Las Vegas City: clube fundado em 2016 já conta com Ronaldinho para amistoso (Foto: Divulgação)
Pouco
mais de dois meses de vida e uma história que começa a ganhar grande
repercussão. O desafio do Las Vegas City é grande, mas o projeto é
ousado e já conta com nomes importantes da história do futebol mundial
envolvidos de alguma maneira. Com
Ronaldinho Gaúchovestindo a camisa do clube no amistoso que marca o retorno de
Adriano
aos gramados pelo Miami United, a ambição de chegar à Major League
Soccer (MLS), principal liga dos EUA, em até cinco anos é cada vez
maior.
Ainda com pouco investimento e em busca de
investidores, os primeiros passos serão na United Premier Soccer League
(UPSL), de acordo com Márcio Granada, presidente do clube, liga
corresponde à quarta divisão do futebol dos Estados Unidos. Para gerar
impacto, o planejamento bem sucedido de ter Ronaldinho Gaúcho "por um
dia" é a primeira cartada de Junior Coimbra, filho de Zico, como diretor
de futebol da equipe.
- O motivo (de ter o Ronaldinho no amistoso) é simples: além de começarmos
a formar uma equipe, o clube precisa atrair a atenção da mídia, do público em
geral, principalmente da cidade de Las Vegas, e de investidores. Com o Ronaldinho
Gaúcho conseguimos atingir três objetivos de uma só vez, então a presença dele
nesse jogo deve render frutos.
A presença dele é apenas para esse amistoso.
Claro que gostaríamos que ele ficasse, mas sabemos que é praticamente
impossível a curto prazo. O clube ainda vai começar a disputar ligas menores,
então somente após o Las Vegas City ter uma valorização grande nos próximos
anos, participando das ligas principais dos EUA e com um crescimento grande em
investimento, é que podemos pensar em nomes como ele. A longo prazo é algo que
planejamos sim, com toda a certeza - destacou Junior em entrevista ao
GloboEsporte.com.
Ronaldinho Gaúcho é nome certo no amistoso
contra o United (Foto: Levi Bianco/Brazil
Photo Press/Estadão Conteúdo)
Para
Granada, o sonho de figurar entre as maiores equipes do país na MLS e
encarar craques como Kaká, Pirlo, Drogba, Gerrard e Lampard ainda está
distante, mas não muito. O prazo de cinco anos existe e para ser
cumprido com êxito o clube intensifica a busca por investidores e um
patrocinador máster.
A
presença dele (Ronaldinho) é apenas para esse amistoso. Claro que
gostaríamos que ele ficasse, mas sabemos que é praticamente impossível a
curto prazo."
Junior Coimbra, diretor de futebol
-
Claro que todo mundo quer entrar na MLS, mas
isso exige um investimento muito alto, tem que ter um histórico. Hoje
não temos estrutura para estar na MLS. Vamos devagar, mostrar que temos
condições de fazer dar certo com as pessoas daqui de Nevada. Por isso
temos que
trazer treinador experiente do futebol brasileiro, para ensinar, passar
essa
experiência do que é o jogo profissional. O projeto é estarmos na MLS
entre três e cinco anos. Daqui a cinco anos, podemos
colocar jogadores do Las Vegas na seleção dos EUA, por que não? Aqui é
tudo limitado, trabalhamos com “bullet” baixo.
Quanto mais nome
tivermos, mais patrocinadores e possíveis investidores teremos, assim a
gente consegue
trabalhar com valores maiores. O “bullet” é baixo, é muita gente
entrando em
parceria, estamos dando a vitrine. A ideia é fazer esse barulho, todo
esse
trabalho, para poder atrair um patrocinador máster. Ainda não temos,
estamos
conversando com duas ou três grandes oportunidades, inclusive uma grande
empresa brasileira está interessada em ser parceira. Se Deus quiser isso
vai
ser rápido.
Outro nome de peso pode estar presente no
amistoso do dia 23 de abril, no Sam Boy, mas sem a camisa de Las Vegas
City e Miami United. De acordo com o dirigente do clube, Zico foi
convidado para dar o pontapé inicial e participar da coletiva de
imprensa.
