Também com seu
"sangue latino", alemães precisam pontuar mais que Roma para avançar.
Neymar é desfalque em jogo com transmissão ao vivo do GloboEsporte.com
Por Clícia Oliveira
Leverkusen, Alemanha
(OBS. DO BLOG:
PARA ASSISTIR AOS VÍDEOS, CLIC
NO LINK DA FONTE NO FIM DA
MATÉRIA ABAIXO).
Chicharito em treino do Bayer Leverkusen na
terça: vida ou morte na Champions
(Foto: Reuters)
O
Bayer Leverkusen sabe que sua tarefa é delicada: precisa pontuar mais
que o Roma na rodada final do Grupo E da Liga dos Campeões para se
classificar. Isso significa que não poderá ser derrotado pelo Barcelona,
nem que os italianos possam vencer o BATE Borisov no Estádio Olímpico.
O
GloboEsporte.com acompanha a rodada final em Tempo Real e transmite o
jogão na Alemanha ao vivo, a partir das 17h (de Brasília), com narração
de Daniel Cardoso e comentários de Eric Faria e Victor Canedo.
Mas
o Bayer Leverkusen também sabe que pode ser otimista. A notícia da
ausência de Neymar, lesionado no treino da véspera, aumenta as chances
de uma classificação, já que o brasileiro vem sendo um fator
determinante para o Barça ao lado de Messi e Suárez – o trio será a
dupla “MS” por alguns dias. Mais:
Chicharito Hernández e sua boa fase (até que se prove o contrário) estarão em campo.
Confira a situação dos grupos da Liga dos Campeões
Neymar, Messi e Suárez se divertem antes da
lesão do brasileiro: Barcelona com dupla em
vez de trio (Foto: Reuters)
O
mexicano leva aos alemães o sangue latino que corre nas veias do ataque
catalão. São 13 gols em 18 jogos na temporada, numa transação que
inicialmente não teria tamanho cartaz, vide a passagem apagada pelo Real
Madrid e a facilidade com que o Manchester United negociou o seu
ex-centroavante titular. Mas Chicharito ergueu-se e ajudou o Rubro-Negro
a sonhar com um retorno ao mata-mata da Champions.
Quando ficou
sabendo que daria entrevista ao GloboEsporte.com, Chicharito brincou:
“Vou ficar conhecido no Brasil”. Com muito bom humor e sorriso no rosto,
o mexicano de 27 anos revelou, dentre outras coisas, sua paixão pelo
“país do samba”.
Descoberto
pelo Chivas Guadalajara nas categorias de base, o atacante seguiu rumo à
Europa e foi parar no Manchester United, onde ficou cinco temporadas e
depois foi emprestado ao Real Madrid. Sem muitas oportunidades na
Espanha, Chicharito assinou contrato com o Bayer Leverkusen e chegou ao
clube alemåo em definitivo, numa transação de R$ 48 milhoes. E aí veio a
volta por cima.
Chicharito tem 13 gols em 18 jogos no novo clube (Foto: AP)
Frequentemente
convocado para a seleção mexicana, Chicharito não descartou nem mesmo
atuar no futebol brasileiro num futuro não muito distante – ele esteve
próximo de se transferir para a Major League Soccer, como o compatriota
Giovani dos Santos.
- Por que não? Nunca se sabe do futuro. O
Brasil é um país muito bonito e com uma liga muito conhecida. Não posso
fechar portas.
Fã de samba, o atacante cita o Santos como um dos
clubes mais importantes - os mexicanos fizeram na cidade litorânea de
São Paulo a preparação para a Copa em 2014 -, elege o melhor jogador que
já viu em toda a sua carreira e se defende das críticas do período em
que atuou no Real Madrid:
- Não há nada negativo em jogar no Real
Madrid. Está no meu currículo que joguei lá um ano. No início tive
poucas oportunidades mas depois vieram muitas. Muitos me criticaram,
disseram que eu não jogava porque não trabalhava, porque não era
profissional. Mas no final eu mostrei que o problema era falta de
oportunidade.
