Equipe paulista mostra consistência e vence as heptacampeãs por 3 sets a 0, num Maracanãzinho lotado
Por Danielle Rocha
Rio de Janeiro
Jogar a última final da carreira, num dia 14, era tido como um bom
sinal por Fernanda Venturini. Por muito tempo foi esse o número que
carregou na camisa, e que passou a ser sinônimo de sorte para ela. Só
que neste sábado, no Maracanãzinho, uma outra levantadora vestia a 14.
Desta vez, a sorte sorriu para
Fabíola, que em sua primeira decisão como
titular, ajudou a conduzir suas companheiras e o Osasco ao
pentacampeonato da Superliga (2002/2003, 2003/2004, 2004/2005, 2009/2010
e 2011/2012). Na oitava vez em que brigaram pelo título, a equipe
paulista mostrou mais consistência, contou com grande atuação da
americana Hooker, e não deu chances para as heptacampeãs e nem para que
Fernanda se despedisse com o tão sonhado troféu: 3 sets a 0, parcias de
25/14, 25/18 e 25/23.
- Eu não tenho padrinho, mas tenho uma família linda que na hora da
derrota me põe para cima. Sou privilegiado. Se eu pudesse, deitava aqui
no Maracanãzinho e ficava olhando para esse teto o dia todo - disse o
técnico Luizomar de Moura.
A vibração do Osasco, pentacampeão da Superliga feminina (Foto: Alexandre Loureiro / Vipcomm)
O jogo
O Rio de Janeiro saiu na frente, com um ataque forte de Sheilla. Foi o
único momento em que esteve no comando do placar. O adversário ditava o
ritmo e o time da casa subia com vontade no bloqueio para tentar conter o
ímpeto ofensivo do Osasco. Fernanda deixou tudo igual (6/6) quando
fechou, sozinha, a porta para Jaqueline. A ponteira e suas companheiras
ficaram mordidas e, dali em diante, passaram a atacar mais forte. O Rio
desperdiçava saques, a bola não chegava redonda às mãos de Fernanda o
bloqueio já não era o paredão de antes. Do outro lado, tudo dava certo. O
time estava redondinho e não demorou a abrir 17/10.
Bernardinho balançava a cabeça, dava orientações, mas nada mudava.
Trocou Fernanda por Roberta, Sheilla por Ju Nogueira, só que as falhas
continuavam. O saque do time paulista castigava. Hooker também. Enquanto
Bernardinho gritava, tentava acordar suas pupilas, Luizomar de Moura
levava uma conversa ao pé do ouvido com a levantadora Fabíola durante o
pedido de tempo.
Na volta dele, diante de um Rio de Janeiro apático, o
Osasco fechou o primeiro set em 25/14.
Hooker, principal destaque da final da Superliga, voa para atacar (Foto: Mauricio Val / Vipcomm)
As heptacampeãs respiraram fundo e se cumprimentaram antes de voltar à
quadra, como se o jogo estivesse começando ali para elas. Mais atentas e
vibrantes, conseguiram equilibrar as ações. Abriram 4/1 e forçaram o
pedido de tempo. O Osasco se arrumou e virou (5/4). Só que já não
encontrava aquela fragilidade de antes do outro lado da rede. Sheilla
passou a virar mais bolas, ajudando o time carioca a fazer 14/13. A
torcida fazia a sua parte e mostrou satisfação quando Bernardinho chamou
Amanda para o jogo. O talismã estava em quadra. Se empenhava, só que
Hooker voava mais alto. Sem encontrar resistência à sua frente, colocou o
Osasco em vantagem: 18/15. As companheiras foram no embalo. Estavam
firmes na defesa e faziam valer seu poderia ofensivo, que tanto
preocupava o Rio de Janeiro (21/17). Tandara, Jaqueline, Hooker,
Adenízia, Thaísa... Estava difícil segurá-las: 25/18.
Jaqueline também brilhou na decisão contra o Rio
de Janeiro (Foto: Mauricio Val / Vipcomm)
Mas era preciso fazer isso se quisessem se manter na briga pelo título.
O Rio saiu na frente e fez 4/2 após um erro de Hooker. O Osasco logo
reagiu. Conseguiu dois aces e num ataque de Hooker conseguiu a virada
(7/5). Com Mari e um bloqueio duplo de Fernanda e Jucyely, as anfitriãs
retomaram o comando do marcador (10/9). Luizomar de Moura achou melhor
parar a partida. Pediu tempo, conversou com suas pupilas e a resposta
veio rapidamente. O time abriu três pontos após duas bobeadas de Mari. O
Rio ainda acreditava. Tirou proveito das falhas e do saque de Amanda
para empatar (18/18). A alegria durou pouco tempo. Fabíola procurou por
Hooker duas vezes seguidas e ela colocou a bola no chão.
Na arquibancada, a torcida vestida de azul já roía as unhas. A de
laranja, em menor número, cantava a plenos pulmões. O Rio não dava
ouvidos e subia no bloqueio. Um de Carol deixou tudo igual de novo
(21/21). Diante da tentativa de reação, foi só chamar Hooker, que dos
últimos seis pontos do Osasco tinha sido responsável por cinco. Fez mais
um e deixou sua equipe a um ponto do título (24/22). Jaqueline
desperdiçou a primeira chance, mas Thaísa não perdeu a chance que teve:
25/23.
- Foi uma Superliga incrível. A cada ano que passa está mais difícil
chegar numa decisão. Não é ganhar ou perder. A gente sai com o espírito
de não ter feito o que deveria ter feito - disse Fabi, líbero do Rio de
Janeiro.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2012/04/no-jogo-de-despedida-de-fernanda-osasco-bate-o-rio-e-conquista-o-penta.html