Após o triunfo do São Paulo sobre o Vitória, por 2 a 1, em
Salvador, na tarde deste domingo, o goleiro Rogério Ceni deixou o gramado
elogiando o ambiente do clube. A palavra do capitão do time ganhou apoio do
técnico Muricy Ramalho, que apontou o comportamento de seus jogadores como o
ponto alto dessa campanha do Tricolor, vice-líder do Brasileiro e semifinalista
da Copa Sul-Americana.
- Esse grupo é muito bom, sabe que o técnico não tem preferência.
Eu escalo quem eu acho que é bom para o time – afirmou Muricy.
O treinador foi questionado sobre a opção de poupar
jogadores na Bahia, numa semana marcada por longas e desgastantes viagens. Ele
disse que se baseou em exames que apontaram a necessidade de alguns descansarem
e que informou a decisão em conversa com os atletas na véspera da partida.
- Conversei muito com eles ontem, disse que ia mexer mesmo e
todos aceitaram. Aceitam porque sabem que o técnico tem experiência nesse
sentido. Nosso ambiente é excelente – completou ele.
- O futebol é simples. Ano passado tínhamos grandes jogadores, mas tínhamos
um ambiente muito ruim, de atletas que não se comprometeram com o clube, e brigamos
para não cair – afirmou Muricy, lembrando da má campanha de 2013.
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Quem também foi alvo de elogios do chefe foi o atacante Luis
Fabiano, autor do primeiro gol são-paulino e do passe para o segundo, de Kaká.
Ele deixou aberta a possibilidade de o camisa 9 retomar um lugar entre os
titulares no duelo com o Internacional, quarta-feira, no Morumbi, em jogo
adiantado da 35ª rodada.
- Ele fez uma função boa, fazia tempo que ele não jogava sem
a bola. É difícil para um centroavante ocupar um espaço. Todos têm que ocupar o
espaço sem a bola. Ele brigou muito. A gente vai ver o que vai fazer. Estamos
revezando um pouco o time, temos grandes jogadores que ficaram fora hoje. O
Luis jogou bem e agora a gente vai ver se mexe no time. Aqui todo mundo tem a
cabeça feita que todas as mudanças são para (o bem) do time. Se tiver que ficar
fora, o jogador aceita – afirmou Muricy.
Pelo que disse o técnico, apenas um jogador não deve entrar nesse
revezamento imposto pelo cansaço: o meia Paulo Henrique Ganso.
- A gente, quando escolhe alguém pra fazer o revezamento,
nunca escolhe o Ganso porque é um jogador que quem corre é a bola. É um atleta
muito inteligente, que sabe se posicionar. Está em condição física muito boa,
ele foi disparado o melhor em campo, não se desgasta à toa. É um cara diferente
mesmo.
Com a vitória em Salvador, o São Paulo chegou aos 62 pontos,
ainda na caça ao Cruzeiro, líder do campeonato. Depois de enfrentar o
Internacional, na quarta, pega o Palmeiras no final de semana, novamente no
Morumbi.
Confira a íntegra da coletiva de Muricy Ramalho:
Luis Fabiano
Com relação ao jogo, a gente armou a equipe com alguns jogadores
que não jogavam, a gente notou que nesse jogo no Equador, esses jogadores que
tiramos estavam no limite, muito cansados. Aí escolhemos a estratégia de jogar
com dois caras rápidos do lado, com o Luis em campo a gente não pode ter só
meias, para ele ter em quem se apoiar. Ele fez uma função boa, fazia tempo que
ele não jogava sem a bola. É difícil para um centroavante ocupar um espaço.
Todos têm que ocupar o espaço sem a bola. Ele brigou muito, sem a bola. Ajudou
muito. A gente vai ver o que vai fazer. A gente está revezando um pouco o time,
temos grandes jogadores que ficaram fora hoje. A gente tira pela preocupação dos
exames de alguns deles, especialmente o Kardec. O Luis jogou bem e a agora a
gente vai ver se mexe no time. Aqui todo mundo tem a cabeça feita que todas as
mudanças que a gente faz são para o time. Se tiver que ficar fora, o jogador
aceita. O Luis está de parabéns, fazia tempo que não corria desse jeito.
