A
atuação pífia do Flamengo na derrota por 3 a 0 para o Atlético-PR pela
penúltima rodada do Campeonato Brasileiro foi uma gota graúda, mas caiu
num copo que já havia transbordado. É nessa linha a análise feita por
Flávio Godinho, atual vice-presidente de planejamento e futuro vice de
futebol para 2016, caso Eduardo Bandeira de Mello seja reeleito nas
eleições presidenciais do próximo dia 7 na Gávea.
O dirigente,
que está à frente dos projetos para o ano que vem, diz que já havia
identificado jogadores com "pouca relação com as tradições
do Flamengo" e falta de "vergonha na cara", por isso a performance em
Curitiba não chegou a ser surpresa para ele. Por conta desse
diagnóstico, Godinho, usando palavras duras, garantiu que haverá grande
reformulação no elenco.
- Assim
como o torcedor, a minha reação é a seguinte: tem que passar o rodo.
Então eu poderia dizer o seguinte: se você considerar o time titular
do Flamengo, não estou nem dizendo o de domingo, porque estava muito
desfalcado, mas em relação ao time titular posso te garantir que vamos
ter pelo menos seis novos jogadores para o ano que vem - disse, em entrevista ao GloboEsporte.com.
Flávio Godinho será o vice de futebol do
Flamengo em 2016 caso Bandeira seja
reeleito (Foto: Fred Gomes)
Godinho
recebeu a reportagem num restaurante na Zona Sul do Rio de Janeiro e só
evitou falar em nomes, como o de Muricy Ramalho, técnico que está
apalavrado com o clube e que assinará contrato se Bandeira vencer; e os
de Juan (Internacional), Willian Arão (Botafogo) e Rodinei (Ponte
Preta), que estão bem perto de serem anunciados como reforços. Mas ele
adiantou que a diretoria estuda adotar mais nesta próxima janela de
transferências um estilo que ficou famoso por meio de um ex-presidente
do Fluminense.
- Eu
até antevejo que a gente vá voltar a ter aquelas situações de
troca-troca do antigo
Francisco Horta. Não me surpreenderia a
volta desse troca-troca com outros clubes.
O dirigente fez
críticas ao planejamento para 2015 e à estrutura atual do Ninho do Urubu
e deu detalhes sobre o projeto de total integração entre as categorias
de base e o profissional. Godinho ainda falou sobre a intenção de criar
uma comissão técnica permanente. Por fim, explicou como será o trabalho
feito pela Exos, empresa americana especializada em performance de
atletas e que está fechando contrato com o Rubro-Negro. A seguir, veja a
entrevista completa.
Impressões da atuação do Flamengo em Curitiba:Assim
como o torcedor, a minha reação é a seguinte: tem que passar o rodo.
Então eu poderia te dizer o seguinte: se você considerar o time titular
do Flamengo, não estou nem dizendo o de domingo, porque estava muito
desfalcado, mas em relação ao time titular posso te garantir que vamos
ter pelo menos seis novos jogadores para o ano que vem. E o pior é
que acho que, de certa forma, esses jogadores que foram a campo e que não
vinham tendo oportunidades recentemente, eles estão jogando essa
oportunidade fora. É o
topo, o auge da carreira do jogador sonhar e conseguir jogar no Flamengo.
Depois do Flamengo talvez só a seleção brasileira. Depois que é dada a
oportunidade a esses jogadores e eles não demonstram comprometimento,
garra, que é o mínimo que a gente exige deles num regime de
profissionalismo... A diretoria se esforça para manter salários em dia e
cumprir seus compromissos. O mínimo que se espera é que honre a camisa e
sue o litro certo a cada jogo do Flamengo.
Atuação do time contra Atlético-PR pode mudar o planejamento, fazer com que a diretoria se desfaça de ainda mais jogadores?Não,
por incrível que pareça, e que o que me deixa triste e desapontado é que
a atuação só confirma o nosso diagnóstico que já foi feito
anteriormente. Ou seja, não muda uma vírgula no planejamento. Já tinha
identificado que a gente tem jogador com pouca relação com as tradições
do Flamengo, vergonha na cara, raça, espírito de liderança, que a gente
tinha com Rondinelli, Fabio Luciano... Você vê que, pela quantidade de
jogos que o time conseguiu virar, é um time apático. E, na maioria das
vezes, composto por jogadores coadjuvantes.
