A CRÔNICA
por
Marcelo Russio
A maldição acabou. Após serem derrotados por Gana nas duas últimas
Copas do Mundo, os Estados Unidos finalmente se vingaram: com direito a
gol-relâmpago e outro nos minutos finais, os americanos venceram os
africanos por 2 a 1 na noite desta segunda-feira, na Arena das Dunas, em
Natal. O capitão Clint Dempsey abriu o placar aos 28 segundos, fazendo o
sexto gol mais rápido na história dos Mundiais; André Ayew deixou tudo
igual aos 37 da etapa final; e cinco minutos depois o zagueiro Brooks
foi à área adversária para garantir a quebra da escrita e a festa nas
arquibancadas – a torcida americana era grande maioria entre os 39.760
presentes.
O resultado deixou os EUA na vice-liderança do Grupo G, com os mesmos três pontos da Alemanha, mas perdendo no saldo de gols (um contra quatro dos europeus). Os ganeses fecham a primeira rodada em terceiro lugar, à frente de Portugal também pelo critério desempate (tem saldo negativo de um gol, contra menos quatro dos lusos).
As duas seleções voltam a campo no próximo fim de semana. Sábado, às
16h (de Brasília), Gana enfrenta a líder Alemanha na Arena Castelão, em
Fortaleza. Às 19h de domingo, os Estados Unidos encaram Portugal de
Cristiano Ronaldo na Arena da Amazônia, em Manaus – a abertura da chave
começou mais cedo nesta segunda-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador,
onde os alemães golearam os portugueses por 4 a 0.
Rola a bola, gol dos Estados Unidos
A bola mal havia rolado quando os EUA abriram o placar. Beasley roubou a bola na lateral e trabalhou com Jones, que passou para Dempsey na esquerda da grande área. O capitão americano teve calma para se livrar da marcação de John Boye e tocar no canto esquerdo de Kwarasey, que nada pôde fazer. Aos 28 segundos, foi o gol mais rápido do Mundial no Brasil até o momento e o sexto na história da competição – atrás do turco Hakan Sukur (11 segundos em 2002, no jogo Turquia x Coreia do Sul), do tcheco Vaclav Masek (15 em 1962, Tchecoslováquia x México), do norte-coreano Park Soong-Jin (23 em 1966, Coreia do Norte x Portugal), do alemão Ernst Lehner (24 em 1934, Alemanha x Áustria) e do inglês Bryan Robson (27 em 1982, Inglaterra x França)
O gol não afetou Gana, que aos poucos se encontrou em campo e passou a buscar as jogadas pela lateral direita com Atsu e Opare, aproveitando-se principalmente das subidas ao ataque de Beasley. Mesmo em vantagem no placar e apoiados por milhares de americanos que faziam uma imensa festa, os comandados por Klinsmann passaram a cadenciar o jogo, e os ganeses ganhavam espaço em campo com o passar do tempo. Aos 15 minutos, Asamoah Gyan foi lançado nas costas da zaga, e Howard teve de sair para impedir a chegada do astro ganês.
Os americanos sentiam dificuldade com a movimentação adversária. Também
com a forte marcação. Mas aos 19, em contra-ataque pela direita, Jones
apareceu livre e cruzou para Altidore, que mesmo desequilibrado chutou. A
bola foi travada pela defesa, e Kwarasey fez a defesa. Pouco depois,
num pique pela esquerda, Altidore sentiu dores no músculo posterior da
coxa esquerda e teve de ser substituído por Johansson. O atacante deixou
o campo chorando, foi aplaudido e teve seu nome gritado pela torcida.
Gana jogava em velocidade, e os EUA esperavam para sair no contra-ataque. Os africanos pressionavam sempre pela direita, aproveitando a força física e a velocidade para levar vantagem nas disputas de bola, enquanto os americanos tinham pouco espaço para trabalhar e perdiam a posse de bola seguidamente. Sem precisão nos arremates e com Asamoah Gyan bem marcado, Gana não transformava as jogadas ofensivas em chances de gol.
Aos 32, no entanto, o mesmo Asamoah Gyan criou a melhor oportunidade do time de branco no primeiro tempo, chutando de fora da área para ótima defesa de Tim Howard.
