Técnico sente no braço e nas costelas o efeito da celebração contra a Rússia; no sábado, pode se tornar o primeiro brasileiro com três ouros nos Jogos
Quando José Roberto Guimarães abriu os olhos na quarta-feira, duas
novidades: dores nas costelas e um hematoma no braço direito. Não era
exatamente fruto dos 60 anos que ameaçam dobrar a esquina, mas de uma
estripulia da véspera. O peixinho na quadra para festejar a vitória
sobre a Rússia deixou marcas no treinador da seleção brasileira. As
ruins estavam no corpo. As boas estavam no time, que atropelou o Japão na semifinal
dois dias depois e avançou para a decisão deste sábado, às 14h30m
(horário de Brasília). Se encontrar uma fórmula para vencer os Estados
Unidos e desbancar as favoritas, Zé vai ser o primeiro brasileiro da
história com três ouros olímpicos, embora o treinador não tenha direito a
medalhas. Difícil é arrumar um lugar na cabeça dele para esse tipo de
preocupação.
- Não penso muito nessas coisas, sinceramente, desde que ouvi uma
história do ator Juca de Oliveira. Ele disse que, quando monta uma peça
de teatro, pensa na arte, e não no dinheiro que pode ganhar ou na fama
que pode vir. Comigo é assim também - disse o treinador de 58 anos, após
a vitória sobre as japonesas na quinta-feira.
Campeão em 1992 com a seleção masculina e em 2008 com a feminina, Zé tem dois ouros, assim como Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo, Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira na vela, e Mauricio e Giovane no vôlei.
A longa jornada
Para chegar lá, o paulista de Quintana atravessou uma longa estrada. Durante 13 anos, levantou milhares de bolas como jogador de vários clubes no Brasil. Atuou também na Itália e defendeu a seleção nas Olimpíadas de 1976, um discreto sétimo lugar em Montreal. Antes mesmo de parar, já estudava Educação Física pensando no passo seguinte: a carreira de técnico. Começou como assistente de Bebeto de Freitas e assumiu a seleção masculina pouco antes dos Jogos de Barcelona, onde chegou ao topo pela primeira vez. Virou dirigente de futebol, mas voltou ao vôlei a tempo de sofrer a doída derrota para a Rússia nas semifinais de Atenas 2004 (o famoso 24/19 que evaporou no quarto set) e, quatro anos depois, chegar ao ouro em Pequim.
Em cada uma dessas etapas, pontos em comum: a serenidade e o trabalho obsessivo. Em Londres, não tem sido diferente. Enquanto atletas de todos os países curtem o clima passeando na Vila Olímpica, Zé mal conhece a área residencial. Passa os dias enfurnado no quarto, analisando vídeos, e geralmente só sai de lá para os treinos e para os jogos.
- Não tenho saído do quarto. Fico só estudando. Somos seis no quarto vendo vídeo. Só saí para conhecer a Vila uma vez, porque a minha família veio. Não tenho uma foto da Vila, um vídeo, nada, vou ter que pedir para os caras da comissão depois - conta o técnico.
As jogadoras sabem que o esforço do chefe vale a pena. Nesta quarta,
passaram fácil pelo Japão e deram a Zé Roberto a vitória como presente
pelos 20 anos do ouro em Barcelona. E querem mais.
- A gente tem o objetivo de dar esse ouro de presente para o Zé. Ele tem que curtir, aproveitar este momento. E nós jogadoras também, né, para sermos bicampeãs olímpicas junto com ele - conta Fabiana, capitã da seleção.
A missão de transformar o treinador no maior campeão olímpico da história do país é nobre, mas se o ouro não vier, o tropeço será duplo: além de não conseguir seu terceiro título, Zé verá o técnico americano, Hugh McCutcheon, empatar com ele como os dois únicos vencedores à frente das seleções masculina e feminina. A líbero Fabi sabe disso e quer manter Zé sozinho no topo.
- É uma situação interessante, porque o McCutheon pode igualar. Mas vamos fazer de tudo para que o americano não entre para a história desse jeito não!
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/com-dores-do-peixinho-ze-pode-ser-maior-campeao-olimpico-do-pais.html
Ao fim do jogo contra a Rússia, Zé não pensou duas vezes... (Foto: JONNE RORIZ/AGÊNCIA ESTADO )
Campeão em 1992 com a seleção masculina e em 2008 com a feminina, Zé tem dois ouros, assim como Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo, Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira na vela, e Mauricio e Giovane no vôlei.
A longa jornada
Para chegar lá, o paulista de Quintana atravessou uma longa estrada. Durante 13 anos, levantou milhares de bolas como jogador de vários clubes no Brasil. Atuou também na Itália e defendeu a seleção nas Olimpíadas de 1976, um discreto sétimo lugar em Montreal. Antes mesmo de parar, já estudava Educação Física pensando no passo seguinte: a carreira de técnico. Começou como assistente de Bebeto de Freitas e assumiu a seleção masculina pouco antes dos Jogos de Barcelona, onde chegou ao topo pela primeira vez. Virou dirigente de futebol, mas voltou ao vôlei a tempo de sofrer a doída derrota para a Rússia nas semifinais de Atenas 2004 (o famoso 24/19 que evaporou no quarto set) e, quatro anos depois, chegar ao ouro em Pequim.
Em cada uma dessas etapas, pontos em comum: a serenidade e o trabalho obsessivo. Em Londres, não tem sido diferente. Enquanto atletas de todos os países curtem o clima passeando na Vila Olímpica, Zé mal conhece a área residencial. Passa os dias enfurnado no quarto, analisando vídeos, e geralmente só sai de lá para os treinos e para os jogos.
- Não tenho saído do quarto. Fico só estudando. Somos seis no quarto vendo vídeo. Só saí para conhecer a Vila uma vez, porque a minha família veio. Não tenho uma foto da Vila, um vídeo, nada, vou ter que pedir para os caras da comissão depois - conta o técnico.
Zé Roberto no jogo contra a China: estudo e mais
estudo no quarto do hotel (Foto: Divulgação / FIVB)
estudo no quarto do hotel (Foto: Divulgação / FIVB)
- A gente tem o objetivo de dar esse ouro de presente para o Zé. Ele tem que curtir, aproveitar este momento. E nós jogadoras também, né, para sermos bicampeãs olímpicas junto com ele - conta Fabiana, capitã da seleção.
A missão de transformar o treinador no maior campeão olímpico da história do país é nobre, mas se o ouro não vier, o tropeço será duplo: além de não conseguir seu terceiro título, Zé verá o técnico americano, Hugh McCutcheon, empatar com ele como os dois únicos vencedores à frente das seleções masculina e feminina. A líbero Fabi sabe disso e quer manter Zé sozinho no topo.
- É uma situação interessante, porque o McCutheon pode igualar. Mas vamos fazer de tudo para que o americano não entre para a história desse jeito não!
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas/noticia/2012/08/com-dores-do-peixinho-ze-pode-ser-maior-campeao-olimpico-do-pais.html
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