Jogador atua em
quatro posições na campanha do líder Palmeiras na Série B, nega ‘crise
de identidade’, e diz que gosta de ver jogo de frente
Por Alexandre Lozetti e Marcelo Hazan
São Paulo
Foram 24 jogos, sete gols e quatro posições diferentes. Wesley
teve múltiplas personalidades para levar o Palmeiras a uma situação
confortável na Série B. De jogador badalado que sofreu com lesão e
demorou a emplacar, ele se tornou indispensável na campanha que pode
culminar já neste sábado com o retorno à elite do Campeonato Brasileiro.
Na lateral, como volante, meia ou aberto pela ponta, Wesley adquiriu um
lugar entre os titulares.
Alterações de posicionamento não são novidade na carreira de Wesley.
Revelado pelo Santos, o meia foi emprestado ao Atlético-PR, onde se
destacou no ataque. No retorno à Vila Belmiro, brilhou no time comandado
por Neymar e Ganso, tanto na lateral direita quanto no meio-campo.
Mas é como segundo volante que o jogador gosta mesmo de atuar. É ali
que ele se sente à vontade, e o próprio técnico Gilson Kleina reconhece
isso. Ao detalhar as funções executadas por Wesley, o comandante citou
sua preferência pela posição. O curinga confirmou.
Na Série B, Wesley atuou como lateral-direito, meia,
segundo volante pela esquerda e até 'falso ponta'
- É a que mais gosto porque, quando domino a bola, na maioria das vezes
estou de frente, podendo visualizar o jogo. Tenho força para marcar e
sair para o jogo, mas o que me deixa mais feliz é poder ver o jogo de
frente.
Em algumas partidas, Wesley foi escalado na lateral direita e avançado,
pela esquerda, numa linha de três armadores. Ambas as posições exigem
muito esforço físico. Atrás, ele cita a preocupação para impedir que o
adversário ocupe espaços que possa vir a deixar. E quando joga na
frente...
- Aí ele tem de acompanhar o lateral adversário sempre que apoia -
determina Kleina, que, a pedido da reportagem, fez um rabisco das
funções desempenhadas por Wesley durante a temporada (veja abaixo).
Camisa 10? De jeito nenhum!
Mas engana-se quem pensa que ter de correr atrás de lateral é o pior
cenário para Wesley. Ele não gosta, mesmo, de atuar como meia. Como se
fosse um camisa 10. Nem mesmo a liberdade para criar e se movimentar
pelos dois lados seduz o jogador.]
Na visão do jogador, seu futebol rende muito mais quando vem de trás e
há um armador como referência. Foi assim no Santos, com Ganso, e é assim
no Verdão quando o chileno Valdivia está em campo.
Acredite: este é um campinho desenhado por
Kleina com as funções desempenhadas
por Wesley na temporada (Foto: reprodução)
- Isso é para poucos. Ter de dominar de costas, girar, pensar... Prefiro ver o jogo de frente - diz Wesley.
O retorno do Verdão à primeira divisão do futebol brasileiro também
pode representar o renascimento do jogador. Convocado para a seleção
brasileira por Mano Menezes, em 2010, ainda fruto de seu sucesso no
encantador Santos daquele ano, ele perdeu espaço ao se transferir para o
Werder Bremen, da Alemanha. Na volta ao país, demorou muito, inclusive
por conta de uma lesão, para se firmar no Palestra.
É claro que passa pela cabeça do atleta voltar a ter oportunidades na
Seleção, embora isso seja difícil antes da Copa do Mundo. Mas um trunfo é
justamente a capacidade de se adaptar facilmente a diversas funções em
campo. O volante-meia-lateral-atacante jura que nem precisa fazer
preparação especial antes de iniciar cada confronto numa posição
diferente. Mas faz um alerta:
- Tem de estar ligado! Cada posição é uma situação, mas acho que isso
abre um leque de opções para o treinador. Gosto de jogar como segundo
volante, mas sempre que atuei na primeira linha, no meu ponto de vista,
fui bem. Até porque me cobro bastante.
Wesley é o dono da bola no Palmeiras (Foto: Leandro Martins / Agencia estado)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/palmeiras/noticia/2013/10/wesley-se-multiplica-no-palmeiras-mas-explode-como-volante.html