domingo, 16 de junho de 2013

Teste para 2014: Maracanã encanta e empolga no primeiro jogo oficial

Brasileiros, mexicanos e italianos elogiam organização do estádio. Filas nos bares e preços elevados são os principais problemas

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro


Header_TESTE-PARA-2014_MARACANA (Foto: Infoesporte)

Imagina na Copa. A frase que virou muleta e alerta para (quase) todos os problemas estruturais do Brasil nos últimos anos não se aplicou ao Maracanã neste domingo. Tudo bem que a Copa do Mundo só começará em 2014, mas a vitória por 2 a 1 da Itália sobre o México pôs à prova a capacidade de sediar grandes eventos no remodelado estádio, e para a maioria dos 73.123 presentes o resultado foi satisfatório.

Rapidez na chegada e na saída, respeito ao lugar marcado e proatividade dos voluntários e funcionários destacaram-se como pontos positivos. As longas filas nos bares e os preços elevados encabeçaram a lista de problemas.

- Foi excelente. Tudo fantástico. Lógico que os preços poderiam ser mais baratos, mas em todos os grandes eventos acabam cobrando acima do que devem – disse o mexicano Mario Araújo, que viajou de Los Angeles ao Rio de Janeiro para assistir à partida.

voluntário fila maracanã (Foto: Eduardo Peixoto)Voluntário ajuda a organizar fila na entrada do
Maracanã (Foto: Eduardo Peixoto)

Desde a abertura dos portões, pouco antes de 13h, as filas mantiveram um padrão aceitável. O bloqueio no trânsito facilitou a circulação dos torcedores pelas largas avenidas Maracanã, Radial Oeste e Eurico Rabello. A instalação de cadeiras altas – estilo salva-vidas - com voluntários utilizando alto-falantes para indicar os portões de acesso funcionou. Alguns deles, porém, limitavam-se a comunicar-se em português.

No portão E, apenas dois dos quatro pontos de acesso funcionaram, e os funcionários remanejaram as pessoas para a entrada F. Por volta de 15h30m, quando o movimento era mais intenso na entrada D, um torcedor demorava cerca de dez minutos desde a entrada na fila até passar o ingresso na catraca. Os seguranças adotaram o detector de metais manual para agilizar. Apenas quem portava bolsas e mochilas precisou passar pela esteira de raio X.

Entrada Maracanã Raio X (Foto: Eduardo Peixoto)Raio X no estádio (Foto: Eduardo Peixoto)

O deslocamento do portão de acesso na arquibancada ao assento foi lento, mas ordeiro. Voluntários conferiam os ingressos e indicavam o caminho até o lugar impresso no bilhete. Quem chegou cedo ao nível 1 – setor mais caro das arquibancadas – sofreu com o sol, que só parou de incomodar aos dez minutos do primeiro tempo, quando se escondeu atrás da cobertura.
- Potencializa o calor e incomoda, sim. Mas a proximidade do campo compensa tudo. Olha ali a expressão facial do Pirlo – disse Ricardo Abertan, apontando para o italiano no gramado.

sol na cara Maracanã (Foto: Eduardo Peixoto)O sol incomodou os torcedores que chegaram cedo no nível 1 do Maracanã (Foto: Eduardo Peixoto)

Intervalo. Quinze minutos de pico em banheiros e bares. O curto espaço entre os tempos do duelo transformaram o combo “ida ao banheiro + compra de comida/bebida” numa corrida para não perder lances de Balotelli e Chicharito. No teste contra o relógio, a reportagem do GLOBOESPORTE.COM demorou cinco minutos na fila do toalete e outros dez para conseguir comprar um refrigerante. Somado ao tempo para deslocar-se até o assento, foram perdidos três minutos de bola rolando na etapa final.

- De bares o Rio está bem servido. Principalmente na Lapa... Mas no Maracanã deixaram a desejar. Fiquei quinze minutos no intervalo para conseguir um refrigerante. Foi um problema sério – queixou-se o mexicano Luiz Manteoni.

As filas nos banheiros, apesar de visualmente longas, não demoraram, e a limpeza no interior deles foi eficaz, com reposição de papel-toalha e sabão. Nos bares, a cerveja a R$ 12 assustou.
No segundo tempo, após o gol de Balotelli, houve um pequeno tumulto entre um torcedor do Vasco e outro do Flamengo. Eles levaram a rivalidade clubística à frente e tiveram que ser apartados por seguranças. Um deles foi expulso do local.

Protesto Maracanã (Foto: Vicente Seda)Protestos atrapalharam moderadamente a saída no Maracanã (Foto: Vicente Seda)

Manifestações na entrada e saída

Os protestos que aconteceram no entorno do estádio atrapalharam moderadamente o fluxo dos torcedores na entrada, principalmente no viaduto que liga a estação de São Cristóvão ao estádio. Policiais usaram spray de pimenta para conter o deslocamento dos participantes do movimento contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, impedindo que eles se aproximassem dos portões principais do Maracanã.

Na parte final, posicionados quase em frente à escada que dava acesso à estação de metrô do Maracanã, os manifestantes congestionaram a passagem, mas não houve tumulto.
Depois do custo de mais de R$ 1 bilhão na reforma, a nova casa foi aprovada por brasileiros e estrangeiros.

