O GLORIOSO
Mané recebeu uma homenagem no Maracanã. Terminada a cerimônia, fomos para a tribuna assistir a jogos do ainda Campeonato Carioca. Foi uma jornada dupla. O Vasco, com Tostão, enfrentou o Madureira no primeiro jogo; no segundo, o clássico da rodada: o Flamengo contra o forte Botafogo de Jairzinho, Roberto e Paulo César, entre outros.
Até chegar à tribuna, Mané foi cumprimentado por quase todos, além de aplaudido por um grupo quando saiu do elevador. Na tribuna, por ser uma rodada envolvendo três grandes clubes, havia uma mistura respeitável de gente conhecida.
Fiquei impressionado naquela tarde de grandes jogos com os comentários elogiosos, encantadores, de Garrincha a cada jogada de Tostão, do qual era fã incondicional.
Garrincha olhava com subjetiva emoção as bandeiras do Botafogo, à direita da tribuna, enquanto não começava o clássico. Quando a equipe alvinegra surgiu no túnel, os olhos de Mané marejaram, ficaram com um brilho diferente. Depois de alguns segundos de silêncio, ele me disse algo surpreendente:
"Juca, como um simples torcedor é a primeira vez que vejo o Botafogo entrar em campo. Olha que joguei tantos anos por essa agremiação, mas estou com o coração apertado por causa desse momento.
" Argumentei que foi a mesma emoção que sentiu a torcida do Vasco, do Flamengo, e a que sente a do Fluminense ou qualquer torcida do mundo quando seu time entra em campo. Então, com aquela inatingível genialidade, naquele modelo provinciano de expressar suas emoções, explicou:
"Juca! O Botafogo é diferente. Quando ele entra em campo, entra junto uma história de glórias. Eu sei que a torcida de Vasco, Flamengo, Fluminense, Bangu, América ou qualquer outra tem orgulho de seu time, mas a torcida do Botafogo tem orgulho das realizações de um time que mudou o conceito do futebol brasileiro. Nenhum time no mundo teve no mesmo período craques como Nilton Santos, Didi, Amarildo, Zagallo, Paulo Valentim, Pampolini, Adalberto, Quarentinha..."
E, principalmente, você, completei. Ele continuou falando com o coração:
"Nós fizemos história para todas as torcidas. Preste atenção: quando Botafogo entra em campo parece que ao lado da camisa 3 entra um Nilton Santos; da camisa 7.... Ao lado da camisa 8, um mestre Didi; ao lado da 9, Quarentinha; da 10, Amarildo: ao lado da 11, Zagallo. Não importa a época. Daqui a alguns anos, com certeza, não estarei vivo. Mas o Botafogo continuará sendo respeitado por suas glórias para o futebol brasileiro na década de 60. Se eu fosse um daqueles fotógrafos no campo, pediria para o time do Botafogo posasse de costas, porque mais importante do que os atletas que se sentem honrados ao vestir aquela camisa listrada está o número que levam às costas."
Mané estava mesmo emocionado. Não parava de falar:
'Todo jogador que enfrenta a camisa 8 do Botafogo sabe que ali está um Didi; a 3, ali está um Nilton Santos; a 9, o Possesso Amarildo; a 11, um Zagallo; a 7... Não preciso dizer. Todos os grandes clubes tiveram craques que brilharam e levaram seus clubes a grandes títulos. Mas passaram e virão sempre outros. Nós não passamos, nós eternizamos o Botafogo. Por isso, quem entra em campo não é um time, é uma glória."
Gol do Botafogo no Maracaanã... A Alegria do Povo não vibrou. Não precisava.
Mané recebeu uma homenagem no Maracanã. Terminada a cerimônia, fomos para a tribuna assistir a jogos do ainda Campeonato Carioca. Foi uma jornada dupla. O Vasco, com Tostão, enfrentou o Madureira no primeiro jogo; no segundo, o clássico da rodada: o Flamengo contra o forte Botafogo de Jairzinho, Roberto e Paulo César, entre outros.
Até chegar à tribuna, Mané foi cumprimentado por quase todos, além de aplaudido por um grupo quando saiu do elevador. Na tribuna, por ser uma rodada envolvendo três grandes clubes, havia uma mistura respeitável de gente conhecida.
Fiquei impressionado naquela tarde de grandes jogos com os comentários elogiosos, encantadores, de Garrincha a cada jogada de Tostão, do qual era fã incondicional.
Garrincha olhava com subjetiva emoção as bandeiras do Botafogo, à direita da tribuna, enquanto não começava o clássico. Quando a equipe alvinegra surgiu no túnel, os olhos de Mané marejaram, ficaram com um brilho diferente. Depois de alguns segundos de silêncio, ele me disse algo surpreendente:
"Juca, como um simples torcedor é a primeira vez que vejo o Botafogo entrar em campo. Olha que joguei tantos anos por essa agremiação, mas estou com o coração apertado por causa desse momento.
" Argumentei que foi a mesma emoção que sentiu a torcida do Vasco, do Flamengo, e a que sente a do Fluminense ou qualquer torcida do mundo quando seu time entra em campo. Então, com aquela inatingível genialidade, naquele modelo provinciano de expressar suas emoções, explicou:
"Juca! O Botafogo é diferente. Quando ele entra em campo, entra junto uma história de glórias. Eu sei que a torcida de Vasco, Flamengo, Fluminense, Bangu, América ou qualquer outra tem orgulho de seu time, mas a torcida do Botafogo tem orgulho das realizações de um time que mudou o conceito do futebol brasileiro. Nenhum time no mundo teve no mesmo período craques como Nilton Santos, Didi, Amarildo, Zagallo, Paulo Valentim, Pampolini, Adalberto, Quarentinha..."
E, principalmente, você, completei. Ele continuou falando com o coração:
"Nós fizemos história para todas as torcidas. Preste atenção: quando Botafogo entra em campo parece que ao lado da camisa 3 entra um Nilton Santos; da camisa 7.... Ao lado da camisa 8, um mestre Didi; ao lado da 9, Quarentinha; da 10, Amarildo: ao lado da 11, Zagallo. Não importa a época. Daqui a alguns anos, com certeza, não estarei vivo. Mas o Botafogo continuará sendo respeitado por suas glórias para o futebol brasileiro na década de 60. Se eu fosse um daqueles fotógrafos no campo, pediria para o time do Botafogo posasse de costas, porque mais importante do que os atletas que se sentem honrados ao vestir aquela camisa listrada está o número que levam às costas."
Mané estava mesmo emocionado. Não parava de falar:
'Todo jogador que enfrenta a camisa 8 do Botafogo sabe que ali está um Didi; a 3, ali está um Nilton Santos; a 9, o Possesso Amarildo; a 11, um Zagallo; a 7... Não preciso dizer. Todos os grandes clubes tiveram craques que brilharam e levaram seus clubes a grandes títulos. Mas passaram e virão sempre outros. Nós não passamos, nós eternizamos o Botafogo. Por isso, quem entra em campo não é um time, é uma glória."
Gol do Botafogo no Maracaanã... A Alegria do Povo não vibrou. Não precisava.