Equipe de Bernardinho cresce na hora
certa e, com direito a incríveis 25/12 no segundo set, avança para
decidir as Olimpíadas com a Rússia no domingo
Por Rodrigo Alves
Direto de Londres
Se deu para fazer dentro da casa deles, por que não daria para repetir a
dose numa Londres verde-amarela? Campeão mundial há dois anos em Roma,
eliminando os anfitriões nas semifinais, o Brasil voltou a encontrar os
rivais em um grande palco nesta sexta-feira. Mais uma vez, a vitória
valia a vaga na decisão, agora das Olimpíadas. Com as cores do país
espalhadas pelas arquibancadas, ficou mais fácil se sentir em casa, e a
equipe de Bernardinho não decepcionou. Como se não bastasse, desta vez a
vitória veio acompanhada de um recital com requintes de massacre. A
exemplo das meninas, que passaram à decisão um dia antes, os homens
também cravaram seu 3 a 0 (25/21, incríveis 25/12 e 25/21). Resta agora
esperar dois dias para lutar pelo terceiro ouro olímpico do vôlei
masculino nacional.
Sem Vissotto, o Brasil contou com ótima atuação de Wallace para avançar à final (Foto: Agência Reuters)
A decisão será no domingo, às 9h (de Brasília), contra a Rússia, que o
Brasil já atropelou na primeira fase por 3 a 0. Agora, o cenário é
diferente, e ninguém acredita em jogo fácil. O SporTV transmite ao vivo,
e o GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os lances em Tempo Real.
No Mundial de 2010, a seleção de Bernardinho despachou os italianos nas
semis por 3 a 1, em jogo repleto de rivalidade com direito a frases
provocativas dos dois lados. Desta vez, o clima era mais ameno. Com os
carrascos Estados Unidos e Polônia eliminados, o Brasil aproveitou a
primeira etapa de um caminho teoricamente mais tranquilo. Como se
pudesse haver algo realmente tranquilo numa reta final olímpica.
A torcida fez o Brasil se sentir em casa na Arena
de Vôlei em Londres (Foto: Agência Reuters)
Campeã em Barcelona 1992 e Atenas 2004, a seleção busca seu terceiro
ouro e pode viver uma dobradinha inédita com a seleção feminina, que
persegue o bicampeonato contra os Estados Unidos no sábado, às 14h30m
(de Brasília).
O jogo
Com Savani puxando o ataque praticamente sozinho, e um Mastrangelo
discreto, a Itália não foi páreo para o Brasil, que mostrou um vôlei
consistente o tempo inteiro e contou com boas atuações de Wallace,
Murilo, Lucão e Dante.]
Leandro Vissotto estava uniformizado, mas no banco o tempo todo,
recuperando-se de uma lesão na coxa direita, então Bernardinho apostou
suas fichas em Wallace. O oposto rendeu com juros e correção monetária.
Após um saque forte dos italianos que abriu o placar, o jogador do
Cruzeiro soltou duas marteladas seguidas para deixar a seleção à frente.]
O placar eletrônico na Arena de Vôlei parecia sonolento e demorava para
computar os pontos, ou zerava tudo sem explicação. A torcida se
irritou, mas só com o placar. Com o Brasil, era só festa. Cantando sem
parar, o público viu a Itália com 8/7 de vantagem na primeira parada
técnica. Mas durou pouco. Murilo e Lucão melhoraram e, na segunda, a
seleção de amarelo já vencia por 16/14.]
Os dois técnicos paravam o jogo para evitar boas sequências do outro
lado da rede, mas a Itália se desencontrou no fim do set. Com erros
bobos, viu o Brasil ir embora e, no saque de Savani na rede, perdeu por
25/21.
Savani bem que tentou, mas a Itália não conseguiu se impor em nenhum momento (Foto: Agência Reuters)
Veio a segunda parcial, e o estrago se ampliou para os italianos. O
time de Bernardinho logo abriu 5/1 e mostrou que não estava disposto a
perder muito tempo com aquele set. Na parada técnica, vencia por 8/3 e,
dali em diante, virou baile. Quando o placar chegou a 20/10, o lance
mais espetacular da partida. Murilo se jogou nas placas para salvar uma
bola quase impossível no fundo. Na sequência do ponto, Serginho teve de
passar para o outro lado da quadra para buscar mais uma bola. E o ataque
italiano parou no bloqueio de Sidão. A Arena quase explodiu. Embalado, o
Brasil concluiu o massacre com 25/12.
Apesar do atropelamento, a Itália conseguiu se levantar no terceiro set
e chegou a abrir 9/6, para desespero de Bernardinho, que só faltava
arrancar a camisa à beira da quadra. Na metade do set, o Brasil se
reencontrou. Virou e abriu. Na segunda parada, já vencia por 16/13.
Quando o jogo caminhava para o fim, o italiano Birarelli iniciou uma
discussão na rede. Dante teve de ser contido pelos companheiros, e no
banco o experiente Giba segurou Vissotto. Foi a pitada de rivalidade que
faltava para a festa ficar completa. Com autoridade, a seleção fechou
em 25/21 e voltou a um palco onde se sente à vontade: a disputa pelo
metal dourado.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/com-requintes-de-massacre-brasil-despacha-italia-e-vai-final-no-volei.html