Prestes
a fazer sua estreia oficial na Major League Soccer (MLS), Kaká já não
passa despercebido pelas ruas de Orlando. Quando apresentado à torcida
da franquia da cidade, que também debuta na principal liga de futebol
dos Estados Unidos, o brasileiro sentiu que o público cativo do esporte
no país estava empolgado como nunca por sua chegada. Mas os nove meses
que se passaram desde então foram suficientes para expandir sua
popularidade aos que não habitam o universo do soccer.
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Emprestado
ao São Paulo até o fim do último Brasileirão, o ex-jogador do Milan
rumou de vez para os EUA há poucos meses e já vem conseguindo sentir
maior reconhecimento. O assédio, antes restrito aos inúmeros brasileiros
e latinos que moram ou visitam a cidade durante todo o ano, agora já
alcança outro tamanho. Cada vez mais, os americanos se orgulham de ter
no futebol local o último ganhador da Bola de Ouro (2007) antes da
dinastia de Cristiano Ronaldo e Messi (o português levou em 2008, 2013 e
2014, enquanto o argentino foi eleito o melhor do mundo de 2009 a
2012).
- Eu vejo que isso está aumentando. Quando eu cheguei, o
tratamento era de
um jeito. De um mês para agora, já é outro. Vou nos lugares e as
pessoas já reconhecem. Não só latinos, pois no começo eram muito os
brasileiros ou latinos, pessoal que tem o futebol como grande paixão.
Agora os americanos também, a cidade está curtindo muito mais. Então,
toda essa mudança eu venho sentindo do povo aqui de Orlando - afirmou o
camisa 10 e capitão do Orlando City ao GloboEsporte.com após um treino
do novo time, na Flórida.
Camisa 10 e faixa da capitão: Kaká será o líder
do Orlando City em campo (Foto: Divulgação)
Confira a entrevista exclusiva de Kaká ao GloboEsporte.com:
GloboEsporte.com:
Quando você chegou ao Milan, era muito jovem, e no Real Madrid tinha
outros craques para dividir a responsabilidade. Aqui você é o cara, além
de camisa 10, é o capitão. É uma sensação diferente na sua carreira?
Sentirá o peso nas costas em algum momento?Kaká:
- Acho que em nenhum momento vai ter isso, até porque no futebol eu
aprendi a dividir as responsabilidades. Sei a minha, qual é. Sei o que
represento para esse time, mas futebol realmente é um grupo. Não são 11
só, que entram em campo, são 25, todos que estão ali. Quanto mais forte o
grupo for, maior a possibilidade da gente ter sucesso ao fim da
temporada.
Acho que o título vai ser consequência. Acho que vai ser muito mais
legal a parte de ajudar no desenvolvimento do clube, continuar o
desenvolvimento do futebol aqui nos EUA. Uma série de outros fatores vai
fazer com que eu tenha sucesso aqui"
Kaká
O que precisa acontecer pra você poder dizer que valeu a pena jogar aqui? Somente um título?-
Acho que o título vai ser consequência. Acho que vai ser muito mais
legal a parte de ajudar no desenvolvimento do clube, continuar o
desenvolvimento do futebol aqui nos EUA. Uma série de outros fatores vai
fazer com que eu tenha sucesso aqui. Claro que dentro de campo quero
ser campeão, ter sucesso, mas aqui está nascendo um projeto a longo
prazo. Esse é o meu pensamento.
- Na década de 1970, a
gente teve o Pelé por aqui. Você acredita que você pode ser o novo
Pelé, o novo embaixador do soccer nos EUA?- O futebol
aqui vem crescendo num desenvolvimento muito grande. Muitas pessoas têm
visto isso. Pelé teve a geração dele que passou por aqui, o Beckham
recentemente. Tem uma sequência de jogadores passando pelo futebol
americano. O Thierry Henry o mais recente também. E agora uma nova
geração: eu, Lampard, Villa, Gerrard... Acho que são jogadores que podem
dar continuidade a tudo isso, sem falar nos nomes americanos. O futebol
americano vem crescendo muito também, com a seleção, jogadores
disputando maiores competições. Tudo isso faz com que o futebol
americano tenha maior visibilidade, com todo mundo olhando para cá.