- Está maravilhoso. Basta dizer isso, mais nada – disse italiano Stephano Brordi.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/teste-para-2014-maracana-encanta-e-empolga-no-primeiro-jogo-oficial.html

Mário Balotelli marca no fim do jogo e garante vitória da Itália na estreia contra o México: 2 a 1

Azurra vence e empata com o Brasil em três pontos no 1º lugar do Grupo A

Gazeta Press

Publicação:

16/06/2013 17:59
 

Atualização:

16/06/2013 18:04

REUTERS/Sergio Moraes

Mário Balotelli comprovou neste domingo por que é o jogador italiano que mais chama a atenção do mundo atualmente. Poucos dias depois de ter brincado de futevôlei nas areias da Barra da Tijuca, o atacante cumpriu seu trabalho em campo e marcou o gol que garantiu a vitória por 2 a 1 para a Itália contra o México, neste domingo, pela rodada de estreia da Copa das Confederações.

No primeiro jogo do torneio no estádio do Maracanã, o meio-campista Andrea Pirlo abriu o placar, no dia em que completou 100 partidas pela seleção italiana principal. O atleta, que confessou ter se inspirado nos chutes de Juninho Pernambucano, balançou as redes justamente em cobrança de falta perfeita.

Entretanto, ainda no primeiro tempo, Chicharito Hernández empatou em cobrança de pênalti, sofrido por Giovani dos Santos em falha de Barzagli. Depois de um primeiro tempo com ritmo forte, a segunda etapa perdeu emoção, mas Balotelli tratou de assegurar os três pontos à Itália, aos 32 minutos.

Assim, a equipe europeia se igualou ao Brasil, com três pontos no grupo A da Copa das Confederações. Já o México fica ao lado do Japão, que foi derrotado pelos anfitriões no sábado.
Depois do jogo deste domingo, as duas seleções deixam o Rio de Janeiro. O México jogará na quarta-feira contra o time de Luiz Felipe Scolari, no Castelão. No mesmo dia, a Azzurra encara o Japão, na Arena Pernambuco.

O jogo - A Itália tentou assumir o controle da bola no início da partida e foi a primeira a ameaçar, em falha do sistema defensivo mexicano. Francisco Rodrigues cometeu o erro primário de tentar inverter a bola baixa na defesa e deixou de presente para Balotelli, que, da intermediária, tentou encobrir o goleiro, mas mandou com muita força.

Enquanto a Azzurra queria segurar a bola, o México mostrou rapidamente que seu artifício seria a velocidade. Mas a equipe de Cesare Prandelli seguiu melhor. Aos oito minutos, Montolivo apareceu com liberdade na esquerda e cruzou na primeira trave para Balotelli, que se antecipou à marcação e bateu de primeira, exigindo grande defesa do goleiro.

Instantes depois, Giaccherini também recebeu na esquerda da área e viu Balotelli pedindo, mas preferiu puxar para o meio e chutar, mandando muito perto da trave. Na sequência, os mexicanos ficaram pedindo falta de Pirlo perto da lateral, mas o jogo seguiu e o meio-campista tocou na intermediária para Balotelli, que soltou um chute forte, defendido com problemas por Corona.

Em um ritmo muito forte, o jogo teve a resposta dos mexicanos, ainda aos dez minutos. Desta vez, foi a vez de os italianos reclamarem de irregularidade contra Abate, mas o árbitro mandou seguir, e Giovani dos Santos passou na área para Guardado, que acertou o travessão.

O chileno Enrique Osses continuou tendo muito trabalho na partida e gerando reclamações dos dois lados. Aos 16, em rápido contragolpe italiano, Pirlo recebeu na área e foi derrubado, pedindo pênalti, que não foi assinalado pelo árbitro. Mas o meio-campista não teria de aguardar muito para comemorar.

Ao perceber que o México corrigiu os erros defensivos, Balotelli foi obrigado a sair da área para buscar a bola e foi derrubado ao tentar avançar pela meia-esquerda. O atacante até se posicionou perto da bola para se candidatar para bater a falta, mas não se atreveu a tirar a chance do cobrador oficial.

Assim, aos 26 minutos, Pirlo bateu com perfeição. A bola passou por cima da barreira e atingiu o ângulo da meta defendida por Corona, que recolheu os braços durante o salto, facilitando ainda mais o belo gol do camisa 21. Na comemoração, Pirlo beijou a aliança na mão esquerda enquanto corria na direção das arquibancadas.

Porém, aos 33, Barzagli tinha a posse de bola, mas tentou se livrar de Giovani dos Santos na defesa, perdeu e cometeu pênalti. Chicharito Hernández bateu no canto esquerdo de Buffon, que saltou para o outro lado e não impediu o empate. Depois do gol, o México melhorou na partida, mas, antes do intervalo, ainda levou mais um susto. Balotelli aproveitou falha defensiva do adversário e arrematou, obrigando o goleiro a defender.

Sem ter feito mudanças no intervalo, o técnico José Manuel de La Torre alterou sua equipe nos primeiros minutos, com Hiram Mier na vaga de Aquino. Porém, a primeira grande chance da etapa saiu para os italianos. Em falta da meia-esquerda, Pirlo tentou bater por baixo da barreira, mas a bola desviou e ficou no pé de Montolivo, que finalizou, para defesa do goleiro.