E
esse erro na concepção do elenco vem desde a época do Vanderlei
Luxemburgo. Quando o time escapou do rebaixamento no fim do Campeonato
Brasileiro passado, você poderia ter reforçado o elenco, e o técnico na
oportunidade acreditava que, com aqueles jogadores e poucas contratações,
conseguiria dar uma maior identidade ao elenco, o que não aconteceu.
Você vê que, pela quantidade de
jogos que o time conseguiu virar, é um time apático. E, na maioria das
vezes, composto por jogadores coadjuvantes"
Flávio Godinho
Contratações erradas e planejamento para 2016:Aconteceram
algumas contratações que não foram as mais acertadas no curso da
temporada, que nem sempre é a forma certa de você contratar um jogador. A
gente quer fazer totalmente diferente para 2016. Quer começar janeiro com o time
formado para que você aproveite os quatro primeiros meses da temporada,
com Liga Sul-Minas-Rio e Campeonato Carioca para, eventualmente, se reforçar
em uma ou duas posições no máximo. Começar com comissão
técnica e elenco estruturados com raio-X feito e iniciar o trabalho
certo.
Quando se fala em seis nomes para contratar, são seis titulares?Você
fez a pergunta para a pessoa errada. Tem que ser feita para o próximo
técnico. Para as posições que são consideradas as mais carentes do
elenco, você tem que contratar alguém para ser titular. É inegável que
precisamos de uma espinha dorsal. Então, não foge de ter que
contratar um zagueiro de primeira categoria, que venha para resolver o
problema da defesa. Não tem cabimento ter uma defesa que leve tanto gol
de bola aérea, que seja tão mal posicionada. Se você tem um ataque
qualificado, é preciso um meio-campo que faça a bola fluir e chegar
ao ataque. Então, a gente não vai escapar de ter que buscar um meia para
o
ano que vem. Quando você faz um planejamento, as peças de reposição e
as contratações demoram. O mercado é dinâmico. O Flamengo, como parte do
planejamento, está com olho de Lince e farejando o mercado.
Jogador titular nível Everton Ribeiro, por exemplo? Nome foi especulado no Fla.Resposta
bem objetiva: o Flamengo tem obrigação de procurar jogador desse naipe.
E tem que tentar viabilizar uma equação financeira para que um jogador
desse possa voltar (está no Al-Ahli, dos Emirados Árabes). Entre querer e poder tem uma distância muito grande,
mas não tenha a menor dúvida que, quando a gente tenta reforço, tenta
da melhor combinação possível. Mas seria irresponsabilidade da minha
parte garantir que uma tentativa dessas vai ser exitosa. Muitas vezes se
tenta e não se consegue. Eu posso dizer o seguinte: na nossa agenda tem
jogador interessante, tem jogador do nível do Everton Ribeiro. Mas não
posso dizer que vamos trazer seis Evertons Ribeiros.
Trazer um meia inviabiliza o esforço para renovar com Alan Patrick?De
jeito nenhum. Para se ter um elenco vencedor, é preciso ter um bom
elenco. O que te impede de jogar por hipótese com Alan
Patrick e outro meia?
Quantidade de saídas e contratações:Prefiro
responder de forma diferente. Vamos contratar no mínimo seis jogadores,
com três já em fase adiantada de negociação. Mas não vamos anunciar
nada antes de eleição nem em relação à comissão técnica por uma questão
de respeito e ética ao processo que está acontecendo. Da mesma forma
digo que temos três jogadores em negociação avançada para que deixem o
clube.
Atlético-PR comemora em cima do Flamengo
(Foto: VAGNER ROSARIO/FUTURA
PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Duas categorias de contratação:Há
duas categorias de contratação. Você tem aquela que é uma posição
carente, que não é novidade nenhuma para ninguém quais são as nossas
carências. Preciso de um zagueiro, então tenho que buscar um zagueiro
para resolver o problema da defesa do Flamengo. Mas tendo dito isso, você
às vezes traz os reforços para aquelas posições consideradas
primordiais, mas surgem determinadas oportunidades de negócio em que
você pode substituir um bom jogador por um que seja melhor ou que venha
complementar o elenco de forma mais produtiva. E pode surgir uma
oportunidade de negócio inesperada, e não podemos esquecer o seguinte:
com a crise que está se atravessando, muita gente está com pouco recurso
para investir em jogadores. Às vezes, para se trazer um jogador de
fora, é preciso saber que o dólar está a R$ 4. Até mesmo aqui na
América Latina o cheque é sempre mais alto.
