Em
fase final de recuperação de um problema no ombro direito,
Murilo acreditava que o seu fim de ano seria tomado apenas por sessões
de
fisioterapia, treinamentos e cuidados com o seu pequeno filho, Arthur.
Porém, a rotina do ponteiro de 33 anos mudou bastante há exatamente uma
semana, quando a Controladoria
Geral da União (CGU) apontou uso indevido da Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV) de dinheiro público proveniente do milionário patrocínio do Banco do Brasil.
Foi o estopim para que um dos mais vitoriosos esportes
do país entrasse em uma grande crise, aumentada pela suspensão
temporária do apoio do banco estatal. Indignado e sentindo traído por
ter
ajudado a CBV a construir uma imagem limpa, Murilo, titular da seleção
brasileira, não conseguiu se calar diante da situação e assumiu a função
de
líder dos jogadores, encabeçando protestos - como o uso de narizes de palhaço
na rodada do último fim de semana - e assumindo de vez a condição de importante voz do desporto nacional.
Murilo concede entrevista na sede do Sesi-SP (Foto: David Abramvezt)
Bem articulado e com posicionamentos firmes, o ganhador de dois
títulos mundiais (2006 e 2010), duas medalhas de prata olímpicas (Pequim 2008 e
Londres 2012) e seis canecos da Liga Mundial vem se transformando em um ícone também fora das
quadras. Ciente do seu papel, ele espera que a onda de protestos não sirva de alerta apenas para o
esporte.
- Não é um protesto só dos jogadores e técnicos. É um apelo
do público em geral e do nosso país. O Brasil está precisando mudar essa imagem
de país da impunidade. As pessoas que cometem erros precisam pagar por seus
erros - disse Murilo, após treino na sede do Sesi-SP, na Vila Leopoldina, em
São Paulo.
Com ainda mais visibilidade, o marido da ponteira
bicampeã
olímpica Jaqueline diz que espera ter uma participação cada vez mais
importante na vida política do vôlei nacional. Depois de anos apenas
elogiando a estrutura do esporte, fazendo coro às conquistas dos
dirigentes, Murilo conta que chegou a hora de mudar de lado.
- Para ser sincero, eu não penso no que eu vou deixar em
relação a tudo isso. Eu penso que em decorrência de todos esses títulos que eu
conquistei e pela importância que eu tenho para o vôlei nacional, eu tenho que
me pronunciar. E acho que eu escolhi o lado certo: o lado dos atletas.
A denúncia do CGU de problemas ocorridos na gestão de Ary
Graça como presidente da CBV causou, de acordo com Murilo, um efeito colateral
imediato. Como o cartola, que deixou a entidade nacional no início deste ano,
também é presidente da Federação Internacional de Vôlei, o ponteiro acredita
que a pesada punição dada pela FIVB na semana passada é uma retaliação comandada
por Ary. Por conta de uma confusão durante um jogo contra a Polônia e ausência
em duas entrevistas coletivas do Mundial da Polônia, em setembro, Bernardinho
foi suspenso por 10 partidas e recebeu uma multa de US$ 2.000 (cerca de R$
5.400); o líbero Mário Junior foi suspenso por seis jogos; o próprio Murilo pegou uma
partida; e Bruninho recebeu multa de US$ 1.000 (R$ 2.700). Após a pena ser anunciada, a CBV decidiu abrir mão de sediar as finais da Liga Mundial, em julho de 2015. Para o camisa 8 da
seleção brasileira, a tendência é que a FIVB passe a pegar ainda mais pesado
com a equipe nacional, prejudicando o caminho verde-amarelo nas grandes competições
entre nações.
- A gente achava que tendo um presidente brasileiro na FIVB, não que facilitaria nossa vida, mas que não teríamos problemas. Mas
infelizmente é o contrário, parece que joga contra o seu país.
Murilo ataca bola para cima de bloqueio duplo
polonês no Mundial da Polônia, neste ano
(Foto: FIVB)
Após a informação de que a CBV estaria desviando dinheiro
pago pelo Banco do Brasil, Murilo começou a puxar pela memória situações em que
a entidade alegava não ter condições financeiras de bancar melhorias para as
seleções brasileiras. Um dos exemplo foi o pedido negado de troca de colchões e
troca de equipamentos de musculação no CT de Saquarema.
