Time de Bernardinho estreia na quarta
contra os campeões olímpicos. Do outro lado, Argentina, Itália e
Bulgária lutam para tentar chegar à decisão
Por Gabriel Fricke e Marcello Pires
Rio de Janeiro
Depois de dez confrontos, nove vitórias e apenas uma derrota no Grupo
A, o Brasil chega às semifinais em Mar del Plata, na Argentina, de 17 a
21 de julho, com o melhor aproveitamento da fase de grupos da Liga
Mundial. Mas a tarefa em solo hermano não é nada fácil na luta pelo
décimo título brasileiro na competição. Na chave E, os primeiros
desafios da seleção do técnico Bernardinho na etapa decisiva da competição serão a Rússia, quarta-feira, e o Canadá, na sexta.
A primeira equipe se classificou ao ficar em segundo no Grupo B. Já a
segunda veio do Grupo C, tendo ficado em primeiro. Já a chave D tem a
Argentina, país-sede das finais, que garantiu vaga automaticamente, a
Bulgária, vice do Grupo A, e a Itália, líder do Grupo B.
- Estamos colhendo todo material sobre os times. Temos até quarta-feira
para trabalhar. Agora estaremos um pouco mais ligados nas
possibilidades que temos. A gente tem que jogar com inteligência e
consistência - afirmou Bernardinho, que já definiu os 14 atletas que vão
atuar na fase decisiva da competição.
A forma de disputa é simples. As três equipes de cada chave se
enfrentam. As duas seleções que mais obtiverem resultados positivos
passam para as semifinais (veja a programação abaixo, após a análise dos times da fase final). O critério de desempate é a média de pontos.
A atual campeã, a Polônia, ficou em quarto lugar no Grupo A, com uma
campanha ruim. Em dez jogos, foram apenas quatro vitórias e seis
derrotas.
Chave E (Brasil, Canadá e Rússia)
Rússia - 2º colocado do Grupo B - 10 jogos / 7 vitórias / 3 derrotas.
Técnico: Voronkov Andrey
Destaque: Dmitriy Muserskiy (central) - 24 anos - Altura: 2,18m / Peso: 104kg
Brasil precisa ficar ligado em Muserskiy Foto: Divulgação/FIVB)
O primeiro rival do Brasil na fase final em Mar del Plata será a
Rússia. Atual campeã olímpica e herdeira da tradição de títulos da
extinta União Soviética, a seleção russa é considerada uma das potências
do voleibol mundial, com quatro ouros olímpicos, seis títulos no
Campeonato Mundial, seis na Copa do Mundo, 12 europeus e duas Ligas
Mundiais. Para o técnico Bernardinho, a Rússia possui cartas na manga.
Apesar de não ter o oposto titular Mikhaylov, que passou por uma
cirurgia no ombro e não deve se recuperar a tempo, terá nomes como
Dmitriy Muserskiy.
O atleta é um central de origem que, em Londres 2012, foi usado como
oposto. A tática funcionou na ocasião, e a equipe levou o ouro sobre a
própria seleção brasileira. Ele fez 31 pontos na decisão. Desta vez,
ainda não atuou na posição para o qual foi incumbido nas Olimpíadas.
Muserskiy defende o Lokomotiv-Belogorie, que venceu a Copa da Rússia.
- A Rússia é a Rússia. É um time sempre muito duro. Em relação ao time
que jogou em Londres, eles não devem ter o Mikhaylov. Mesmo assim, não
estão usando o Muserskiy como oposto. Eles não fizeram isso até agora,
mas tem essa possibilidade. É uma alternativa. O sistema é sempre o
mesmo, baseado em saque e bloqueio, que sempre foram as principais armas
da Rússia. Eles têm um levantador mais veterano e outro mais jovem. O
Brasil precisa saber jogar contra o saque e bloqueio deles - disse o
comandante canarinho, que encara os russos na estreia da fase final, no
dia 17 de julho, às 17h30m (de Brasília).
Depois do Brasil, a Rússia enfrenta o Canadá no dia 19 de julho, às 17h30m.