Já sem Altidore, os Estados Unidos por pouco não ficaram sem Dempsey no lance seguinte. Em disputa de bola pelo alto com o americano, John Boye ergueu demais a perna e meteu a canela no nariz do capitão americano, que imediatamente começou a sangrar, mas foi atendido fora de campo e voltou ao jogo. Sempre nos contragolpes, a equipe vermelha teve boas chances com Johansson, de fora da área, e Jones, em cobrança de falta pela lateral da grande área, bem defendida por Kwarasey. Gana, que não criava jogadas pelo meio e abusava dos lançamentos longos, se manteve com mais posse de bola (60%,contra 40% dos americanos), sempre buscando as jogadas pela direita, mas sem conseguir transformá-las em gol.
Gana mantém a escrita... Por apenas cinco minutos
Os ganeses voltaram para o segundo tempo novamente explorando o lado direito, com Atsu e Opare, e mantendo Asamoah Gyan isolado no comando do ataque. Vigiado de perto por dois defensores americanos – Bradley e Beckerman –, ele não ameaçava a meta de Tim Howard. Os americanos distribuíam melhor o jogo, buscando o ataque pelos dois lados, com Dempsey e Johansson centralizados no ataque. Aos nove minutos, os africanos tiveram sua primeira boa chance: Muntari chutou de fora da área, à direita de Howard. No lance seguinte, agora pela esquerda, novamente Muntari apareceu bem em cruzamento para Asamoah Gyan, que cabeceou para fora.
Gana pressionava, e Gyan teve nova grande chance pelo alto, obrigando Howard a grande defesa. Com seu time melhor em campo, o técnico Appiah decidiu empurrá-lo ainda mais para o ataque, colocando Kevin-Prince Boateng no lugar de Jordan Ayew, que não vinha bem. A mudança deu mais consistência ao time africano, e as chances continuaram a aparecer. Aos 17, Atsu percebeu Howard adiantado e tentou o gol por cobertura, mas a bola foi para fora. Os EUA buscavam os contra-ataques, como no primeiro tempo, mas era pressionado pelo rival. Gyan perdeu nova oportunidade, aos 19, quando mandou a bola em cima da zaga da marca do pênalti.
Aos 28, Appiah decidiu colocar o astro Michael Essien em campo, no
lugar de Rabiu, para ganhar em qualidade no meio-campo. Com os
americanos recuados, Gana dominava as ações, mas falhava na conclusão
das jogadas. Aos 30, Andre Ayew perdeu nova chance clara de empatar ao
errar o chute dentro da área, de frente para o gol. Com o fim do jogo se
aproximando, Klinsmann decidiu tirar o volante Bedoya, que sentira
dores no joelho, para colocar o também volante Zusi em campo, reforçando
a marcação no meio.
Praticamente abdicando do ataque, os americanos viram Gana empatar o placar aos 37, com André Ayew, após belo passe de calcanhar de Asamoah Gyan. Os africanos partiram para cima em busca da terceira vitória seguida sobre os americanos, mas o balde de água fria veio pouco depois, aos 42. John Brooks, que havia entrado no intervalo, subiu mais que os adversários para, de cabeça, dar fim à maldição.
O resultado deixou os EUA na vice-liderança do Grupo G, com os mesmos três pontos da Alemanha, mas perdendo no saldo de gols (um contra quatro dos europeus). Os ganeses fecham a primeira rodada em terceiro lugar, à frente de Portugal também pelo critério desempate (tem saldo negativo de um gol, contra menos quatro dos lusos).
Jogadores comemoram o gol de Brooks,
que acabou com a escrita
(Foto: Getty Images)
Rola a bola, gol dos Estados Unidos
A bola mal havia rolado quando os EUA abriram o placar. Beasley roubou a bola na lateral e trabalhou com Jones, que passou para Dempsey na esquerda da grande área. O capitão americano teve calma para se livrar da marcação de John Boye e tocar no canto esquerdo de Kwarasey, que nada pôde fazer. Aos 28 segundos, foi o gol mais rápido do Mundial no Brasil até o momento e o sexto na história da competição – atrás do turco Hakan Sukur (11 segundos em 2002, no jogo Turquia x Coreia do Sul), do tcheco Vaclav Masek (15 em 1962, Tchecoslováquia x México), do norte-coreano Park Soong-Jin (23 em 1966, Coreia do Norte x Portugal), do alemão Ernst Lehner (24 em 1934, Alemanha x Áustria) e do inglês Bryan Robson (27 em 1982, Inglaterra x França)
O gol não afetou Gana, que aos poucos se encontrou em campo e passou a buscar as jogadas pela lateral direita com Atsu e Opare, aproveitando-se principalmente das subidas ao ataque de Beasley. Mesmo em vantagem no placar e apoiados por milhares de americanos que faziam uma imensa festa, os comandados por Klinsmann passaram a cadenciar o jogo, e os ganeses ganhavam espaço em campo com o passar do tempo. Aos 15 minutos, Asamoah Gyan foi lançado nas costas da zaga, e Howard teve de sair para impedir a chegada do astro ganês.
