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Postura de pugilista. Essa é a receita de
Dunga
para a seleção brasileira enfrentar o Chile, nesta quinta-feira, pela
primeira rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. Estrear fora
de casa contra o atual campeão da Copa América poderia sugerir uma
atitude mais defensiva. O técnico, entretanto, rechaça uma retranca em
Santiago.
- O futebol moderno tem nos demonstrado,
para o bem do futebol, que só se defender não dá certo. Hoje, com a
qualidade dos atacantes, dos chutes de média e longa distância, temos
que atacar como faz um pugilista. Se ele ficar só se defendendo, uma
hora vão acertá-lo. É o equilíbrio entre defesa e ataque – explicou.
Dunga concede entrevista coletiva na véspera
da estreia nas eliminatórias (Foto:
Leo Correia / Mowa Press)
Nesta
quarta-feira, Dunga comanda o último treino antes da partida. Foram
apenas dois, no total, com o grupo completo, mas limitado pelo cansaço
de longas viagens. Atletas chegaram a encarar 14 horas de voo para irem a
campo logo após a chegada a Santiago.
Por
privacidade, para permitir que os jogadores arriscassem e não perdessem a
concentração, o técnico decidiu fechar as atividades e não deu pistas
sobre a escalação. Tão bem conhecido pelos jornalistas que só teve de
responder a uma pergunta a respeito do time. Todos sabiam que ele não
entregaria nada.
A formação mais provável tem
Jefferson, Daniel Alves, Miranda, David Luiz e Filipe Luís; Luiz
Gustavo, Elias (Fernandinho), Oscar, Willian e Douglas Costa; Hulk.
Confira abaixo os principais trechos da coletiva:
Dunga Seleção Santiago (Foto: Leo Correia / Mowa Press)
CAMPEÕES MUNDIAIS NA COMISSÃO TÉCNICA-
Ser campeão mundial é importante, mas o principal é mostrar a
trajetória desses jogadores, o preço que tiveram de pagar para chegarem
ao título, e outros grandes que não tiveram essa oportunidade. Temos de
aproveitar todo instante para nos aprimorarmos e crescermos, para
competirmos com igualdade.
ESTREAR CONTRA O CHILE-
Temos de jogar contra todos, inclusive fora de casa. O Chile vive bom
momento, ganhou a Copa América, mas teríamos de enfrentar de qualquer
forma. O que podemos lamentar é termos tido um dia para treinar os
jogadores, com longas viagens. Teremos que enfrentar, respeitar, buscar
espaços, ser competitivos. Não podemos escolher adversários.
PONTO FORTE DO CHILE
-
Se há bom conjunto, tem boas individualidades. É assim no Chile, na
Argentina, Paraguai, Uruguai. São seleções de estilo próprio. O Chile
tem o mesmo estilo há 15 anos. Cada treinador teve sua forma de
trabalhar, mas sem mudar muito o estilo. Isso é bom porque permite
continuidade, o treinador mantém a base e acrescenta algo seu.
É
um jogador representativo. Isso foi uma casualidade que vem para o bem
do futebol. É um jogador que representa o profissional de
responsabilidade, maturidade, com muitos anos de Seleção
Dunga, sobre Kaká ser o camisa 10
VIDAL E SÁNCHEZ FORA: DESPISTE?-
É difícil falar, temos que nos preparar da melhor maneira possível e
esperar a equipe do Chile os jogadores que vêm se repetindo ultimamente,
mas com as opções caso um ou outro jogador não entre.
NÃO TREINAR NO ESTÁDIO DO JOGO-
Respeitamos o regulamento, mas o ideal seria que os jogadores
treinassem com o material usado no dia do jogo, onde vão jogar, para se
adaptarem. Alguns gramados são mais rápidos, duros, macios. Optamos por
não ir porque treinar de tênis, por 45 minutos, com o campo um pouco
molhado, poderia causar uma lesão.
JOGADORES DA EUROPA CONHECEM HISTÓRIA DA SELEÇÃO?-
Eles conhecem muito mais da história do Brasil do que nós. Ouvem falar
mais da história da seleção brasileira na Europa do que no Brasil.
Durante todo o ano, a cada evento, eles relembram a história do futebol
brasileiro. Nós só lembramos antes da Copa do Mundo, e dos mais
recentes. Nem tocamos nos nomes dos jogadores de 58. Nós conversamos
sobre a pressão e a cobrança que existem, mas que é muito bom estar
aqui.
PRESSÃO- Em 94 fomos
campeões e na Copa América seguinte houve cobrança. Em 2002, fomos
campeões e houve uma pressão absurda em 2006. Essa é uma das diferenças
do Brasil, em que você ganha e no outro dia é cobrado. Insistem em falar
que bom é o espetáculo, mas cobram resultados. O resultado é
importante, mas tem que ter qualidade para ganhar.
INVICTO CONTRA O CHILE-
Eles também nos conhecem bem. Nós discutimos sistemas táticos com os
jogadores, estudamos, passamos a melhor oportunidade de atacar, e por
onde eles atacam mais, preparamos a melhor forma de jogar, mas é o
jogador que decide. É importante ter algo diferente que quebre o sistema
do adversário. Eles também nos conhecem, as informações estão na
televisão, na internet. Dependerá de encaixarmos o que planejamos e
treinamos.
EQUILÍBRIO NO CONTINENTE-
Hoje, há jogadores em todas as seleções com mais experiência e
qualidade, atuando em grandes equipes europeias. O Brasil mudou muito
seus jogadores, enquanto outras equipes mantiveram 70, 80% do grupo,
então têm vantagem.
PEDIDO AO TORCEDOR-
Nós somos o Brasil. E quando eu falo “nós”, é na boa e na ruim. Vamos
passar por dificuldades, os jogadores vão precisar de apoio e carinho,
principalmente quando o jogo não estiver encaixando. Vão precisar do
incentivo para arriscar jogadas. O futebol tem acertos e erros, o
jogador precisa ter personalidade, e o torcedor entender e ter paciência
para empurrar.
Numeração oficial do Brasil para os dois primeiros
compromissos nas eliminatórias (Foto: Reprodução)
TREINOS SECRETOS
-
Estamos aproveitando esse tempo de dois dias. É para repetir jogadas e
manter os jogadores concentrados no que estamos fazendo. Quando muita
gente caminha, se movimenta, fala em volta, nem todo mundo mantém a
concentração. No jogo eles estão mais preparados. No treino, com estádio
vazio, sente mais esses rumores. Assim, eles podem arriscar jogadas e
repetir para terem confiança na hora do jogo.
KAKÁ COM A CAMISA 10
-
É um jogador representativo. Isso foi uma casualidade que vem para o
bem do futebol. É um jogador que representa o profissional de
responsabilidade, maturidade, com muitos anos de Seleção, que contribui
com os mais jovens, faz o intercâmbio entre comissão técnica e
jogadores, já que os mais jovens ficam com o pé atrás de conversar. Ele
tem liberdade e trabalhou conosco por bastante tempo.
RECUPERAR CONFIANÇA
-
Só com vitórias. O Zagallo ganhou tudo e, a cada vez que ia para a
Seleção, havia desconfiança. Parreira também, Feola... Temos o costume
de ver o lado negativo. Em 1970 havia desconfiança, com aquele time!
Então não há outra forma, só trabalhar e ganhar. Não há como escapar
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