Trocas com outros clubes:Eu
até antevejo que a gente vá voltar a ter aquelas situações de troca-troca do antigo
Francisco Horta. Não me surpreenderia a
volta desse troca-troca com outros clubes.
Marcelo Cirino seria moeda de troca?Temos
duas formas de ver essa questão. Um: pode ser uma troca. Dois: pode ser
uma negociação, mas, contrariamente a tudo que vocês estão falando, se
tem muita gente interessada é porque ele tem valor. Se ele foi apontado
como a principal contratação do futebol brasileiro no início do ano e se
esse ano não teve uma boa performance, será que o Marcelo Cirino, novo
do jeito que é e na mão de uma nova comissão técnica, não deva
permanecer no elenco?
Quem não gostaria de ter
um ataque: Cirino, Guerrero e Sheik? Qual é o time que tem esse tipo de
ataque? Será que estou fazendo o certo ao envolver o Cirino num
troca-troca por uma reação imediatista? Isso vai ter de ser conversado com a
nova comissão técnica e fazer parte do planejamento.
Entrevista com treinadores para 2016:A
diferença desse ano para os anos passados é que o Flamengo está tendo a
chance de planejar e não começar o ano atropelado. Depois de muito
tempo, o Flamengo teve a chance de entrevistar treinadores. O Flamengo
conversou com quatro treinadores para discutir o que ele quer
efetivamente para o futebol e qual o esquema tático ideal. O Flamengo é
um time que joga pra frente.
Base integrada ao profissional:Outra
coisa que é fundamental no nosso planejamento é que a divisão de base
deve estar integrada ao futebol profissional. O esquema tático, da
escolinha à base, tem que ser o mesmo do time profissional. Você precisa
contar com um profissional que seja disciplinador, a gente tem que
virar uma página em que não somente a boa administração financeira
impere. Agora, nós temos que exigir muita responsabilidade e
comprometimento do novo elenco para o ano que se inicia. Ou seja, é a
era do futebol no próximo triênio. Ao escolher uma comissão técnica,
você precisa de uma comissão que abrace esse projeto. Que queira um
projeto de longo prazo.
Em
aparelhamento e estrutura, ainda deixa muito a desejar. Não adianta
tapar sol com peneira"
Flávio Godinho, sobre o CT do Flamengo
Padronização do esquema tático e Barcelona como exemplo:Hoje
nós temos dois modelos a seguir dentro do futebol mundial. Quando
falo para seguir, a gente tem que fazer uma ressalva muito grande e
fundamental. Os dois times de
maior destaque na Europa são o Barcelona e o Bayern. Por uma
coincidência o Guardiola teve participação fundamental nos dois. A gente
sente que há uma inversão de fatores. A turma da Europa, seja Bayern ou
Barcelona, está trabalhando mais com a bola, e a gente está trabalhando
mais o físico. A diferença é que os outros
técnicos estão conseguindo, por conta de disciplina tática,
recomposição, treinamento e etc., extrair mais dos jogadores deles do que
a gente consegue dos nossos. Taticamente a gente está atrasado.
Então
você não tenha a menor dúvida que na hora que se mira em torno de um
modelo, você não pode fugir de um Barcelona, de um Bayern, de um
Guardiola, de um Sampaoli. Hoje em dia o próprio Brasil, quando muito, é
uma terceira força na América do Sul.
Ex-jogadores identificados com o Flamengo:Outra
coisa que é fundamental é você contar com ex-jogadores do Flamengo,
não só como os treinadores das escolinhas e da base, como já temos
vários lá, porque na hora em que você vai formar um jovem, tem que
passar as tradições que são claras para qualquer rubro-negro. E um
sujeito que já jogou lá e entende qual é a cobrança e sabe que você pode
viver do do céu ao inferno é o melhor interlocutor. Você às vezes,
quando importa um cara de fora, ele vai para o Rio, Cidade Maravilhosa,
bajulado pela imprensa, sendo assediado e numa idade em que a testosterona
vai no céu, é difícil administrar isso. Já o jogador que é feito na
escolinha do Flamengo já tem os anticorpos muitas vezes necessários para
enfrentar esse desafio.
