Com abandono de Kimi fora do 'script',
superação da dupla da Ferrari e batida de Maldonado tratam de dar tons
rotineiros a mais uma prova da temporada
Por GLOBOESPORTE.COM
Spa-Francorchamps, Bélgica
Protesto do Greenpeace roubou a cena durante a cerimônia do pódio do GP da Bélgica (Foto: AP)
Sebastian Vettel
precisou de poucos metros para deixar o pole position Lewis Hamilton
para trás, rumando para receber a bandeirada em primeiro no GP da Bélgica (confira o resultado).
Vitória folgada, tranquila, sua quinta na temporada. Um passeio
solitário e divertido, garantiu o tricampeão. Sorte dele que se tratava
de Spa-Francorchamps. Fosse outra pista menos excitante, corria o risco
de ficar entediado. Rotineiro também foram os desafios experimentados
pelos pilotos da Ferrari. Mais uma vez começando do meio do pelotão, Fernando Alonso e Felipe Massa tiveram trabalho para conseguir bons resultados.
Quem fugiu à regra foi Kimi Raikkonen,
que, enfim, abandonou. Foi a primeira vez que o “Homem de Gelo” não
completou uma corrida desde que voltou à F-1. Fora do "script” estavam
também os ativistas do Greenpeace. Protestando contra a exploração de
petróleo no Ártico, os manifestantes foram criativos. Fizeram rapel e
pularam de paraquedas para estender faixas. Roubaram a cena até durante a
cerimônia de premiação no pódio. E durante a prova, Pastor Maldonado tratou de retomar os ares rotineiros. Protagonizou mais uma confusão, provocando a única batida da prova.
Confira os destaques positivos e negativos da 11ª etapa da temporada 2013:
Nos primeiros metros...
Largando em segundo, Vettel tinha 44 voltas – mais precisamente 308,052
km – para tentar passar Lewis Hamilton e buscar a vitória. Mas o garoto
prodígio da RBR foi ligeiro. Largou bem, acompanhou o rival na famosa
subida da Eau Rouge e deu um bote certeiro na reta Kemmel para assumir a
liderança. Dali em diante, foi abrir vantagem e administrar,
impecavelmente, uma vitória mais tranquila do que ele mesmo imaginava.
- Esta pista é fantástica e quando o carro funciona bem, você não quer
que a corrida acabe. Conforme ficávamos mais leve, ele voava e dava mais
prazer em pilotar. Eu não pensei muito em pontos ou no campeonato. Esta
é uma pista tão boa e é tão bom correr aqui que o meu único foco era me
divertir - celebrou.
Alonso inspirado
Enquanto Vettel passeava lá na frente, Alonso escalava o pelotão para
se tornar o grande destaque da corrida. Após se dar mal no chuvoso
treino classificatório e ter que largar em nono, o espanhol descontou
parte do prejuízo logo na largada, passando quatro adversários e subindo
para quinto. Em seguida, protagonizou uma corrida agressiva, aliando
ritmo forte com boas ultrapassagens. Destaque para o duelo com Hamilton (vídeo),
no qual o piloto da Ferrari ganhou a posição e depois a defendeu com
autoridade. Ao entrar na reta para receber a bandeirada, Alonso por
pouco não pôs tudo a perder. Quase deixou a traseira do carro escapar,
mas conseguiu segurar e cruzou em segundo. Mesmo com o bom resultado e
com a nítida evolução do carro vermelho, a cara de poucos amigos do
bicampeão após o fim da prova denuncia que nem tudo são flores em
Maranello.
Corrida de obstáculos
Massa largou em décimo, uma posição atrás de Alonso. Mas infortúnios
nas primeiras voltas deixaram o caminho do brasileiro muito mais
complicado. Logo na largada, escolheu o lado de fora para contornar a
primeira curva. Até que o paulista vinha bem, mas encontrou a Lotus de
Raikkonen mais lenta e precisou reduzir. Sem tanta velocidade na subida
da Eau Rouge, acabou caindo para 12º. Para piorar, o volante de sua
Ferrari, por onde comanda diversas funções do carro, apagou, o deixando
sem diversos recursos, como o Kers (sistema de recuperação de energia
cinética, que aumenta a potência do motor), fundamental em um momento em
que o pelotão ainda estava muito próximo. Durante a corrida, os botões
do volante voltaram a funcionar, mas o estrago já estava feito. Massa
ainda conseguiu recuperar parte do prejuízo.
Efetuou boas manobras e
cruzou a linha de chegada em sétimo.
- Eu tive algumas voltas onde meu volante apagou e não funcionava nada.