Confira a entrevista completa abaixo:
Você
foi descoberto pelo Chivas Guadalajara quando ainda estava nas
categorias de base. Esse clube diz ter a maior torcida do mundo. É
verdade?
É verdade. Essa é a equipe de maior tradição do
país, é o time do povo mexicano. Teve uma época que em que tinha muito
essa discussão, de qual torcida era maior, do Chivas ou do Flamengo, mas
os números eu não sei. Só sei que eles são muito grandes mesmo.
Conhece o futebol brasileiro?
Sim.
Já participei da Libertadores e da Copa Sul-Americana, pelo Chivas. Já
joguei contra o Internacional, Santos e Atlético-PR. É uma liga muito
conhecida pelo povo mexicano.
Gostaria de jogar no Brasil?
Por
que não? Nunca se sabe do futuro. Já me perguntaram se queria voltar a
jogar no México e eu disse isso também. Mas o Brasil é um país muito
bonito, que eu gosto muito. México e Brasil são dois países que se dão
muito bem. O Brasil ganhou uma Copa do Mundo no México (1970) e isso é
muito especial. Então não posso fechar as portas a nenhum lado, a nenhum
país, nunca se sabe do futuro.
Qual o clube brasileiro mais importante para você?
Para
mim o Santos é um clube muito especial porque fizemos a preparação para
a Copa do Mundo na cidade de Santos. Todos nos trataram muito bem. E aí
se tornou mais especial ainda porque o Pelé foi desse clube, assim como
Robinho e Neymar. Também devem ter saído outros grandes jogadores. Mas o
Brasil tem vários outros grandes clubes que sempre disputam muito bem a
Libertadores, chegando em semifinais e finais. É um extraordinário país
da América do Sul para se jogar.
Recado para Santos durante a preparação
para a Copa do Mundo (Foto:
Reprodução / Instagram)
Qual o jogador brasileiro você é fã?
Para
a mim, em toda a história foi Ronaldo Nazário, o Fenômeno. Ele foi o
meu ídolo desde pequeno, ídolo máximo. Para mim está à frente dos
outros. O melhor jogador que já vi. Eu lembro muito bem da Copa de 1998 e
para mim ele é o melhor centroavante, melhor número 9 do mundo.
O que achou da passagem do Ronaldinho Gaúcho pelo México? Que legado ele deixou para o país?
Eu
não sei porque não estava vivendo esse período lá, mas o pouco que eu
escutei foram coisas positivas dele. E ele também deve estar agradecido
por sua passagem pelo México. Teve uma extraordinária homenagem para ele
no Estádio Azteca, ele fez dois gols e foi aplaudido por todo o
estádio. Acredito que todo lugar que Ronaldinho passa deixa sempre algo
positivo, por todo talento e carisma que tem. É uma pessoa que te dá
prazer em ver jogar e falar também, está sempre sorrindo. Ele chegou na
final do Mexicano com o Querétaro, que nem é tão grande assim. Tenho
certeza que ele foi peça fundamental disso.
Gostaria de levar o Neymar ao México para que todo o povo mexicano pudesse desfrutar desse futebol
Chicharito
Se você pudesse escolher, qual craque levaria para o México?
Neymar. Gostaria de levá-lo para que todo o povo mexicano pudesse desfrutar desse futebol.
Por que o México é sempre uma dificuldade para o Brasil? Acha que o Brasil teme o México?
São
coisas que acontecem. Se fala muito em estatísticas, sobre o passado,
em que o México complicava a vida do Brasil. O México ganhou do Brasil
nas Olimpíadas de Londres. Mas não sei por que. O Brasil tem sempre as
melhores seleções do mundo, mas o México, por outro lado, vem sempre
motivado, querendo dar um passo à frente. Mas pode ser simplesmente
coincidência.
Quais foram as primeiras impressões do técnico Osório na seleção mexicana?
