OLIMPÍADAS RIO 2016
TIRO ESPORTIVO
Virginia
Thrasher, de apenas 19 anos, atropela campeãs olímpicas chinesas na
final e conquista o título da carabina de ar 10m. Ela atira há apenas
quatro anos
Por Alexandre Alliatti e Rodrigo
BrevesRio de Janeiro
(OBS. DO BLOG:
VEJA O VÍDEO CLICANDO
NO LINK DA FONTE NO FIM
DA MATÉRIA ABAIXO)
Discreta
não era só ela, propriamente dita: seus resultados também eram. Ninguém
dava muita bola para aquela atiradora americana de apenas 19 anos, uma
pirralha em um universo de atletas mais velhos. E lá foi ela, quietinha,
de arma em punho, para ser a dona do primeiro ouro dos Jogos Olímpicos
do Rio. Virginia Thrasher surpreendeu na final e desbancou as campeãs
olímpicas chinesas Du Li e Yi Siling para ficar com o título na carabina
de ar 10m. As orientais levaram prata e bronze, respectivamente.
Virginia Thrasher mostra a inesperada
medalha de ouro: ascensão muito
rápida até a conquista (Foto: Reuters)
Assim
que deu o último tiro, Thrasher se permitiu um sorriso no rosto rosado,
escondido sob um boné azul. Ela sabia: era a campeã olímpica. Naquele
momento, a vantagem de 0,7 pontos sobre Du Li, a grande campeã de
Atenas, era irreversível. Ela levou o ouro com um ponto de frente sobre a
adversária, dona de enorme história olímpica - campeã em Atenas-2004, e
que decepcionou ao não conseguir manter o título em casa, em
Pequim-2008, e chegou a abandonar o esporte. Yi Siling, a ganhadora da
prova em Londres, ficou com o terceiro lugar.
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A conquista consolida uma ascensão impressionante para uma jovem que
começou a atirar há apenas quatro anos. Seu melhor resultado, até a
conquista da Olimpíada, era um quarto lugar em uma Copa do Mundo - e em
outra prova, a carabina três posições. Para se ter uma ideia do tamanho
da surpresa, ela competira no Rio de Janeiro duas vezes este ano: não
passou de um 28º lugar na carabina de ar 10m e de um décimo na carabina
três posições.
- Tem sido um grande ano para mim. Um ano de muita evolução. Atingir esse nível de sucesso tão jovem é muito gratificante. Você
tem que focar apenas no que é mais importante e atirar o melhor
possível. E uma vez que cheguei à final, tudo poderia acontecer. E eu
estou muito feliz que pude estar lá e fazer a coisa certa.
A final
Virginia Thrasher no alto do pódio: ouro inesperado para a americana (Foto: Reuters)
Du
Li avançara com a melhor pontuação e o recorde olímpico na
classificatória: 420,7 pontos. Ao começar a final, ela manteve o ritmo -
ao contrário da alemã Barbara Engleder, que se mostrava a principal
concorrente até então.
Mas vieram as séries seguintes, e aí
começou a predominância de outra chinesa: Yi Siling. Ela cresceu e
ameaçou se consolidar na liderança enquanto a primeira finalista era
eliminada: a americana Sarah Scherer. Mas não haveria conforto para
Siling.
Na terceira série, a surpresa: surgiu uma tal de
Virginia Thrasher para tomar a ponta. Também por pouco tempo. No tiro
seguinte, a liderança passou para a russa Daria Vdovina.
Mas
também foi uma liderança efêmera. Na série posterior, Thrasher novamente
pulou na frente. E para não sair mais. Ela aumentou a vantagem na sexta
série, quando Du Li correu risco de deixar a final - mas se superou e
eliminou a iraniana Elaheh Ahmadi.
Veio a sétima série, e aí os
tiros da americana ficaram mais instáveis. As chinesas Du Li e Yi Siling
aproveitaram. Passaram a cravar tiros com nota superior a dez e
encostaram na adversária enquanto Barbara Engleder era alijada da luta
por medalhas.
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A
aproximação foi em vão. Nos tiros finais, naquele momento em que os
chineses levam fama de ser mais frios, a americana atirou como uma
veterana com gelo nas veias. Aumentou a vantagem, viu Yi Siling ficar
com o bronze e partiu para o último tiro apenas precisando administrar a
folga na pontuação para ser a primeira campeã olímpica de 2016.
- Estava apenas tentando dar meu melhor tiro possível. Elas são muito
experientes, muito profissionais, e fiquei agradecida de atirar ao lado
delas. Estava muito empolgada. Não fiquei nervosa como achei que ficaria. Eu me senti pronta e preparada para competir.
Virginia Thrasher com chinesas no pódio da
prova de carabina de ar 10m (Foto: Reuters)
Patinação artística
Desde
criança, a americana sonhava disputar uma Olimpíada. Mas de inverno.
Ela queria mesmo era ser patinadora artística. Na escola, resolveu
começar a atirar - um esporte não tão incomum para uma garota filha de
integrante da Força Aérea Americana.
Ela logo percebeu que era
melhor com armas do que com patins. Mas nem pensou muito na
possibilidade de disputar os Jogos Olímpicos no novo esporte. Até que
ela foi crescendo, foi evoluindo, e de repente veio a seletiva
americana. Thrasher foi para a prova como se fosse mais uma. E acabou
classificada para a Olimpíada que ela mal poderia supor que conquistaria
meses depois no Rio de Janeiro.
Drama e superação nas concorrentes
A
conquista chamou a atenção para a americana. Mas, para alcançar a
vitória, ela deixou para trás concorrentes com histórias muito fortes. A
outra representante dos Estados Unidos na final, Sarah Scherer, é um
caso emblemático: ela começou a atirar por causa do irmão, também
atirador, e chegou a viajar para Pequim para apoiá-lo na Olimpíada de
2008. Quatro anos depois, em Londres, seria a vez de ela estrear nos
Jogos. Mas sem o maior companheiro no esporte. Seu irmão se matara dois
anos antes, justamente com um tiro.
A sexta colocada tem outra
história impressionante. A iraniana Elaheh Ahmadi começou a atirar
depois de não conseguir entrar na faculdade - um grande peso para ela.
Seu pai, insatisfeito, a levou a uma galeria de tiro. Queria que ela
tivesse algo que soubesse fazer bem na vida. E ela logo começou a se
destacar. Mas o caminho para a Olimpíada seria complicado. Durante seis
meses, ela teve que treinar sem balas. Tinha as armas, mas não tinha
munição. Assim, treinava a empunhadura, o movimento, mas sem poder
atirar de verdade.
Du Li, da China, cumprimenta iraniana
Elaheh Ahmadi, que chegou a treinar
sem balas (Foto: Reuters)
Das
finalistas, quem mais ameaçou Thrasher foi Du Li, uma atleta acostumada
a enfrentar os altos e baixos de uma Olimpíada. Em Atenas, ela foi
campeã - e precisou tentar defender o título nos Jogos seguintes, em
casa, com a pressão extra de ser a primeira medalha. E ela não suportou a
carga. Foi mal, não pegou pódio e desabou em choro. Depois, chegou a
abandonar o esporte - até retornar em Londres-2012 para disputar apenas a
prova de carabina três posições, da qual era a campeã.
Brasileira
A brasileira Rosane Budag
não conseguiu avançar à final da prova. Ficou na penúltima colocação na classificatória.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/tiro-esportivo/noticia/2016/08/americana-vence-prova-de-tiro-e-leva-primeira-medalha-dos-jogos-do-rio.html?intcmp=sr-byday-listview