Pouco mais de 100 dias após cirurgia nos dois joelhos, bicampeã olímpica lida com ansiedade de jogar e inseguranças: "A prova mais difícil para mim dentro do esporte"
Apenas alguns passes, algumas defesas e trotes bem lentos. O
ritmo de treinamento de Thaísa ainda é bem leve, mas já o suficiente para
trazer de volta o sorriso ao rosto da bicampeã olímpica de vôlei. Pouco mais de
100 dias depois de passar por uma cirurgia nos dois joelhos, a central retoma
os treinos com bola e dá mais um passo na sua recuperação. Com as Olimpíadas
do Rio de Janeiro na mira, ela tenta ser paciente em cada etapa do tratamento e
por ora celebra retornar ao dia-a-dia do Osasco.
- Antes eu estava treinando sozinha. Sentia falta do grupo,
de dar risadas. É outro clima. Eu ficava estressada. Dá um pouquinho do gosto,
porque ainda faço bem pouco do que fazia antes. Faço uns 20% só. Pelo menos
alivia um pouco, porque estava só na academia e na fisioterapia. O contato com
a bola dá um alívio, mas ainda tem aquele sentimento de querer atacar, querer
bloquear. Precisa ter um pouco de paciência - disse a central de 1,96m de
altura.
Thaísa pela primeira vez passou por uma cirurgia no dia 16
de junho para cuidar de uma lesão no tendão patelar dos dois joelhos que há
dois anos a atormentava. Ela estava treinando e jogando à base de
anti-inflamatórios e injeções para conter o problema, mas o risco de agravar a
situação nos meses que antecedem as Olimpíadas de 2016 fez a jogadora optar
pela operação em um período de compromissos menos importantes da seleção
brasileira e de início de temporada para o Osasco.
Agora a rotina da jogadora inclui horas de fisioterapia, academia e treinos leves em quadra, com tensores nos dois joelhos para reforçar a segurança. O retorno progressivo aos jogos deve começar em novembro. Mesmo com todos os seus passos monitorados pela equipe médica do Osasco - a seleção acompanha tudo de longe -, Thaísa tem de lidar com medos em sua recuperação, da insegurança de saltar sobre caixotes - em quadra ainda não pode - à dúvida de um retorno pleno à velha e boa forma.
- É bem complicado. Até o momento em que fui à quadra estava preocupada. Falei: “Será que vou conseguir saltar igual?”. Atleta se questiona. Meu músculo ainda não tem muita potência, é normal, mas até colocar isso na cabeça demora. Não adianta ficar pensando: “Estou com medo e não vou fazer o exercício”. O Fê (Fernando Fernandes, fisioterapeuta) fala muito isso: “Você tem medo, mas tem de fazer, vai tentar mesmo que saia errado no começo”. Eu sempre quero fazer exercício a mais. Tem que dar a cara a tapa. Se não tentar superar o medo, ferrou. Depois vai perdendo o medo - disse a bicampeã olímpica.
Apesar dos medos de Thaísa, sua recuperação está em um bom ritmo, segundo Tiago Ferreira, médico do Osasco. Se nos primeiros dias ela sofria até para colocar meias, agora já leva uma vida normal fora de quadra. Só nos treinos que tem de lidar com as dores de romper as fibroses dos novos tendões e com algumas limitações.
- É vida normal. Estou fazendo tudo bem tranquilo. Não tento extrapolar para descansar mesmo os joelhos. Dentro de quadra ainda estou bem lenta, mas é normal, porque ainda estou com um pouco de medo de fazer alguns movimentos. Estou sentindo muita dor, porque está rompendo as fibroses. Quando saio daqui só quero esticar as pernas e ficar quietinha. Estou mais preocupada em recuperar, então se tenho uma folguinha vou à praia, que vou ficar sossegada, ou ir à casa dos meus pais.
Thaísa coloca as dores de lado com uma meta em foco: o
tricampeonato olímpico no Rio de Janeiro.
A central busca motivação no apoio de fãs e colocou um mantra na cabeça: “vou voltar melhor”.
Thaísa voltou a treinar com bola, fazendo
defesas e passes (Foto: Marcos Ribolli)
(Fotos: Marcos Ribolli)
Agora a rotina da jogadora inclui horas de fisioterapia, academia e treinos leves em quadra, com tensores nos dois joelhos para reforçar a segurança. O retorno progressivo aos jogos deve começar em novembro. Mesmo com todos os seus passos monitorados pela equipe médica do Osasco - a seleção acompanha tudo de longe -, Thaísa tem de lidar com medos em sua recuperação, da insegurança de saltar sobre caixotes - em quadra ainda não pode - à dúvida de um retorno pleno à velha e boa forma.
- É bem complicado. Até o momento em que fui à quadra estava preocupada. Falei: “Será que vou conseguir saltar igual?”. Atleta se questiona. Meu músculo ainda não tem muita potência, é normal, mas até colocar isso na cabeça demora. Não adianta ficar pensando: “Estou com medo e não vou fazer o exercício”. O Fê (Fernando Fernandes, fisioterapeuta) fala muito isso: “Você tem medo, mas tem de fazer, vai tentar mesmo que saia errado no começo”. Eu sempre quero fazer exercício a mais. Tem que dar a cara a tapa. Se não tentar superar o medo, ferrou. Depois vai perdendo o medo - disse a bicampeã olímpica.
Apesar dos medos de Thaísa, sua recuperação está em um bom ritmo, segundo Tiago Ferreira, médico do Osasco. Se nos primeiros dias ela sofria até para colocar meias, agora já leva uma vida normal fora de quadra. Só nos treinos que tem de lidar com as dores de romper as fibroses dos novos tendões e com algumas limitações.
- É vida normal. Estou fazendo tudo bem tranquilo. Não tento extrapolar para descansar mesmo os joelhos. Dentro de quadra ainda estou bem lenta, mas é normal, porque ainda estou com um pouco de medo de fazer alguns movimentos. Estou sentindo muita dor, porque está rompendo as fibroses. Quando saio daqui só quero esticar as pernas e ficar quietinha. Estou mais preocupada em recuperar, então se tenho uma folguinha vou à praia, que vou ficar sossegada, ou ir à casa dos meus pais.
Thaísa faz parte do tratamento na academia e parte na fisioterapia (Foto: Marcos Ribolli)
A central busca motivação no apoio de fãs e colocou um mantra na cabeça: “vou voltar melhor”.
- Nunca tinha feito nenhum tipo de cirurgia, nunca precisei
de uma superação assim para ser o que era. Esse está sendo meu foco, meu maior
objetivo é voltar e do jeito que estava antes. Ouço muitos fãs falando. A
expectativa deles é muito grande: “Vai voltar melhor, vai voltar melhor”. Eu
fico com essa frase na cabeça. Eu me cobro para estar bem nas Olimpíadas. Estou
caminhando nos treinos ainda, sinto dores. Ainda não consigo me imaginar voando
nos Jogos, mas é o que almejo. Vou batalhar para isso, mas tem de ser
gradativo. Esse retorno está sendo a prova mais difícil para mim dentro do esporte.
Joelhos de Thaísa guardam marcas discretas
da cirurgia (Foto: Marcos Ribolli)
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