“Em Silverstone, vamos descobrir onde estamos”. A frase profética de Fernando Alonso após o GP da Europa deixava no ar a dúvida sobre a escalada da Ferrari, que a cada corrida ameaçava beliscar a supremacia da RBR. A descoberta veio neste domingo. No fim de semana marcado pelo polêmico vaivém das regras, o bicampeão mundial quebrou o gelo da temporada. Finalmente deixou Sebastian Vettel para trás, venceu o GP da Inglaterra e colocou molho num campeonato que caminhava para a monotonia. As RBRs de Vettel e Mark Webber completaram o pódio, mas viram pela primeira vez um intruso carro vermelho puxando a fila.
Foi a 27ª vitória da carreira de Alonso, a primeira da Ferrari desde o GP da Coreia do Sul no ano passado. Para Vettel, fica o consolo de que correrá em casa na próxima etapa, o GP da Alemanha, daqui a duas semanas, no dia 24.
Alonso quebrou o gelo e finalmente deixou as RBRs para trás no GP da Inglaterra (Foto: agência AFP)
Alonso, que largou em terceiro, ganhou a primeira posição numa parada nos boxes na 27ª volta, quando Vettel teve problemas com o macaco do seu carro. Após cruzar a linha de chegada e saborear novamente uma vitória, o espanhol vibrou muito ao sair do carro. Festejou muito no pódio e recebeu o troféu diante do príncipe Harry, que tinha visitado os boxes da RBR antes da corrida.
Webber teve a chance de ultrapassar Vettel na última volta, mas a RBR, pela primeira vez, interferiu e pediu para que eles mantivessem as posições até o fim. O mesmo não pode ser dito de Massa e Hamilton, que disputaram a quarta posição até a bandeirada final. O brasileiro tentou dar o bote na última curva, e chegou a ser tocado duas vezes pelo rival, mas não conseguiu a ultrapassagem e chegou 24 milésimos atrás do inglês.
O também inglês Jenson Button não teve uma boa corrida em casa. Abandonou a prova e perdeu a vice-liderança do campeonato. O brasileiro Rubens Barrichello chegou em 13º lugar.
Na largada, Vettel pula na frente
A previsão na largada era de que a chuva não daria as caras durante a prova, mas já tinha chovido mais cedo. Com vários pontos molhados na pista, as equipes não tinham outra escolha a não ser largar com pneus intermediários.
Quando as luzes vermelhas se apagaram, Vettel mal precisou mexer no volante para ganhar a primeira posição de Webber. O alemão pisou fundo, deixou o companheiro de equipe na saudade e levantou spray para quem vinha atrás. Massa ameaçou disputar o terceiro lugar com Alonso, mas acabou sendo ultrapassado por Button. Na segunda volta, enquanto os carros da RBR já abriam dois segundos para Alonso, o brasileiro recuperou sua posição. E Hamilton, que largou em décimo, voou até quinto, superando inclusive Button, seu colega de McLaren. Rubinho largou mal e caiu de 15º para 20º.
Na quarta volta, a autoconfiança de Hamilton quase lhe deu uma rasteira. Quando já se aproximava de Massa, o inglês perdeu o controle do carro, escapou e permitiu que o brasileiro respirasse. Não levou muito tempo para os dois ficarem colados de novo. A partir da quarta volta, Lewis passou a caçar Felipe na pista.
Enquanto isso, Michael Schumacher ignorou as leis da física e tentou passar através do carro Kamui Kobayashi. Levou a pior e teve de parar para trocar a asa dianteira. Foi parar na 18ª posição e, pouco depois, ainda teve de voltar aos boxes para cumprir uma punição de dez segundos.
Na 12ª passagem, os outros pilotos também foram para os boxes, mas por um motivo diferente: colocar os pneus para pista seca. Três voltas depois, quase ao mesmo tempo, as McLarens deram o bote em cima das Ferraris. Primeiro foi Button, que tomou a quinta posição de Massa. Em seguida foi Hamilton, que assumiu o terceiro posto deixando Alonso para trás. A resposta do espanhol veio na 24ª volta, quando retomou a posição do inglês.
Na 27ª, Vettel e Alonso, líder e vice-líder da prova, pararam juntos. A Ferrari ganhou a disputa nos boxes, e ali a corrida mudou de figura. O alemão, que estampava fotos dos mecânicos da RBR no capacete, teve problemas com o macaco que levanta o carro. Perdeu segundos preciosos e viu o espanhol voltar na ponta, seguido de muito perto por Hamilton. Naquele momento, Vettel e Webber se viam em uma situação pouco comum: atrás de uma Ferrari e uma McLaren.
Pouco acostumado a ver carros à sua frente, Vettel partiu para cima de Hamilton. Na 36ª passagem, tentou dar o bote, os dois quase se tocaram, mas o inglês se defendeu bem. Aí a RBR se redimiu do problema na parada anterior. Fez as contas, chamou Vettel para os boxes e o colocou de volta na pista na frente de Hamilton, que também parou.
Button, que àquela altura estava numa provisória terceira posição, foi prejudicado por um erro da McLaren. Na parada dos boxes, a equipe liberou o carro com a roda dianteira direita solta. O inglês logo percebeu o perigo da situação, encostou e se viu forçado a abandonar a prova. Com isso, perdeu a vice-liderança do Mundial. Em casa, manteve a sina de nunca vencer ou fazer pole em Silverstone.
Seu companheiro de McLaren, em terceiro lugar, sofria com o assédio de Webber, que vinha em quarto. Dos boxes, Hamilton recebeu o incentivo: “Faça o que puder para segurá-lo”. Não deu. A seis voltas do fim, o australiano caprichou na manobra e assumiu a terceira posição.
Naquele momento, Alonso abria 17 segundos de vantagem para Vettel, com Webber, Hamilton e Massa na sequência. Os mecânicos da RBR aplaudiram a manobra de Webber, que colocou os dois carros da equipe no pódio. Mas havia um incômodo ponto vermelho no meio da história. Conforme tinha avisado, Alonso realmente descobriu em Silverstone o lugar onde está: no topo.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/motor/formula-1/noticia/2011/07/alonso-quebra-o-gelo-deixa-rbrs-para-tras-e-vence-o-gp-da-inglaterra.html