- O CT já está completando dez anos e a gente tem brigado por
algumas mudanças. Mas às vezes, a gente precisa escutar que não tem dinheiro, por
exemplo, para trocar os colchões. A gente precisa de colchão novo, porque eles
já estão há dez anos lá, mas eles falam que precisa ir devagar porque não tem
dinheiro. A academia já tem dez anos, tem maresia e tal e a academia já está
bem velha, mas eles dizem que não tem verba, e trocaram só alguns aparelhos. Aí
você vai pensando e vai começando a ver que são coisas pequenas perto do que
estamos falando. Imagina se estivessem investindo todo esse dinheiro desviado. A gente teria um centro de primeiro mundo.
Em entrevista ao GloboEsporte.com, Murilo também falou
bastante sobre a possibilidade anteriormente revelada de cogitar não defender
mais a seleção por conta da crise na CBV, a organização dos jogadores neste
momento, a realização de novos protestos, bem como a previsão de futuro para o
vôlei brasileiro. Leia a íntegra:
GLOBOESPORTE.COM: Desde a divulgação do caso, você virou um líder dos
jogadores. Como tem sido os seus últimos dias depois de você ter se
manifestado?
MURILO: Tem sido bastante corrido. O caso tomou uma proporção
grande, como dever ser. Os protestos atingiram bastante gente e conseguimos
fazer com que as pessoas soubessem o que está acontecendo dentro da CBV.
Tínhamos que pressionar para que as irregularidades fossem encaminhadas para o
Ministério Público ou para a Polícia Federal, quem tem que investigar. Aí, eles
vão decidir se vai existir pena e se o dinheiro vai ser ressarcido.
saiba mais
Você e os outros jogadores estão encontrando bastante apoio nesta luta?
Eu gostaria de agradecer, porque não preciso nem pedir o
apoio, seja através de redes sociais, que hoje é o meio mais fácil de se
comunicar, ou por outros meios. Eu quero agradecer o apoio de todos. Quando
fizemos o protesto com o nariz, todo mundo ficou de pé no ginásio e aplaudiu,
então não é um protesto só dos jogadores e técnicos, é um apelo do público em
geral e do nosso país. O Brasil está precisando mudar essa imagem de país da
impunidade. As pessoas que cometem erros precisam pagar por seus erros. O futuro do vôlei brasileiro está em jogo.
Algum dirigente da CBV te procurou nesses últimos dias para
falar sobre a crise ou a respeito dos protestos dos jogadores?
Não
fomos procurados por ninguém de dentro da CBV. As
nossas reclamações e protestos são legítimos. Não estamos fazendo nada
demais,
não estamos fazendo acusações diretas. Estamos cobrando que os hoje
líderes da
CBV corram atrás e que os responsáveis sejam punidos ou devolvam esse
dinheiro. Eu gostaria de ter uma resposta do que está sendo feito pela
CBV. A gente sabe de
bastidores que a CBV tem uma data para apresentar soluções ao Banco do
Brasil
para a retomada do patrocínio. Pensando como jogador da seleção, isso
precisa
ser feito o mais rapidamente possível, porque a gente não pode deixar
descontente um patrocinador com mais de 20 anos de patrocínio, porque
nós
estamos a menos de dois anos das Olimpíadas e não podemos nos dar ao
luxo de
para correr atrás agora de patrocínio.
Você esperava neste fim de ano ter que se preocupar com
algo além do seu tratamento no ombro para voltar a jogar?
Eu tenho tentado ao máximo conciliar, antes ou depois do
treino para tentar atender todo mundo. Aumentou bastante a procura. Eu acho
importante, apesar do cansaço e da disposição, que os atletas se pronunciem e
continuem cobrando. Não podemos deixar que isso tudo caia no esquecimento de novo.
Vocês pensaram em novos protestos após o uso de narizes de
palhaço na rodada do fim de semana da Superliga?
