Treinador
acredita que a equipe demonstrou sua personalidade mesmo com o revés
parcial diante do Fluminense. “Pode mais, mas sem passar por tanta
emoção”, diz
Por João Lucas Cardoso
Joinville, SC
Aos
46 do segundo tempo na Arena Joinville, o coração da maioria dos mais
de 12 mil torcedores parou de bater. Voltou quando foi decretado o 2 a 1
de virada sobre o Fluminense (veja os lances no vídeo).
Além das arquibancadas, na área técnica ocorreu o mesmo. O técnico PC
Gusmão "passou um cortado", mas gostou, obviamente. Porém, mais que um
triunfo de virada, o treinador aponta que foi a alma do time que mais o
satisfez. Evidente depois do placar parcial em prol dos visitantes nesta
tarde de domingo.
- Apareceu no momento em que
parecia haver um clima negativo, por ficarmos inferiorizados no placar, e
mostramos o poder de reação. O time reagiu em 15 minutos. Mas não
podemos esperar, tem que tomar ações, tem que ter imposição, saber
jogar, tomar as rédeas do jogo, ficar com a bola no pé. Acho que
prevaleceu o nosso espírito. Mesmo atrás no placar, o espírito foi outro
após o gol. Mostra que pode mais e conseguir bons resultados, mas sem
passar por tanta emoção – disse o treinador, aliviado, na entrevista
coletiva minutos depois da vitória consumada em campo.
PC Gusmão, na coletiva após a vitória (Foto: João Lucas Cardoso)
O
Joinville se reapresenta na tarde desta segunda-feira, às 15h. A equipe
se prepara ao confronto das 21h15 para o Atlético-PR, na Arena da
Baixada, pela Copa Sul-Americana. Na próxima rodada do Brasileirão
enfrenta o Palmeiras, no domingo, fora de casa.
Confira os principais trechos da entrevista coletiva
Cara de lutar contra a degola-
A gente conversou muito na concentração e preleção de como jogar na
Série A, independente de local, a gente pode até sair atrás no placar,
mas só não pode se entregar. Foi o que aconteceu, acho que é lógico que
depois do gol teve o balde de água fria, até na torcida. Depois
retomamos o jogo, começamos a trabalhar em velocidade, que é o nosso
forte. Os dois gols foram em jogadas com os dois laterais. O Mario
Sérgio fez e o Diego serviu, ele deu um sprint. Mostramos que a equipe
tem que acreditar que estão preparados, para este tipo de jogo que foi e
contra uma grande equipe. Tivemos paciência de tocar a bola e esperar. A
gente não pode sair do que podemos fazer. Trabalhamos na limitação e
cada um deu seu máximo. Foi uma vitória bacana, muito boa para todos
nós, para a gente e torcida. O que fica mais marcante e é a participação
de todo o grupo, do meu grupo de trabalho, os que estão no jogo, os do
banco e o prazer de convivência, um torcendo pelo outro. Uma vitória nos
faz acreditar que pode voar mais, mas com o pé no chão. O segundo gol
mostrou o espírito solidário, o Diego fez a jogada, e poderia fazer o
gol, mas tocou e serviu o (Ricardo) Bueno, que fez o primeiro gol.
Ricardo Bueno entrou e participou do gol da vitória (Foto: Divulgação/JEC)
Estreia de Ricardo Bueno
-
O Fluminense estava marcando bem e não dava espaço. Falamos no
intervalo e esperamos para ver se daria certo, mas optamos para mudar,
aos cinco do segundo tempo. Trouxe o Naldo mais para trás, o Marcelinho
(Paraíba) para articular e entrou o Bueno (na vaga de Kadu) para fazer a
função de centroavante. Acho que passamos a ter uma chegada mais
contundente com a referência que tanto falamos. Temos dois assim no
grupo, no padrão que queremos. Tinha o Kempes como opção, mas optei pelo
Bueno e ele foi feliz, ele ajudou a definir a partida.
Voltou à mentalidade do Brasileirão após tropeço na Sul-Americana-
Não tenho nem um mês de trabalho, e o ambiente é muito bom, o que
facilita. Mesmo depois de um resultado ruim, em que lutamos e não
conseguimos, a gente sentou e conversou muito ainda na sexta com todo o
grupo, no sábado já com os concentrados, à noite, e hoje (domingo) na
preleção. Sentia que a resposta estava muito positiva, o que me dava um
alento grande. O cinco de trás, o goleiro e linha de quatro, jogaram o
tempo todo contra o Atlético-PR. Eu tinha medo de ocorrer algo, mas
estava bem preparado. O trabalho tem sido muito capacitado.
Trocaram: Anselmo protege e Naldo aparece na frente
-
Antes de conversar a gente vê os números e uns fatores me animaram. O
Anselmo é um dos jogadores com mais roubadas de bola, e o Naldo mais
ágil que Anselmo. Peguei eles também para articularem, com Naldo
roubando e usando a velocidade. A gente passa alguns dados e eles estão
demonstrando em campo. Acho que encaixaram, que deu liga e espero que
continue assim.
Outro gol sofrido na bola parada-
Trabalhamos bem essa bola e havia preocupação com o Cícero. Entrou e
temos que corrigir. Mas é melhor corrigir ganhando. Estamos ajeitando o
posicionamento ainda.
Marion vaiado-
Botei ele para ser mais um agudo dos três enfiados. Ele não estava
conseguindo se livrar da marcação, é um jogador leve. Começou a
trabalhar a bola muito para trás. Mas a vaia não pode inibir, tem que
usar para se motivar. Acho que foi fundamental porque colocou o Diego em
condição de servir outro companheiro (terminou em gol contra). Tem que
se levantar, se erra é tentando acertar. A gente está buscando, é um
jogador que está mudando sua característica para servir ao elenco.
PC Gusmão, durante o jogo (Foto: Divulgação/JEC)
Mario Sérgio-
Ele e o Arnaldo (também lateral-direito) são dois jogadores velocidade.
O Mario tem facilidade de marcar, mais que Arnaldo, que gosta de atacar
mais. Como jogamos com três atacantes, a primeira linha, a da defesa,
tem que marcar mais. O Marcio conhece mais o clube, está mais adaptado
também. Quando cheguei estava lesionado, e quando se recuperou entrou e
fez bons jogos. Falo para ele que, se tiver espaço, pode sair. Mas a
primeira e principal tarefa é marcar. Se os laterais saem
alternadamente, melhor, mas tem marcar. Não sai se tiver um cara ali. O
Mario faz bem as duas funções.
Poupar jogadores no jogo da Sul-Americana-
O Santos perdeu jogador, o Corinthians perdeu jogador, outros times
perderam atletas para a sequência, como o Fluminense hoje, com o Fred. É
desgastante e você quer ganhar sempre. Mas se usa sempre a mesma equipe
para tudo, vão sentir. A gente tem maratona de jogo até o dia 20 de
setembro, é humanamente impossível manter isso. O repouso é necessário e
vão entrar os jogadores que estiverem mais inteiros.
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