaram administrar a
vantagem para fechar o primeiro set.
Os chilenos iniciaram com a
vantagem na parcial seguinte, mas uma falha na rede e uma bola boa dos
brasileiros deixou tudo igual. Depois, eles voltaram à dianteira.
Faltava acertar o detalhe para abrirem para ficar em situação mais
confortável no segundo set. Emanuel deu esperança à torcida com toquinho
de categoria e vibrou na comemoração: 9 a 8 para o Chile. Mas os primos
deram o troco e, sacando forte, abriram cinco pontos. Mais tarde,
fecharam o set em um erro de Emanuel, que mandou a bola na rede.
O
tie-break começou equilibrado. Os brasileiros abriram uma vantagem de
dois pontos em um ataque sensacional de Emanuel. Os primos devolveram
jogando em cima do veterano e empataram. O "Rei" estava com tudo e
empatou em 8 a 8 com uma deixadinha por cima do bloqueio. Depois, foi a
vez de Ricardo brilhar e marcar. Era a hora da virada. Pelo meio, o
paranaense ampliou. Os visitantes não estavam de brincadeira e, numa boa
sequência, deixaram tudo igual e acabaram virando: 12 a 11.
A vibração em quadra: veteranos mantiveram
o ritmo até a queda no tie-break (Foto:
Matheus Vidal / CBV)
Na
raça, Emanuel e Ricardo empataram de novo. O atleta de bloqueio foi
para o saque, mas mandou fora, e os primos festejaram. Mas foi o próprio
Ricardo que colocou tudo nos trilhos novamente dando um toque por cima
do bloqueio adversário. O jogo, contudo, era dos Grimalt, que acabaram
fechando o tie-break por 15 a 13.
Emanuel
esteve em todas as edições dos Jogos Olímpicos que contaram com o vôlei
de praia. Foram cinco: Atlanta 1996, Sidney 2000, Atenas 2004, Pequim
2008 e Londres 2012. Ao todo, foram três medalhas: ouro na Grécia,
bronze na China e prata na Inglaterra. Agora, no Rio de Janeiro, os
representantes brasileiros no masculino serão Alison Cerutti e Bruno
Schmidt, e Pedro Solberg e Evandro.
Emanuel no topo do pódio em Atenas ao
lado de Ricardo em 2004 (Foto: Divulgação)
Após
uma década da medalha de ouro em Atenas, Emanuel reatou a parceria com
Ricardo, de olho nas Olimpíadas do Rio. Seria o momento perfeito para
encerrar a carreira com chave de ouro durante uma disputa de alto nível
em casa. Mas os dois não conseguiram ficar entre as duas melhores duplas
do Brasil na temporada 2015 do Circuito Mundial, e as vagas acabaram
com Pedro Solberg/Evandro e Alison/Bruno Schmidt.
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Nascido
em Curitiba no dia 15 de abril de 1973, Emanuel iniciou no esporte
jogando vôlei de quadra pelo Curitibano. Em 1991, decidiu experimentar o
vôlei de praia e acabou optando pela modalidade. Três anos depois, ele
começou a escrever seu extenso currículo, quando conquistou o Brasil
Masters, espécie de SuperPraia da época, com Aloísio. O paranaense
também jogou com Zé Marco, Loiola, Tande, Ricardo, Alison Cerutti, Pedro
Solberg e, 10 anos depois do ouro em Atenas 2004, mais uma vez com
Ricardo.
Comandados por Leticia Pessoa, eles tinham como missão ir aos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro.
Como não deu certo, Emanuel decidiu que era a hora de parar.
Emanuel teve com Ricardo sua parceria
mais vitoriosa (Foto: Divulgação / CBV)
CONQUISTAS IMPORTANTES E PRÊMIOS INDIVIDUAIS
- Ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004;
- Prata nos Jogos Olímpicos de Londres 2012;
- Bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008;
- Tricampeão mundial (1999, 2003 e 2011);
- Dez títulos no Circuito Mundial (1996, 1997, 1999, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2011);
- Nove títulos no Brasileiro (1994, 1995, 2001, 2002, 2003, 2006, 2008, 2011 e 2014/2015);
- Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e 2011;
- Bronze nos Jogos Sul-Americanos de 2014;
- Campeão da Copa do Mundo em 2013;
- Campeão do Torneio Desafio dos Reis em 2005 e 2008;
- Tricampeão do Rei da Praia 2004/2005/2008;
- Melhor jogador do Circuito Mundial em 2006 e 2011;
- Melhor jogador do Circuito Brasileiro em 2003, 2004, 2008 e 2010;
- Jogador mais inspirador do Circuito Mundial em 2011, 2012 e 2015;
- Esportista do ano do Circuito Mundial em 2005, 2010, 2011, 2012 e 2014;
- Melhor recepção do Circuito Brasileiro 2008;
- Melhor ataque do Circuito Mundial 2006;
- Melhor atacante do Circuito Brasileiro em 1999, 2003, 2006 e 2013/2014;
- Eleito pelo COB o melhor jogador de vôlei de praia do país em 2003, 2004 e 2011;
- Eleito atleta da década de 90 pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB).
FONTE:
http://sportv.globo.com/site/eventos/circuito-mundial-de-volei-de-praia/noticia/2016/03/emanuel-perde-para-primos-chilenos-e-se-despede-do-volei-de-praia-no-rio.html