Estamos agora aguardando uma resposta. Não adianta a gente
fazer isso toda rodada, porque acaba atrapalhando também o campeonato. As
pessoas precisam de um tempo para se organizar. Se quiserem conversar, nós
estamos disponíveis. Mas não vamos deixar cair no esquecimento. Agora a gente
vai entrar no período de festas, de Ano Novo. Seria excelente se a gente
tivesse uma resposta antes de tudo isso, porque a Superliga também vai dar uma
paradinha. Mas, em janeiro, nós vamos voltar a falar sobre isso.
Jogadores de Sesi-SP e Cruzeiro usam narizes
de palhaço antes do jogo do último sábado
(Foto: David Abramvezt)
Se você encerrasse a sua carreira hoje já teria deixado um
legado fora de quadra, pelos títulos mundiais e medalhas olímpicas que você
conquistou. Você acha que essa sua participação fora de quadra vai engrandecer
ainda mais a sua carreira?
Para ser sincero, eu não penso no que eu vou deixar em
relação a tudo isso. Eu penso que em decorrência de todos esses títulos que eu
conquistei e pela importância que eu tenho para o vôlei nacional, eu tenho que
me pronunciar. E acho que eu escolhi o lado certo: o lado dos atletas. A
maioria não tem a oportunidade de falar diante das câmeras ou talvez não seja
acha tão importante. Mas eu acredito que todos são importantes e devem opinar.
A gente sempre vai respeitar a opinião de todos e a maioria sempre vai acabar
decidindo. Não adianta eu querer decidir pelo vôlei brasileiro. Todos estão
participando. As decisões dos protestos todos os jogadores aceitaram e estão
envolvidos nisso.
Como está sendo organizado esse grupo de jogadores?
Tentamos fazer com que tenha pelo menos um representante
de cada equipe (14 da Superliga). Se a
gente fosse reunir todos os jogadores em grupo de aplicativo no celular, iria
ficar complicado se organizar. Essa
manifestação que a gente fez foi tudo muito rápido. Não podíamos deixar passar
em branco, então a gente casou os jogos. Era Sesi-SP contra o Cruzeiro, estão
conversamos com o William, Wallace e Éder. No jogo entre Canoas e Taubaté, o
Lipe e o Dante conversaram com o Gustavo e o Minuzzi. Então foi bem rápido. A
gente teve que tomar uma decisão e fazer isso rapidamente. A gente tinha ícones
da seleção brasileira e com jogos bons, o nosso contra o Cruzeiro foi a
reedição da última final da Superliga. Então teria um apelo e a gente poderia
aproveitar o momento para protestar.
As denúncias do CGU apontam que não foi repassado aos jogadores
bônus de premiação por resultados obtidos em competições da seleção. A CBV deve
premiações para vocês?
É delicado tocar nesse assunto. A gente não tinha noção do
contrato do banco. A gente não sabia que o banco dava premiação para a CBV. Na
nossa ideia, a CBV tinha um contrato de patrocínio com o banco e a gente
negociava com a CBV prêmios para Mundial, Olimpíadas, Sul-Americano, Pan.
Algumas vezes os prêmios eram atendidos e em outros não. O Pan do Rio 2007 teve
premiação, mas o Pan de Guadalajara 2011 já não teve. Pelo que a gente viu
agora, o banco dava premiação para todas as competições, inclusive competições
sub-21, juvenil e infanto-juvenil, que era uma coisa que a gente nem imaginava.
Todos os prêmios que nós negociamos com a CBV foram pagos. A gente ainda tem o
prêmio do Mundial para receber e não foi pago, mas ele vai ser pago com certeza
no fim do ano. Não sabemos se eles usavam o nosso nome, o nome dos jogadores
para negociar premiação com o banco. Nós nunca negociamos direto com o banco,
sempre com a CBV. Precisamos entender como se chegava aos valores pagos de
premiação pela CBV.
Atletas do Canoas também usaram narizes de
palhaço no embate contra o Taubaté, pela
Superliga (Foto: Divulgação)
Vocês querem conhecer as bases do contrato para ver se vocês
têm dinheiro a receber?
Não sei se a gente tem esse direito, para ser sincero. Não
sei quem negocia pelo banco também e se dizia se aquele prêmio era para ser
dado aos atletas. Mas nós sempre tentamos negociar os prêmios dentro da realidade
da CBV e muitas vezes ouvimos que não tinha dinheiro e que não dava para pagar,
mas aquele sentimento de traição que eu falei tem um pouco disso também, porque
dinheiro tinha.