Quase sem pegar na bola no começo do segundo tempo, Balotelli ainda se irritou com Torrado e encarou o adversário, que pediu desculpas por ter dado um carrinho. Os mexicanos ainda seguiram se arriscando cometendo faltas perto da área. Em uma delas, da intermediária, Pirlo mandou para muito perto da trave e colocou a mão no rosto, lamentando por não ter entrado.

No entanto, com a bola rolando, a equipe europeia passou a encontrar cada vez mais dificuldades para furar o bloqueio mexicano. Assim, Cesare Prandelli tirou o meio-campista Marchisio para a entrada do atacante Cerci. Mas o México foi ao ataque e quase virou, já que Flores aproveitou cobrança de escanteio e cabeceou para fora.

Famosa por tradicionalmente apresentar um sólido sistema defensivo, a Itália se deparou com um ferrolho atrás do adversário e encontrava cada vez mais dificuldade. Se foi emocionante no primeiro tempo, o jogo passou a ser mais arrastado no decorrer da segunda etapa, até que Balotelli colocou novamente a Itália na frente.

Aos 32, De Rossi levantou a bola na intermediária para Giaccherini, que tocou de primeira na área para o atacante. Mesmo cercado por três defensores, Balotelli fez valer sua força física e arrematou para balançar as redes. Na comemoração, o jogador tirou a camisa. O México não conseguiu reagir, e Balotelli ainda foi ovacionado ao ser substituído por Gilardino.

FICHA TÉCNICA
MÉXICO 1 X 2 ITÁLIA


ITÁLIA: Buffon; Abate, Chiellini, Barzagli e De Sciglio; Pirlo, De Rossi, Montolivo, Giaccherini (Aquilani) e Marchisio (Cerci); Balotelli (Gilardino)
Técnico: Cesare Prandelli

MÉXICO: Corona; Flores, Francisco Rodríguez, Héctor Moreno e Salcido; Torrado, Aquino (Hiram Mier), Guardado e Zavala (Raul Gimenez); Giovani dos Santos e Chicharito Hernández
Técnico: José Manuel de La Torre

GOLS: MÉXICO: Chicharito Hernández, aos 33 minutos do primeiro tempo
ITÁLIA: Pirlo, aos 26 minutos do primeiro tempo. Balotelli, aos 32 minutos do segundo tempo


Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 16 de junho de 2013, domingo
Horário: 16 horas (de Brasília)
Árbitro: Enrique Osses (Chile)
Assistentes: Carlos Astroza e Sergio Román (ambos do Chile) 


FONTE:
http://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/campeonatos/copa-das-confederacoes/copa2013-noticias/2013/06/16/noticia,253904/mario-balotelli-marca-no-fim-do-jogo-e-garante-vitoria-da-italia-na-estreia-contra-o-mexico-2-a-1.shtml

Que bomba! Em golaço de falta de Pirlo, bola viaja a mais de 112 km/h

Maestro italiano estava a 29 metros do gol, acertou um lindo chute e abriu o placar na vitória por 2 a 1 sobre o México, no Maracanã

Por SporTV.com Rio de Janeiro



O relógio marcava 26 minutos do primeiro tempo, no duelo entre México e Itália, neste domingo, no Maracanã, quando o volante Pirlo ajeitou a bola para cobrança de falta. A distância de 29,5 metros não intimidou o maestro da Azzurra, que soltou uma bomba, a 112,5 km/h, e acertou o ângulo do goleiro Corona. Foi o primeiro gol dos europeus na vitória por 2 a 1, pelo Grupo A da Copa das Confederações (Confira o golaço no vídeo ao lado).

- Pegou muito forte na bola, surpreendentemente. Mas que tem categoria faz isso. Para a gente comparar, o gol do Neymar contra o Japão, a velocidade foi de 89km/h. E a gente tem a impressão que a do Neymar foi mais forte, mas na verdade não – afirmou o comentarista Maurício Noriega, do SporTV.


Aos 34 anos, Pirlo alcançou sua 100ª partida vestindo a camisa italiana. O golaço contra o México foi o seu 13º pela Azzurra. Para o comentarista Edinho, apesar da cobrança perfeita, também houve falha do goleiro Corona na jogada.

- Ele bateu como se deve bater. Não foi muito colocado, mas teve muita precisão e força. Porém o goleiro poderia ter previsto a situação, ainda mais se tratando do Pirlo, e a bola não foi bem no cantinho e ele tirou o braço – analisou Edinho.


Gol Pirlo no detalhe México Itália (Foto: Reprodução SporTV)Gol de Pirlo abriu o caminho para vitória da Itália sobre o México no Maracanã (Reprodução SporTV)
 
Além de se destacar pelo golaço, Pirlo conduziu a Itália durante a vitória ante os mexicanos, ajudando a Azzurra a quebrar um jejum de 20 anos sem derrotar os mexicanos. Pirlo teve 83% de eficiência nos passes e acertou nove dos dez lançamentos que tentou durante o jogo.

Na segunda rodada da Copa das Confederações, a Itália vai até a Arena Pernambuco, em Recife, para a partida contra o Japão, às 19h da próxima quarta-feira.


