A
um mês do início da Copa do Mundo, uma coisa é
certa: ainda tem muita obra para terminar pelas 12 cidades-sedes. Há
construções inacabadas em
todos os setores de infraestrutura. Nas áreas de mobilidade urbana e
aeroportos, muitas intervenções ainda estão em andamento e algumas não
vão ficar prontas a tempo do Mundial. Nos portos, metade dos projetos
tem entrega prevista apenas para o fim de maio. Até mesmo no caso dos
estádios,
ainda há muita correria para terminar as obras em São Paulo, Curitiba e
Cuiabá. Segundo o governo, os atrasos não vão prejudicar a realização da
Copa.
- Estamos bem confiantes com a qualidade do serviço
que será ofertado - afirmou o secretário executivo do Ministério do
Esporte, Luís Fernandes.
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Em
2010, o governo federal, em conjunto
com governos estaduais e municipais das 12 cidades-sedes (incluindo o
governo do Distrito Federal), apresentou a chamada Matriz de
Responsabilidades da Copa do Mundo, que listava os investimentos que
seriam feitos para o evento. A ideia era que todos os projetos fossem
concluídos até dezembro de 2013. Após mais de quatro anos, muitas
alterações foram feitas na lista. Obras foram retiradas, outras
incluídas, e quase todas tiveram os prazos de entrega adiados.
Algumas foram entregues e já apresentam resultados. É
o caso da maioria dos estádios, que vêm recebendo jogos regularmente de
campeonatos regionais e nacionais. Nos aeroportos, novos setores de
embarque e desembarque foram inaugurados nas últimas semanas, assim como
algumas intervenções de mobilidade urbana. Mas o fato é que muito do que
foi prometido ainda não está em operação.
Operários trabalham no entorno da
Arena Corinthians: sede do primeiro
jogo, dia 12 de junho
(Foto: Marcos Ribolli)
Em participação no programa Redação SporTV desta segunda-feira (veja a íntegra nos vídeos),
o secretário Luís Fernandes minimizou os atrasos e disse que as obras
de infraestrutura não são essenciais para a realização do Mundial.
- Não são obras para a Copa. Elas foram apresentadas, sobretudo aquelas
que compõem a Matriz de Responsabilidades, como parte do "custo Copa",
mas não são, pois não houve nenhuma especificação da Fifa em relação à
necessidade dessas obras para a Copa. O que houve é que os três níveis
de governo entenderam que seria uma oportunidade histórica de aproveitar
o momento para acelerar o investimento em infraestrutura, que poderiam
melhorar o ambiente do evento, mas não são essenciais - disse.
Nota enviada ao GloboEsporte.com pela assessoria de imprensa do Ministério do Esporte diz que "todas
as obras essenciais para a realização com êxito da Copa do Mundo
estarão prontas. Demais obras que não ficarem prontas até 12 de junho
serão finalizadas
e entregues à população brasileira, pois integram o Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC)".
A pasta destaca ainda os benefícios econômicos que devem ser gerados pelo Mundial: "dados
da Fipe revelam que
com a Copa das Confederações houve acréscimo de R$ 9,7 bilhões ao PIB e
a geração de 303 mil empregos. A expectativa é de que a Copa do Mundo
movimente cerca de R$ 30 bilhões.
Isso é mais do que todos os recursos
investidos nas 12 cidades-sede em estádios,
aeroportos, portos, infraestrutura de transporte, segurança,
telecomunicações".
Obras
nas cidades-sedes da
Copa: acesso São Paulo e
Fortaleza; aeroporto de
Manaus; o porto de Forta-
leza; mobilidade em Manaus
/; e a via do
aeroporto em
Brasilía. Sedes terão muita
correria até o início do
Mundial no Brasil
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Item primordial
para a realização da Copa do Mundo, os estádios sempre foram a maior
preocupação da Fifa. Por diversas vezes, a entidade informou as
autoridades brasileiras sobre a importância de se entregar as arenas com
no mínimo seis meses de antecedência para que fossem feitos os testes
necessários para o Mundial.
Seis estádios foram construídas ou reformadas já
para a Copa das Confederações de 2013 e deixaram um alerta: apenas dois -
Castelão e Mineirão - ficaram prontos dentro do prazo pedido pela Fifa.
Situação que piorou com relação aos outros seis.
