A trágica eliminação na Copa do Mundo deixou marcas, e a
palavra de ordem na seleção brasileira é renovação. Sob a batuta de
Gilmar Rinaldi, novo coordenador, Dunga foi o escolhido por José Maria Marin e Marco Polo Del
Nero para comandar o processo. Um desafio grande, mas não inédito para o
treinador.
Anunciado oficialmente na última
terça-feira, Dunga garante
estar mais bem preparado do que em sua primeira passagem pela Seleção.
Como em 2006 com Jorginho, trouxe um ex-companheiro no tetracampeonato
mundial para auxiliá-lo: Taffarel, seu olheiro na Copa de 2010, será o
preparador de goleiros – Mauro Silva, outro integrante do grupo nos
Estados Unidos, em 1994, será auxiliar nos primeiros jogos.
Em sua
apresentação, Dunga reconheceu que precisa melhorar em alguns pontos, entre eles o seu
relacionamento com a imprensa. Desarmado, o sisudo treinador teve até mesmo momentos
de bom humor na conversa com os jornalistas.
Sorriso de orelha a orelha: Dunga busca
nova postura em seu retorno à seleção
brasileira (Foto: Reuters)
O treinador parece mudado, mas a missão é a mesma: renovar a
seleção brasileira. Quando Dunga assumiu a comando pela primeira vez, logo depois da Copa do Mundo da Alemanha, a
necessidade de renovação talvez fosse ainda maior. Se hoje a preocupação gira em torno de
conceitos táticos e o atraso do futebol brasileiro, em 2006 o Brasil precisava
de novos jogadores.
Aquele Mundial selou o fim de uma
das gerações mais
vitoriosas do futebol brasileiro. Nomes como Cafu, Roberto Carlos, Dida e
Ronaldo deram adeus à Seleção na derrota para a França – o Fenômeno
ainda
viria a fazer um jogo de despedida, em 2011. Em agosto daquele ano,
Dunga deu o pontapé inicial na renovação.
Dos 22 convocados para o amistoso contra a Noruega, apenas oito haviam
disputado a Copa de 2006: Juan, Lúcio, Luisão, Cicinho, Gilberto,
Gilberto Silva,
Robinho e Fred. Somente os dois primeiros foram titulares na Alemanha,
com
Carlos Alberto Parreira.
Surpresas e nova base
A lista para o amistoso contra os noruegueses teve muitas
novidades. Cinco jogadores foram convocados pela primeira vez: o lateral
Marcelo (Fluminense), o volante Jônatas (Flamengo) e os meias Daniel Carvalho
(Inter), Morais (Vasco) e Wagner (Cruzeiro). Curiosamente, nenhum deles foi à África do Sul com o treinador.
O processo de renovação foi longo, e muitos nomes ficaram
pelo caminho até a Copa de 2010. Mesmo assim, a primeira lista de Dunga se
mostrou importante, uma vez que nove dos 22 jogadores chamados para o amistoso
contra a Noruega estiveram com o treinador na África do Sul. Casos de Gomes, Juan, Lúcio, Luisão, Maicon,
Gilberto, Gilberto Silva, Elano, Julio Baptista e Robinho.
Ao longo de quatro anos foram muitos testes. No total, 85
jogadores (confira na lista abaixo) foram convocados por Dunga entre 2006 e
2010. Em busca de soluções, o técnico testou atletas pouco conhecidos. Como não
lembrar de Afonso Alves, atacante do Heerenveen, da Holanda? Como ele, Fernando
(ex-Bordeaux), Gladstone e Bobô chagaram à Seleção como ilustres desconhecidos.
Nenhum deixou saudades.
É possível e provável que novos testes sejam feitos. No
ataque, por exemplo, o Brasil está carente de bons centroavantes. Uma das
missões de Dunga será encontrar um camisa 9 para atuar ao lado de Neymar. O
treinador, no entanto, já deixou claro que pretende aproveitar jogadores que
estiveram com Felipão em 2014. Ao contrário de 2006, a tendência é que a
renovação seja feita de forma mais natural.
– Teve muita coisa boa nessa Copa, mas outras que teremos
que modificar. Vimos o quanto é importante talento, mas também o quanto é
importante o planejamento... O importante é colocar no momento certo alguns
jogadores novos com certa experiência. No caminho você precisa ter o resultado
para fazer o trabalho com calma. Você não coloca o jogador apenas porque ele é
novo, mas pela competência e pelo rendimento. Quando assumimos em 2006, queríamos
resgatar o carinho e o amor pela Seleção. Colocamos muitos jovens. Mas quem
precisa se afirmar são os próprios jogadores. Você não pode excluir
pela idade, mas pelo rendimento em campo.
Da Copa de 2006, o principal legado foi a dupla de zaga.
Titulares na Alemanha, Juan e Lúcio repetiram a dose na África do Sul. Fato que
pode se repetir na nova era Dunga. Thiago Silva (29) e David Luiz (27) ainda
têm boa idade para disputar o próximo Mundial, na Rússia. O principal desafio, no entanto,
será recuperar a confiança da dupla, muito criticada na reta final da Copa por
conta de falhas e do destempero emocional apresentado em momentos críticos do
torneio. Qualidade os dois têm.
A primeira convocação de Dunga nesta nova fase será no dia 25 de agosto, quando ele
chamará atletas para os amistosos contra Colômbia e Equador, nos dias 5 e 9 de
setembro, respectivamente, nos Estados Unidos.
Convocados por Dunga entre 2006 e 2010
Goleiros: Júlio César, Victor, Hélton, Doni, Gomes, Diego Alves, Fábio, Renan, Cássio e Victor.
Zagueiros:
Juan, Lúcio, Luisão, Alex, Alex Silva, Léo, André Dias, Naldo, Thiago
Silva, Miranda, Edu Dracena, Henrique, Breno, Gladstone e Cris.
Laterais:
Daniel Alves, Gilberto, Cicinho, Maicon, Rafinha, Mancini, Ilsinho, Léo
Moura, Kléber, Marcelo, Adriano, Juan,Carlinhos, André Santos, Filipe
Luís, Michel Bastos e Fabio Aurélio.
Volantes:
Felipe Melo, Gilberto Silva, Ramires, Josué, Mineiro, Richarlyson,
Edmílson, Lucas Leiva, Fernando Menegazzo, Denílson, Fabio Simplício,
Sandro, Elano, Tinga, Anderson, Hernanes, Jonâtas e Kléberson.
Meias: Elano, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Carlos Eduardo, Julio Baptista e Zé Roberto.
Atacantes:
Robinho, Vágner Love, Afonso Alves, Luís Fabiano, Rafael Sóbis, Pato,
Adriano, Fred, Jô, Ricardo Oliveira, Diego Tardelli, Nilmar, Bobô,
Grafite e Hulk.
FONTE:;