Venda de jogadores da base para China e EUA:Hoje
em dia as pessoas têm que se dar conta de que tanto o mercado chinês
quanto o americano vão ser grandes forças compradoras de até
jogadores de divisão de base. É uma pena que atualmente no Brasil os
clubes não podem nem escolher quais jogadores eles querem vender. Os
clubes são reféns, porque já na base tem empresário com 30% de um
jogador e você acaba tendo que vender o jogador que efetivamente não
quer. Então, o sonho de consumo de qualquer um que trabalhe a longo prazo
é que você revele jogadores de base que possam atuar como titulares do
seu time e que também tenha uma leva que possa negociar. Isso ajuda
a oxigenar o sistema, e porque a estrutura é profissional. É
imperdoável você não prestar esse tipo de atenção.
Técnico "coordenador":O
exemplo tem que vir de cima. Por isso é tão importante que o
treinador do futebol profissional seja um coordenador. É evidente que
ele não vai ficar interferindo no dia a dia do que a turma da base faz.
Mas que eles tenham reunião e fiquem inteirados e que a comunicação
comece a fluir é de fundamental importância.
Treinador apalavrado, sem citar Muricy Ramalho:O Flamengo tem um treinador apalavrado para a próxima temporada.
Novo técnico já participa do planejamento?Nada
será feito sem o aval desse treinador. Isso posso garantir. Ninguém é
inconsequente de colocar os carros na frente dos bois. Senão você
encontra a situação que todo mundo quer evitar: aparecer um treinador e
falar "esse jogador não fui eu que pedi". A palavra dele é primordial na
análise da turma que tem ser contratada.
Flávio Godinho durante entrevista ao GloboEsporte.com (Foto: Ivan Raupp)
Garantia de tempo ao novo treinador?A
garantia maior é o projeto, por isso falei que é tão importante
identificar um profissional que abrace esse projeto. Está na cara que uma
das razões para o baixo aproveitamento do time foi justamente essa troca
incessante de treinador. Não há treinador que consiga estabelecer raiz,
esquema tático e etc.. Então tem que ter uma disciplina de que está se
fazendo a coisa certa. É evidente que o futebol vive de resultados, mas
até isso pautou a nossa escolha. A gente está conseguindo uma comissão
técnica que não apenas está comprando o nosso projeto de longo prazo e
que se encontra numa fase da carreira e vê isso como um grande
desafio, mas que também está acostumada a ganhar e tem no DNA a
vitória. Estamos tentando combinar todas as variáveis possíveis. A gente
acha que o certo sempre prevalece, mesmo que demore.
Esse
treinador nem precisou de garantias de paciência. Estamos abraçados num
projeto em comum. A garantia é que vamos implementar um projeto
abraçados em quatro mãos. Mais importante do que qualquer garantia
financeira.
Estilo ofensivo do Flamengo:O
Flamengo é um time que sabidamente joga pra frente. Não adianta você
querer incluir um esquema tático que vai simplesmente privilegiar bola
aérea e vai contra as origens do Flamengo. Por isso você tem que saber
qual esquema que você julga adequado, a forma de trabalhar, as raízes
rubro-negras, mas inegavelmente a gente tem que adotar o que tem de bom
por aí.
Comissão técnica permanente:Temos
na divisão de base vários treinadores que passaram lá. Mas há o seguinte: temos que complementar a nossa comissão técnica. Seja
em auxiliar técnico ou outros profissionais que vão trabalhar nessa
comissão, temos que dar preferência a profissionais que sejam
identificados com as raízes rubro-negras. Ele vai melhorar e facilitar a
relação com aqueles que estão lá dentro.
Vamos
dar um exemplo: tem um profissional brasileiro que hoje está no
Bayer Leverkusen e que nós estamos namorando para trazer (Daniel Jouvin,
ex-Flamengo), porque estamos numa fase final de discussão com a Exos. A
Exos acabou de fazer um diagnóstico de tudo que a gente precisa
melhorar no CT. O que é isso? É fisiologia, nutrição, é reduzir o tempo
do jogador no departamento médico, alimentação, ver se a metodologia do
treinamento está adequada. Então, estamos para fechar um contrato com a
Exos para a segunda etapa do trabalho conosco. É trabalho de propriedade
do Flamengo.
