Alejandro Sabella manteve mistério sobre escalação da Argentina (Foto: Marcos Ribolli)
Um Alejandro Sabella misterioso e com declarações evasivas
atendeu a imprensa nesta segunda-feira na Arena Corinthians. Na prévia das
oitavas de final da Copa, contra a Suíça, o treinador foi seco ao ser
questionado se Pocho Lavezzi seria o substituto de Kun Agüero, garantiu ter
mesmo dúvidas na escalação - minutos depois ele testou Maxi Rodriguez entre os
titulares - e evitou se alongar até mesmo ao comentar o adversário. Ciente de
que em um mata-mata de Mundial qualquer detalhe pode ser decisivo, o comandante
argentino começou com um jogo de poucas palavras a pavimentar o caminho para as
quartas de final.
Durante cerca de 30 minutos, Sabella foi bombardeado com
perguntas a respeito da equipe que mandará para campo. Dos 28 questionamentos
que recebeu na Arena Corinthians, a maioria buscava a confirmação da entrada de
Lavezzi no lugar de Agüero. As respostas, no entanto, não diziam muita coisa.
Sempre de forma pausada e pensando bastante antes de falar, o treinador manteve
a postura das três partidas da fase de grupos e em sua resposta mais longa
apenas admitiu que o atacante do PSG o oferece a oportunidade de variações
táticas.
- A particularidade de Lavezzi é que pode jogar de duas
maneiras: de atacante ou de meia pela direita e esquerda. Podemos utilizar dois
esquemas sem a necessidade de mudar o jogador. O time não está definido, mas
posso falar isso. Estamos jogando em sequência às 13h, com muito calor.
Não
quero confundir a imprensa, mas a realidade é que às vezes um jogador que está
bem e de repente sente dores.
Independentemente de quem escalar, Sabella chamou a atenção
para o fator psicológico da partida. Em um Mundial marcado por zebras, o
treinador não quer que a Argentina tropece no próprio favoritismo.
- Além da técnica, quando falamos de futebol em alto
rendimento, em uma competição como essa, o equilíbrio é fundamental, é um fator
vital. Obviamente, que há ainda a parte tática, técnica, mas acho que a parte
física, por conta do calor, e o estado de ânimo são fundamentais. Estava vendo
Brasil x Chile e falava-se muito da parte emocional, que é importante neste
momento. Alguém já disse que um grama de neurônio pesa mais do que um quilo de
músculo.
Sabella não confirmou entrada de Lavezzi no lugar de Agüero (Foto: Cahê Mota )
O desempenho de Messi também esteve em pauta durante a
coletiva, e Sabella foi questionado se seu capitão já atingiu o mesmo nível de
Maradona na Copa de 1986, quando os hermanos foram campeões pela última vez:
- Messi está fazendo um grande Mundial, como todos
esperavam, inclusive ele mesmo, seus companheiros e o público argentino.
Estamos muito felizes e é um jogador determinante para nós, assim como Maradona
era.
Durante o bate-papo, Sabella falou ainda da brincadeira de
Lavezzi, que jogou água em seu rosto no jogo com a Nigéria, da disputa
particular entre Messi e Neymar neste Mundial, das boas campanhas de Colômbia e
Costa Rica, e até mesmo do retorno a São Paulo, nove anos depois de trabalhar
no Corinthians. Confira abaixo a íntegra da coletiva do treinador, que comanda
a Argentina diante da Suíça às 13h (de Brasília) de terça-feira, na Arena Corinthians,
em busca de uma vaga nas quartas de final da Copa.
Confira trechos da entrevista.
Lesão de Agüero pode ajudar a arrumar a equipe?
- Não posso confirmar a equipe e jamais iria achar boa a
lesão de um jogador, ainda mais com a importância de Agüero.
