Na segunda semifinal da Taça Guanabara, nesta quinta-feira, a emoção
ficou para o fim. O Fluminense superou o Botafogo na disputa por
pênaltis (4 a 3) e fará a final contra o Vasco, no domingo, no Engenhão.
Coube ao ídolo alvinegro Loco Abreu o papel de vilão, após empate por 1
a 1 no tempo normal. O uruguaio bateu a quinta cobrança alvinegra da
série e parou nas mãos de Diego Cavalieri, que também defendeu chute de
Lucas e se tornou o herói da noite. Os gols do Clássico Vovô, que teve o
Tricolor um pouco superior, principalmente no segundo tempo, foram de
Elkeson e Leandro Euzébio, também perto do desfecho, que foi
eletrizante.
O resultado não acaba com o jejum de vitórias do Fluminense em
clássicos cariocas (agora, de 12 partidas). Mas pelo menos deixa para
trás dois tabus recentes, que incomodavam: a marca de empacar nas
semifinais da Taça Guanabara - foi eliminado nos últimos quatro anos - e
a de não superar o Botafogo em jogos decisivos ultimamente - perdera os
últimos quatro duelos (três semifinais e uma final de turno).
Já o Alvinegro,
único grande carioca fora da Taça Libertadores, terá o
segundo turno para correr atrás da vaga na decisão do estadual. A
trajetória recomeça às 19h30m da próxima quarta-feira, em partida contra
o Americano, no Godofredo Cruz.
Jogadores abraçam Cavalieri após goleiro pegar cobrança de Abreu (Foto: Dhavid Normando / Photocamera)
Equilíbrio geral, mas muitos erros
Com esquemas semelhantes, era de se esperar que as jogadas não fossem
muito distintas. O primeiro tempo se baseou em velocidade pelas pontas,
quase sempre terminando num cruzamento. A bola aérea, no entanto, não
estava nada afiada em ambos os lados. Isso se deveu ao desempenho
apagado das duas estrelas ofensivas: Fred, vigiado de perto por Antônio
Carlos, e Loco Abreu, sumido, mas que eventualmente via Leandro Euzébio
como sombra.
O ritmo do clássico foi frenético e pegado no começo, mas,
diferentemente da semifinal de quarta-feira, entre Vasco e Flamengo, a
qualidade técnica decepcionou. O erro no último passe prevaleceu e
brecava a empolgação. Participativos, Elkeson e Thiago Neves armaram
boas tentativas, com dribles importantes no meio, mas não conseguiram
dar sequência nas tabelas.
Até as armas recentes de Oswaldo de Oliveira e Abel Braga - Herrera e
Wellington Nem - também falharam. A dupla, bem marcada, quando tocou na
bola, acertou pouco. Do lado do Botafogo, a marcação era frouxa até a
intermediária. Os tricolores, por sua vez, optaram por uma pressão
maior. E, pouco a pouco, quem contribuiu para a cadência do jogo foi a
arbitragem de Péricles Bassols, que apontava falta em qualquer contato,
irritando ainda mais os já nervosos times.
Cavalieri sai correndo para comemorar e ignora até
o cumprimento (Foto: Satiro Sodré / Ag. Estado)
No geral, Jefferson teve mais trabalho do que Diego Cavalieri na etapa
inicial. Em sequência, duas das bolas mais perigosas pararam nas mãos
dos goleiros. Primeiro, Elkeson, aos 12 minutos, bateu com efeito e viu a
chance ser espalmada para o alto. Depois, Fred e Deco esbarram no
camisa 1 do Glorioso, em arremates de dentro da área - a segunda defesa
foi de pura coragem.
Gols incendeiam a semifinal
O equilíbrio era marcante e só perdia para a falta de capricho. Mesmo
antes do intervalo, o duelo já tinha cheiro de disputa de pênaltis.
Parecia que seria preciso um erro fatal ou uma mudança efetiva. Nada
disso acontecia, porém. Precavidos, os treinadores pagaram para ver e
mantiveram o espelho: um time parecia a imagem refletida do outro, até
nas características dos jogadores.
O Flu, ainda assim, voltou mais aceso e mostrava que poderia dominar.
Foi capaz de acuar o Botafogo e criar três oportunidades em 15 minutos. A
melhor delas em cabeçada certeira de Thiago Neves, que fez Jeffeson
praticar belíssima defesa, aos 13. A insistência no jogo aéreo tinha
Fred como alvo, mas Antônio Carlos seguia soberano na briga. Os
tricolores reclamaram de pênalti num lance polêmico, já que Nem foi
tocado por Márcio Azevedo.
Passada a parada técnica, nada de substituições. Da arquibancada,
ansiosos por uma jogadinha individual correta que fosse, os torcedores
começavam a inflamar as equipes da arquibancada. Abel, então, pôs Araújo
em campo no lugar de Wellington Nem. Antes que pudesse ter resultado, o
alvinegro Lucas lançou Herrera, o sistema defensivo errou ao fazer
linha de impedimento, e o argentino deixou Elkeson livre para escorar e
abrir o placar para o Botafogo, aos 28.
Festa entre reservas e titulares, após gol de Leandro Euzébio (Foto: Dhavid Normando/Photocamera)
A movimentação mexeu com o jogo, que não parou mais nos minutos
posteriores. O Fluminense não se abateu e teve Rafael Moura entrando no
lugar do lateral Bruno. O empate amadurecia, até que, também numa linha
de impedimento que Azevedo não acompanhou, Leandro Euzébio recebeu na
área, aos 34, e só escolheu o canto para balançar a rede e igualar tudo
de novo. O Tricolor mereceu, pois era superior.
O panorama, assim, tornou a mudar: Oswaldo de Oliveira desfez a troca e
mandou Caio a campo, na vaga do volante Marcelo Mattos, atendendo aos
gritos da galera. O lá e cá continuou, e a semifinal crescia em emoção. O
Botafogo assustou em jogada secreta ensaiada, mas de nada adiantou.
Chances claras, mesmo, não aconteceram, e os goleiros seguraram a onda
quando exigidos, acalmando os companheiros.
Não teve jeito. Com apenas dois minutos de acréscimo, Péricles Bassols
jogou para a marca da cal a definição do adversário do Vasco no domingo.
Três pênaltis perdidos. Loco perde o final
A lista de batedores dos técnicos indicava o atacante Loco Abreu e o
zagueiro Anderson para fechar. O Flu venceu o cara e coroa para começar a
série. Fred marcou; na sequência, Andrezinho também fez o seu; Jean
destoou e bateu muito mal, para a defesa de Jefferson; Herrera deu sua
pancada tradicional e empatou; Thiago Neves também fez; Lucas
desperdiçou; Renato e Rafael Moura anotaram os seus gols; e, no fim,
Loco Abreu, logo o ídolo, parou em Cavalieri. Fluminense na final da
Taça Guanabara.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/jogo/carioca-2012/23-02-2012/botafogo-fluminense.html