'O Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não impusemos', diz presidente da Fifa. Para suíço, camisa 10 da Seleção pode brigar pela Bola de Ouro
Blatter em entrevista exclusiva nesta terça: elogios aos novos estádios brasileiros (Foto: Vicente Seda)
Sobre as manifestações, o suíço afirmou que o futebol não deveria ser usado para reivindicações populares. Ao ver a insatisfação do povo relacionada aos gastos para a Copa do Mundo de 2014, ele lembrou que a realização do torneio não foi imposta ao país. Na visão do mandatário da entidade que dita as regras do futebol mundial, é normal que aconteçam problemas logísticos agora, no que considera um ensaio para o evento principal.
Blatter não se furtou a comentar as vaias a Dilma, no jogo de abertura da Copa das Confederações, entre Brasil e Japão, sábado passado. O suíço, que na hora pediu "respeito e fair play" aos torcedores, disse que fez isso em respeito à presidente.
O dirigente também falou sobre Neymar, que acertou a saída do Santos rumo ao Barcelona dias antes da Copa das Confederações. Blatter chegou a comparar o brasileiro ao argentino, eleito pela Fifa como melhor do mundo nos últimos quatro anos:
- No jogo de abertura, vimos que ele é um jogador excepcional. Tem movimentos instintivos com a bola, você pode compará-lo um pouco com Messi. É instintivo, não se pode ensinar. ¨
Confira a íntegra da entrevista de Joseph Blatter:
GLOBOESPORTE.COM: Qual sua opinião sobre os protestos no Brasil?
Blatter: Estão relacionando (as manifestações) com a Copa das Confederações. Eu posso entender que as pessoas não estão felizes. Mas acho que eles não deveriam usar o futebol para anunciar as reivindicações.
Os protestos também são sobre os custos dos estádios. O que o senhor pode falar sobre isso?
O Brasil pediu essa Copa do Mundo. Nós não impusemos ao Brasil esta Copa do Mundo. Eles sabiam que para ter uma boa Copa do Mundo naturalmente teriam que construir estádios. Mas nós dizemos que não é apenas para a Copa do Mundo. Junto com os estádios há outras construções: rodovias, hoteis, aeroportos... São itens do legado para o futuro. Não é apenas para a Copa do Mundo.
O senhor está preocupado com os protestos? Falou com a presidente Dilma Roussef ou com o ministro Aldo Rebelo sobre isso?
Sim, tive um jantar com o ministro ontem (segunda-feira) à noite em Belo Horizonte. Ele falou sobre isso (protestos). Mas este é um assunto que o governo que tem que gerenciar e controlar. Não é um assunto da Fifa. A única coisa que posso dizer é: o bom futebol e os estádios excelentes que oferecemos estão aí para entreter e dar emoção.
O que o senhor pode dizer sobre a infraestrutura da Copa das Confederações: estádios e cidades?
Não é apenas no Brasil, mas (houve problemas) em todas as Copas do Mundo, estou nelas desde 1978. Quando você faz um evento como a Copa das Confederações é normal que alguns problemas precisem ser resolvidos. Sabemos como resolver alguns problemas, logísticos, problemas do Comitê Organizador Local.
Pessoas tiveram problemas para chegar a alguns estádios. O que dizer sobre isso?
É um país com 200 milhões de pessoas e é natural que em algum lugar haja engarrafamentos, problemas com mobilidade. É algo que precisa ser resolvido dentro do Brasil e dentro das diferentes cidades-sedes.
Como o senhor avalia nossa preparação para a Copa do Mundo?
Tivemos somente quatro jogos até agora. Posso dizer que os estádios são joias, são maravilhosos. Fiquei impressionado com o novo Maracanã e o de Brasília. O futebol tem sido atraente, tivemos ótimos jogos.
O Brasil está preparado?
Sim, claro, claro que está preparado.
Blatter diz que ligas nacionais poderão adotar tecnologia na linha do gol (Foto: Vicente Seda)
Os campeonatos nacionais têm o direito de usar isso (a tecnologia) livremente. A Premier League, da Inglaterra, vai usar para a temporada que começa em setembro. É um sistema que está disponível para as ligas e diferentes competições e aqueles que quiserem usar, poderão usar. Eu penso que é uma grande ajuda para os juízes.
Apenas a Goal-line está disponível?
São três sistemas aprovados e elas (ligas) poderão usar a que elas quiserem.
A Fifa pensa em adotar outras mudanças?
As leis do jogo começaram em 1886. Antes da Fifa, que nasceu em 1904. Se você olhar para as leis do jogo, praticamente nada mudou, seguem sendo: onze jogadores, um juiz, uma bola, dois tempos, impedimento. Talvez por isso o jogo e tão universal porque as leis não ficam mudando.
Qual o time favorito para ganhar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo?
Se eu indicar o favorito, as pessoas vão dizer que estamos manipulando. Não sou profeta, e sou feliz por não ser profeta. Mas, ano que vem, será difícil bater o Brasil. Não falo sobre este ano porque são apenas oito times. Os europeus vão querer bater o Brasil porque em Copas do Mundo realizadas nas Américas, Norte ou Sul, nunca um europeu foi campeão. Eles querem, agora, mudar isso.
Sobre Neymar. Ele pode estar no Fifa Gala (evento de entrega da Bola de Ouro)?
Ele pode ser um dos melhores, mas terá que provar nesta competição. Os melhores jogadores do mundo, da Bola de Ouro do ano que vem, serão decididos até o fim de outubro. Agora, ele tem a plataforma para mostrar. No jogo de abertura, vimos que ele é um jogador excepcional. Tem movimentos instintivos com a bola, você pode compará-lo um pouco com Messi. É instintivo, isso não se pode ensinar.
Qual será o comportamento do torcedor brasileiro nestas competições?
Se eu pudesse, diria que todos os torcedores no mundo deveriam se comportar como os do Corinthians no último Mundial de Clubes, no Japão.
Mas, no sábado, o senhor pediu 'jogo limpo' na abertura da Copa das Confederações.
Pedi respeito à chefe de Estado. Eles podem vaiar o presidente da Fifa, não me importo, porque o presidente da Fifa ou as pessoas gostam ou não gostam. Mas a chefe de Estado estava lá e eu pedi por um pouco de respeito e de jogo limpo. Para ela, não para mim.
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/futebol/copa-das-confederacoes/noticia/2013/06/blatter-compara-neymar-messi-e-comenta-vaias-e-manifestacoes.html