Canadá - 1º colocado do Grupo C - 10 jogos / 8 vitórias / 2 derrotas.
Técnico: Gleen Hoag
Destaque: Gavin Schmitt (oposto) - 27 anos - Altura: 2,08m / Peso: 106kg
Gavin Schmitt é o grande nome canadense (Foto: Divulgação/FIVB)
Apesar de ter pego um grupo relativamente mais fraco, conseguiu oito
vitórias e apenas duas derrotas em dez jogos. O melhor resultado
olímpico dos canadenses foi o quarto lugar em Los Angeles 1984. Nos
Jogos Pan-Americanos, em 1999, em casa, ficaram com o bronze. Até o
momento, são cinco participações na Liga Mundial. A melhor posição foi
um sétimo lugar em 1992. Em 2012, terminaram em 12º. Mas, para
Bernardinho, a equipe pode surpreender, já que vem sendo trabalhada há
bastante tempo.
- O Canadá preocupa, é um time de qualidade. Eles têm um grande oposto,
que é o Schmitt, e um grande treinador, Gleen Hoag, que gosto muito.
Eles ficaram em um grupo teoricamente mais fraco, mas ganharam de times
de tradição, como Japão e Holanda, e se classificaram com méritos -
comentou o técnico do Brasil, que encara os canadenses no dia 19 de
julho, às 16h30m (de Brasília).
Chave D (Argentina, Itália, Bulgária):
Argentina - sede das finais e lanterna do Grupo A - 10 jogos / 1 vitória / 9 derrotas
Técnico: Javier Weber
Destaque: Rodrigo Quiroga (ponteiro) - 26 anos - Altura: 1,90m / Peso: 87kg
Quiroga defende a Argentina na Liga Mundial (Foto: Divulgação/FIVB)
A Argentina entrou na Liga Mundial já garantida para a fase final em
Mar del Plata por ser o país-sede da etapa. No Grupo A, teve uma
campanha ruim, tendo jogado dez vezes e vencido apenas uma, contra os
Estados Unidos, fora de casa, por 3 sets a 1. Apesar dos resultados, a
geração do voleibol hermano é tida como bastante talentosa. A falta de
experiência é o que preocupa. O jogador mais velho do time é Gongalez,
nascido em 1981, e que joga no Ciudad de Bolivar. A equipe tem média de
idade de 24,5 anos.
O melhor resultado olímpico foi em 1988, em que levaram o bronze. Seis
anos antes, em casa, foram terceiros colocados no Campeonato Mundial. Na
Liga Mundial, a melhor posição foi a quarta colocação em 2011. No ano
passado, foram apenas os décimos. O ponteiro Rodrigo Quiroga, que
defendeu o Minas na última Superliga masculina de vôlei, e o levantador
De Cecco são os principais atletas. O jogador do Minas, por exemplo, é
sobrinho do medalhista de bronze mundial e olímpico, Raúl Quiroga, e
também capitão da seleção.
Fora de quadra, o reforço principal da Argentina é o lendário Marcos
Milinkovic, que atua como assistente do técnico Javier Weber. O
ex-atleta foi MVP das Olimpíadas de Sydney, em 2000, e do Mundial de
2002, quando também foi o maior pontuador. Ele venceu a Liga dos
Campeões 1999/2000 pelo Sisley Treviso, a Copa da Itália em 2000 pelo
Livorno e a Top Team Cup, em 2005, com a camisa do Olympiacos.
A equipe argentina pega a Bulgária em sua estreia na fase final, às 21h.
Itália - 1ª colocada do Grupo B - 10 jogos / 7 vitórias / 3 derrotas.
