Fred durante a entrevista desta quinta-feira
(Foto: Nelson Perez/ Fluminense FC)
Após
ser reintegrado e participado do seu primeiro treino com o restante do
time, na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, o atacante Fred
concedeu entrevista nesta quinta-feira. A missão era explicar o
conflito que teve com o técnico Levir Culpi e o processo de paz, selado
após uma reunião realizada nas Laranjeiras. O atleta contou que o
principal problema foi uma discussão que teve com o comandante, que o
acusara de ter humilhado Gustavo Scarpa no vestiário.
Com a
voz embargada em alguns momentos, o camisa 9 contou ter ficado "algumas
noites sem dormir", mas garantiu que tudo ficou acertado e que não vai
mudar seu estilo de liderança.
- Levir deu a versão dele. Nos
acertamos. Não tem melindre nenhum. Na emoção do jogo, já fiz muita
coisa que sentado aqui não faria - afirmou.
Antes de começar a responder os questionamentos, Fred fez um pronunciamento e deu sua versão do ocorrido.
-
Vou ser objetivo e simples, como sempre fui para resolver os problemas
no Fluminense. Meu problema com Levir não foram as substituições, como
todo mundo falava. Vou esclarecer, teve muitas versões. Vou dar a minha,
a verdadeira. Após um jogo, tive uma discussão no vestiário, que
considero normal. Levir reuniu todo o grupo, no outro dia, dizendo que
eu estava humilhando um companheiro meu (Gustavo Scarpa). Me
entristeceu, não aceitei. Jamais vou fazer algo assim. Ele não conhecia a
história aqui. Esse jogador eu engraxei a chuteira, quando me deu
passe. Eu ajudei esse jogador. Eu chorei com gol dele. Aquilo me deixou
muito mal. Eu tenho uma forma de pensar, de agir dentro do vestiário.
Ninguém vai me mudar, é meu jeito. Lidero a equipe há sete anos. Nunca
levei um problema... ele morre ali dentro. Já tive várias discussões. E
depois se acerta. E morria o negócio. Foram dias complicados para todos,
especialmente para mim. Eu sei que o Fluminense é a minha casa. Graças a
Deus, com a reunião com Peter, Jorge e Levir. A gente se acertou. Unir
forças, se ajudar e concretizar o que achamos - explicou.
Saiba mais: Após "conversa franca" com Levir, Fred é reintegrado ao elenco do FluDepois
de ficar fora do jogo contra o Volta Redonda, na última rodada, Fred
retorna ao time para o clássico com o Vasco, domingo, às 16h, na Arena
Amazônia, em Manaus. O duelo vai definir o campeão da Taça Guanabara.
Quarta-feira, dia 20, o Tricolor tem mais uma final, desta vez da
Primeira Liga, em Juiz de Fora, contra o Atlético-PR.
Confira a entrevista de Fred:
Trabalho de Levir CulpiO
trabalho está sendo perfeito. Sabemos que uma hora pode ter derrota.
Podemos conquistar títulos. É só lutar para pegar, tem dois aí na mesa.
Temos mais sete meses de campeonato duro. O que a gente tem que fazer
agora é limpar as mágoas, tirar o rancor e dar a mão um pro outro. Eles
sabem que posso ser importante para eles. Todas as vezes que o clube me
deu a mão, isso deu certo. E quero agradecer ao clube por me dar mais
uma vez. O time tá bem, o Levir tá fazendo um grande trabalho. E tenho
certeza que daí vão sair gols e títulos.
Momento mais difícil até hoje no Flu?Achei
que ia acabar, cara. Eu pensava... “não posso sair”. Quem mais me
ajudou foi a minha esposa. Era com ela que eu desabafava. Todos os
momentos eu olhava para o lado e via o Gum, o Cavalieri, o Márcio, o
segurança. Ouvia o Maracanã gritando “Fred, Fred”. Dessa vez, eu não
pude ter nada. Foi bem difícil, sim."
Na
minha cabeça, senti que havia maldade. Passei por vários problemas
aqui. Já cheguei ao fundo do poço e me reergui. Volto mais forte. Tem o
ditado: o que não me mata, me fortalece. Naquele momento, senti maldade.
Tenho meu gênio forte. Levir também. Ele é comandante e tem o direito
de fazer o que quiser.