Ganso
A gente, quando escolhe alguém pra fazer o revezamento,
nunca escolhe o Ganso porque ele é um jogador que quem corre é a bola, é um
atleta muito inteligente, sabe se posicionar. Está em condição física muito
boa, ele foi disparado o melhor em campo. Ele é muito inteligente, por isso a
gente o utiliza mais, ele não se desgasta à toa. É um cara diferente mesmo.
O ambiente do São Paulo
Simples, o futebol. Se você tem grandes jogadores como nós
temos e como tínhamos ano passado, mas tínhamos um ambiente muito ruim de
jogadores que não se comprometeram com o clube e brigou para não cair. Esse grupo
é muito bom, sabe que o técnico não tem preferência, escalo quem eu acho que é
bom para o time. Conversei muito com eles ontem, que ia mexer mesmo e todos
aceitam. Aceitam porque sabem que o técnico tem experiência nesse sentido.
Nosso ambiente é excelente. Ambiente no futebol é tudo.
A aposentadoria de Rogério
Ano passado ele também falou de se aposentador, e fizemos o
jogo contra a Universidade Católica no Chile e ele pegou tanto naquele jogo que
não era possível ele parar. Conversei com ele no final do ano e ele aceitou
permanecer. Quando a gente vê um goleiro desse nível, acho que ele sinceramente
é o melhor goleiro do Brasil nesse ano. Ele é perfeito tecnicamente. Ele corta
caminho, é muito técnico. Pena que ele já tomou essa decisão, não sei se é
definitivo, pena que não só o São Paulo, o futebol vai perder um dos melhores
goleiros. Ele está numa fase excelente.
Rogério pode repensar a decisão?
Sei lá, depois desses jogos. Ele tinha o projeto de parar
esse ano, ele quer ir pra fora para estudar e se preparar para ser técnico. Ele
sabe que não basta ser bom jogador para ser bom técnico, senão ele bate e volta.
Mas no futebol, sabe como é, é dinâmico. É uma decisão dele, exclusiva dele, e
o que ele decidir a gente apoia, porque a gente é parceiro há muitos anos. No
ano passado já estava definido, aí comecei aquela onda pra ele ficar e ele
resolveu. Agora é com ele. Uma coisa é importante: todo jogador tem que saber a
hora de parar e parar na hora certa, por cima. O futebol te dá tudo, mas ele também
é ingrato. Quando não dá certo, as pessoas esquecem todos esses vinte anos.
O jogo contra o Inter
A gente lamenta (a derrota para o Grêmio, por 4 a 1) porque
tenho um carinho especial pelo Inter, tenho muitos amigos lá ainda. Toda vez
que vou lá é uma festa, o presidente é meu amigo. A gente fica triste, sou
parceiro do Abel, um cara que admiro. Fico triste, mas não pode se iludir
porque vem mordido. Time grande é assim, perde um clássico e tem que se
recuperar. Mais uma decisão, a gente tá tendo uma atrás da outra.
Chances no Brasileiro
Temos a outra competição que é a Copa Sul-Americana, que é
mais difícil pelas viagens. Mas ajuda um pouco porque não é fácil jogar duas
competições, apesar que eles (Cruzeiro) têm elenco, mas tem a rivalidade também,
é uma loucura Atlético-MG x Cruzeiro (na Copa do Brasil). Não é fácil, a gente
sabe o que o técnico passa lá. É ruim para os dois. A gente está lutando muito
nas duas competições, não é fácil o que esses jogadores estão fazendo, se
doando. E agora acabou a Sul-Americana, é Libertadores, só ficaram os campeões.
É pedreira. O torcedor tem que entender que às vezes a gente tira jogador, tira
outro. Às vezes dá certo, às vezes não. A gente tem que ter um time apto para
jogar, o que mais preocupa é a parte física.
Alexandre Pato volta?
O Pato está treinando, não sentiu. É importante, estava
dolorido. Começou a treinar um pouco mais forte e não sentiu. Para quarta-feira
é muito em cima, para o fim de semana pode dar, pelo menos para ficar no banco.
Em boa forma, Ganso tirou elogios de Muricy:
"É inteligente, não se desgasta à toa"
(Foto: Rubens Chiri / Ag. Estado)
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