FONTE:
http://sportv.globo.com/site/programas/ta-na-area/noticia/2013/06/golaco-de-falta-de-pirlo-abre-o-caminho-para-vitoria-italiana.html

Dia de torcedor: no Mané, ônibus funciona, e manifestação assusta

Transporte público agrada, mas violência na porta do estádio é ponto negativo. Voluntários se complicam para achar os assentos

Por Janir Júnior Brasília


Header_DIA-TORCEDOR (Foto: Infoesporte)

Na estreia do Brasil na Copa das Confederações diante do Japão, o torcedor teve a primeira impressão do que vai - ou do que pode - vivenciar na Copa do Mundo. E no caminho até o Mané Garrincha, em Brasília, foi possível perceber o bom funcionamento dos ônibus antes do jogo, as longas - porém organizadas - filas depois da partida, apreensão por conta dos protestos nos arredores no estádio, filas gigantescas nos bares, muito desencontro e falta de informações por parte dos voluntários. E a certeza de que na balança entre prós e contras ainda pesa a necessidade de ajustes para o Mundial de 2014.

A reportagem do GLOBOESPORTE.COM viveu um dia de torcedor. E se deslocou até Sobradinho, a cerca de 25 quilômetros do Plano Piloto. Ali começou a jornada que se desenharia tranquila até o estádio. Todos os ônibus ganharam uma bandeirinha do Brasil como decoração. Por volta de 14h30m, horário já de grande movimento de pessoas e veículos, o percurso até a rodoviária de Brasília foi feito sem problemas, com uma rápida e leve retenção, mas nada que prejudicasse a viagem de 40 minutos.

Na rodoviária – local de saída de milhares de torcedores -, pontos negativos. Muita sujeira, desorganização, mas sem dificuldade para encontrar o ponto de onde saíam os ônibus que levam até o Mané Garrincha. O deslocamento foi gratuito e, apesar de veículos cheios de torcedores, o clima foi de extrema tranquilidade. A passagem de R$ 1,50 só não seria cobrada de quem portasse ingresso, mas as roletas foram liberadas


Dia de Torcedor Sobradinho (Foto: Janir Junior)Na saída do Mané Garincha, torcedor tem mais tranquilidade  do que na chegada (Foto: Janir Junior)

O trânsito foi bloqueado a uma distância de três quilômetros do estádio, mas os coletivos estacionaram a cerca de 700 metros das entradas.

- Peguei metrô e depois ônibus. Foi bem melhor do que eu imaginava, sem nenhum tipo de problema. Tinha certeza de que seria pior – afirmou Gustavo Neto, que foi de Goiânia para Brasília assistir ao jogo.

Manifestação assusta crianças e torcida tem via-crúcis por informação

Na chegada, barulho, fumaça, correria e clima de apreensão. As manifestações do lado de fora do estádio – que terminaram em confronto com a polícia, com feridos e 16 presos – assustava os torcedores, entre eles muitas crianças.

- Foi pesado esse negócio. Manifestação no local errado e que coloca em risco quem não tem nada a ver – chiou Bruno Rodrigues, que levou o enteado Alexandre Henrique ao jogo e, além do Mané Garricha ao fundo, também viu a polícia montada aparecer na sua fotografia.


torcedora ferida Isadora cristian, Mané Garrincha (Foto: Janir Junior)Torcedora Isadora Cristian se machuca no protesto em frente ao Mané Garrincha (Foto: Janir Junior)

Por volta de 15h, era possível entrar com facilidade no estádio. A partir daí, encontrar o lugar marcado por muitas vezes virava uma via-crúcis. Tentar localizar o portão T, no nível 1, assento 16 da fileira U, no bloco 123, foi uma missão para James Bond não botar defeito. Oito voluntários tentaram descobrir. Em vão. Pelo anel do estádio, era grande a quantidade de torcedores perdidos. Depois de cerca de 25 minutos, enfim, o caminho correto.

Mas no meio do caminho havia uma pedra. Eram as gigantescas filas dos bares. Faltaram alimentos como cachorro-quente e, com a demora para conseguir uma ficha, torcedores perderam o gol de Paulinho logo nos primeiros minutos do segundo tempo.

Filas longas para ônibus e agressão de manifestantes

Com diversas saídas, o público, mesmo em grande número, caminhou tranquilamente ao fim do jogo, mas as pistas fechadas ao trânsito viraram um mar de gente, e os jardins de Brasília sofreram.


Mosaico Dia de torcedor Mané Garrincha (Foto: Janir Junior)Reportagem do GLOBOESPORTE.COM sai de Sobradinho para testar os transportes. Ônibus funciona bem, apesar das longas filas. Gustavo Neto, torcedor de Goiânia, pega ônibus depois do metrô e chega ao estádio. Wellinton Santos prefere a bicicleta. Voluntários se complicam para encontrar assentos (Foto: Janir Junior)
Ainda próximo ao estádio, cerca de 50 manifestantes seguiam condenando os gastos públicos investidos na Copa das Confederações.

- Copa... não ligo, não. Quero saúde e educação! – bradavam.
Foi quando um torcedor passou exaltando a Copa e foi covardemente agredido. A confusão durou pouco, mas não pela intervenção da polícia, mas sim por amigos do torcedor agredido. Visivelmente exaltados, alguns dos manifestantes agiam de forma verbal agressiva com passantes.