Kevin-Prince Boateng entrou no decorrer
do jogo, mas nada pôde fazer (Foto:
Getty Images)
Gana jogava em velocidade, e os EUA esperavam para sair no contra-ataque. Os africanos pressionavam sempre pela direita, aproveitando a força física e a velocidade para levar vantagem nas disputas de bola, enquanto os americanos tinham pouco espaço para trabalhar e perdiam a posse de bola seguidamente. Sem precisão nos arremates e com Asamoah Gyan bem marcado, Gana não transformava as jogadas ofensivas em chances de gol.
Aos 32, no entanto, o mesmo Asamoah Gyan criou a melhor oportunidade do time de branco no primeiro tempo, chutando de fora da área para ótima defesa de Tim Howard.
Já sem Altidore, os Estados Unidos por pouco não ficaram sem Dempsey no lance seguinte. Em disputa de bola pelo alto com o americano, John Boye ergueu demais a perna e meteu a canela no nariz do capitão americano, que imediatamente começou a sangrar, mas foi atendido fora de campo e voltou ao jogo. Sempre nos contragolpes, a equipe vermelha teve boas chances com Johansson, de fora da área, e Jones, em cobrança de falta pela lateral da grande área, bem defendida por Kwarasey. Gana, que não criava jogadas pelo meio e abusava dos lançamentos longos, se manteve com mais posse de bola (60%,contra 40% dos americanos), sempre buscando as jogadas pela direita, mas sem conseguir transformá-las em gol.
Gana mantém a escrita... Por apenas cinco minutos
Os ganeses voltaram para o segundo tempo novamente explorando o lado direito, com Atsu e Opare, e mantendo Asamoah Gyan isolado no comando do ataque. Vigiado de perto por dois defensores americanos – Bradley e Beckerman –, ele não ameaçava a meta de Tim Howard. Os americanos distribuíam melhor o jogo, buscando o ataque pelos dois lados, com Dempsey e Johansson centralizados no ataque. Aos nove minutos, os africanos tiveram sua primeira boa chance: Muntari chutou de fora da área, à direita de Howard. No lance seguinte, agora pela esquerda, novamente Muntari apareceu bem em cruzamento para Asamoah Gyan, que cabeceou para fora.
Gana pressionava, e Gyan teve nova grande chance pelo alto, obrigando Howard a grande defesa. Com seu time melhor em campo, o técnico Appiah decidiu empurrá-lo ainda mais para o ataque, colocando Kevin-Prince Boateng no lugar de Jordan Ayew, que não vinha bem. A mudança deu mais consistência ao time africano, e as chances continuaram a aparecer. Aos 17, Atsu percebeu Howard adiantado e tentou o gol por cobertura, mas a bola foi para fora. Os EUA buscavam os contra-ataques, como no primeiro tempo, mas era pressionado pelo rival. Gyan perdeu nova oportunidade, aos 19, quando mandou a bola em cima da zaga da marca do pênalti.
Festa vermelha, azul e branca: EUA
vencem Gana depois de duas derrotas
para o rival (Foto: Getty Images)
Praticamente abdicando do ataque, os americanos viram Gana empatar o placar aos 37, com André Ayew, após belo passe de calcanhar de Asamoah Gyan. Os africanos partiram para cima em busca da terceira vitória seguida sobre os americanos, mas o balde de água fria veio pouco depois, aos 42. John Brooks, que havia entrado no intervalo, subiu mais que os adversários para, de cabeça, dar fim à maldição.
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