Titular com José Mourinho nos Blues, volante elogia técnico português e revela conversa com técnico da Seleção depois de polêmica: 'Já esclareci tudo'
Por Felipe SchmidtRio de Janeiro
Ramires posa com a camisa da seleção brasileira (Foto: Divulgação / Assessoria de Imprensa)
Na temporada passada, Ramires atuava como meia, mais aberto
pela direita, no Chelsea.
Fez nove gols em 61 jogos. Na atual, José Mourinho voltou aos Blues e
mudou a posição do brasileiro, que hoje atua como volante,
mais recuado. Ainda assim, já balançou as redes três vezes em 12
partidas, confirmando o status de peça-chave no elenco do clube
londrino.
A regularidade de Ramires fez com que o
volante voltasse
rapidamente à seleção brasileira, mesmo após ser deixado fora da Copa
das
Confederações, depois de uma polêmica em março, quando não se apresentou
no dia estipulado pela comissão técnica. O retorno aconteceu em
setembro, nos
amistosos contra Austrália e Portugal, em que o jogador foi titular e
fez um gol. Prova de
que o sonho de disputar a Copa do Mundo no Brasil segue vivo, apesar dos
percalços.
- Eu já tinha conversado com o Felipão. Já havia esclarecido
tudo. Ele falou que confia em mim, que não gosta de me ver jogando como
primeiro volante, que poderia me usar em outra função. A volta foi muito boa,
tive oportunidade de jogar. Agora é continuar trabalhando – contou Ramires, em
entrevista por telefone ao GloboEsporte.com.
Entre a consistência no Chelsea e o recomeço na seleção
brasileira, Ramires prefere não dizer se vive sua melhor fase na carreira.
Ainda há alguns obstáculos a superar, como a persistente dificuldade no inglês, apesar da
boa adaptação a Londres. Nesta entrevista, o jogador fala sobre o bom momento nos
Blues, a relação com José Mourinho, a expectativa para a Copa e até a
especulação de que estaria na lista de desejos do Real Madrid.
Ramires cabeceia para fazer seu gol na vitória sobre a Austrália (Foto: AFP)
GLOBOESPORTE.COM: Como foi seu retorno à Seleção? Conversou com o Felipão após o
corte na Copa das Confederações?
Ramires: Eu já tinha conversado com o Felipão. Já havia esclarecido
tudo. Ele falou que confia em mim, que não gosta de me ver jogando como
primeiro volante, que poderia me usar em outra função. A volta foi muito boa,
tive oportunidade de jogar. E também fui muito bem
recebido pelos companheiros. A gente está sempre se encontrando, jogando
contra. A volta foi muito boa, tive a oportunidade de jogar. Agora é continuar
trabalhando.
Na volta à Seleção, você foi o primeiro jogador a se
apresentar em Brasília para o amistoso contra a Austrália. Procurou evitar novo
problema?
Não, eu me apresentei primeiro porque já estava no Brasil,
já tinha viajado de Londres. Meu voo era à tarde, e acabei antecipando a viagem.
Saí de Curitiba e cheguei cedo. Não foi nada planejado, até porque você não sabe
quem vai chegar antes. Mas é claro que é bom chegar antes.
Ramires ri com Bernard durante treino da Seleção
(Foto: Bruno Spada / VIPCOMM)
Você acha que já conseguiu recuperar o espaço na Seleção?
É difícil, porque a gente está falando de um time que foi
campeão. É difícil mexer. Todo mundo está querendo conquistar uma vaga entre os
23 que vão para a Copa. Então, procuro aproveitar cada oportunidade, cada
minuto que estão me dando. Tenho que mostrar um bom futebol e passar confiança.
No time campeão da Copa das Confederações, os volantes
titulares foram Luiz Gustavo e Paulinho. Em qual posição você acha que pode
brigar pela vaga. Ainda como volante ou mais à frente?
Não tenho problema com posição. Aqui fora já joguei em várias
funções, então, estou disposto a brigar na posição em que me derem chance. Na
posição em que me derem oportunidade, eu vou tentar fazer o melhor.
Nesta temporada, o Chelsea mudou de treinador, e chegou o
José Mourinho. Como foi a recepção a ele?