Kaká recebe o GloboEsporte.com em Orlando:
craque fará estreia pela MLS no próximo
domingo (Foto: Jorge Natan)
Se você pudesse escolher um cara ser seu companheiro aqui no Orlando City, quem seria?-
Tem muitos aí que eu poderia escolher, mas não vou nem citar para não
criar nenhum tipo de problema. Tem muitos jogadores que vão acabar
passando pelo futebol americano e já foram grandes astros do futebol
mundial.
Como está o dia a dia em Orlando? Você já morou em cidades mundiais como Madri e Milão, mas é bem diferente?-
É diferente o país, a comida, a língua. Esse processo de adaptação é
bem legal, também. Conhecer como funcionam as coisas. Disso eu gosto
muito, então estou aprendendo muito aqui. Esse dia a dia na vida em
Orlando está sendo muito bom.
Como você tem percebido o tratamento? Já te reconhecem, param para tirar foto?-
Eu vejo que isso está aumentando. Quando eu cheguei, o tratamento era
de um jeito. De um mês para agora, já é outro. Vou nos lugares e as
pessoas já reconhecem. Não só latinos, pois no começo eram muito os
brasileiros ou latinos, pessoal que tem o futebol como grande paixão.
Agora os americanos também, a cidade está curtindo muito mais. Então,
toda essa mudança eu venho sentindo do povo aqui de Orlando.
Apresentação do brasileiro, em julho, lotou
aeroporto da cidade (Foto: Reprodução
/ Facebook)
Como é ter um parque de diversões como a Disney no quintal? Os filhos aproveitam muito?-
É muito bom ter essa possibilidade de atração. Na Disney, nos parques,
sempre tem algo acontecendo, alguma atração. E isso faz com que, para as
crianças, seja um refúgio. Está cansado em casa, sem fazer nada, manda
para o parque que eles se divertem. Mas eu também curto bastante, é uma
grande atração. Eles estão no Brasil por enquanto, esperando a casa
ficar pronta, e assim que ficar pronta eles mudam para cá.
Kaká posa com Mickey em anúncio de parceria entre Disney e Orlando City (Foto Divulgação)
O
Ronaldo é sócio de um clube que fica a três horas daqui e está dizendo
que vai voltar a jogar. Você pode ir lá um dia para visitá-lo e vê-lo
jogar?- Seria legal ver o Ronaldo jogar de novo. Eu
como grande fã do Ronaldo, seria muito legal ver ele jogando novamente.
Espero que isso aconteça.
Dos jogadores que estão ficando mais velhos, que você acha que pode vir jogar aqui um dia? Cristiano Ronaldo?-
Isso é muito difícil de falar, é muito pessoal. Sempre tive a vontade
de jogar aqui um dia, sempre foi um objetivo pessoal. Não sei, vai
depender da motivação de cada um.
Você se frustrou no Real Madrid com o Mourinho?-
Em nenhum momento (me frustrei). Pelo contrário, minha relação com o
Mourinho sempre foi muito boa. Sempre foi um grande desafio para mim
poder convencer que eu poderia ter uma continuidade maior de jogos
dentro do Real Madrid. Isso fez com que eu lutasse, batalhasse pelos
meus objetivos. Então, sou muito agradecido pelo que ele fez por mim,
com relação a me ajudar no desenvolvimento pessoal, e pela história que
eu tenho no clube. Foram quatro anos, três títulos, tem números
positivos.
E quando você parar de jogar, pensa em ter algum cargo no clube, alguma função na MLS?-
Meu pensamento agora é dentro de campo. Tenho contrato de três anos
como jogador. Penso muito nesse curto prazo, médio prazo de três anos
para ver o que vai acontecer. Depois penso na minha aposentadoria.
FONTE:
http://glo.bo/1KyZPW4