Quem optou pelo ônibus para deixar o estádio teve que encarar longas filas, mas sem grandes transtornos, já que o fluxo de coletivos era grande. O ponto final de todas as linhas foi no terminal montado próximo à Torre da TV, a 700 metros do estádio. O metrô funcionou bem também. Táxis só puderam parar distante do Mané Garrincha.

Mais cedo, quem passeou e chegou tirando onda no estádio foi Wellinton Santos, com sua bicicleta e uma bandeirinha do Brasil.

- De bike é o jeito mais fácil e rápido de chegar – disse Wellinton.
O ciclista não se dispôs a pagar para ver o jogo. Chegou, mas não entrou. O dia de torcedor no Mané Garrincha teve suas variações. Pontos positivos e negativos. Até 2014 ainda será preciso pedalar para estar tudo em forma.

   FONTE:

http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/dia-de-torcedor-no-mane-onibus-funciona-e-manifestacao-assusta.html

À caça de taça inédita, papa-títulos Espanha encara tradição do Uruguai

Fúria busca sua tríplice coroa, e Celeste tenta repetir no Brasil o feito histórico de 1950. Jogão é teste para a Arena Pernambuco

Por Alexandre Alliatti, Edgard Maciel de Sá, Elton de Castro e Victor Canedo Recife


Fabregas e Iniesta  treino Espanha (Foto: Reuters)Fàbregas tem chances de começar o jogo, e Iniesta
é nome certo na Espanha (Foto: Reuters)

É como se as duas pontas da linha do tempo do futebol se unissem na Arena Pernambuco. O Uruguai, tão tradicional, um dos gigantes formadores do esporte, enfrenta a Espanha, símbolo máximo da evolução do jogo, fenômeno recente do cenário de seleções. São dois campeões em busca de um título inédito. O duelo de estreia das duas equipes na Copa das Confederações é às 19h deste domingo, em um estádio recém-inaugurado, mas que ainda não está totalmente pronto.

A Espanha busca sua tríplice coroa. Bicampeã europeia e campeã do mundo, larga na Copa das Confederações com ar de favoritismo, mas com um princípio de incertezas depois que suas principais equipes foram engolidas por times alemães na Liga dos Campeões. Já o Uruguai, que vinha em bom momento, com o título da Copa América, com boas seleções de base, vem sofrendo nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. Mas está no Brasil, justamente o país onde ganhou seu último Mundial, lá em 1950.

A TV Globo, o SporTV e o GLOBOESPORTE.COM transmitem o jogão deste domingo ao vivo. O site também acompanha em Tempo Real.

Luis Suarez treino uruguai (Foto: AP)Suárez é uma das referêcias do ataque do Uruguai na Copa das Confederações(Foto: AP)
 
Dúvidas na Espanha

Casillas e Valdés treino Espanha (Foto: EFE)Valdés à frente: Casillas pode ficar na reserva na
Copa das Confederações (Foto: EFE)

A Espanha fez três treinamentos em Pernambuco antes da estreia na Copa das Confederações. Teve menos percalços do que o Uruguai em solo brasileiro. E foi uma atração para o público recifense, apesar do contato quase nulo entre os jogadores e os fãs que fizeram plantão no hotel onde os campeões do mundo se hospedaram, em Boa Viagem.

Os europeus tendem a ter maior simpatia da torcida brasileira na partida. Recife tem mais espanhóis (pelo menos 600 pessoas) do que uruguaios em sua população. E uma legião de admiradores na cidade.

Alguns dos maiores astros da Espanha, porém, podem não estar em campo. É o caso do goleiro Casillas, que disputa vaga, com teórica desvantagem, com Victor Valdés. No ataque, Fernando Torres e David Villa também não estão garantidos - pelo contrário: devem ficar fora. Soldado e Fàbregas parecem ter mais chances.

A Espanha enfrentará uma seleção muito tradicional – mas para a qual jamais perdeu. Foram nove encontros, com quatro vitórias da Fúria e cinco empates. Em fevereiro, as duas equipes se enfrentaram no Qatar, com triunfo de 3 a 1 dos europeus. Mas nada convence os campeões do mundo de que o caminho está livre para novo resultado positivo. Há respeito histórico pelo Uruguai.

- O Uruguai tem um excelente treinador, que certamente tomará as melhores decisões. Em 2011, foram campeões da América, e nós, da Europa no ano passado. Mas já passou algum tempo, e no futebol sempre é preciso referendá-lo. O passado não vale – disse Del Bosque.

Cavani e Suárez no ataque celeste

Forlan Treino Uruguai Copa da Confederações (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)Forlán fica no banco contra a Espanha
(Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)

Se por um lado a potente Espanha prefere o mistério, o menos badalado Uruguai não tem o que esconder. Mesmo depois de todos os problemas enfrentados durante a semana, com direito a falta de campo para treinar e dificuldade para chegar ao CT do Sport, o técnico Óscar Tabárez confirmou a escalação da equipe para a estreia logo em uma das primeiras perguntas de sua última entrevista coletiva. O time será praticamente o mesmo que derrotou a Venezuela, fora de casa, na última terça-feira, pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2014. A única mudança será no ataque. Depois de cumprir suspensão contra a Vinotinto, Luis Suárez volta ao time no lugar de Forlán. Jogará ao lado de Cavani.