Fred
"Achei que havia maldade"Na
minha cabeça, senti que havia maldade. Passei por vários problemas
aqui. Já cheguei ao fundo do poço e me reergui. Volto mais forte. Tem o
ditado: o que não me mata, me fortalece. Naquele momento, senti maldade.
Tenho meu gênio forte. Levir também. Ele é comandante e tem o direito
de fazer o que quiser.
"Não posso jogar minha história no lixo"Até
eu falar, queria resolver as coisas o mais rápido possível. Graças a
Deus, não falei nada antes. Após reflexão e oração, as coisas foram
clareando. Não posso jogar a minha história de título na lata de lixo. O
que eu falei ao Peter e ao Levir... se tivesse maldade, tínhamos de
resolver. Assim como se tivesse fritura para eu sair... O momento era de
falar. A conversa foi boa.
Forma físicaEstou treinando. Normal. Passei algumas noites sem dormir. Vou para o jogo. Tudo voltou ao normal.
Relação com os mais jovensMinha
relação com os jogadores é ótima. Muitas vezes fui criticado porque
protegia os moleques. Agora, o desgaste foi porque teve cobrança.
Futebol é assim. Não tem como pedir por favor. Se não resolver no campo
ou no vestiário, não se resolve. É a minha vida aquilo ali. Se não fizer
gol e não ganhar fico triste. Não tenho problema com nenhum. Já tive
discussão com outros atletas, algo normal.
"Ou ele ou eu"?Não
falei que era ou ele ou eu. Pelo contrário. Tem reunião que não se pode
expor. Mas tudo foi exposto. Falei ao presidente que Levir fazia um
grande trabalho. Disse ao presidente que sentia que tinha dado para mim.
Que ia ter de sair. Graças a Deus, deu tudo certo.
"Foi esclarecido que não tem nada de maldoso"Se
eu sentir que tem alguma maldade, eu não consigo ficar. Eu sei que
seria errado sair. Se existisse, não iria conseguir ficar. Foi
esclarecido que não tem nada maldoso. Poderia ter 50 anos de casa. Mas
não consigo ficar calado. Admiro quem consegue fazer isso.
Carinho no momento difícilEu
vi o que eu recebi. De uma pancada de gente. As três pessoas que fazem o
almoço no clube foram chorando me ver. Não é só o clube e as marcas é
pelo calor humano.
Substituições constantesNenhum
jogador competitivo não gosta de banco. Cristóvão me deixou no banco e
nunca o expus. Sou competitivo no meu espaço. Se alguém tiver rancor,
tem de tirar. Um tem de dar a mão ao outro. Todos podem ajudar. Estou
muito fortalecido. Estou motivado. O time está bem.
Problema com Scarpa?Nunca
tive problema com Scarpa. Todos vão falar que sou chato. O melhor é
resolver no começo. Antigamente, era cornetado por proteger os moleques.
Não tenho problema com nenhum dos meninos, mas é com eles que mais me
desgasto. Já com Edson. Imagina se ele vem para cima, estou morto. A
cobrança entre jogadores é normal.
Conflitos de Levir com estrelas como Ronaldinho e TardelliSe aconteceu algo por onde o Levir passou, de falta de entrega e de compromisso, comigo é ao contrário. Não me encaixo nisso.
Algum melindre agora com os garotos?Levir
deu a versão dele. Nos acertamos. Não tem melindre nenhum. Na emoção do
jogo, já fiz muita coisa que sentado aqui não faria. Vai lá ver como é.
Perder um jogo e ficar fora de uma final. Não tem como falar “por
favor”. Não tem como eu mudar por causa dele e ele mudar por minha
causa. Tem de haver respeito para a gente poder crescer juntos.
Apoio das pessoas mais próximasTodo
mundo pediu para eu ficar. Funcionários, jogadores... Recebi muitas
cartas de vizinhos... Teve uma carta do Marcos Caetano que me emocionou.
Outro texto do Rica Perrone. Torcedor mandou também nas redes sociais.
Jogadores me ligaram, pediram para eu voltar. Fiquei feliz. Aqui é a
minha casa.
Propostas de outros clubesChegaram propostas de outros clubes. Para mim e para o clube. Não conversei com ninguém.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/fluminense/noticia/2016/04/fred-da-entrevista-e-explica-confusao-com-levir-culpi.html