- Eu pedi para o Junior (Coimbra) fazer o convite ao pai dele, eu também
fiz. Ele está vendo o calendário, se tem espaço. Eu estou esperando que dê
certo, vou aguardar que ele venha dar o pontapé inicial do amistoso e ser
homenageado. O povo de Nevada é apaixonado por ele. Estou até brincando que não
vai ter espaço para essa entrevista coletiva depois. Adriano, Ronaldinho
Gaúcho, Zico, Assis... Vou ter que colocar uma 12 cadeiras (risos).
NOVO NOME E ESTRUTURA "NívelL EUROPA"
Estrutura do Las Vegas City
(Foto: Arquivo Pessoal)
Antes
Las Vegas Soccer Clube, agora Las Vegas City. O dia 10 de janeiro de
2016 marcou o que promete ser o começo de uma nova era para o time de
Nevada. Mesmo com pouco nome e história, a estrutura, segundo o
presidente, é de clube grande da Europa, superior até mesmo ao oferecido
por equipes tradicionais do Brasil.
- Mudamos para
Las Vegas City FC, registramos, temos todas as licenças, todos os
registros, tudo para poder crescer. Tem um complexo bonito, com 16
campos de
treinamento. É da cidade, mas a gente arrendou para fazer o trabalho.
Uma
estrutura fantástica, de time grande da Europa. Com todo respeito aos
clubes
brasileiros, é difícil encontrar algum clube no Brasil assim, tirando um
ou
dois. A gente quer formar jogadores, trabalhar o jogador americano. O
estádio é da cidade, eles jogam também futebol americano, tem outros
tipos de eventos e a gente reserva as datas dos jogos. Temos estádios
menores,
que a gente manda jogos do dia a dia. Existem três estádios: um é o Sam
Boy,
que é bem grande, onde vai ser o amistoso. Estamos vendo duas opções de
estádios
com universidades, com capacidade para oito, dez mil pessoas. Não
precisamos de
nada maior do que isso no momento.
A tabela da UPSL
ainda não foi divulgada, mas o início está previsto para maio.
Antes da
competição, o intuito é montar o elenco e preparar a equipe em
amistosos longe dos Estados Unidos. Como não podia ser diferente, o
Brasil está entre os destinos do Las Vegas City.
São mais de 16 campo no complexo em
Las Vegas, casa do Las Vegas City
(Foto: Arquivo Pessoal)
- Em 40 dias a gente começa a disputar a liga da Califórnia da UPSL.
Fomos convidados para disputar o Torneio de Nevada, com 12 equipes boas que
estão buscando entrar em uma liga. Nossa ideia é ir ao Brasil fazer uma
pré-temporada. Seria ter legal ter um jogador famoso para fazer esses
amistosos. Também temos dois convites, Tailândia e China, para disputar competições
em setembro - revelou Granada.
Além de Márcio Granada e Junior Coimbra, outro brasileiro está pronto para cair de cabeça no projeto em Las Vegas.
Valdir Espinosa foi convidado para ser o treinador da equipe recém-criada e aceitou o desafio,
colocado com um dos maiores da carreira pelo próprio. O nome do
experiente comandante foi ideia de Junior Coimbra, logo aceita por
Granada, que aposta no gaúcho com uma sequência no projeto.
- O Valdir (Espinosa) veio através do Junior Coimbra. Eu tinha pedido
alguns nomes, tinha opções, e quando foi passado o nome do Valdir a gente achou
interessante de imediato, pela história, nome, experiência, para poder agregar
esse conhecimento ao trabalho. Foi tudo positivo. Fizemos o convite para ele
conhecer, fazer parte de um projeto, ser parte disso com a gente. Ele gostou,
topou o desafio novo na carreira dele. Vamos precisar de um certo tempo para
disputar os grandes campeonatos, para ele vai ser um projeto.
Valdir Espinosa será o treinador
do Las Vegas City e comandará
R10 por um jogo (Foto: Sidnei
Batista/CA Metropolitano)
Além
da empolgação de poder recomeçar como treinador após saída precoce do
Metropolitano-SC, Valdir Espinosa não escondeu a alegria de ter a
oportunidade de comandar Ronaldinho Gaúcho, mesmo que apenas por um
jogo. Extrovertido, disse que já pensa se usa ou não ex-jogador do
Fluminense no amistoso e disse estar até com vontade de entrar em campo.
