É
dando que se recebe, diz certo ditado. Pois a Alemanha o levou ao pé da
letra e pôde ficar satisfeita de, em apenas dois dias, já ter criado
empatia com o povo brasileiro. Nesta segunda-feira, a DFB (Federação
Alemã) organizou um treino aberto com a presença de todo o povo local de
Santa Cruz Cabrália, incluindo a aldeia indígena Pataxó. Eles roubaram a
cena na atividade, atraíram atenção total da encantada mídia alemã e
terminaram a manhã no centro do gramado com todos os jogadores e
comissão técnica.
Após uma apresentação com canto e
dança, o aniversariante Miroslav Klose se dirigiu ao meio da roda sem
saber da homenagem feita pelos seus 36 anos completos, nesta segunda.
Acabou se divertindo além da conta mesmo ainda sem o presente mais
desejado do momento: o recorde de gols de Ronaldo Fenômeno em Copas do
Mundo – o brasileiro soma um a mais (15 a 14), mas o alemão tem a
oportunidade de ultrapassá-lo a partir do próximo dia 16, contra
Portugal, pela abertura do Grupo G, em Salvador.
Festa de Klose em meio à comunidade
indígena marca segundo dia de treinos
da Alemanha (Foto: Editoria de Arte)
-
Ele ficou muito feliz, disse que gostou bastante da homenagem e não
esperava ser lembrado por alguém que está tão distante – disse Jithay
Matos, professor indígena que acompanhava o grupo.
Jithay
só não devia estar mais alegre que o próprio filho, Xohã, de seis anos.
A criança ficou no pescoço do atacante Lukas Podolski por alguns
instantes e ainda ganhou uma camisa de treino. Outro chegou até a bater
bola com o jogador do Arsenal (veja vídeo ao lado). Do
lado oposto do gramado, os quase 200 torcedores conseguiram fotos com
Mesut Özil, Manuel Neuer, Roman Weidenfeller, André Schürrle... Todos
pacientes com tantos pedidos.
- Foi sem dúvidas um
momento único. Nós não temos oportunidades de estar com um jogador
profissional sequer, o que dirá de uma seleção que vai jogar a Copa.
Tiramos fotos, pegamos autógrafos, demos presentes. A Alemanha ganhou
mais alguns torcedores depois de hoje. Se não jogar contra o Brasil
vamos torcer por eles – concluiu o professor indígena.
É
notável o reconhecimento dos alemães. Na primeira coletiva de imprensa
organizada em um resort em Santo André, bem próximo à concentração do
“Campo Bahia”, o secretário-geral da DFB, Helmut Sandrock, e o manager
Oliver Bierhoff reforçaram o agradecimento ao povo local. Ficaram
impressionados com a quantidade de pessoas nas ruas - incluindo crianças
- no desembarque na manhã de domingo.
Jogadores e comissão técnica assistem à
apresentação dos índios
(Foto: REUTERS)
-
Eu estive aqui com frequência e sempre me senti muito bem-vindo. O
calor e a felicidade das pessoas são contagiosos. Os jogadores já tinham
experimentado isso ontem. Nossas boas-vindas continuaram hoje com os
índios que vieram nos visitar depois de uma intensa sessão de
treinamento.
Nós inclusive dançamos um pouco, e isso foi um símbolo de
como os jogadores tentam abraçar a cultura brasileira o máximo possível.
Esperamos que essa influência seja positiva dentro de campo – disse
Bierhoff.
"Feliz por estar aqui"
Em
entrevista à página oficial da Federação, o capitão Philipp Lahm também
já se mostrara contente com a recepção. A primeira resposta veio
através de duas mensagens nas camisas utilizadas pelos atletas: “Feliz
por estar aqui” na frente e “Obrigado, Bahia” nas costas. É só o
começo.
- Basta olhar para os rostos dos jogadores.
Então você saberá como provavelmente nós nos sentimos. Desejo um enorme
agradecimento às pessoas de Santo André e da Bahia em geral. A Copa do
Mundo não poderia ter começado melhor para nós. Obrigado!
A
história pode não terminar em festa, mas definitivamente não será por
falta de incentivo. A Alemanha estreia contra Portugal, dia 16, a partir
das 13h (de Brasília), na Arena Fonte Nova, em Salvador. Os alemães
estão no Grupo G, ao lado também de Gana e Estados Unidos.
FONT: