Goleira da seleção brasileira campeã mundial na Sérvia joga e mora na cidade de Volgogrado, vizinha das Olimpíadas de Inverno e vítima de dois atentados terroristas
Mayssa pelo Dínamo de Vlgogrado, na Rússia (Foto: Reprodução/Facebook)
- A Rússia está de luto, não está sendo nada fácil para o povo russo. Moro em Volgogrado há um ano e três meses. Estava em Moscou com o time para um jogo da Liga Russa. Quando acabou, fomos comer, e então todos nós estávamos de frente para a TV quando foi dada a notícia. Muitas jogadoras choraram, e eu fiquei perplexa, em choque, olhando para a televisão. Eu fiquei sem saber o que estava acontecendo, até que uma companheira de equipe veio me explicar. Ficamos tristes, assustadas. O vídeo do momento do ataque terrorista na estação de trem não sai da minha cabeça. Passo por lá quase todos os dias e já estive na estação duas vezes pelo menos. Fica perto da minha casa e do meu clube - diz Mayssa, explicando como recebeu a notícia do primeiro ataque.
Ônibus elétrico foi atacado em Volgogrado na
segunda-feira passada. 16 pessoas morreram
(Foto: Reuters)
O segundo ataque, não menos letal, surgiu um dia depois, quando as jogadoras já estavam em Volgogrado, indo para a cidade de Astrakhan, onde passaram o Ano Novo. O atentado, inclusive, segundo Mayssa, fez com que os muçulmanos passassem a ser alvos na Rússia.
- Quando liguei a TV de novo, já estava lá a notícia de mais um atentado em Volgogrado, agora em um ônibus elétrico. A cidade parou, tudo foi fechado, e o Ano Novo foi triste, sem fogos. Em outras cidades russas o clima também não é bom. Uma amiga estava no shopping em Astrakhan, e pelo microfone mandaram todas as pessoas irem para casa e, se alguém visse algo suspeito, deveria falar com os policiais locais. Pessoas com burcas e muçulmanas estão sendo muito procuradas por aqui.
Campeã no Dínamo, Mayssa (número 16) é
querida pela torcida da cidade
(Foto: Reprodução/Facebook)
Para a jogadora, que tem planos de ir até Sochi acompanhar algumas das disputas das Olimpíadas de Inverno, em 7 de fevereiro, a competição terá um número recorde de policiais, mas nada que dê uma sensação plena de segurança para todos, inclusive ela.
- O presidente Vladimir Putin está lutando contra esses atentados, onde entramos há fiscalização e detectores de metais. No aeroporto, por exemplo, vi muitos policiais de forças especiais, e acredito que, depois de tudo o que houve, as Olimpíadas de Sochi terão segurança mais que reforçada. Mesmo assim, sabemos que tudo pode acontecer e não ponho a minha mão no fogo. São atentados pesados, cada vez mais letais, um atrás do outro - disse Mayssa.
Em Sochi, palco das Olimpíadas de Inverno,
policiamento foi reforçado desde já (Foto: Reuters)
Com contrato até 31 de maio de 2014, a jogadora tem propostas para deixar a Rússia. Com os atentados e a sensação de insegurança, a goleira não adianta, mas deve deixar o país. Mesmo com os ataque terroristas, os jogos e viagens do Dínamo de Volgogrado continuam.
- Os treinos e jogos estão normais. Tive uma partida neste sábado. Entramos com uma faixa preta em luto pelas pessoas que faleceram nos atentados. Essa sensação de insegurança me preocupa muito, mas tenho contato até 31 de maio de 2014. Minha família quer que eu vá embora, e sinto que deve ser a melhor coisa.
Eu penso em deixar o país - finalizou a goleira brasileira.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas-de-inverno/noticia/2014/01/vivendo-o-drama-russo-mayssa-teme-por-sochi-2014-tudo-pode-acontecer.html