-
Vamos pensar se
vou escalar (risos). Primeiro que adoro o Ronaldinho, sou fã. Segundo, o
irmão dele... Fui treinador do Assis, conheci o Ronaldinho quando
aparecia no campo junto com Assis para treinar. Conheço desde esse
tempo. Tu acompanha a carreira dele e é brincadeira. O Ronaldinho é
noticia no mundo
inteiro, todo mundo quer o Ronaldinho, para um jogo, dois, três, um ano,
o cara
realmente é uma grande atração aonde for. Eu nem imaginei que depois
desse tempo todo de carreira que ainda treinaria o Ronaldinho. Nunca
imaginava, é
um grande presente, são poucos que vão dizer isso. Hoje vou correr na
praia, depois de ter jogado tênis, porque também estou querendo colocar o
uniforme e entrar em campo para jogar com esses caras (risos).
"HORA DA VIRADA"
Márcio
Granada, hoje presidente do Las Vegas City, já jogou nas divisões de
base de Flamengo e Palmeiras, e também como profissional em times
menores da Europa. Como empresário, ficou marcado por levar o Shakhtar
Donestk ao Rio de Janeiro em janeiro de 2015 para a disputa da "Granada
Cup",
evento que foi marcado por polêmicas e acusações fornecedores que trabalharam com o dirigente.
Por telefone ao
GloboEsporte.com,
Márcio nega qualquer tipo de irregularidade no decorrer da competição e
afirma que o erro foi confiar nas pessoas que colocou para trabalhar ao
lado. Segundo ele, as acusações partiram de uma rivalidade pessoal de
um dos fornecedores do evento.
- Eu acho que o meu grande erro na "Granada Cup" foi confiar no ser
humano e dividir tarefas entre pessoas não capacitadas, caso dos investidores que
nunca fizeram esse tipo de trabalho. A competição foi um sucesso, a vinda do Shakhtar (Donetsk) foi 100%,
cumprimos o contrato, eles foram embora super satisfeitos. Tudo que foi
combinado foi cumprido. Mas não teve só o Shakhtar, mas Goiás, Gama, Zalgiris,
da Lituânia... Tiveram jogos que não deram renda e um custo muito alto. No
final pagamos a premiação de 100 mil dólares para o Goiás, que foi campeão. Mas
um dos investidores tem uma briga pessoal comigo, quis de qualquer maneira me
prejudicar, me ameaçou várias vezes. Tenho uma empresa há 13 anos com o mesmo
nome, sou uma pessoa pública, claro que já tiver problemas na vida, pegaram
quatro em um universo de mais de 400 eventos. Toda grande empresa tem
problemas, mas isso não direito de me acusar, chamar de golpista, dizer que
sumi. Trabalhei com a minha família, outros investidores no projeto, delegado
fazendo segurança, tudo 100%, nunca entrei em nenhuma bilheteria.
Uma das acusações foi de ter usado carteirinha do Flamengo e o nome de
Zico, também rebatidas por Márcio Granada, que cita o trabalho atual
junto a Junior Coimbra, filho do maior ídolo da história do clube do Rio
de Janeiro. O desafio no Las Vegas é encarado pelo dirigente como a
"hora da virada", esquecendo polêmicas do passado e focando em uma novo
recomeço nos Estados Unidos.
- Me acusaram de usar uma carteirinha do Flamengo, nunca usei nada do
Flamengo. Sempre honrei todos os compromissos com o clube, desde a despedida do
Léo Moura ao jogo do Shakhtar, pagamos tudo com todos os comprovantes. Falaram
que usava o nome do Zico, o que não existe. Isso é um negócio, já tive vários
eventos e hoje está aí para provar, o filho dele – Junior Coimbra – está vindo
trabalhar comigo. Não tive o direito de falar, mas isso não é verdade, quiseram
me prejudicar. Estou blindado, sou um trabalhador, vim para os Estados Unidos
de maneira legal, consegui meu espaço, tenho empresa, sou presidente de um
clube. A prova de tudo isso é que estou voltando para o mercado, é a hora da
virada. Tinha motivos para desanimar, entrar em depressão, mas trabalhei e
estou mostrando no dia a dia que tenho condições. Se eu errei, terei que pagar,
mas não por me denegrirem, me colocarem para baixo
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