Arena das Dunas, Beira-Rio e Arena da Amazônia foram
entregues fora do prazo, mas começaram a ser testados com no
mínimo três meses de antecedência para a Copa. Atualmente, os três vêm
recebendo jogos regularmente, assim como os outros seis usados na Copa
das Confederações, que não devem apresentar grandes problemas no
Mundial.
No entanto, Arena Corinthians, Arena da Baixada e
Arena Pantanal ainda estão em obras. Os casos mais preocupantes são os
de São Paulo e Curitiba, onde ainda faltam muitos detalhes de
acabamento.
Entorno da Arena das Dunas, em Natal,
ainda em obras (Foto: Augusto Gomes/
GloboEsporte.com)
No estádio paulista, que será palco da abertura da Copa,
pessoas que acompanham de perto o andamento da obra afirmam que é
praticamente impossível que tudo fique pronto até o dia 12 de junho e
algumas partes internas inacabadas devem ser escondidas com decorações
provisórias durante o Mundial.
Já em Cuirtiba, os responsáveis pela obra já
admitiram, por exemplo, que o prédio que receberia as instalações de
imprensa não ficará pronto e os jornalistas usarão estruturas
temporárias.
Em Cuiabá, a obra está praticamente concluída, porém, houve
um atraso na entrega das cadeiras e ainda há partes da arquibancada sem
assentos. Na última semana, um acidente fatal com um operário ainda provocou a interdição das obras de acabamento na parte elétrica.
Palco da final, Maracanã é um dos
estádios que já está em operação
regular (Foto: André Durão)
Apesar
de não ter relação direta com a realização dos jogos, o bom
funcionamento dos aeroportos é fundamental para o sucesso da Copa do
Mundo. Principalmente em um país de grandes dimensões como o Brasil.
Por isso, foram previstas obras para praticamente todos os terminais das
12 cidades-sedes. A um mês do início do Mundial, muitas ainda estão em
andamento.
Em alguns casos, a situação assusta, como no Aeroporto
Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande (ao lado de Cuiabá). O
local passa por obras desde 2011, quando um módulo operacional foi
construído ao custo de R$ 2,53 milhões. Depois, começou uma ampla
reforma, que, no entanto, não deve ser totalmente concluída a tempo da
Copa.
Obras no aeroporto de Confins, na região
de Belo Horizonte, assustam os
passageiros (Foto: Gustavo Poli)
No
Aeroporto de Fortaleza, a situação também é grave. As obras de
ampliação atrasaram e a Infraero admitiu que será necessário um terminal
remoto
temporário, que será entregue neste mês de maio. Trata-se de um
improviso para
receber o contingente maior de torcedores que chegarão para a Copa. Por
conta nos atrasos na ampliação, a
própria Infraero abriu processo administrativo com o intuito de
rescindir o contrato com o consórcio responsável pela obra, que deveria
ter sido entregue em
março de 2014.
Problemas também no aeroporto de Viracopos, em
Campinas, que apesar de não estar em nenhuma cidade-sede, será
fundamental para o deslocamento de pelo menos sete seleções que ficarão
hospedadas no interior de São Paulo. Na última semana, parte das obras
de ampliação foram interditadas pelo Ministério Público, que apontou
riscos para os operários. A concessionária responsável pela
administração do aeroporto admitiu "pequeno" atraso nas obras, mas
garantiu o uso da nova estrutura durante a Copa do Mundo. O terminal
tem inauguração prevista em 3 de junho.
Obras no aeroporto de Cuiabá só devem
ser concluídas depois da Copa
(Foto: Luiz Claudio Amaral)
Há
casos, porém, de cidades em que as reformas já demonstram resultado. Os
aeroportos de Manaus e Brasília, por exemplo, ganharam novas áreas, que
já estão em funcionamento, assim como o aeroporto de Guarulhos, em São
Paulo, que teve um novo terminal para voos internacionais inaugurado no
último fim de semana.
Em nota enviada ao GloboEsporte.com, a
Infraero afirmou que "os aeroportos das cidades-sedes da Copa do Mundo
2014 têm capacidade superior à demanda de passageiros". Apesar das obras
ainda em andamento, o órgão garantiu que "todos os planos operacionais
estão prontos e estamos iniciando a fase de
treinamento dos funcionários, envolvendo atendimento ao publico,
atendimento as delegações, atendimento as autoridades,
movimento operacional de pista, pátio, terminais, segurança operacional,
operações de trafego aéreo, estacionamento de aeronaves etc".