Oitavas de final
- O grupo está muito animado. Além disso, é uma outra etapa,
onde não há margem de erro. Na primeira fase, dá para errar e recuperar. Agora,
é muito mais difícil. Temos que estar muito concentrados, ter equilíbrio. Os
erros agora custam mais caro.
Momento atual da Argentina
- Estamos melhorando. Na última partida, foi nota 7, mas nem
tudo é matemática.
Sabella deu nota 7 para o desempenho da
Argentina na partida contra o Irã
(Foto: Reuters)
Messi está como Maradona em 1986?
- Messi está fazendo um grande Mundial, como todos
esperavam, inclusive ele mesmo, seus companheiros e o público argentino.
Estamos muito felizes e é um jogador determinante para nós, assim como Maradona
era.
O que esperar da Suíça?
- Podemos imaginar como vai ser a partida. Diria duas
coisas, o futebol é imprevisível, às vezes você pensa uma coisa e acontece outra.
Mas mesmo que seja um jogo como imagino, não posso vir aqui e falar o que penso
um dia antes.
Argentina 100%
- Mais importante que o resultado, está o rendimento.
Crescemos contra a Nigéria e assim temos mais chances.
Brincadeira de Lavezzi contra a Nigéria
- Há muito boa relação com os jogadores e é uma mostra a
mais disso. Sabemos que Lavezzi tem uma maneira de ser especial e são coisas
que um técnico tem que perceber. Além do trabalho no campo, são seres humanos e
cada um tem sua particularidade. Vejo como uma mostra de carinho.
Análise da Suíça
- É uma equipe muito bem armada, que há muito tempo joga da
mesma maneira, tem um treinador reconhecido. Os pontos fortes e fracos não
posso falar publicamente.
Para Sabella, a Suíça de Shaqiri é uma equipe bem armada (Foto: Reuters)
Importância do fator emocional
- Além da técnica, quando falamos de futebol em alto
rendimento, em uma competição como essa, o equilíbrio é fundamental, é um fator
vital. Obviamente, que há ainda a parte tática, técnica, mas acho que a parte
física, por conta do calor, e o estado de ânimo são fundamentais. Estava vendo
Brasil x Chile e falava-se muito da parte emocional, que é importante neste
momento. Alguém já disse que um grama de neurônio pesa mais do que um quilo de
músculo.
Argentina campeã do Fair Play na primeira fase
- Sempre falamos para termos cuidados nas faltas por conta
dos cartões amarelos.
Possibilidade de pênaltis
- Sobre pênaltis, treinamos, mas de maneira informal. Não é
a mesma coisa bater em um treino e depois com 80 mil pessoas observando.
Situação dos reservas
- São muitos jogadores que estão em um grande nível,
treinando duro, trabalhando bem e estão do nível dos que estão jogando.
Gramado da Arena Corinthians
- Estão cuidando do campo. Choveu muito em São Paulo e estão
tratando um pouco.
Entrada de Lavezzi na equipe
- A respeito da equipe, não posso confirmar. Então, não
posso falar de Lavezzi.
Sabella espera bom comportamento da torcida argentina em São Paulo (Foto: Agência Estado)
Mistério na escalação
- Sempre tenho alguma dúvida. Às vezes, até o último
momento, ou até esta noite, até meia-noite.
Pontos fracos da Suíça
- Infelizmente, não posso falar. É difícil prever uma
partida e não posso falar publicamente dos pontos fracos e fortes da Argentina.
Retorno a São Paulo após trabalhar no Corinthians
- Infelizmente, agora sou treinador (risos). Sempre tenho
lembranças. Não ficamos muito tempo aqui, mas o Brasil é um país dominante a
nível futebolístico e lindo para viver. É um país irmão, apesar da rivalidade
esportiva. São povos irmãos e potencias da América Latina.
Opções táticas com Lavezzi
- A particularidade de Lavezzi é que pode jogar de duas
maneiras: de atacante ou de meia pela direita e esquerda. Podemos utilizar dois
esquemas sem a necessidade de mudar o jogador. O time não está definido, mas
posso falar isso. Estamos jogando em sequência às 13h, com muito calor. Não
quero confundir a imprensa, mas a realidade é que às vezes um jogador que está
bem e de repente sente dores.
