Calendário, arbitragem e êxodo de jogadores. Estes foram
os temas principais do encontro entre os técnicos da Série A, que ocorreu na
tarde desta segunda feira, na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Apenas três
treinadores não compareceram ao evento, Tite, do Corinthians, Argel, do
Figueirense, e Milton Mendes, do Atlético PR.
É
consenso entre os comandantes que o calendário está
apertado e que é necessário fazer ajustes. O técnico do Cruzeiro,
Marcelo
Oliveira, foi quem mais falou sobre o tema na zona mista criada pela
CBF. Em 2014, o treinador sentiu o peso de decidir duas competições
importantes - Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil - no final da
temporada e pede ajustes para evitar tanto desgaste.
Treinadores da Série A do Brasileirão durante
o evento na CBF (Foto: Rafael Ribeiro / CBF)
- As dificuldades que passamos nos últimos tempos entrou
em pauta. Tivemos uma interação bacana entre os treinadores, troca de ideias.
Uma delas é em relação ao calendário. O Cruzeiro teve dificuldade no ano
passado, teve que disputar a Copa do Brasil em um momento que não podíamos
vacilar no Brasileiro. Chegamos em um ponto que poderíamos perder as duas
competições - lembrou.
O palmeirense Oswaldo de Oliveira foi
além. O técnico reiterou que é necessário encurtar os estaduais e dar
mais espaço para o Campeonato Brasileiro. Entretanto, segundo o
treinador, o tema não esteve entre os principais do encontro desta
segunda-feira.
O calendário avançou. Ainda é incipiente, insuficiente (...). Foi discutido, mas não com a relevância que acho necessária"
Oswaldo de Oliveira, técnico do Palmeiras
-
O calendário avançou. Ainda é incipiente, insuficiente, mas só o fato
de termos no início da temporada ter três semanas para trabalhar, em
comparação com os anos anteriores, é um avanço. Passa também por
distribuir melhor as datas para o Campeonato Brasileiro, que tem que ser
prioritário, e os campeonatos regionais. Estadual precisa ser
sintetizado. Ele é importante. É a formação do nosso futebol, a raiz,
mas hoje precisa passar por reforma em termos de datas para que o
Brasileiro possa ser disputado por 20 clubes de uma forma mais
confortável, respeitando-se principalmente a geografia brasileira. Foi
discutido, mas não com a relevância que acho necessária. Na verdade
estou apenas colocando uma opinião minha. Não é a primeira vez. Quando
se fala de calendário, já houve progressão. Mas ainda temos que avançar -
comentou.
Outro tema muito discutido foi a arbitragem.
Os treinadores pediram a padronização dos critérios. No entanto, nenhuma
proposta concreta foi discutida no encontro desta segunda-feira.
O técnico do Atlético-MG, Levir Culpi citou duas
situações sobre o tema: o fair play após uma gentileza de uma equipe e atitude
dos treinadores na beira do gramado. Vanderlei Luxemburgo, do Flamengo, e Luiz
Felipe Scolari, do Grêmio, foram citados como os comandantes que mais
reclamam da arbitragem.
- O Vanderlei e o cara de pau do Felipão fizeram um
pedido. Eles querem mais liberdade para reclamar com o árbitro. Eles querem apitar
o jogo. O Felipão, quando jogam a moeda, sempre acha que está sendo prejudicado
– brincou o comandante do Galo.
Porém, o treinador admitiu que a classe dos treinadores
tem se exaltado nas reclamações nos últimos tempos.
Ex-técnico da Seleção, Felipão ficou sentado
ao lado do atual treinador do Brasil, Dunga
(Foto: Rafael Ribeiro / CBF)
- Falta de nossa parte mais educação. Somos muito mal
educados. Temos uma tendência de achar que o juiz está sempre tentando
prejudicar. Se você fizer umas contas, os erros contra e a favor empatam. Está
no nosso DNA achar que está sendo prejudicado - analisou.
Outro ponto levantado por Levir Culpi diz respeito às
dimensões dos gramados utilizados no Brasil. Segundo o treinador do
Atlético-MG, tal situação precisa ser padronizada pela CBF.
- A dimensão dos gramados precisa ser revista. Tinha que
ser tudo do mesmo tamanho. A medida da Fifa está OK. Os gramados medem 105x65. Atualmente,
nós temos visto campos com 110x75 e essa medida já pesa. O jogo fica diferente.
Vanderlei Luxemburgo bateu na tecla do êxodo de
jogadores. Na opinião do treinador do Flamengo, a CBF precisa tomar alguma
medida para evitar a saída de precoce de atletas.
- Se pensar no produto interno, é ruim ter muitos
jogadores saindo do Brasil e o nível do futebol cada vez pior. Em vez de
enaltecer a saída dos atletas jovens, nós temos que criar meios para manter os
atletas no país. Não temos que enaltecer algo que é prejuízo para nós. Falar
que temos tantos jogadores com passaporte comunitário. Isso não é bom para nós.
É bom para eles (clubes europeus).
Temos que favorecer o nosso produto para
termos uma competição cada vez mais forte.
O coordenador de Seleções, Gilmar Rinaldi, afirmou que a
intenção é melhorar a comunicação entre a CBF, os clubes e os seus
respectivos treinadores.
- A ideia é melhorar o relacionamento com os treinadores.
Foi o que fizemos aqui. Anotamos todas as reivindicações. Vamos atender algumas
momentaneamente. Outras estão anotadas.
FONTE:
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