Vocês estão tendo algum apoio jurídico?
Não conseguimos formalizar a associação de jogadores. Nós ficamos
muito próximo no ano passado e contratamos um advogado para fazer contrato
social, mas não conseguimos encontrar um presidente, alguém que estivesse
disposto a correr a trás e comparecer em reuniões. Existe uma série de
responsabilidades também e a gente acabou adiando isso. Talvez a gente volte a
falar, porque se tivesse uma associação nós seríamos mais organizados e
teríamos mais força.
Em relação à punição da FIVB, você acredita em retaliação do
Ary Graça, presidente da entidade, pelas denúncias na CBV envolverem a gestão
dele?
A punição saiu de forma muito rápida. Eu tinha
conhecimento que a gente estava sendo julgado, porque o Bernardo (técnico
Bernardinho) entrou em contato comigo e pediu para eu assinar um termo, porque
ele ia entrar com recurso. Mas não deu nem tempo, porque eles anunciaram a
punição no dia seguinte da divulgação dos contratos. A gente sabia que ia dar
problema aquela discussão, não foi nem briga, foi uma questão pontual do lance
não ter passado no telão e do delegado do jogo ter interferido. Ele ter saído um
dia depois de todas as denúncias, eu acho que tem a ver e com certeza tem dedo.
Para falar que o cara não está envolvido não tem como, ele mandou dar a punição
mesmo.
Ex-mandatário da CBV, Ary Graça é o atual
presidente da Federação Internacional de
Vôlei (Foto: Divulgação / FIVB)
Essa suposta rixa pode prejudicar a seleção brasileira nas futuras
competições?
Essa rixa já atrapalhou a seleção brasileira até mesmo no
Mundial, porque as outras denúncias aconteceram antes. Nós tivemos uma série de
problemas na Liga Mundial, nos jogos no Irã, e depois na Polônia também. A
gente achava que tendo um presidente brasileiro na FIVB não que facilitaria
nossa vida, mas que não teríamos problemas. Mas infelizmente é o contrário,
parece que joga contra o seu país. O fato de terem mudado o regulamento durante
o Mundial é um absurdo. Até hoje, eu me arrependo de a gente ter entrado em
quadra. Estava escrito no regulamento que não poderia ficar dois segundos
colocados no mesmo grupo e que o primeiro do nosso grupo não mudaria de cidade.
Mas a gente, sempre com aquele discurso que é "contra tudo e contra todos e tem
que ser", a gente acabou jogando. Ganhar ou perder faz parte. Mas a gente
aceitar essas coisas... Talvez, eu esteja chegando em uma idade que não consigo
mais. É muita falta de respeito.
Vale a pena vocês batalharem para que as finais da Liga
Mundial aconteçam no Brasil? Ou isso vale como protesto?
Eu fiquei assustado com as punições, caso a CBV não
organize as finais da Liga Mundial. Pode ser quase um ano de punição, de ficar
fora das competições internacionais de 2015. Isso é preocupante. A gente está
se preparando para as Olimpíadas. Não podemos ficar só treinando, sem jogar.
Não sei se essa decisão já foi tomada e não tem volta ou se está sendo
negociada. Quem tomou a decisão em função das punições contra a gente, o gesto
foi muito nobre, mas é preciso pensar nisso como um todo.
Isso tudo te tira a vontade de continuar jogando pela seleção brasileira?
A gente precisa que esse caso seja resolvido. Não sou eu
quem vou julgar, vai ser o Ministério (Público), vai ser a Polícia Federal. A
nossa pressão é que esse caso vá para lá e eles julguem se precisa devolver, se
vai prender ou se vão perder o cargo. Não é meu papel decidir isso. Meu papel é
que os caras que estão no poder agora da CBV que façam o papel deles. Se esse
dinheiro é da CBV ou do vôlei, ele precisa ser devolvido.
Se não resolver isso até o fim do ano, você pode não jogar
mais pela seleção?