Equipe com espaço entre defesa e ataque
- Nunca quis que fosse assim. Às vezes, nos separamos porque
temos atacantes muito rápidos. Quando saímos de forma vertical, isso acontece,
mas o futebol moderno exige que as equipe estejam próximas. E isso é o que
tentamos.
Ganhar Copa no Brasil é especial?
- Ganhar uma Copa é uma motivação, sem dúvidas. Há muitos
anos que não vencemos e é muito difícil. Essa é a motivação principal. Buscar
outra marca pode ser entrar em comentários que podem ser mal interpretados.
Em que equipe se espelha
- Isso depende do jogador que você tem. Para mim, não existe
um modelo. Por exemplo, o Barcelona da época de Guardiola era quase perfeita.
Anos depois, o Bayern com outra forma de jogar era uma máquina trituradora.
Acho que podemos ter preferência por um estilo, mas o mais importante é ter um time
compacto, onde seja difícil chegar na área e com eficiência no ataque.
Sabella voltou a admitir que existe dependência
de Messi na Argentina (Foto: Marcos Ribolli)
Avaliação da Suíça
- Vimos os três jogos da Suíça e tiramos nossas conclusões.
O time deles tem a maneira deles de jogar e não posso falar muito de como vai
ser o jogo de amanhã.
Ataque mais forte que a defesa
- A minha teoria é a do equilíbrio. Um bom ataque faz uma
coisa que eu gosto, que é castigar a equipe rival. Quando vejo um jogo da NBA,
um time está atacando e o público grita defesa. No futebol, temos que fazer
tudo bem. Salvo algumas exceções, quem ataca mal não vai defender bem e o
contrário. Em condições normais de jogo, é assim.
Arbitragem europeia
- Não opino sobre árbitros. Acho que é uma das funções mais
difíceis. Não tem público, não tem torcida, e às vezes questiona-se depois de
ver mais de 15 repetições. É uma tarefa complicada. São seres humanos e podem
errar. Temos que compreendê-los.
Para Sabella, Messi é o melhor do mundo e Neymar é fantástico (Foto: AP)
Messi x Neymar
- São dois jogadores extraordinários. Messi é o melhor do mundo,
o Neymar é fantástico. É claro que há uma dependência nesta classe de
jogadores.
Expectativa de público em São Paulo
- O mais importante é que exista um bom comportamento. Temos
tido um grande apoio dos nossos compatriotas. Até agora, tivemos muita gente em
todos os lados que jogamos. Lógico que isso pode mudar, mas o mais importante é
que tenham bom comportamento e vejam o jogo em paz.
Importância de Lavezzi no ambiente
- Estamos em uma Copa do mundo, faz tempo que saímos do
nosso país, os jogadores tiveram oportunidade de receber a visita das famílias,
mas a convivência nunca é fácil. Aqui tem sido excelente, mas é importante esse
tipo de jogador que mantém a alegria do grupo. Lavezzi é um jogador que esteve
conosco em toda eliminatória, quase sempre na reserva, e nunca fechou a cara ou
falou algo ruim. Sempre apoiou e teve um comportamento exemplar.
Classificações de
Colômbia e Costa Rica
- A Colômbia não é surpresa. Tem jogadores muito bons, um
grande treinador e sabem como jogam. Apesar da perda de Falcao, supriram bem e
têm um jogador em um nível excepcional, que é o James. Estão crescendo e
sabíamos que poderia fazer um grande Mundial. A Costa Rica é uma surpresa.
Estava no grupo mais difícil, mas fez uma grande eliminatória e está acostumado
ao clima quente. É uma união de fatores. Não é tão surpresa para mim, mas uma
grata surpresa de maneira geral.