Após cinco anos longe do Brasil e do Inter, Nilmar
está de volta. Vestiu a camiseta 7 do Colorado no início da tarde desta
sexta-feira, três dias após o anúncio oficial de sua contratação. O
atacante, de 30 anos, adotou um discurso humilde perante os jornalistas.
Descartou ser o "salvador da pátria" diante de um ataque inoperante nos
últimos jogos e avisou que o objetivo inicial é "resgatar a
adrenalina", um tanto perdida com a pouca competitividade no Catar. E a
primeira dose de adrenalina surgiu na segunda parte de sua apresentação,
ao subir para o gramado do Beira-Rio e ser ovacionado para sua terceira
passagem pelo clube (assista ao vídeo).
Nilmar carrega bebê no colo na
apresentação no Beira-Rio
(Foto: Tomás Hammes/
Globoesporte.com)
Por
volta das 15h, Nilmar interagiu com cerca de 4 mil colorados que se
aglomeravam na mureta que separa as cadeiras do gramado - a expectativa
de público foi feita pela direção do clube. Uma apresentação à moda
europeia, mas com todo o calor brasileiro. A ponto de um torcedor dar um
bebê para o atacante aninhar no colo. A torcida não parava de entoar:
"Ô, o Nilmar voltou".
>>> FOTOS: as imagens da recepção de ídolo de Nilmar
Nilmar distribui autógrafos na
apresentação no Beira-Rio
(Foto: Tomás Hammes/
GloboEsporte.com)
Nilmar ficou cerca de dois anos no Catar. Ele não se arrepende de, em
2012, ter saído do Villarreal, da Espanha, para um futebol menos
competitivo. Afirma que foi muito bom para a família, embora sentisse
falta da "adrenalina" de estádios lotados, como ele deve ter no
Beira-Rio.
- Não me arrependo, volto mais maduro. A vida para a
família lá era maravilhosa. Mas eu, como jogador, sentia falta. Estava
acostumado a um nível mais alto, mas lá você não tinha 100% de
profissionalismo. Quero resgatar a adrenalina de jogo o mais rápido
possível. Aqui, se joga para 50 mil pessoas - explicou.
Nilmar é apresentado no campo, no qual
foi ovacionado (Foto: Tomás
Hammes/Globoesporte.com)
O
atacante também falou do rótulo de "salvador da pátria", uma vez que os
atuais centroavantes Rafael Moura e Wellington Paulista estão há mais
de mil minutos sem marcar:
- Tenho uma responsabilidade, mas o
Inter tem grandes jogadores. É um novo desafio, sempre encarei dessa
maneira, sei que vou ter responsabilidades, mas não encaro dessa forma,
não me vejo como salvador da pátria. Eu quero ajudar da melhor maneira
com as minhas características, quero colaborar dentro de campo, quero
ajudar. Sabemos que não é um jogador só que decide um campeonato, é o
clube. O grupo tem qualidade. Desde que o resultado esteja acontecendo, é
o importante. Quero entrar o mais rápido possível e dentro de campo
demonstrar o que eu sei.
Esta será a terceira vez de Nilmar
pelo Colorado. O atacante foi promovido com 18 anos por Muricy Ramalho,
em 2003. Acabou vendido em 2004 para o Lyon, da França. Em 2007, foi
repatriado. No ano seguinte, foi o herói da Sul-Americana, ao marcar na
decisão contra o Estudiantes. Em 2009, foi negociado com o Villarreal.
No total, disputou 150 partidas e marcou 64 gols pelo Inter.
Torcida do Inter comparece em bom
número ao Beira-Rio (Foto: Tomás
Hammes/GloboEsporte.com)
> Confira mais trechos da entrevista
Expectativa:
É
um momento muito importante para mim. Esse esforço, sabe a dificuldade
que foi. Envolvia muitas coisas. Era o meu desejo de poder voltar a
jogar pelo Inter. Espero entrar na galeria de ídolos, conquistando
títulos importantes.
Readaptação:
Encerrei a
minha temporada no final de maio. Estou me sentindo bem. Claro que estou
fazendo testes. Venho do futebol do Catar, que era mais leve. Essa
adaptação não vai ser tão longa assim. Estou na mão de grandes
profissionais. Espero estar à disposição o mais rápido possível. Estou
muito confiante.
Motivação:
Me sinto muito
bem, me sinto como que se tivesse 18 anos. Sinto com a mesma vontade do
primeiro jogo como profissional. Espero me condicionar entrar no ritmo
mais rápido possível. Sei que o torcedor está esperando isso, eu também
estou esperando. Essa cobrança ajuda muito o jogador a se motivar.
Estou num clube com muitos amigos e esse apoio é fundamental. O
importante é estar com a cabeça boa para que essa minha terceira
passagem possa ser melhor do que as outras duas.
Cobrança por gols:
O
atacante é sempre cobrado por fazer gols. O momento em que a bola não
entra só resta trabalhar. Às vezes as pessoas não sabem o esforço que é
entrar em campo. Ninguém entra para perder. Se não está saindo bem tem
que trabalhar. Só com trabalho se consegue vencer, o professor Tite aqui
no Inter já dizia isso. Mas não venho com pensamento de tirar a posição
de ninguém. Sei que a cobrança vai existir, como sempre existiu, mas
existe confiança. A minha contratação só existiu porque existe essa
confiança. Quero que essa passagem seja melhor ainda do que as outras.
Contrato de três anos e três meses:
Eu
queria um contrato de 10 anos, igual do Índio (zagueiro no clube desde
2005). Para jogar até os 40. Eu penso em jogar todo meu contrato e, se o
nível estiver bom, ir além.
Nilmar vestiu a camiseta colorada
nesta sexta-feira (Foto: Tomás
Hammes/Globoesporte.com)
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