Característica de toque de bola vem
garantindo acesso fácil à área. No Carioca, time não marcou de falta, e
apenas 6% dos gols foram de longe
Por André Casado
Rio de Janeiro
Na temporada 2010, com a chegada de Loco Abreu, o Botafogo passou a
explorar a bola aérea como principal arma. Prova disso foi o reduzido
número de gols em arremates de fora da área: apenas nove em quase 70
jogos disputados. No ano seguinte, o número subiu para 18, já com a
chegada de Elkeson ao elenco, que contribuiu com cinco golaços somente
no Campeonato Brasileiro.
Este ano, a característica mudou mais uma vez. A equipe tem arriscado
pouco de longe. Mas o motivo não são os cruzamentos incessantes para o
ídolo uruguaio e, sim, a troca de passes mais frequente, que tem levado
os jogadores ofensivos para perto do gol com facilidade.
Dos 33 gols marcados nos 15 jogos da temporada, somente dois - 6% do
total - saíram em chutes de longe. Ainda assim, eles não foram
convencionais: Maicosuel, contra o Bonsucesso, da entrada da área, e de
Herrera, sobre o Macaé, encobrindo o goleiro em um contragolpe (veja ao lado). De falta, por exemplo, nada. O potente arremate de Elkeson, e a batida angulada de Andrezinho não estão marcando presença.
O técnico Oswaldo de Oliveira não perde o sono e espera, pacientemente,
que isso mude quando os adversários saírem mais para o jogo.
- Estamos enfrentando equipes que bloqueiam a frente da área e, se
repararmos, mesmo nos jogos dos outros times, a incidência tem
diminuído. Mas provavelmente ao longo da temporada vamos criar mais
oportunidades e teremos esses gols de fora da área - afirmou.
Temos um time técnico, de jogadores rápidos, e às vezes é mais fácil
tentar a tabela e abrir o espaço. Quando vamos ver, já entramos na área.
Precisamos aproveitar os chutadores, mas por enquanto não tem feito
falta."
Fellype Gabriel
Os outros três grandes do estadual anotaram, juntos, quase vinte gols
de longe. Ao todo, as tentativas alvinegras, no total, não passaram de
50, aproximadamente três por jogo. E as chances vêm sendo desperdiçadas
na mesma medida em que são criadas, mesmo a poucos metros da meta.
Contra o Duque de Caxias, foram seis delas, claras. O que poderia ter
dado uma vitória mais tranquila do que 2 a 0.
- Temos um time técnico, de jogadores rápidos, às vezes é mais fácil
tentar a tabela e abrir o espaço. Quando vamos ver, já entramos na área.
Precisamos aproveitar os chutadores que temos, mas por enquanto não tem
feito falta. E as chances perdidas são uma questão de capricho,
treinamento e até desgaste. Estaremos melhores contra o Fluminense -
analisou o meia Fellype Gabriel, autor de cinco gols em cinco partidas -
todos, claro, de dentro da área.
Com suas faltas perigosas, Andrezinho já acertou o travessão contra o Flamengo (veja ao lado).
Mas não vem repetindo o aproveitamento da época de Inter. O lateral
Lucas exaltou a qualidade do companheiro, mas não vê uma necessidade
para arriscar, já que as jogadas pelas pontas estão surtindo efeito. A
opinião é parecida com a de Fellype.
- Vejo como uma circunstância do time mesmo. Trabalhamos isso, mas o
sistema de jogo, bem definido com os homens pelo lado, facilita que a
gente toque a bola. Não precisa finalizar de longe. Temos muita
qualidade nessa bola, mas isso depende do momento - acredita Lucas.
Para o volante Renato, a dor de cabeça seria discutível caso o time passasse por uma seca de gols.
- Eu me preocuparia só se não estivéssemos criando nada. Perder gols é
normal, acontecece. E maneira como eles estão saindo também não
incomoda. Temos armas diferentes - avisou.
Botafogo e Fluminense se enfrentam neste domingo, às 18h30m, no
Engenhão, pela sexta rodada da Taça Rio. O Tricolor deve mandar a campo
um time misto.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/botafogo/noticia/2012/03/com-novo-estilo-bota-arrisca-pouco-e-ainda-procura-gols-de-bola-parada.html