Técnico: Mauro Berruto
Destaque: Ivan Zaytsev (ponteiro) - 24 anos - Altura: 2,02m / Peso: 92kg
Ivan Zaytsev é o craque da Itália (Foto: Divulgação/FIVB)
A campanha da Itália na fase de grupos teve dez jogos, sete vitórias e
três derrotas, garantindo a vaga e a liderança do Grupo B. A equipe é a
segunda maior vencedora da Liga Mundial, com oito conquistas, uma a
menos que o Brasil, com nove. Os italianos dominaram o voleibol na
década de 90, com três títulos Mundiais e uma Copa do Mundo. A escassez
de conquistas veio após a prata olímpica de 2004, em Atenas. O retorno
ao pódio só aconteceu em 2012, em Londres, quando a Azzurra derrotou a
Bulgária por 3 sets a 2 e ficou com a medalha de bronze.
Sem os experientes Fei, Mastrangelo e Papi, o capitão Savani e os
ponteiros Parodi chamam a atenção na equipe italiana. Além deles, o
ponteiro Ivan Zaytsev é um dos destaques. O jogador de apenas 24 anos,
do Volley Perugia, é o maior pontuador da Liga Mundial até o momento e
terceiro melhor atacante. Ao todo, são 215 pontos, sendo 184 de ataque,
17 em bloqueios e 14 no saque. O melhor do Brasil, por sua vez, é o
jovem Lucarelli, de 21 anos, com 126 pontos, sendo 103 de ataque, 14 de
bloqueio e nove de saques. Ele está em 22º na lista.
Bulgária - 2ª colocada do Grupo B - 10 jogos / 7 vitórias / 3 derrotas.
Técnico: Camilo Placi
Destaque: Tsvetan Sokolov (oposto) - 23 anos - Altura: 2,06m / Peso: 100 kg
Sokolov é o principal atleta búlgaro
(Foto: Fabrício Marques)
Nos dois duelos contra os brasileiros, a Bulgária perdeu por 3 sets a
1, mas assustou, tendo vencido o primeiro set de cada jogo. Os búlgaros
tiveram boa campanha na primeira fase, com sete vitórias e três
derrotas. Além disso, a equipe tem crescido nos últimos anos. Em 2012,
foi quarto lugar na Liga Mundial e nas Olimpíadas de Londres. O país é
vice-campeão olímpico de 1980 e semifinalista de 1972, quando ficaram em
quarto. No Campeonato Mundial são cinco medalhas, sendo uma prata e
quatro bronzes. Os europeus ficaram em terceiro na Copa do Mundo de
2007.
Camilo Placi é o técnico na temporada. O antigo comandante, Nayden
Naydenov, continua na comissão como assistente. A Búlgaria não tem mais
Matey Kaziyski, um dos melhores atacantes do vôlei mundial, que deixou a
seleção em 2012 juntamente com o antigo técnico Radostin Stoytchev por
conta de um escândalo na Federação Búlgara de Voleibol (BFV). Mesmo
assim, tem grandes atletas como os irmãos Batoev e o oposto Sokolov,
que, mesmo com apenas 24 anos, tem liderado a equipe.
Seus principais fundamentos são o saque e o bloqueio. O atleta é o
segundo maior pontuador do torneio, com 209 pontos marcados, sendo 175
de ataque, 24 de bloqueio e dez de saque. Ele é o nono melhor na Liga
Mundial no bloqueio e 17º no saque.
Veja a programação da fase final da competição em Mar del Plata:
Brasil x Rússia - 17/7 - 17h30m
Argentina x Bulgária - 17/7 - 21h
Rússia x Canadá - 18/7 - 17h30m
Bulgária x Itália - 18/7 - 21h
Canadá x Brasil - 19/7 - 16h30m
Itália x Argentina - 19/7 - 20h
Semifinal 1 - Vencedor da chave D x Vice da chave E - 20/7 - 16h30m*
Semifinal 2 - Vencedor da chave E x Vice da chave D - 20/7 - 20h
Terceiro/quarto - Perdedor da semifinal 1 x Perdedor da semifinal 2 - 21/7 - 16h30m
Final - Vencedor da semifinal 1 x Vencedor da semifinal 2 - 21/7 - 20h
*Se a Argentina for para as semifinais, as partidas serão disputadas de modo que a equipe faça o segundo jogo do dia.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2013/07/liga-mundial-brasil-chega-fase-final-atras-do-10-titulo-conheca-os-rivais.html