Após reconhecer que o adversário é o grande favorito logo depois de chegar ao Recife, Tabárez voltou a enaltecer a Espanha no último sábado. E deu uma declaração curiosa. Afirmou que de dez jogos contra a Espanha, o Uruguai perderia nove. Mas disse ter esperança de que a estreia na Copa das Confederações possa ser o dia de surpreender o atual campeão do mundo.

- Sabemos como a Espanha joga. Não perdem há três anos e isso faz naturalmente com que eles sejam favoritos. De 10 jogos, possivelmente eles ganhariam nove. Mas não sabemos qual desses jogos será o deste domingo. E quem sabe o Uruguai não esteja em seu melhor dia e eles nem tanto? Nossa esperança é tentar conseguir boas coisas. É difícil, mas o pior que poderíamos fazer seria desistir. Estamos aqui para jogar um torneio importante, e esse poder do nosso oponente é algo que nos motiva muito. Vamos fazer o que pudermos por um resultado positivo, porque dimensionamos a potência do rival e a repercussão que uma vitória sobre a Espanha pode ter - afirmou.

Ainda em obras

Espanha e Uruguai debutarão no torneio em um estádio muito bonito, munido de um gramado que provavelmente deixará os atletas satisfeitos, mas que não está pronto. Na última semana antes da partida, a Arena Pernambuco (que fica localizada em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife) seguia em obras, com entulho para todos os lados e operários trabalhando para resolver problemas visíveis.

Neste domingo, a situação estará um pouco melhor, mas longe do ideal. Áreas de circulação do público, por onde milhares de pessoas passarão, não estão finalizadas. Algumas das rampas de acesso são cimento puro. Faltam acabamentos. Escadas de emergência estão extremamente sujas. A área de imprensa ficou muito abaixo do padrão da Copa do Mundo de 2010.

Arena Pernambuco (Foto: Elton de Castro)Arena Pernambuco ainda em obras para receber jogo deste domingo (Foto: Elton de Castro)

O jogo será um um grande teste para o Recife - o maior da cidade na competição, pelo peso da partida. A estrutura em Pernambuco preocupa, e o estádio tem peso decisivo nisso. As mais de 40 mil pessoas que irão ao jogo neste domingo terão uma noção do que esperar na Copa do Mundo de 2014.

ESPANHA X URUGUAI
Valdés (Casillas), Arbeloa, Sergio Ramos, Piqué e Alba; Busquets, Xavi, Iniesta, Pedro (Navas) e David Silva (Fàbregas); Soldado (Villa). Muslera, Maxi Pereira, Lugano, Godín e Cáceres; Pérez, Gargano, Gastón Ramírez e Cristian Rodríguez; Suárez e Cavani.
T: Vicente del Bosque T: Óscar Tabárez
Local: Arena Pernambuco. Data: 16/06/2013. Horário: 19h.
Arbitragem: Yuichi Nishimura, com Toru Sagara e Toshyiuki Nagi (trio do Japão)
Transmissão: TV Globo, SporTV e GLOBOESPORTE.COM.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/caca-de-taca-inedita-papa-titulos-espanha-encara-tradicao-do-uruguai.html
   

Na volta ao Maracanã, México e Itália confiam em Chicharito e Balotelli

Após fazerem alguns dos primeiros jogos do estádio, seleções encontram palco remodelado e acreditam em atacantes novatos para espantar má fase

Por Carlos Augusto Ferrari Rio de Janeiro


Mexicanos e italianos reencontrarão neste domingo, às 16h, um velho conhecido de cara nova. As seleções que disputaram alguns dos primeiros jogos do Maracanã na década de 50 terão a oportunidade de estrear o remodelado estádio em competições oficiais.

Coincidentemente, os mexicanos disputaram a partida inaugural, na Copa do Mundo de 1950, sendo goleados por 4 a 0 pela Seleção. Em toda a história, a Azzurra fez apenas um jogo no estádio, em 1956, quando perdeu para o Brasil por 2 a 0.

Mas as novidades não estarão apenas nas estruturas do ex-Maior do Mundo. Em campo, as apostas também são em novatos: Chicharito Hernández e Mario Balotelli. Os atacantes de 25 e 22 anos, respectivamente, carregam o peso de serem os astros de duas seleções em transição, misturando veteranos e revelações. Será também a chance de trazer à tona a rivalidade de dois goleadores que dividiam as atenções na Inglaterra atuando pelos inimigos Manchester United e Manchester City.

- Hernández me preocupa muito. Ele é um atacante muito veloz e que faz gols. Precisamos de atenção – projetou o zagueiro italiano Barzagli.

Montagem Chicharito e Balotelli, México x Itália (Foto: André Durão)Chicharito x Balotelli: duelo de artilheiros no jogo entre México e Itália (Foto: André Durão)

Famosos, ricos e referências, Hernández e Balotelli correm atrás agora de reconhecimento com a camisa da seleção nacional. O mexicano surgiu em um momento de evolução do futebol no país e tenta repetir o feito da geração passada, campeã do torneio em 1999. Na Itália, o filho de ganeses joga para manter a Azzurra como uma das maiores potências.