Eu posso pensar se realmente vale a pena. Lógico que pelo
meu país vale a pena, vale todo e qualquer sacrifício, mas tendo essas pessoas
no poder talvez não valha a pena. Se aqui no Brasil acontecia isso, imagino o
que pode ser feito no mundo. Pelos dirigentes, não vale, porque querendo ou não eles
continuam fazendo tudo errado, nas devidas proporções. Se aqui no Brasil
acontecia isso, imagina no mundo.
Murilo coloca em dúvida a sua continuidade
como jogador da seleção brasileira
(Foto: Divulgação/FIVB)
Você defendeu muitos anos a seleção e achava que era uma
administração excelente. Você começa a duvidar de outras coisas feitas para a
construção dessa imagem positiva que a CBV sempre teve?
A gente sempre defendeu. Nosso CT é fundamental para os
nossos resultados, isso eu não tenho dúvida. A gente tem tudo lá dentro, tem
uma ótima alimentação. Lógico que o CT já está completando dez anos e a gente
tem brigado por algumas mudanças e às vezes a gente precisa escutar que não tem
dinheiro, por exemplo, para trocar os colchões. A gente precisa de colchão
novo, porque eles já estão há dez anos lá, mas eles falam que precisa ir
devagar porque não tem dinheiro. A academia já tem dez anos, tem maresia e tal
e a academia já está bem velha, mas eles dizem que não tem verba, e trocaram só
alguns aparelhos. Aí você vai pensando e vai começando a ver que são coisas
pequenas perto do que estamos falando. Imagina se estivessem investindo todo
esse dinheiro desviado, a gente teria um centro de primeiro mundo.
Nos últimos dias, vocês jogadores estão juntando esses
pontos? Acreditam que esse dinheiro supostamente desviado deveria ter ido para que outros lugares?
É dinheiro que nunca chegou nos clubes. O apoio que a CBV
dá para os clubes nunca aconteceu, isso independentemente de desvio e irregulares.
Quem paga os nossos salários são os clubes. São eles que formam os atletas para
a seleção brasileira. Tem muito clube pequeno que sofre para ficar aberto.
Se tivesse a ajuda da CBV com certeza a estrutura do vôlei brasileiro seria
melhor.
A base não tem conquistado os mesmos resultados do passado,
quando essa atual geração estava começando. Isso tem alguma ligação com a crise
na CBV? É preocupante imaginar que após o fim da sua geração, o nível do vôlei
brasileiro vai cair?
Nós temos poucos clubes que investem na base. O Sesi-SP, o
Minas, o Cruzeiro e o Campinas têm várias categorias. Mas nós estamos bem restritos
ao Sudeste. Nós precisamos de clubes no Nordeste, no Sul. O Brasil é muito
grande e perdemos muitos jogadores por falta de estrutura, por não ter onde
treinar, por não ter bola, rede ou uma quadra coberta. Tudo isso precisa ser repensado. A CBV diz
que faz as peneiras, mas você vai tirar um jogador de cada estado e olhe lá.
Nós precisamos pensar mais alto. Isso tudo recai tudo
sobre os clubes que no final das contas não recebem ajuda.
CT de Saquarema (RJ) é o local de treinamentos
das seleções brasileiras (Foto: Alexandre
Arruda/CBV)
Se por acaso você encontrasse o Ary Graça esses dias,
andando na rua ou em algum evento, como seria esse encontro? Vocês estão com
raiva dele?
A gente sempre defendeu ele, isso é
difícil. Eu não sei
qual seria a minha reação, se eu não iria conseguir olhar na cara, se
iria
conseguir cumprimenta-lo e pedir explicações. E não sei como seria a
reação
dele. A
gente tinha uma relação, querendo ou não, de mais de oito anos de
seleção
brasileira, a gente sempre fez questão quando voltava com títulos de
elogiar a
gestão, de elogiar o CT de Saquarema e a estrutura. Mas agora
praticamente tudo
que a gente fez por ele e pela CBV meio que desmoronou. Então, é chato.
Seria uma situação bem
desagradável. E a gente vai encontrar com ele, porque ele é presidente
da FIVB. Jogando Liga Mundial, Copa do Mundo e Olimpíadas nós
vamos encontrá-lo e não sei como vai ser.
FONTE:
http://glo.bo/1GTsCO5