Argentino posa com bolas que levou para casa após marcar três gols, recorda elogios de Raúl e diz que Thiago o amoleceu: “Antes perdia e não falava com ninguém”
Messi, Antonella e o filho Thiago ( Foto: Instagram)
Você pode imaginar que não, mas Messi teve muito do que reclamar. Exigente, confessou até mesmo passar “dias sem falar com alguém” após as derrotas. A temporada 2013/2014, quando não ganhou título algum e ainda perdeu a Copa do Mundo na final, foi, portanto, uma enorme decepção - mas transformada em aprendizado com o crescimento do filho Thiago, de dois anos e meio. Ele aprendeu a enxergar a vida além do futebol, dos gols embalados em noites que eram dia, nunca o oposto, como diz o ditado. E abriu o coração em entrevista à revista oficial do Barcelona, divulgada nesta segunda-feira.
- A chegada do Thiago mudou tudo. Primeiro, no pensamento. Primeiro penso nele e depois nos demais. Me mudou também a maneira de ver um jogo. Antes perdia ou fazia algo ruim e não falava com ninguém durante três ou quatro dias até que ficava louco. Agora perco um jogo, chego em casa e vejo o meu filho e tudo passa. A raiva segue por dentro, mas vê-lo já me muda todo. Ser pai me ajudou a crescer. Me ajudou a não ficar louco pelo futebol e a pensar em outras coisas da vida, também.
Messi posou para a foto principal da publicação com as bolas que levou para casa depois de marcar um hat-trick, o que já aconteceu 32 vezes na carreira com a camisa do Barça. O primeiro, num clássico contra o Real Madrid, em 2007, é o que traz as melhores recordações, graças aos elogios de Raúl.
- Ele me disse algumas palavras, nesse momento para mim foi muito bonito, pelo que significava Raúl e pelo que significava aquele jogo (empate por 3 a 3).
Argentino pediu para companheiros assinarem
as bolas do jogo após hat-tricks
(Foto: Reprodução / Site Oficial)
Confira esses e outros trechos da entrevista abaixo:
Parece feliz dentro e fora de campo. É assim?
Me sinto feliz. A verdade é que comecei a temporada de outra maneira depois do que aconteceu comigo no ano passado. Tive um ano complicado pelo que acontecia fora de campo, por minhas lesões e pelo meu rendimento. Mas neste ano comecei de outra maneira e agora me sinto muito bem.
Sente que recuperou a sua melhor versão?
No ano passado eu tive uma temporada irregular. Estive muito tempo fora por culpa das lesões e perdi muitos jogos. Quando voltei nunca consegui me encontrar. Foi um ano que tento esquecer rápido para recuperar minha melhor versão graças à alegria, ao trabalho e ao esforço, como sempre fiz, e por sorte agora me encontro muito bem.
No ano do “triplete” você tinha tantos gols como tem agora (45). É um sinal?
Tomara que sim! Deus queira que tenha alguma relação. Já temos uma final guardada que nos espera, no Espanhol dependemos de nós mesmos e na Champions sabemos que é o mais difícil. Mas também temos a vontade de chegar o mais longe possível, e lutaremos por tudo isso.
O que significa já estar numa final de Copa? É uma injeção de ânimo?
Vínhamos de um tempo que ganhávamos tudo, a cada ano conseguíamos algum título, e talvez tanto a torcida como nós mesmos não valorizávamos o que estávamos conseguindo. Passamos um ano em branco, e agora, quando chegam os êxitos, damos a importância que merecem e desfrutamos mais porque sabemos que são muito complicados de conseguir.
Você tem mais tranquilidade de ter Neymar e Suárez do seu lado, dividindo a responsabilidade de fazer os gols?
Nunca pensei desta maneira, nem me senti com a obrigação de fazer gols porque se não fizesse o time não venceria. Pelo contrário, o Barça sempre teve grandes atacantes, não apenas agora com Neymar e Luis. Mas é certo que estamos aproveitando muito a presença dos dois porque são figuras mundiais. Eles nos dão muitíssimas outras coisas além dos gols. Mas, neste sentido, estou tranquilo.
Lionel Messi e Neymar comemoram gol do
Barcelona no último sábado (Foto: Reuters)
Eu sempre peço a eles para assinarem a bola porque acho que é um reconhecimento para todo o time. Sem meus companheiros eu não teria conseguido tudo o que atingi no individual, e acho que, com um hat-trick, mais do que nunca, porque dependo muito deles para fazer o gol, por isso é uma memória agradável ter a assinatura de todos.
Onde guarda as bolas?
Guardo as bolas na minha casa, numa das vitrines, com os troféus, mas tenho pensado em fazer algo especial, algo mais bonito com todas as bolas. Quero que tenham um lugar mais especial.
Lembra de todos os hat-tricks?
Assim, agora, a verdade é que não. Preciso voltar a ver os gols ou que me digam algo para eu lembrar.
Perna direita
Acho que tem muito de casualidade. Esse ano voltei ao lado direito do ataque e por ali tenho muitas oportunidades para finalizar com essa perna. Treinamos muitos chutes desde fora da área tanto com a direita como a esquerda, e tento experimentar tanto nos treinos quanto nos jogos, e está acontecendo. Pode ser que haja um pouco de tudo: de treinamento, de casualidade e da maneira de jogar agora.
Algum comentário de rival mexeu com você?
Lembro justamente de um jogo contra o Real Madrid (2007). Quando terminou (empate por 3 a 3) veio o Raúl e me parabenizou. Ele me disse algumas palavras, nesse momento para mim foi muito bonito, pelo que significava Raúl e pelo que significava aquele jogo.
Pênaltis perdidos com frequência
Sim, me dá muita raiva. O que acontece é que tenho que cobrar muitos pênaltis, porque tanto aqui, no Barça, como na Argentina, eu sou o encarregado, e os goleiros te estudam e te conhecem mais. É verdade que dizem que um pênalti bem cobrado é muito difícil de ser defendido, mas agora está mais complicado para mim. São coisas do futebol, mas eu realmente fico muito mal quando perco, como aconteceu contra o Manchester City, quando o gol nos daria uma vantagem importante e praticamente nos colocaria na próxima fase.
Filho
A chegada do Thiago mudou tudo. Primeiro, no pensamento. Primeiro penso nele e depois nos demais. Me mudou também a maneira de ver um jogo. Antes perdia ou fazia algo ruim e não falava com ninguém durante três ou quatro dias até que ficava louco. Agora perco um jogo, chego em casa e vejo o meu filho e tudo passa. A raiva segue por dentro, mas vê-lo já me muda todo. Ser pai me ajudou a crescer. Me ajudou a não ficar louco pelo futebol e a pensar em outras coisas da vida, também.
FONTE:
http://glo.bo/1JEeHye