Não conseguia ver nada no volante, nem usar o Kers, o que era um
problema sério naquele momento, com muitos carros em volta. Mas depois
de algumas voltas o volante voltou. Acho que o problema maior da minha
corrida foi a primeira curva. Tinha largado bem, passado um carro. Fiz a
primeira curva bem até, tinha um carro do lado de fora, o Kimi, ele
voltou em cima de mim e eu tive que frear e ali eu perdi quatro ou cinco
posições. Esse foi o problema maior da minha corrida. A gente perdeu
muito tempo ali – lamentou.
'Bonde do Kimi sem freio'
Um dos pilotos com quem Massa duelou durante a prova foi Kimi
Raikkonen. Era a 26ª das 44 voltas quando o finlandês tentava
ultrapassar o brasileiro, mas passou estranhamente reto na “Bus Stop”. O
“bonde do Iceman sem freio” tinha explicação. O sistema de frenagem de
sua Lotus vinha apresentando problemas desde o início da prova e foi
para o espaço de vez naquele momento. Após voltar à pista, ele seguiu
direto para os boxes e recolheu o carro. A Lotus suspeita que uma
viseira presa no duto de refrigeração do freio pode ter sido a causa do
superaquecimento. Terminavam ali as impressionantes sequências
estabelecidas por Kimi. Foi seu primeiro abandono desde que voltou à F-1
em 2012. Ao todo, foram 30 corridas consecutivas completadas desde que
chegou à Lotus. Número que aumenta para 38 quando somado às últimas
provas pela Ferrari em sua primeira passagem na F-1. Além disso,
Raikkonen vinha de uma sequência de 27 GPs na zona de pontuação, recorde
na categoria.
- Uma hora essa sorte ia acabar - minimizou o finlandês.
'Oops, I did it again'
Mesmo com problemas no freio, Raikkonen não chegou a bater. O único
acidente da prova ficou por conta de... adivinhem... Pastor Maldonado!
Ao ser ultrapassado por Nico Hulkenberg e Adrian Sutil na chicane final,
o venezuelano da Williams pareceu ter resolvido aproveitar para entrar
nos boxes, à sua direita, para trocar os pneus. Porém, ao seu lado
passava também Paul di Resta, que acabou tendo o carro acertado no meio.
Maldonado foi considerado culpado pela batida e foi punido pela direção
de prova com um “stop and go” (parada obrigatória nos boxes). O piloto
da Williams pôs a culpa do incidente em um toque de Sutil e garante que
perdeu o controle do carro.
- Fui tocado por Adrain. Estava tentando retornar à linha quando ele
cruzou de uma maneira agressiva e tocou meu bico. Meu carro pulou e
perdi o controle. Parte da asa foi para baixo do carro e perdi a frente.
Não teve nada a ver com Di Resta. Não tinha controle do carro na hora
da batida. Foi uma pena injusta – defendeu-se o venezuelano
Já Di Resta acredita que Maldonado tentou cruzar a pista e entrar nos boxes.
- Acho que Pastor perdeu a tangência e quando ele fazia a curva,
decidiu entrar nos boxes, o que era arriscado naquele ponto – analisou o
escocês.
Protestos ousados
Fora da pista, o GP da Bélgica ficou marcado por ousadas e criativas
manifestações de ativistas do “Greenpeace”. O protesto era contra a
empresa de combustíveis patrocinadora principal da corrida, que planeja
perfurar um poço de petróleo no Ártico. Os manifestantes sobrevoaram o
circuito de paraquedas com faixas, fizeram rapel no teto da arquibancada
posicionada na linha de chegada para estender um banner gigante e ainda
conseguiram expôr cartazes durante a cerimônia do pódio. A polícia
local sofreu para tentar interromper as ações dos integrantes do grupo.
Ativistas do Greenpeace usaram paraquedas e rapel nos protestos durante GP da Bélgica (Foto: AP)
Mas a imagem da semana da F-1 em Spa que mais rendeu comentários
aconteceu na quinta-feira. Com a pista aberta para reconhecimento, Mark Webber
foi fotografado dando uma “conferida” nos atributos da namorada de
Jenson Button, a modelo Jessica Michibata. “Pego em flagrante”, o
australiano não perdeu o bom humor e fez piada com o assunto no twitter:
- Só uma vez @JensonButton, ok? – escreveu.
Pego em flagrante olhando namorada de Jenson Button, Mark Webber faz piada no twitter (Foto: Reprodução)
O próximo destino da Fórmula 1 é o célebre autódromo de Monza, palco do
GP da Itália, daqui a duas semanas. A corrida no tradicional circuito
italiano está marcada para as 9h (de Brasília) do dia 8 de setembro, com
transmissão ao vivo da TV Globo.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2013/08/pacotao-da-ousadia-dos-protestos-alegria-de-vettel-no-gp-da-belgica.html