O momento, aliás, é de pressão para que os atacantes façam valer o estrelato e decidam. Ambas as seleções disputam a Copa das Confederações com a cabeça nas eliminatórias. Eles ainda não estão classificados e usam a competição para se acertar e evitar que o risco de ficar fora do Mundial de 2014 se transforme em pesadelo no segundo semestre.

É preciso que os jogadores se soltem, e tenho certeza de que vamos retomar aquela harmonia que já foi vista em campo"
De La Torre, técnico do México

O México aparece apenas em terceiro lugar no classificatório da Concacaf – os três primeiros garantem vaga – e pode ser ultrapassado por Honduras. Já na Europa, a Itália lidera o Grupo B com quatro pontos de vantagem para a Bulgária, mas há duas semanas empatou com a República Tcheca e perdeu a chance de abrir vantagem.

- Infelizmente, tivemos alguns resultados que não esperávamos, mas é normal. Isso nos colocou pressão, mas a equipe tem qualidades em todos os aspectos. É preciso que os jogadores se soltem, e tenho certeza de que vamos retomar aquela harmonia que já foi vista em campo – afirmou o técnico José Manuel De La Torre.
Como jogam
Por causa do desgaste físico dos jogadores, o técnico Cesare Prandelli decidiu reforçar o meio de campo italiano. Ele tirou o atacante El Shaarawy e colocou o meia Giaccherini, montando o time no esquema 4-3-2-1. Balotelli deu um susto ao sentir dores na coxa direita no treino de sexta-feira, mas mostrou estar recuperando no sábado e deve atuar normalmente.

Entre os mexicanos, a escalação ainda é um mistério. O treinador não revelou o time, mas deve manter a formação no 4-4-2 que empatou sem gols contra a Costa Rica.

Treino México, Maracanã (Foto: Andre Durão)México faz o reconhecimento do gramado do Maracanã (Foto: Andre Durão)

A TV Globo, o GLOBOESPORTE.COM e o Sportv transmitem a partida ao vivo.

México: Corona, Flores, Rodriguez, Moreno e Salcido; Barrera, Herrera, Zavala e Guardado; Chicharito Hernandez e Aldo de Nigris.

Itália: Buffon, Abate, Barzagli, Chiellini e De Sciglio; De Rossi, Pirlo, Montolivo, Marchisio e Giaccherini; Balotelli.

Arbitragem: Enrique Osses (Chile).
Assistentes: Carlos Astroza (Chile) e Sérgio Román (Chile).
Local: Maracanã, 16h.


FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/na-volta-ao-maracana-mexico-e-italia-confiam-em-chicharito-e-balotelli.html

Sede, lágrimas, Flu e Copa de 62 na cabeça: o resgate de Altair em Brasília

Com Mal de Alzheimer, ídolo é achado na rua, fala como se ainda fosse jogador tricolor e causa comoção após sumiço: 'Sou bicampeão do Mundo'

Por Alexandre Lozetti e Leandro Canônico Brasília, DF


Altair Brasil, Fluminense (Foto: Leandro Canônico)Altair ficou sumido por cerca de dez horas
(Foto: Leandro Canônico)

O relógio se aproximava das 23h40m quando a reportagem do GLOBOESPORTE.COM, dentro de um táxi, avistou um senhor caminhando pela Avenida das Nações, em Brasília. Era Altair Gomes de Figueiredo, campeão do mundo pela seleção brasileira em 1962 que estava desaparecido havia mais de dez horas. Ele sofre do Mal de Alzheimer.

Por volta de 13h30m, o ex-jogador de 75 anos havia se perdido da comitiva que foi a Brasília para uma homenagem. Ele saiu andando enquanto esperavam o ônibus que os levaria ao Estádio Nacional Mané Garrincha para o jogo entre Brasil e Japão.

Soubemos do sumiço de Altair numa churrascaria, enquanto jantávamos com outros jornalistas que trabalham na cobertura da Copa das Confederações. Pegamos um táxi rumo ao hotel onde estamos hospedados, e comentamos sobre a possibilidade de encontrar o ex-jogador no caminho.

Um comentário em tom sonhador. Afinal, qual seria a possibilidade de acharmos na noite de sábado, na enorme capital federal, um senhor cuja única pista que tínhamos era a roupa que usava: paletó azul escuro e calça preta. Mas foi exatamente o que vimos. Pedimos ao taxista que fizesse um retorno.

Como se esperasse por nós, o campeão do mundo parou para urinar na beira da avenida. O rosto e a expressão não deixavam dúvidas: era Altair. Ele havia percorrido, sabe-se lá como, mais de oito quilômetros em dez horas. Ainda assim, perguntamos, e veio a confirmação.

- Sou eu - respondeu o ex-lateral, para em seguida dizer o que estava fazendo.

- Estou procurando os jogadores do Fluminense.


Altair defendeu o Tricolor por 17 anos, entre 1955 e 71. Foi técnico interino na década de 1990. Mas a época em que era jogador está em sua cabeça como presente, não passado. Tanto que insistia em procurar os companheiros do Fluminense, e reclamava que Castilho havia sumido. Castilho foi goleiro em sua época, mas faleceu em 1987.