Por que a gente tem que ter raiz
rubro-negra? Porque a comissão técnica do Flamengo tem que ser do
Flamengo, um ativo do Flamengo. Tem que ser permanente. Posso trazer o
Guardiola com assistente técnico e eventualmente com um preparador
físico. Ponto. Se o treinador tiver que deixar o clube, a estrutura vai
ficar. É trabalho de longo prazo, por isso você estar identificado com o
que há de mais moderno, mas sem abrir mão das raízes rubro-negras,
passa a ser fundamental para a implementação do trabalho.
Ederson. Qual a avaliação?Ederson já jogou em todas as posições do meio. É polivalente, tem
qualidade técnica muito grande, e a contusão que teve não tem
absolutamente nada a ver com as outras contusões. Todo mundo confia que
2016 vai ser a temporada dele, em que ele vai poder fazer uma boa
pré-temporada. Se isso se confirmar, se o Ederson estiver em condição de
jogo como se espera, vai ser de grande utilidade, seja no meio ou na
ponta. Ele tem qualidade, cabeceia bem e faz gols, como já demonstrou.
Quando
você vai compondo um elenco, já pensou que bom contar com Alan Patrick,
Cirino, Guerrero, Sheik e um Ederson em forma? Sem ovos ninguém faz
omeletes. Você tem que dar material humano, mas o treinador precisa
espremer a laranja e fazer o suco.
Não tenha a
menor dúvida que, para o ano de 2016, a gente tem três prioridades
fundamentais. Número 1: ter um time vencedor, que efetivamente vá
disputar títulos. Número 2: divisão de base, divisão de base e divisão
de base. Número 3: poder oferecer para os profissionais que
trabalham lá um CT digno"
Flávio Godinho
Críticas à estrutura atual do Ninho do Urubu:Nosso tempo de treinamento em termos de
infraestrutura, a parte de campo é ótima, mas não tem o menor
cabimento, com todo respeito, você ficar operando com container. Em
aparelhamento e estrutura, ainda deixa muito a desejar. Não adianta
tapar sol com peneira. Se o CT não tivesse de ser melhorado, não seria
prioridade de governo. Por isso a participação de um treinador
experiente, que queira pegar o peão na unha e comprar esse projeto, se
faz muito importante. É como você mudar para uma nova casa enquanto ela
ainda não está pronta, ainda em construção. Às vezes é um saco você se
mudar e ter um pessoal colocando peso. O Flamengo pode ser visto como um
copo meio cheio e meio vazio. Essa é a realidade.
Seis profissionais saindo da comissão técnica rumo à China:O
Flamengo já está em busca, já estamos selecionando. Esperamos melhorar a
qualidade desse plantel de profissionais. Sempre bom envolver a
comissão técnica toda nesse tipo de discussão. Não se pode terceirizar
essas funções com consultoria. A participação da Exos é efetivamente
para estabelecer novas metodologias de treinamento, preparo, fisiologia,
recuperação de jogador contundido. Não tem a ver com os profissionais
pretendidos. Quando visamos trazer profissionais de fora é porque eles
já têm conhecimento desse método. Já vão pegar a bicicleta e sair
andando.
Negociação com a Exos:É contrato
para o ano que vem. É um escopo de prestação de trabalho. Você fecha o
contrato por estágios e não necessariamente por prazos. Não tenha a
menor dúvida que, para o ano de 2016, a gente tem três prioridades
fundamentais. Número 1: ter um time vencedor, que efetivamente vá
disputar títulos. Número 2: divisão de base, divisão de base e divisão
de base. Número 3: poder oferecer para os profissionais que
trabalham lá um CT digno. É fazer todo o esforço para finalizar o módulo
profissional até dezembro. Não tem graça comparar com outros CTs e ver
que o Flamengo está muito atrás de outros clubes.
Melhorias da Exos:Espera
poder no mínimo equiparar a performance à dos times que foram melhores
neste ano. Se você pegar a média de recuperação de lesionados de outro
times, no mínimo a gente tem a obrigação de equiparar ou suplantar. Por
isso estamos contratando o que há de melhor no mundo.
Como vai funcionar a Exos no dia a dia?Você
não percebeu os profissionais que estavam lá nos 10 primeiros dias de
diagnóstico. E a questão da forma de atuação e número de profissionais e
tempo que ficarão dedicados com exclusividade ao CT estão sendo
discutidas no momento. A ideia é fazer um mix com a turma que está com a
da Exos. É preciso interação.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2015/12/godinho-ve-equipe-apatica-e-decreta-para-2016-tem-que-passar-o-rodo.html