Sérgio tatuou o escudo do Botafogo no braço
(Foto: Bárbara Almeida)
Escova
de dente, quadros, teto, piso, paredes, sauna, relógio, xícara,
almofadas, mesa e até uma descarga. Na casa e no bar do mestre de obras
Sérgio Coelho Sarte, de 52 anos, tudo é do Botafogo. As cores do
alvinegro decoram o ambiente construído por ele no Bairro Vitorino
Braga, em Juiz de Fora, no interior de Minas.
O bar
de Sérgio é reduto de alvinegros em dia de jogo e não por coincidência
leva o nome de uma criatura presente na história do clube: Biriba, o
cachorrinho do presidente Carlito Rocha, mascote do título carioca de
1948. Nas paredes, vários artigos remetem ao clube. Orgulhoso, o
proprietário mostra a tatuagem do escudo do Glorioso no braço e conta
que já gastou R$ 500 mil decorando a casa e o bar com quadros, fotos e
objetos nos muitos anos acompanhando o time do coração.
–
Não me arrependo do que gasto com o Botafogo. Tenho um cordão em ouro
para homenagear o time que custou R$ 20 mil. Eu nem uso, mas tenho
guardado comigo. Uma vez, um garoto passava pela rua com uma camisa do
time que eu ainda não tinha, então eu o chamei e comprei a camisa que
ele vestia. Depois eu dei outra camisa a ele. É um amor sincero, eu não
sofro se o time perde, nunca passei mal em jogos. É um gostar sem
esperar algo em troca, sabe? – contou.
Teto da casa foi planejado com escudo do
alvinegro (Foto: Bárbara Almeida)
Sérgio
acredita que o título alvinegro já poderia ter vindo nas rodadas
anteriores. Mesmo chateado com a goleada diante para Santa Cruz no
Engenhão, o botafoguense enxerga um lado positivo no adiamento da
confirmação do título, que pode sair na sexta-feira, às 21h30, contra o
ABC, no Mané Garrincha.
– Deus escreve certo por
linhas tortas. Vai ser muito justo o time confirmar o título com o
Jefferson no gol. Ele foi o único jogador mantido no elenco do
rebaixamento, sempre foi grato ao Botafogo e não esteve presente no jogo
do acesso por estar na Seleção. Sexta ou depois, se a gente levantar o
título com o Jefferson, vai se fazer justiça a quem escolheu permanecer
no clube – elogiou.
Nascido no Rio de Janeiro e há 40
anos morando em Juiz de Fora, Sérgio demorou cinco anos para construir a
casa e o bar do jeito que pretendia. Sauna, quartos, banheiros, viveiro
e teto foram decorados a dedo.
– Aqui em casa tudo
tem que ser preto e branco. O Botafogo é o amor da minha vida. Eu
planejei essa casa por muitos anos e hoje ela está quase do jeito que eu
quero. Falta só colocar o escudo na piscina e pintar a fachada da casa,
que hoje é verde – detalhou.
Banheiro e sauna não escapam: tudo na casa
de Sérgio leva as cores do clube
(Foto: Bárbara Almeida)
Sérgio
mora com a esposa, Rosane Nery de Castro Sarte, na residência acima do
bar que ele administra em Juiz de Fora. Apesar de não ser torcedora do
Botafogo, ela diz que acha a decoração preta e branca de muito bom gosto
e que nunca se opôs às vontades do marido. A única coisa que ela não
quer é a fachada toda alvinegra.
– Ah, eu fico com o
trabalho pesado, que é limpar todos os milhares de objetos do Botafogo
que tem aqui em casa. Mas eu gosto, faço com prazer. Acho bonita a
decoração preta e branca, eu nunca coloquei empecilho quanto a isso. Só
não queria que a fachada fosse preta e branca porque tenho medo do
pessoal dos time rivais jogar tomate e ovo nas paredes – disse a dona de
casa de 52 anos.
Enquanto passa o tempo no bar, Sérgio aproveita para receber os amigos. O casal também tem um cachorro. O nome? Garrincha.
– O
bar é mais um hobby mesmo. Aqui o pessoal vem e assiste comigo a todos
os jogos. Já o Garrincha é o meu amor, ele late quando o Botafogo faz
gol e é preto e branco também. Ele é filho de um antigo cachorro que eu
tinha que chamava Foguinho – lembrou.
Bar recebeu o nome de Biriba em homenagem
ao mascote do time (Foto: Bárbara Almeida)
TAL PAI, TAL NORA
O
amor pelo Botafogo também passou para o único filho do casa, Victor de
Castro Sarte, de 31 anos. Funcionário público, ele também sabe tudo
sobre a história do time e se declara fã de Loco Abreu. A paixão é tão
grande, que até a esposa Ariela teve que ser convertida antes do
casamento.
– Quando ele foi casar, a única coisa que eu
pedi foi que a esposa dele, que era flamenguista, torcesse pelo alvinegro.
Seria muito ruim se nas reuniões de família e durante os jogos ela ficasse
torcendo contra o Botafogo. Ela entendeu e hoje ama o Botafogo
também – declarou Sérgio.
Ariela Rocha Sarte confirma a versão do sogro e afirma que, quando decidiu virar a casaca, deixou o pai chateado.
– Quando
eu conheci o Victor, eu era Flamengo. Na verdade, a minha família
inteira era e eu também torcia, tinha camisa e tudo. Foi aí que eu
conheci o Victor e a família dele me influenciou. O seu Sérgio me disse
que para entrar para a família, teria que virar botafoguense. Acabou que
eu virei. Na época, meu pai não gostou muito, mas acabou aceitando
(risos) – brincou Ariela.
Quem se deu bem com tudo isso foi
Victor, que conseguiu uma esposa botafoguense para a família. A criação
junto do pai e o fanatismo pelo Botafogo trazem boas recordações ao
alvinegro, que destaca um momento e um ídolo especial na história do
Glorioso.
– Aqui em casa todos nós amamos o Botafogo.
Tenho muito orgulho de ter nascido em um lar botafoguense. Eu nasci
vendo e ouvindo as histórias do meu pai com o time. Sei toda história do
clube, e o jogador que passou pelo time que mais gosto é o Louco Abreu.
A cavadinha dele é inesquecível – lembrou.
Anjo das pernas tortas: foto fica na área de
lazer da casa (Foto: Bárbara Almeida)
Victor aprendeu a amar Botafogo com o pai
(Foto: Bárbara Almeida)
Para casar, noiva de Victor teve que se converter
ao Botafogo (Foto: Bárbara Almeida)
Escova de dente também é em homenagem ao
time (Foto: Bárbara Almeida)
Torcedor fanático perdeu as contas de quantas
camisas tem do clube (Foto: Bárbara Almeida)
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