Entre tantas incertezas, tanto descompasso, ficamos completamente comovidos quando uma lembrança se mostrou vivíssima em sua memória:

- Eu sou bicampeão do mundo - afirmou, como se fosse a única certeza absoluta em meio aos males do Alzheimer, doença responsável por 50% a 80% dos casos de demência do mundo.


Jornalistas encontram Altair (Foto: Leandro Canônico / Globoesporte.com)Altair posa para foto com jornalistas que o encontraram (Foto: Leandro Canônico / Globoesporte.com)

Acompanhados pelos jornalistas Thiago Salata e Eduardo Mendes, do diário LANCE!, que estavam no mesmo táxi, dissemos que o levaríamos até onde quisesse. Ele relutou, queria seguir caminhando até o Barreto, bairro onde mora em Niterói, no Rio de Janeiro. Insistimos, e o colocamos dentro do veículo. Ele não ofereceu resistência. Além de fragilizado pela idade, a doença o torna inocente tal qual uma criança. O que evidencia os riscos que corria.

Era quase meia-noite. Telefonamos para a emergência da polícia, que disse não ter ocorrência sobre o desaparecimento. Mas um recepcionista do hotel Manhattan Plaza, citado na matéria do jornal “Correio Braziliense” sobre o sumiço, confirmou que Altair estava hospedado lá.

Resolvemos, então, levá-lo de volta. No caminho, ele rompeu o silêncio em poucos momentos. Num deles, perguntou ao taxista sobre uma grande construção ao lado esquerdo da rua. Era o Teatro Nacional. No outro, quando passamos em frente à embaixada da Itália, sugeriu um novo estádio para seu time do coração. Um novo estádio para que ele pudesse exibir todo seu talento. Afinal, em sua cabeça, ele ainda está em atividade.

- Olha só, aqui tem muitas luzes, dá para fazer um novo campo pro Fluminense jogar.

Sem entender muito bem o que se passava dentro de seu carro, o taxista Célio Batista de Araújo ficou boquiaberto quando soube que Altair era campeão do mundo. Demorou alguns segundos para acreditar. Mas, prontamente, nos ajudou a convencê-lo a voltar para o hotel, onde estariam os imaginários jogadores do Fluminense.

Célio perguntou se o ex-jogador estava com sede. Diante da resposta afirmativa, o motorista entrou de vez na conversa.

- Então, vamos ali tomar uma água gelada.

Desde o momento em que encontramos Altair vagando por Brasília, cada minuto foi uma surpresa. Primeiro por assimilar que o que parecia surreal era pura realidade. Depois, em pouco tempo, perceber que aquele senhor dócil, outrora herói nacional, estava totalmente entregue a qualquer pessoa que o abordasse. No caso, fomos nós. Impossível não se envolver.

Principalmente quando chegamos ao hotel e vimos o desespero das pessoas que o procuravam se transformar em alívio numa fração de segundos. E Altair, que até então parecia um viajante no tempo, completamente desorientado, teve um lapso de lucidez mais do que emocionante.

- Ah, vocês estão aí. Todo mundo... - disse, da janela do táxi, ao avistar seus companheiros da excursão vinda do Rio de Janeiro. Da solidão fria da avenida ao calor e à proteção das pessoas.


Robeto Dinamite Altair (Foto: Leandro Canônico)Robeto Dinamite esperava por Altair no hotel (Foto: Leandro Canônico)

Na porta do hotel, além dos amigos, estava uma viatura do Departamento de Repressão a Sequestro (DRS). Três equipes haviam sido acionadas para buscar o campeão do mundo. Segundo o diretor Leandro Hitt, procuraram por hospitais públicos e delegacias da capital federal. Mas não encontraram sequer uma pista.

Lágrimas de emoção e alegria recepcionaram o ex-jogador no hotel. E, de repente, viramos heróis. Fomos abraçados, beijados, e até tiramos fotos com o campeão. Que honra! Como se nada tivesse acontecido, ele continuava a falar do Fluminense. Mesmo quando o atual presidente do Vasco, Roberto Dinamite, apareceu para lhe dar um abraço.

- Agora o senhor precisa descansar - recomendou o dirigente.

Poucos minutos depois de reencontrar sua turma, o ex-lateral, rápido e ligeiro, entrou sozinho no hotel, sem supervisão alguma.

- Ele é assim. Sai andando sozinho e desaparece. Tem que ficar de olho - desabafou o médico que o acompanhava, antes de sair correndo atrás de Altair.

Voltamos para o táxi, ainda incrédulos, emocionados. E certos de que já presenciamos, depois de uma única partida, o gol mais bonito da Copa das Confederações. O campeão estava em paz, assim como nossos espíritos.


Altair está desde quarta-feira em Brasília para receber uma homenagem na Embaixada da República Tcheca pelo título na Copa do Mundo de 1962, competição em que foi reserva de Nilton Santos. É o quarto jogador com mais partidas pelo Fluminense (551). No clube carioca, conquistou três títulos estaduais (1969, 1964 e 1969) e dois Torneios Rio-São Paulo (1957 e 1960). Foi considerado por muitos o melhor marcador que Garrincha já teve.

FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2013/06/gecom-relata-resgate-de-campeao-do-mundo-desaparecido-em-brasilia.html