Depois
de oito torneios (Charleston, Barcelona, Stuttgart, Fes, Estoril,
Budapeste, Madri e Roma) em seis semanas, chegamos, enfim, ao ápice da
temporada de saibro: Roland Garros. Sim, o circuito ainda tem Bruxelas e
Estrasburgo nesta semana, mas os eventos que realmente medem a
“temperatura” da terra batida já estão no passado. Está na hora de ver
quem são as principais candidatas ao título em Paris.
O ranking do saibro
Antes de entrar nas análises propriamente ditas, listo aqui as dez
tenistas que mais somaram pontos nos torneios de saibro pós-Miami:
Serena (1.865), Sharapova (1.620), Azarenka (1.145), Na Li (990),
Radwanska (720), Errani (710), Stosur (695), Kerber (655), Kvitova (505)
e Hradecka (490). Não é por acaso que as favoritas estão todas nesta
lista (veja o ranking completo do saibro no fim do post). Há, porém,
outros nomes que podem aprontar em Paris. Do mesmo modo, o ranking não
pode ser a única base para apontar favoritas ao título na terra batida
francesa. Mas calma lá. Uma coisa de cada vez.
Favoritíssimas
Serena
Williams e Maria Sharapova. Colocar a americana aqui não tem,
necessariamente, a ver com o seu “ranking do saibro”. Afinal, mil pontos
vieram naquela aberração que foi o saibro azul de Madri. O torneio
espanhol, embora divertido pelas zebras no masculino, não pode servir de
parâmetro. Mesmo assim, Serena está invicta no pó de tijolo. Passeou no
(fraco) WTA de Charleston, venceu Madri sem dar chances a Sharapova ou
Azarenka e vinha com folga em Roma até abandonar o torneio. Pelo que a
ex-número 1 disse, a lesão alegada para a desistência não parece ser
motivo para preocupação. Além disso, Serena é um caso meio parecido com o
de Federer. Basta que ela esteja em duas semanas inspiradas para vencer
qualquer adversária.
Quanto
a Sharapova, é importante dizer que a russa achou uma maneira de fazer
seu tênis eficiente no saibro. Forçando menos o primeiro saque e
cometendo menos duplas faltas e aproveitando o tempo extra que a terra
batida lhe oferece para se defender e contra-atacar. Em três torneios no
piso, só foi derrotada uma vez. E saiu-se bem em situações delicadas,
como os jogos contra Kvitova e Stosur em Stuttgart e a maluca final em
Roma. A justificada fama de jogar bem em momentos importantes também
pesa muito a favor de Sharapova.
Fortes candidatas
Victoria Azarenka, Petra Kvitova, Na Li e Samantha Stosur. Azarenka talvez
merecesse
estar em um nível separado, acima das outras três deste grupo, mas quem
se importa para grupos? O fato é que Azarenka fez um belo torneio em
Stuttgart e jogou bem em Roma, mas abandonou depois de uma vitória (mais
uma com uma lesão que, aparentemente, não preocupa). Só um evento na
terra batida vermelha não nos dá a melhor medida para análise, mas todos
conhecemos o tênis de Azarenka. O saibro é bom para quem sabe se
defender como ela. Basta que ela não se “esqueça” de atacar contra as
rivais mais fortes. A bielorrussa sempre corre riscos quando começa de
forma cautelosa uma partida contra Serena ou Sharapova. Se a rival
inicia bem e ganha confiança, fica difícil virar o jogo.
Kvitova não fez nada espetacular no saibro até agora. Fez jogo duro contra Maria
em
Stuttgart (indoor, era de se esperar) e foi até as quartas em Roma, mas
sentiu uma lesão no abdômen e teve sua atuação prejudicada contra
Kerber. Petra voltou para se tratar na República Tcheca e, segundo sua
assessoria de imprensa, deve estar bem em Paris. Se a questão física não
incomodar, a tcheca tem as armas para ir longe em Roland Garros. Um
ótimo saque, uma devolução imponente e curtinhas eficientes. Seu arsenal
é até mais interessante que o de Sharapova. A diferença é que a russa
se movimenta melhor no pó de tijolo.
Stosur vai ser sempre um ponto de interrogação para mim. A australiana pode
tanto
chegar e jogar um belo tênis durante duas semanas como pode fazer uma
estreia desastrosa e se despedir cedo. De qualquer modo, uma finalista
de Roland Garros sempre merece respeito – especialmente uma que tem um
saque tão eficiente na superfície. A temporada de saibro de Stosur não
foi espetacular. Poderia ter sido melhor se não esbarrasse em Serena
(Charleston) e/ou Sharapova (Stuttgart). No entanto, foi boa o
suficiente para colocá-la na lista de postulantes ao título. Uma chave
favorável pode dar ritmo na primeira semana e fazer de Stosur uma grande
ameaça nas rodadas finais.
Na
Li é a atual campeã. Ponto positivo e, ao mesmo tempo, negativo. Ajuda
quando faz o tenista acreditar que pode repetir o feito, mas atrapalha
quando a pessoa se vê sob pressão para defender o troféu, os pontos, o
ranking, etc.. As boas atuações em Roma pesam a favor. Pesam contra,
contudo, as viajadas que a chinesa viveu na capital italiana. Complicou
um jogo dominado contra Cibulkova e deixou escapar o título contra
Sharapova quando liderava o segundo set por 4/0. Na véspera da final, Na
Li já revelava a repórteres os problemas de concentração que vem
encontrando.
Correndo por fora
A verdade é que todo o resto da WTA corre por fora. Alguns nomes,
porém, têm mais chances de aprontar. Agnieszka Radwanska, por exemplo,
não pode ser considerada uma zebra. No entanto, a potência que lhe faz
falta nas quadras duras costuma lhe atrapalhar ainda mais no saibro. A
ascendente Angelique Kerber é outro bom nome, mas que talvez sinta o
peso de entrar em um Grand Slam como top 10 pela primeira vez.
Ana Ivanovic e Venus Williams são outros dois ótimos nomes. A
americana vem jogando cada vez melhor, mas é difícil imaginá-la mantendo
o alto nível por duas semanas – mesmo com os dias de descanso que os
Slams dão entre as partidas. A sérvia vive os altos e baixos de sempre e
também depende de atuações inspiradas que não são tão frequentes assim.
Minha maior curiosidade olhando o top 10 da WTA (o ranking de fato,
não o do saibro) diz respeito à atuação de Caroline Wozniacki. Número 1
do mundo no começo do ano, a dinamarquesa caiu para o nono lugar e não
se mostrou perigosa nos últimos torneios. Acumulou derrotas para Kerber,
Serena e Medina Garrigues (abandonou este último jogo quando perdia o
segundo set por 4/0). Não sei o que esperar dela em Paris.
E você, leitor? Quer apontar alguma favorita ou zebra em potencial
para Roland Garros? A caixinha de comentários é sua. Divirta-se.
Ah, sim. Para ver o ranking do saibro, clique no “leia mais” e acesse
a tabela. Tenha em mente que não computei os pontos de primeira rodada.
Entram na tabela apenas os resultados de quem venceu.