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O
principal benefício apontado pelo governo para a realização da Copa
do Mundo no país é a capacidade do evento de potencializar investimentos
que ficarão como legado para as cidades-sedes. Neste sentido, a
mobilidade urbana era o setor com maior número de projetos na Matriz de
Responsabilidades. Porém, se tornou também a área com mais atrasos.
Muitas
obras previstas inicialmente não devem ficar prontas a tempo da Copa.
Em Porto Alegre, por exemplo, dos dez projetos de mobilidade urbana,
apenas um vai ser completamente concluído. E mesmo no único ponto que
será entregue à população, a prefeitura terá de iniciar nesta semana uma
força-tarefa para finalizar as obras.
Situação semelhante
ocorre na cidade de Fortaleza, onde a prefeitura admitiu que apenas as
duas avenidas principais do entorno do estádio Castelão devem ficar 100%
prontas para a Copa. O BRT da avenida Alberto
Craveiro, da Paulinho Rocha, além do Eixo Via
Expressa/Raul Barbosa, têm conclusão prevista para este mês de maio.
Mas, na
prática, estão com obras bem longe do término. Outras intervenções,
como o BRT Dedé Brasil e
o Eixo Via Expressa/Raul Barbosa, ainda estão no início e não devem ser
concluídas a tempo do Mundial.
Obras de mobilidade urbana no entorno
do Castelão, em Fortaleza
(Foto: Juscelino Filho)
No Rio de Janeiro, o BRT Transcarioca, obra de mobilidade urbana mais
cara da Matriz de Responsabilidades (R$ 1,5 bilhão), deve começar a
operar de forma parcial no dia 1º de junho, a apenas 11 dias do início
da Copa. O corredor exclusivo ligará o aeroporto do Galeão à Barra da
Tijuca, com integração com o metrô, em Vicente de Carvalho.
Em Salvador, o esperado metrô vai funcionar a partir do dia
11 de junho, mas apenas em sistema assistido: nos dias de jogos em
Salvador, somente torcedores que estiverem em ônibus
previamente credenciados poderão utilizar o novo meio de transporte.
Apesar
dos atrasos, alguns projetos foram concluídos e já estão em operação. É
o caso da ampliação da pista de acesso ao aeroporto de Brasília,
entregue na última semana. No entanto, a obra foi inaugurada ainda sem
toda a iluminação instalada e gerou reclamações. O governo prometeu tudo
pronto a tempo da Copa. Em Belo Horizonte, também já está em operação o
BRT da Avenida Cristiano Machado. Outros trechos como os das avenidas
Antônio Carlos / Pedro I e Área Central seguem em obras, mas devem ser
entregues a tempo do Mundial.
Em nota enviada ao
GloboEsporte.com, o Ministério das Cidades informou
que entre as 30 obras de mobilidade para a Copa acompanhadas pela pasta,
apenas quatro foram concluídas: "Até o momento, quatro obras já foram
concluídas, sendo três em Belo Horizonte (BRT
Área Central, Via 210 e Boulevard Arrudas) e uma no Distrito
Federal (Ampliação da DF-047). O restante está em execução e
serão entregues na medida em que forem concluídas por parte das
cidades sede. Estão sendo desenvolvidos Planos Operacionais de
Mobilidade específicos para os dias de jogos em cada
cidade-sede, como foi feito na Copa das Confederações,
favorecendo o deslocamento dos torcedores e da população".
Obras do BRT do Rio de Janeiro, na
Ilha do Governador, perto do
aeroporto Galeão
(Foto: Gabriel Benamor)
Obras no Porto de Salvador (Foto: Divulgação)
Obras
com menor impacto na realização da Copa, os portos também não fogem à
regra e estão com atrasos. Dos seis projetos previstos, apenas dois já
foram entregues: Terminal Marítimo de Passageiros de Recife e
alinhamento do cais de Outerinhos, no porto de Santos.
Segundo
a Secretaria de Portos da Presidência da República, as obras nos
terminais de Fortaleza, Natal e Salvador serão entregues até o fim de
maio. Já as obras no porto de Manaus não devem fica
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-do-mundo/noticia/2014/05/obras-atrasam-e-ultimo-mes-antes-da-copa-vai-ser-de-correria-pelas-sedes.html