Estudos científicos afirmam que ela aumenta a capacidade do corpo de produzir energia, acelerar a recuperação e melhorar a memória e o aprendizado motor
Esta
semana repercutiu no mundo do esporte um novo caso de doping que gerou surpresa e muitas indagações. A tenista russa Maria Sharapova, uma
das maiores atletas da modalidade, foi flagrada com uma substância desconhecida no próprio dicionário dos remédios proibidos.
Maria Sharapova anuncia em coletiva ter
sido flagrada no exame antidoping
(Foto: Kevork Djansezian/Getty Images)
Desta
vez não se trata de esteroides anabolizantes, estimulantes, diuréticos nem nada
conhecido. A droga detectada foi o Meldonium, uma substância que nunca apareceu
em nenhuma notícia de doping até então. De
onde surgiu esta nova substância e o que ela proporciona em termos de melhora
de performance para ser proibida?
Na
verdade, apesar de ser desconhecida da opinião pública, o Meldonium já era um
“velho conhecido” no mundo da ciência. Como
medicamento, o “mildronato”, que é o princípio ativo da droga, foi desenvolvido em 1970, sendo indicado como
coadjuvante do tratamento de algumas doenças, como isquemia do coração, doenças
neurodegenerativas, pulmonares e doenças do sistema imunológico.
Tenista russa fazia uso da substância proibida há 10 anos (Foto: EFE)
Em
2015, um trabalho publicado na revista científica “Drug and Testing
Analysis” por um grupo de pesquisa
da Universidade de Colônia, na Alemanha, alertava para o fato de a
substância
ter também efeitos ergogênicos de melhora de performance. Segundo
os próprios pesquisadores, o Meldonium já estava sendo monitorado
pela Agência Mundial Antidoping (WADA) durante os últimos tempos.
Seus
efeitos foram demonstrados em alguns estudos científicos e apontavam para uma
melhora da capacidade de produzir energia a partir da queima de carboidratos,
melhora da recuperação após o exercício e, curiosamente, um benefício de melhora de
“memória e aprendizado” motores, benefício este muito interessante para o
desempenho esportivo. Vale
sempre lembrar que este são efeitos farmacológicos, e portanto caracterizam o
conceito de doping.
A
droga foi então incorporada à lista de substâncias proibidas em janeiro
deste ano. Antes desta proibição formal, a decisão havia sido
várias vezes comunicada às federações e individualmente aos próprios
atletas.
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No
ano olímpico que vivenciamos, com cobranças ainda maiores por melhora de
desempenho, infelizmente podemos esperar por mais notícias semelhantes, pois o
uso de substâncias proibidas no esporte ainda está muito longe de acabar.
*As
informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira
responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto
de vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com
TURÍBIO BARROS
Mestre e Doutor em Fisiologia do Exercício pela EPM. Foi membro do American College of Sports Medicine, professor e coordenador do Curso de Especialização em Medicina Esportiva da Unifesp e fisiologista do São Paulo FC e coordenador do Departamento de Fisiologia do E.C. Pinheiros www.drturibio.com
Mestre e Doutor em Fisiologia do Exercício pela EPM. Foi membro do American College of Sports Medicine, professor e coordenador do Curso de Especialização em Medicina Esportiva da Unifesp e fisiologista do São Paulo FC e coordenador do Departamento de Fisiologia do E.C. Pinheiros www.drturibio.com
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