Equipe supera desfalques, porém, mesmo com um a mais por 45 minutos,
passa por dose de sofrimento para virar líder do Grupo 2 da Libertadores
A CRÔNICA
por
GLOBOESPORTE.COM
Foi no sufoco, mas o Flamengo virou líder do Grupo 2 da Libertadores ao
superar o Emelec por 1 a 0, na noite desta quinta-feira. Com um gol de
Vagner Love no início do segundo tempo, a equipe deixou os seis
desfalques para trás e fez o dever de casa. O torcedor, que compareceu
em grande número ao Engenhão (27.826 pagantes e 31.859 presentes), no
entanto, não gostou nada do desempenho irregular do time, muito vaiado
após o apito final. O Rubro-Negro teve um homem a mais em campo por 45
minutos, após expulsão de Marlon de Jesús, e viu os equatorianos
gostarem do jogo e levarem perigo em alguns lances.
Quem mais sofreu durante a partida, disparado, foi Ronaldinho Gaúcho,
que irritou o público em lances de efeito - e pouco produtivos. Foi
vaiado quando tinha a posse de bola e ouviu o coro "Ei, Ronaldinho,
vai..." apesar da atuação razoável, acima das de alguns companheiros,
como Deivid e Negueba, responsável por algumas chances perdidas. Na
saída de campo, o camisa 10 comentou a reação pouco favorável:
- É uma motivação a mais para eu correr dobrado, dar a volta por cima. Minha carreira sempre foi assim - rebateu R10.
Com todas as equipes do Grupo 2 com duas partidas disputadas, o Fla
soma quatro pontos, um a mais do que Olimpia-PAR e o próprio Emelec. O
Lanús-ARG tem só um ponto. Na próxima quinta-feira, os cariocas recebem
os paraguaios no Engenhão, às 22h. Dois dias antes, os argentinos jogam
em casa contra os equatorianos.
Após o gol, Vagner Love abre os braços para Ronaldinho e Junior Cesar (Foto: André Portugal / VIPCOMM)
Equilíbrio e jogo frenético
Os pupilos de Joel Santana entraram em campo com a missão de driblar as
baixas do goleiro Felipe, dos volantes Airton e Willians e do meia
Renato, lembrado na entrada em campo, com uma camisa com os dizeres
"Estamos com você", em referência ao afastamento provisório do jogador
de treinos e partidas por conta de uma arritmia cardíaca.
Com muitas mudanças no meio-campo, que também não contou com os
reservas Maldonado e Camacho (lesionados), o time tentou se impor, mas
teve dificuldades desde o início diante da postura do Emelec, que se
armou para sair nos contra-ataques, especialmente nas costas de Léo
Moura. O esquema com três zagueiros, improvisado para suprir as
ausências, fez os rubro-negros demorarem a se acertar na compactação
entre os setores. Os espaços facilitavam a chegada dos ariscos Valencia,
Mondaini e Figueroa.
O cartão de visitas dos equatorianos foi entregue logo aos três
minutos. Lançado no mano a mano com Welinton, Figueroa chutou para a
defesa com o pé do goleiro Paulo Victor. No rebote, Marlon de Jesús
desperdiçou. Além do susto, o então líder do Grupo 2 não inventava no
toque de bola. De pé em pé, aproximou-se até de dividir a posse de bola
com o mandante, equilibrando as ações com muita disciplina tática.
Mais na base da vontade do que da organização, o Fla criava suas
chances apoiado na velocidade
e sempre pelo lado direito, com Léo Moura,
Bottinelli e Ronaldinho. Por duas vezes, pelo menos um sobrou em boas
condições de finalizar, mas a pontaria não estava afiada. Ainda assim,
Love sentia a falta de alguém para tabelar e ficou apagado. Tanto que
nenhum chute foi desferido de dentro da área no primeiro tempo. Já R10,
de falta, esteve perto de inaugurar o placar.
O terço final da etapa teve uma queda de ritmo, com mais faltas e
catimba. Uma baixa importante, aliás, fez com que Joel Santana
precisasse mexer: Léo Moura sentiu lesão muscular na coxa direita e, aos
30 minutos, foi substituído por Negueba, que ocuparia, portanto, a ala
direita com obrigações um pouco defensivas. A torcida, ressabiada, vaiou
a decisão. Logo depois, o zagueirão Jose Quiñonez também saiu de cena,
com problema parecido.
Quando tudo caminhava para um intervalo de pura apreensão, o atacante
Marlon de Jesús deu uma cotovelada em Welinton no círculo central e foi
expulso, já nos acréscimos. A vantagem numérica incendiou a torcida e
trouxe um fôlego maior para superar o bloqueio estrangeiro nos 45
minutos finais. Na volta, o Emelec veio com um atacante no lugar de um
meia, e o Fla, com Deivid no de Welinton. Indicação de pressão no
Engenhão.
Ronaldinho Gaúcho e a camisa dando força a Renato (Foto: Alexandre Loureiro / VIPCOMM)
Gol, ofensividade e... vaias?
Não deu outra. Empurrado pelos gritos da arquibancada, o time
rubro-negro partiu para cima e, em ágil tabela com Ronaldinho Gaúcho,
Vagner Love teve sua primeira chance clara na partida e não perdoou:
chute certeiro de pé esquerdo no canto cruzado do goleiro, aos três
minutos. Pouco depois, aproveitando a desestruturação do rival, o
Rubro-Negro não deixou barato e quase ampliou. Com uma avenida à frente,
Deivid arriscou uma bomba, Dreer falhou ao espalmar para frente, e
Negueba chutou por cima, se atrapalhando com Love.
O Emelec sentiu o golpe e só foi se recuperar após os 15 minutos,
quando teve a coragem de adiantar sua marcação, complicando novamente a
saída de bola do Fla. Aos 22, como prova de que a paciência não é uma
virtude da sua relação com a torcida, R10 tentou um lance de futevôlei,
estragou um cruzamento e passou a ser muito vaiado.
A instabilidade dos cariocas equilibrou o duelo outra vez, apesar do
jogador a mais. Com medo de ser surpreendido, Joel era a imagem do
nervosismo e chegou a esbravejar que "não aguentava mais". Ainda assim,
eram seus comandados que chegavam com mais efetividade. Negueba e David
Braz, em bolas de Junior Cesar, erravam o alvo, de cabeça.
O jogo ficou nervoso nos minutos finais, já bem fraco tecnicamente, com
erros de lado a lado, exibindo o cansaço dos times. Até o fim, os
equatorianos não chegaram a pressionar: um chute de Gaibor foi o único
momento de silêncio congelante no Engenhão. Negueba também perdeu mais
uma, de forma incrível, ao driblar o goleiro e ver sua conclusão parar
no zagueiro, aos 44, confirmando sua noite de Deivid. Quando o soou o
apito, alívio e... vaias, muitas vaias.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/jogo/libertadores-2012/08-03-2012/flamengo-emelec.html