Fiquei
só seis dias trabalhando com ele. Preciso de mais tempo para poder
avaliar. Uma semana é pouco. Não sei se vou ser chamado nas próximas
convocações, tenho que fazer boas partidas pelo clube para poder ir para
a seleção. Mas é um treinador que todos falam bem. O Wendell e o André
Ramalho (brasileiros que jogam no Bayer Leverkusen), escutaram de amigos
no São Paulo que o trabalho dele era bom. Ele está a duas partidas no
comando e tem duas vitórias. Começou com o pé direito.
Chicharito ainda não avalia trabalho de Osório
no México, mas "ouviu falar muito bem"
(Foto: Getty Images)
A sua ida para o Real Madrid foi um erro? Você se arrepende?
Claro
que não. Não há nada negativo em jogar no Real Madrid. Está no meu
currículo que joguei lá um ano. No início tive poucas oportunidades mas
depois vieram muitas. Muitos me criticaram, disseram que eu não jogava
porque não trabalhava, porque não era profissional. Mas no final eu
mostrei que o problema era falta de oportunidade. Nos últimos quatro
meses participei mais e me saí muito bem. Ganhei o Mundial de Clubes no
Marrocos e isso foi um sonho, desfrutei muito. A falta de oportunidade
não dependia de mim.
Tinha algum problema interno no clube? Você se dava bem com o Cristiano Ronaldo?
O
ambiente era bom. Meus companheiros me ajudaram muito. Alguns como o
Sérgio Ramos e Pepe foram foram muito importantes, me apoiaram muito.
São jogadores que tenho um carinho muito especial. Eles pediam para eu
ter uma maior participação. Não tive nenhum problema com o Cristiano
Ronaldo.
Qual a diferença entre o futebol inglês, espanhol e alemão?
Cada
liga faz o melhor que pode para ser a melhor do mundo. Não gosto de
comparações, mas a liga alemã parece mais com a inglesa do que a
espanhola. Estou feliz porque pude estar na liga inglesa, espanhola e
agora na alemã, neste clube que me abriu as portas e me fez sentir
totalmente confiante e importante. Quero devolver essa confiança a eles.
Quem leva a Bola de Ouro? Messi, Cristiano Ronaldo ou Neymar?
Juro
que não sei. Os três estão ali porque merecem. O ano do Messi foi
impressionante, mas prefiro não apostar. Podemos ter surpresas. São
jogadores muito distintos, que marcam muitos gols, dão muitas
assistências, que conquistam muitos títulos. Se os três fossem parecidos
eu até poderia fazer uma escolha.
No Real, mexicano foi herói da classificação
contra o Atlético de Madrid nas quartas de
final da Champions (Foto: Getty)
Você teme o Barcelona?
Só posso dizer que vai ser um jogo muito importante, pois queremos muito passar para a próxima fase da Champions.
Como você vê o time do Bayer Leverkusen? O clima é bom? Você está feliz?
É
uma grande equipe. Gosto de jogar com todos. A equipe é muito forte mas
com muita vontade de crescer e de ganhar, Todos estão me ajudando
muito, dentro e fora de campo. Tem um clima excelente, apesar de eu não
falar o idioma. Tem os brasileiros Wendell, Ramalho e o Giga (preparador
físico), tem o Giulio Donati, italiano. E todos falam inglês, então é
fácil trabalhar aqui.
Seu nome é Javier Hernandez. Porque te chamam de Chicharito?
Por
causa do meu pai. Quando ele nasceu meu tio olhou para os olhos verdes
dele e disse: parecem ervilhas. (Chicharo em espanhol significa
ervilha). Meu pai também era jogador. E aí quando eu comecei a jogar nas
categoria de base do Chivas, começaram a me chamar de Chicharito
(pequena ervilha).
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/liga-dos-campeoes/noticia/2015/12/embalado-por-chicharito-leverkusen-recebe-barca-de-dupla-ms-por-vaga.html