Torcedor do clube colombiano se perde dos amigos após derrota, tem bens furtados e faz malabares para conseguir dinheiro. Cristian está no MS e tenta carona para casa
Quando viajou para Belo Horizonte, o colombiano Cristian Alejandro Velandia tinha um desejo simples: ver o time do coração vencer o Atlético-MG, no Independência, em partida válida pela quarta rodada do Grupo 1 da Libertadores. Mas assistir ao Santa Fé-COL ser derrotado por 2 a 0, no último dia 9 de abril, foi só o início da odisseia deste torcedor, que ainda tenta voltar para casa. De carona, Cristian, de 22 anos, disse que se perdeu dos amigos que o trouxeram de Bogotá, na Colômbia. Perdido na capital mineira, o colombiano afirmou que teve a bolsa com documentos, dinheiro e roupa furtada e chegou a fazer malabares nos semáforos de Belo Horizonte para conseguir dinheiro. Duas semanas depois de ficar perdido no Brasil, o comerciante de Bogotá disse que está no Mato Grosso do Sul. Ele faz do nome do time do coração um mantra para voltar à Colômbia pegando caronas. O desejo continua simples: retornar para a terra natal.
A condição de viajar a América do Sul pegando carona não é novidade para Cristian. Apaixonado por futebol e pelo Santa Fé, o torcedor conversou com o GloboEsporte.com pelo Facebook, após a reportagem tentar o contato por vários dias. Ele disse que tenta acompanhar o time da "alma" por onde for.
- Eu amo futebol, estou no Brasil por causa disso. Fui à Bolívia, ao Peru, ao Equador e ao Brasil para ver a minha equipe de alma. Geralmente vou de carona com caminhoneiros. Tem 10 anos que acompanho o Santa Fé aonde ele estiver - declarou.
Cristian veio ao Brasil acompanhar Atlético-
MG x Santa Fé e se perdeu (Foto:
Reprodução/Facebook)
Mesmo com experiência em viagens para acompanhar o clube, Cristian teve um final diferente. Após a derrota para o Galo, ele se perdeu. Ao tentar ajuda para retornar para Bogotá, o colombiano teve sua bolsa com documentos, roupas e dinheiro furtada. A solução era tentar levantar dinheiro de algum jeito para tentar retornar à Colômbia. O malabares poderia ser o caminho. Mas a falta de habilidade com o instrumento falou mais alto e a opção para voltar a Bogotá foi a mesma que o fez chegar a Belo Horizonte: as caronas.
Amo o futebol e estou no Brasil por isso. Tem 10 anos que acompanho o Santa Fé
Cristian Alejandro
De carona a carona, o colombiano chegou a Pará de Minas, no Centro-Oeste de Minas Gerais. De lá caminhou cerca de 46 quilômetros até chegar a um posto de combustíveis, na BR-262, em Nova Serrana, quatro dias após o jogo em Belo Horizonte. Machucado e com o semblante cansado, Cristian chamou atenção do vendedor Eder Antônio Caetano, que passava pelo posto e resolveu ajudar.
- O vi sentado em um banco no posto de combustíveis, estava queimado e sujo. Resolvi conversar com ele e tentar ajudá-lo. Quando me aproximei ele contou que era colombiano estava perdido em Minas Gerais. Então dei algo para ele comer, o levei a uma Unidade de Saúde para cuidar das queimaduras e tomar um banho. Depois o levei ao 60º Batalhão da Polícia Militar para fazer um Boletim de Ocorrência relatando a perda dos documentos. Ele me disse que queria voltar para a Colômbia, mas como eu não tinha muito dinheiro dei para ele uma passagem para ir até a cidade de Luz (no Centro-Oeste de Minas Gerais) e de lá quem sabe conseguir caronas para seu país nas rodovias onde passam mais caminhoneiros que fazem a rota Colômbia-Brasil - contou.
Cristian Alejandro conseguiu ajuda e seguiu para Luz (Foto: Eder Caetano/Arquivo Pessoal)
- O colombiano procurou o batalhão dizendo que foi assistir ao jogo com cerca de 300 pessoas. Após assistir a partida ele se perdeu do grupo de amigos e foi parar em Nova Serrana. Durante o deslocamento, Cristian disse que também perdeu seus documentos e precisaria de um boletim de ocorrência para conseguir comprar passagens e retornar para a Colômbia - contou o militar.
Com o Boletim de Ocorrência nas mãos, Cristian iniciou uma série de viagens pelas cidades de Minas Gerais até chegar na última segunda-feira na cidade de Aparecida do Taboado, no Mato Grosso do Sul. O colombiano disse que conseguiu chegar até o Centro-Oeste do país andando e com ajuda de desconhecidos.
- Depois que saí da cidade de Nova Serrana, fui para a cidade de Luz e de lá segui para a Araxá de ônibus com o dinheiro que Eder tinha me dado. Depois fui pedindo carona e caminhando até chegar em Aparecida do Taboado. Estou tentando, a cada dia, chegar mais perto da Colômbia – contou.
família e amigos preocupados
- Cristian é louco com o Santa Fé. A última vez que ele conversou com os amigos e família disse que viajaria para assistir o time na Libertadores. Ficamos preocupados, pois depois disso não tivemos mais notícias dele. Queremos saber onde ele está dormindo, se está bem, se está com fome. Precisamos encontrá-lo - concluiu.
A mãe de Cristian, Olga Valencia, vive em Bogotá e afirmou que está muito preocupada com falta de notícias do filho.
- Ele disse que saiu da Colômbia para ver o Santa Fé jogar e não voltou mais. Ele ama futebol, foi ao Brasil por causa do time e já estamos muito preocupados com a falta de notícias dele. A última vez que ele falou com a família, foi há cerca de 15 dias por uma rede social – declarou.
CONSULADO
- Já que ele perdeu o celular e documentos, vamos tentar localizado via redes sociais. Neste caso, fornecemos os documentos de viagem gratuitos, mas é necessário que ele procure o consulado mais próximo, que é Brasília. Acionei o Ministério de Relações Exteriores da Colômbia e o caso nos preocupa. Vamos tentar localizá-lo o mais rápido para poder ajudá-lo - concluiu.
Cristian (esq.) com amigos acompanhando
os jogos do Santa Fé (Foto:
Reprodução/Facebook)
* Bárbara Almeida sob supervisão de Felipe Santos, Raphael Lemos e Hismênia Keller
FONTE:
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