Foi
difícil, suado, parecia que não ia dar e precisou ir para o tie-break.
Mas o Brasil, mesmo em uma fase ruim, é uma potência do vôlei mundial e
tem os seus lampejos. Alternando altos e baixos e contando boa atuação
de Leandro Vissotto nos momentos decisivos, a seleção brasileira
masculina venceu nesta sexta-feira o Irã por 3 sets a 2 (25/23, 28/30,
26/28, 25/23 e 15/13), no Ibirapuera, em São Paulo, e melhorou um pouco a
sua vida na Liga Mundia, pois esta foi apenas a segunda vitória em
cinco partidas na competição em que o Brasil é o maior ganhador da
história, com nove títulos.Os times voltam a se enfrentar neste sábado,
no mesmo
local, novamente, às 10h (de Brasília), com transmissão ao vivo da TV
Globo e
em Tempo Real, com vídeos, pelo Globoesporte.com.
saiba mais
A
vitória melhora um pouco a situação dos brasileiros já que ele sobe
provisoriamente para a segunda posição, com cinco pontos, atrás
da Itália, líder com 12, e à frente da Polônia, que soma três pontos,
mas fez apenas duas partidas. Restam ainda
sete jogos para a seleção brasileira nesta primeira fase, que
classifica dois times de cada chave para a fase final, em julho, na
Itália.
- O time não jogou mal, o Irã é que está jogando
muito bem e foi um adversário difícil. E vai ser assim em toda a Liga
Mundial. O importante é que estamos melhorando a cada jogo. Vamos chegar
bem na hora de decidir - afirmou Vissotto, que somou 12 pontos na
partida, mas ficou atrás do maior pontuador em quadra, o iraniano
Mahmoudi, que fez 22.
Seleção brasileira comemora ponto na
vitória sobre o Irã (Foto:
Divulgação/FIVB)
Com
Wallace fazendo a sua estreia na Liga Mundial, o Brasil
entrou em quadra parecendo disposto a brigar por cada ponto para acabar
com a
má fase na competição. Prova disso, é que logo no primeiro lance, o
Brasil não
aceitou a marcação de ponto para o Irã, por causa de uma invasão de
quadra de Wallace,
e pediu o desafio. No telão, foi possível ver que o atleta do Cruzeiro
realmente
havia pisado na linha. Assim, os iranianos saíram na frente. Mas não
demorou
para a seleção brasileira entrar no jogo e comandar o placar. Foi
justamente
Wallace quem liderou o ataque nacional, que também contava com bom
trabalho do central Sidão. O Brasil abriu 9 a 6, mas o Irã encaixou bons
saques
e foi ganhando um certo terreno. Nada
que abalasse a liderança dos comandados de Bernardinho, que vibravam
mais do
que nas partidas anteriores a cada ponto.
Ao contrário dos seus atletas, o
treinador demonstrava estar mais sereno que o normal, talvez pela vantagem de
cinco pontos, quando Mousavi errou um
saque e o Brasil abriu cinco pontos (20 a 15). Tentando forçar o serviço, os
dois times acabaram pecando e cedendo pontos fáceis na reta final do primeiro
set. Sorte dos brasileiros, que estavam à frente. Com um ponto de Wallace
explorando o bloqueio rival, a seleção teve o seu primeiro set point, em 24 a
20. Rapha, que entrara na inversão 5-1, sacou bem, entretanto, o contra-ataque
iraniano foi melhor. O segundo e o terceiro set points também foram desperdiçados.
Mas o Brasil tem Wallace. Com uma cravada na diagonal, no fundo da quadra, ele
fez o ponto final do primeiro set: 25/23, em 29 minutos de partida.
Wallace tenta superar o bloqueio
iraniano, que foi bem na partida
(Foto: Divulgação/FIVB)
O segundo set começou com o mesmo desenho da primeira parcial. O Brasil forçava o saque, contava com diversos erros
do Irã para pontuar e Wallace desafogava o ataque. E a defesa brasileira continuava chegando atrasada
em algumas bolas, fato que não permitia ao time nacional abrir muita vantagem
no placar. Até
que o Irã empatou em 8 a 8 e essa foi a senha para Bernardinho pedir tempo e
exigir que o seu time forçasse mais o saque para dificultar a recepção iraniana
e facilitar o trabalho do bloqueio brasileiro, que era ineficaz. Os jogadores
bem que tentaram, só que o Irã não é bobo. Só que o Irã não é nada bobo. Ele
aproveitou vacilos da seleção na recepção e quase empatou.
O
jogo era duro e o placar sempre apertado. Time
que defende bem e sabe explorar o bloqueio, o Irã estava cada vez melhor
em
quadra. Do outro lado, os brasileiros alternavam ótimas jogadas com
descuidos
impensáveis para uma equipe de alto nível.
Com tal irregularidade, o Brasil permitiu que o Irã empatasse o placar
em 21 a 21, com bonita cortada de Mirzajanpour na paralela. E os
asiáticos
quase viraram, não fosse um toque na rede de Mahmoudi. Na sequência,
Maurício
parou na parede iraniana. Mas Lucão tratou de tratou de fazer o 23º
ponto,
explorando o bloqueio. Maurício repetiu a dose e lá estava 23 a 23 no
placar. E o Irã ficou à frente, após grande saque de Sayed. Bernardinho
pediu tempo. Energizado, Lucão
atacou do meio da rede e empatou (25 a 25). Depois foi a vez de Sidão
pontuar.
