quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Caso Bruno: delegado depõe sobre desaparecimento de Eliza

O goleiro Bruno segurava uma Bíblia ao ser transferido para o presídio de Bangu II, no Rio, no dia 8 de julho. Ele e Macarrão ficaram no local apenas .... Foto: Severino Silva/O Dia /Jornal do Brasil
Bruno está preso desde julho acusado de participação no crime


lO delegado Wagner Pinto, da Polícia Civil de Minas Gerais, prestava depoimento na tarde desta quinta-feira no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, sobre o desaparecimento e suposta morte de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza. Segundo informações do fórum, ele começou a ser ouvido às 13h40 pela juíza Rosângela Carvalho Monteiro e, por volta das 15h15, continuava depondo.
Ele foi convocado para falar sobre o caso por meio de carta precatória, instrumento que permite que um indivíduo seja ouvido em outra comarca. O processo no qual Bruno e mais oito pessoas são réus pelo crime corre na comarca de Contagem.
Pinto e mais três delegados que participaram do inquérito - Edson Moreira, Ana Maria Santos e Alessandra Wilke - foram dispensados, em outubro, de prestar depoimento pela juiza Marixa Fabiane Lopes, responsável pelo processo. Na ocasião, a magistrada acatou o pedido do Ministério Público para que os quatro não fossem ouvidos como testemunhas (quando há o juramento de falar apenas a verdade) ou informantes (sem juramento e com possibilidade de se negar a responder) no processo.
Hoje, a juíza adiou sem data definida a decisão sobre o processo da morte de Eliza. Na sexta-feira, a magistrada deveria anunciar se mandaria ou não para júri popular os réus. Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o adiamento foi provocado pelo fato de alguns advogados de defesa terem atrasado a entrega das alegações finais.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime. Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia, decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime. Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a participação de uma namorada do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos.
O jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado. Após mais de 4 meses na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), Flavinho, o motorista de Bruno, foi solto em 27 de novembro, após ter prisão revogada pela Justiça. Ele foi excluído do pedido para que os réus fossem levados a júri popular, feito pelo Ministério Público dias antes, mas segue no processo até decisão final da Justiça mineira.
No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Conforme a sentença do juiz Marco Couto, o goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão corporal e constrangimento ilegal, e seu amigo, três anos de reclusão por cárcere privado.

Entre Grêmio e Goiás, um destino cruel

Comentário do Jornalista carioca José Islan, publicado em seu blog, que concordo inteiramente, e aqui transcrevo, fazendo dele minhas palavras.

Quis o destino que dois clubes brasileiros estivessem em lados opostos de interesses na final da Sul-Americana;
Foi cruel.
Porque ambos, Grêmio e Goiás, por razões diferentes, mereciam um bom desfecho em 2010.
Não concordo com quem diz que o Grêmio, pela bela campanha que fez no Brasileiro, merecesse a vaga na Libertadores mais do que o Goiás.
O time esmeraldino fez ótimo papel na competição continental, eliminou adversários dificeis para chegar à final, e sempre decidindo fora de casa. O fato de ter sido rebaixado no Brasileiro não diminui o seu mérito. São duas competições distintas, com regulamento distinto.
Foi bem na Sul-Americana. Foi mal no Brasileirão. Simples assim. Algum problema?
Não, a não ser para o próprio clube, que vai pagar por seus erros ano que vem, na Série B.

É tolice o argumento de que um rebaixado não poderia representar bem o Brasil na Libertadores. Este Goiás, que terminou de forma valente a Sul-Americana, nada tem a ver com aquele rebaixado. Tivesse engrenado antes no Brasileiro, certamente teria frequentado a parte de cima da tabela. Sob o firme comando de Artur Neto, foi superior ao Independiente a maior parte do tempo na Argentina, merecia ao menos o empate, e foi punido pela frieza dos pênaltis.
Enquanto isso, torcida e time do Grêmio estavam no seu papel, no direito legítimo de almejar seus próprios interesses.
Principalmente o técnico Renato Gaúcho, que operou um milagre. Ter sido o melhor time do returno do Brasileiro já seria algo notável. Mas conquistar o passaporte para a Libertadores, convenhamos, era quase inalcançável para um time que estava nas profundezas do Z4: equivale a um título do ídolo-comandante, poucos meses após retornar ao clube onde se consagrou.
Acho que nem o mais otimista dos gremistas esperava por tanto, tão rapidamente. Quando Renato foi contratado, até avisei que transformaria o Grêmio (leia aqui), mas ele chegou mais longe do que parecia provável.
Parabéns efusivos a Renato Gaúcho. Parabéns ao bom e promissor Artur Neto.
Parabéns ao Grêmio. E, por que não, parabéns ao Goiás.