Foi
muito bom. Eu tive uma conversa com ele, assim que chegou. Ele vem
confiando bastante no meu trabalho. Procuro, dentro de campo,
fazer o que ele pede. Ele já gosta de mim faz um tempo. Disse que, em
outros
clubes, tinha tentando me levar. Mas a gente sabe como é o futebol, né?
Hoje
estamos juntos no Chelsea.
No combate: Ramires está atuando mais recuado
nesta temporada pelo Chelsea (Foto: Getty Images)
O Mourinho tem aquela imagem de marrento, mas a maioria dos
jogadores que trabalharam com ele teve uma boa relação. Você ficou
surpreendido com o jeito dele?
Não, porque eu nunca comprei a imagem que passavam dele. A
gente só pode falar da pessoa depois que a conhece, e todos os jogadores que
jogaram com ele falaram muito bem. Não me surpreendi em momento algum. Ele é
gente boa, amigo, conversa e brinca com todo mundo. Trata todo mundo igual, é
totalmente o contrário do que a gente vê. Não tem essa coisa de marrento. Quando
chega no jogo, todo mundo quer ganhar, isso é normal.
Em campo, o que mudou para você em relação à temporada
passada com o Rafa Benítez?
Agora estamos jogando eu e Lampard como volantes. Eu chego
mais à frente, mas às vezes acabo ficando um pouco mais atrás. Nós dois
conversamos sempre dentro de campo, para ver quem está melhor dentro da área.
Quando um vai, o outro fica, para dar uma segurança maior. Agora estou jogando
muito mais pelo meio. Nos outros anos, eu jogava mais aberto.
E segue fazendo gols.
Eu tenho liberdade para ir à frente. Em momento algum o
Mourinho fala que é para eu ficar como "camisa cinco". Só pede para a gente ter
atenção. Já fiz três gols.
Ramires atende torcedora do Chelsea em evento (Foto: Divulgação / Assessoria de Imprensa)
Esta é a sua melhor fase?
É difícil falar. Tive um bom momento quando a gente
conquistou a Liga dos Campeões. Independentemente disso, procuro sempre fazer meu
trabalho. O importante é jogar sempre em alto nível. Mas é claro que é bom
começar de titular quando o clube muda de treinador.
Você já está há três anos no Chelsea, e conseguiu manter a
regularidade numa liga em que poucos brasileiros conseguem se firmar. Qual é o
segredo?
Trabalho. Ter os pés no chão, humildade, ouvir bastante...
Sempre procuro fazer isso. Quando você chega num clube, num país diferente, tem
que ouvir bastante os que estão há mais tempo no clube, trilhar o caminho
deles. Se a pessoa está há tanto tempo no clube, é porque está fazendo algo
bem.
E a adaptação a Londres? Já virou “inglês”?
(Risos) Estou bem adaptado. Só tenho de aprender bem o
inglês, estou tendo aulas para melhorar e ficar mais tranquilo. É difícil, é
uma outra cultura. E não tenho muito tempo, é difícil encaixar os horários.
Estou fazendo o possível.
E pode ter de aprender espanhol também, né? Já há rumores de
que você estaria na mira do Real Madrid. Chegou algo?
Para mim, não chegou nada. Só acompanhei através da imprensa,
meu empresário também não falou nada. Talvez tenha sido especulação. Eu foco no
meu trabalho, não dá para falar de uma coisa que você não sabe.
É bom saber que interessa ao Real?
Faz bem para o ego, é sinal de que em algum lugar gostam do
seu trabalho. Eu fiquei muito feliz em saber isso, mas não soube nada do
Chelsea, nem do empresário. Mas é o que eu falo: estou bem servido no Chelsea.
Seria falta de respeito falar algo se o clube não veio falar comigo. Tenho
contrato até 2017 e não penso em sair. Enquanto não tiver nada e eu estiver
agradando ao clube... Sair, só se o clube realmente quiser. Fora isso, estou
bem, estou adaptado.
Volante não pensa em deixar o Chelsea (Foto: Fabricio Marques)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-ingles/noticia/2013/10/em-alta-no-chelsea-ramires-celebra-chance-com-felipao-confia-em-mim.html