Lipe entrou para sacar, mas mandou a bola na rede (26 a 26). Mais dois
empates
aconteceram na sequência, e cada time desperdiçou um set point. Até que o
Irã
aproveitou o seu segundo e venceu o segundo set por 30 a 28, após longos
39
minutos.
Empolgado com o triunfo no set anterior, o Irã começou com
tudo na terceira parcial. Vibrante, o time asiático buscou bolas perdidas e foi
bem no bloqueio para tomar a dianteira e obrigar o Brasil a correr atrás no placar.
Era hora de o Brasil colocar a cabeça no lugar e dar um gás a mais para não
deixar os iranianos acharem que a vida estava fácil demais. Os comandados de Bernardinho conseguiram reagir
e igualaram o marcador em 14 a 14. Mas as bolas teimavam em cair do lado
brasileiro, seja por descuido pela evolução dos adversários no decorrer da
partida. Aproveitando o contexto desfavorável para os mandantes, o Irã ficava
cada vez mais perto de vencer o seu segundo set no jogo. Com 21 a 20 no placar,
os visitantes começaram enfim a repetir os erros do primeiro set. Assim, eles
deixaram, com um bloqueio de Maurício, o Brasil empatar (21 a 21).
A
parcial
não aceitava mais erros e cabia aos brasileiros entender isso e não
desperdiçar
nenhuma bola. O time abriu 23 a 22 e finalmente passou à frente no
placar. E o
primeiro set point veio em 24 a 23, mas o Irã foi buscar. Depois, o país
desperdiçou outras duas de fechar o duro set e acabou sendo castigado.
O
líbero
Mario Júnior errou a recepção e, no contra-ataque Mirzajanpour pontou,
dando o
primeiro set para o Irã. Bastou apenas esse, já que Tashakori, com a
ajuda da
rede, fez um ace para o Irã vencer o terceiro set por 26/28. Só restava
ao Brasil vencer o quarto set para forçar um tie-break. Não era uma
tarefa nada fácil. O equilíbrio continuava sendo a tônica da
partida. Mas o nervosismo passou a ser um fator cada vez mais visível do
lado
brasileiro. Após uma comemoração dos iranianos, Bruninho se irritou e
apontou o
dedo para o lado adversário. Embalado pela chance de vencer a potência
Brasil
pela primeira vez, os asiáticos controlavam os nervos e tratavam de
fazer a
bola cair do outro lado. Quando o Irã tinha 5 a 3 no placar, Bernardinho
promoveu a entrada de Murilo em quadra. O ponteiro, melhor jogador do
mundo em
2010, não está 100% fisicamente, por conta de dores no seu ombro
direito. Mas com
ele em quadra, a seleção brasileira ganhava em motivação. Sem contar que
o
público paulistano vibrou muito com a chance de ver o ídolo em ação. O
camisa 8
entrou bem e deu mais energia aos seus companheiros. Mas o jogo
continuava
muito duro.
Dava a impressão de que os brasileiros precisavam se esforçar muito
mais para pontuar do que os seus oponentes. Mas isso mudou na reta final do
quarto set. Jogando com uma qualidade que parecia esquecida, a seleção abriu 21
a 18, com Lucão no saque, e deixou o Irã em uma situação ruim depois de muito
tempo. Afobado, o time asiático errou
dois saques em momentos importantes e deixou o Brasil com 23 a 19. O técnico
sérvio do Irã, Slobodan Kovac, pediu tempo. A parada fez muito bem aos oponentes do
Brasil. Ele conseguiram encostar no placar e fica apenas um ponto atrás (24 a
23). Mas, neste set, os brasileiros não desperdiçaram o primeiro set point que
tiveram. E a vitória que igualou o jogo em 2 sets a 2 veio com um toque na rede
de Mirzajanpour: 25/23 para a seleção brasileira e tie-break anunciado.
No tie-break, a seleção brasileira começou melhor e dava pintas de que
poderia se dar bem sem grandes obstáculos. Mas o Irã é um time muito
aguerrido e foi buscar o placar. Até que, após um erro de Mário Júnior,
ele conseguiu igualar o marcador em 7 a 7. E passou à frente, chegando a
abrir 10 a 8. Com Leandro Vissotto explorando o bloqueio, o Brasil
encostou em 10 a 9 e, depois, novamente com Vissotto, dessa vez cravando
na quadra, empatou em 11 a 11. Mas Lucarelli errou o saque e os
iranianos abriram 12 a 11, para depois ampliar com um ace de
Mirzajanpou. Só que o Brasil tem Leandro Vissotto e Murilo. Com dois
pontos fundamentais do oposto e um bloqueio salvador do experiente
Murilo, a seleção venceu o tie-break por 15/13 e o suado jogo por 3 sets
a 2, para alegria da torcida.
Sidão ataca durante o triunfo sobre o Irã
(Foto: Divulgação/FIVB)
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