Chuva forte em
Toronto interrompe evento por 1h no dia em que Jane Karla entrou para a
história do Parapan ao se tornar medalhista em mais de uma modalidade
Por Flávio Dilascio, Helena Rebello e Marcos Guerra
Direto de Toronto, Canadá
Jane Karla levou o ouro no tiro com arco
(Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB)
Depois
de dois dias de sol forte e calor, a chuva deu as caras em Toronto no
terceiro dia dos Jogos Parapan-americanos. Por conta dos raios em York,
as competições de atletismo tiveram de ser interrompidas por uma hora
atrasando o cronograma de provas previstas para esta segunda-feira. O
atletismo também esteve no centro da polêmica, quando Odair Santos
chegou a comemorar o ouro dos 5.000m da classe T11, mas acabou
desclassificado. O top 5 do dia 3 tem ainda o show da torcida canadense
no basquete em cadeira de rodas, o sacrifício de uma atleta do tênis de
mesa e as conquistas brasileiras no tiro com arco, em especial a de Jane
Karla, que já que havia sido medalhista no tênis de mesa no Rio-2007 e
em Guadalajara-2011 (assista a imagens do dia no vídeo abaixo).
TEMPORAL INTERROMPE ATLETISMO
Uma forte chuva castigou o Estádio Parapan-Americano no primeiro
dia do atletismo. A modalidade normalmente mantém a programação independentemente
do volume de água que caia. Interrupções só ocorrem em caso de raios, para a
proteção de atletas, árbitros ou espectadores. Foi justamente o que aconteceu
nesta segunda-feira. Por uma hora a pista ficou vazia. A chuva deu uma trégua,
mas o grande atraso atrapalhou bastante a programação dos paratletas, que
tiveram de mudar sua rotina de
aquecimento.
Chuva prejudicou as provas de atletismo do
Parapan de Toronto (Foto: AP)
- Eu me programei muito, porque queria fazer o melhor 100m
do mundo. Com essa chuva, foi tudo por água abaixo. Mas está aí minha medalha
de ouro, foi muito maior do que minha fome, minha atenção, minha raiva porque
minha programação foi por água abaixo. Não foi bem a chuva que atrapalhou. O
que mais bateu foi a fome, meu depósito de carboidrato ficou lá embaixo. Agora
vou me preparar para sol, para chuva, para tornado, para tudo - disse a paulista
Verônica Hipólito, que foi campeã dos 100m rasos na classe T38.
DESCLASSIFICAÇÃO NO ATLETISMO
O
brasileiro Odair Santos chegou a comemorar o ouro dos 5.000m da classe
T11, para paratletas com perda total da visão. Seria o primeiro título
do atletismo verde-amarelo em Toronto, mas Odair acabou desclassificado e
perdeu o ouro, que seria o seu tetra na distância (os dois primeiros
ainda na classe T12, para paratletas com baixa visão). Por um tempo, o
campeão mundial ficou no escuro, enquanto a comissão técnica tentava
entender o motivo da desclassificação.
Odair Ferreira abraça o guia Carlos dos Santos
após resultado da prova (Foto: Washington
Alves/MPIX/CPB)
Os
organizadores afirmaram que o brasileiro precisaria ter trocado de guia
durante a prova, mas optou por ser guiado sempre por Carlos dos Santos,
o Bira, que disputou o Pan também. A mudança de estratégia foi
informada pela comissão brasileira antes da prova, mas a organização
afirmou que tal mudança precisaria ser informada no dia anterior e deu o
ouro ao anfitrião Jason Dunkerley e seu guia Josh Karanja. O protesto
formalizado pelo Brasil não foi aceito.
A participação da torcida canadense tem sido uma atração à parte no
Parapan. Muito educados, os fãs aplaudem mesmo em pontos e jogadas
bonitas de adversários de suas seleções. Até o momento, os dois xodós do
público têm sido o rúgbi e o basquete em cadeira de rodas, modalidades
em que o país anfitrião tem sobrado em quadra. Nesta segunda-feira, o
Canadá bateu a Argentina por 76 a 23 no rúgbi e derrotou o México no
basquete por 74 a 55.
A busca pelo segundo título parapan-americano individual da carreira fez
Joyce Oliveira jogar no sacrifício. Na classe 4 do tênis de mesa, a
paulista convive há quatro meses com dores terríveis devido ao
deslocamento de um parafuso que tem nas costas - a peça está deslocada e
atinge um nervo na região lombar. O caso é cirúrgico, mas como a
previsão mais otimista de recuperação era de dois meses, a atleta optou
por conviver com a dor para tentar o ouro em Toronto. Entre um jogo e
outro, era preciso se alongar muito e deitar para aliviar o incômodo.
Mas, com o ouro no peito, veio a compensação.
Joyce Oliveira superou as dores na coluna para
conquistar medalha no Parapan (Foto: Leandro
Benjamin/CPB/MPIX)
- Estava nervosa para jogar porque estou com dor. A dor estava na minha
cabeça, mas treinei e sabia que podia ganhar. A fisioterapia me ajudou
muito. Tenho que agradecer à (fisioterapeuta) Andressa, que me ajudou
durante todos esses dias e me fez chegar bem - disse a jogadora, que
bateu a mexicana Martha Verdin na última rodada do grupo único.
O
Brasil brilhou no tiro com arco nesta segunda-feira, com destaque para o
feito de Jane Karla, que já que havia sido medalhista no tênis de mesa
no Rio-2007 e em Guadalajara-2011. Jane superou
a canadense Karen Van Nest na decisão do arco composto feminino. Ela
fez 140 pontos, enquanto a rival obteve 132. Desta forma, a brasileira
sagrou-se
campeã parapan-americana na segunda modalidade diferente. Luciano Rezende também conquistou o ouro no tiro com arco nesta segunda. O título veio após vitória sobre o americano Eric Bennett, por 6 a 4.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/parapan/noticia/2015/08/temporal-frustracao-no-atletismo-e-ouro-no-tiro-com-arco-o-top-5-do-3-dia.html