domingo, 7 de novembro de 2010

Brasileiras contam que adotaram um estilo 'zen' para superar provocações



MUNDIAL DE VOLEI FEMININO 2010


Fabi revela que ouviu xingamentos de Carcaces durante a partida. Zé
Roberto afirma que já esperava pelo comportamento das adversárias

Por Mariana Kneipp Direto de Nagoya, Japão
Jaqueline Fabiola vôlei brasil cubaProvocação? Não. Comemoração (Foto: Divulgação)
Era sempre a mesma coisa. Ponto para Cuba e provocação na rede. As brasileiras já esperavam o tipo de comportamento catimbeiro das adversárias deste domingo, por isso se prepararam para ouvir os xingamentos e responder na bola, como disse Thaisa. E até criaram um estilo de jogo novo para o duelo, vencido, de virada, por 3 sets a 1.

– Além de jogar vôlei, tem que saber jogar no estilo “zen”. Elas gostam mesmo de gritar na cara, bloquear e bater no peito, encarando. A gente já esperava por isso. Provocaram bastante, mas não deu certo – disse Thaisa.

Fabi revelou uma das provocações ouvidas na quadra. Assim que perdeu uma bola na rede, Carcaces reclamou com os árbitros e xingou as brasileiras.

- Teve uma hora que ela xingou, com raiva. Eu virei e disse para ela: “Ei, para que isso? Calma”. Mas não tem jeito. Temos sangue latino. Dá muita vontade de gritar na cara mesmo. O importante é que não entramos na provocação delas. Até porque elas não puderam falar muito hoje, não (risos) – brincou Fabi.

Maior pontuadora do jogo, Sheilla concordou com Fabi. Para a oposta, a seleção soube lidar muito bem com as provocações das rivais.

- Elas falaram o tempo inteiro. No quarto set, quando estavam perdendo, tentaram provocar ainda mais. Reclamavam de jogadas, gritavam. Mas hoje quem deu na cara delas fomos nós – afirmou.

Já acostumado com a questão da rivalidade entre Brasil e Cuba, o técnico José Roberto Guimarães admitiu que não se surpreende mais com o comportamento das adversárias.

– Contra a gente, elas sempre vão jogar em dobro. Não tem jeito. Essas provocações não vão acabar nunca. Já esperava isso mesmo.
 

Brasil leva susto, mas vence Cuba e fica a uma vitória das semifinais

MUNDIAL DE VOLEI FEMININO 2010

 "Em casa", Seleção supera catimba, vira sobre Cuba e vê semi perto

Seleção Brasileira suou muito no primeiro set, mas depois deslanchou no jogo . Foto: FIVB/Divulgação Brasil mostrou poder de superação para passar por cubanas
Foto: FIVB/Divulgação

Celso Paiva
Direto de Nagoya
Em um dos grandes testes da Seleção Brasileira até agora neste Mundial Feminino de Vôlei, as comandadas de José Roberto Guimarãees mostraram muita experiência e calma para superar provocações e pancadas da adversária e passar pelo time de Cuba por 3 sets a 1, com parciais de 23/25, 25/20, 25/13 e 25/18, neste domingo, em Nagoya.
Com uma torcida em sua maioria formado por brasileiros, que apoiaram a equipe desde sua entrada em quadra, o Brasil começou a partida meio perdido e não encontrava forma de passar pelo bloqueio cubano. Apesar de uma reação impressionante, não conseguiu evitar a derrota.
Porém, a partir do segundo set, a equipe mostrou o desempenho que vem justificando a invencibilidade no torneio, até então, e com uma vibração acima do normal de jogadoras como Jaqueline e Fabiana conseguiu virar o jogo ao seu favor e sair vencedora.
Inspiradas pela presença da ex-jogadora Regla Torres no banco de reservas, as cubanas bem que tentaram reviver o clima de provocação e catimba das duas equipes na década de 90.
Mas a tranquilidade e o foco das jogadoras brasileiras evitaram brigas e confusões ao longo da partida. Com mais esse resultado positivo, a Seleção precisa de apenas uma vitória nos próximos dois confrontos (contra Alemanha e Estados Unidos) para se garantir na semifinal.
O jogo
O Brasil começou a partida muito bem abrindo 3 a 0 no placar através dos bons saques de Thaisa, que complicou a recepção de Cuba. No saque de Natália, a Seleção viveu outro bom momento. Com um ace da camisa 12, o time verde e amarelo abriu 6 a 2. Com a larga vantagem imposta pelo Brasil, Cuba acordou na partida e depois de um erro de recepção da líbero Fabi e de um contra-ataque de Sanchez, mais perigosa jogadora caribenha no início da partida, as rivais diminuíram a diferença para 6 a 5. Mesmo assim, o time comandado por Zé Roberto chegou na primeira parada técnica na frente: 8 a 7.
A Seleção sofria com o saque cubano e viu as caribenhas virarem a partida no saque de Sanchez. Primeiro com um ace, depois em um lance de muito azar, no qual Thaisa atacou com força, a defesa cubana defendeu e acabou voltando para o fundo da quadra das brasileiras, pegando Fabi desprevenida. Depois de mais um ace, desta vez de Silie, as cubanas abriram 12 a 9, o que fez o técnico Zé Roberto parar o jogo para consertar o que estava errado.
Os conselhos do comandante não foram suficientes. A levantadora Fabíola tentava explorar a ponteira Natália no ataque, mas diferente dos outros jogos, a camisa 12 parava com frequência no bloqueio cubano. Na segunda parada técnica, a vantagem cubana era de quatro pontos: 16 a 12. Zé Roberto tentava consertar o time como podia e entrou com a experiente Sassá no lugar de Natália para melhorar um pouco o passe, quando a Seleção perdia por 20 a 14.
Mas foram Jaqueline e Fabíola, que já estavam em quadra, que começaram a fazer a diferença. Com os ataques da ponteira e o saque da levantadora, a equipe diminui a desvantagem que chegou a ser de oito pontos para dois: 23 a 21, o que fez o técnico cubano Juan Gala parar o jogo. A bela reação brasileira, porém, não foi suficiente e em um ataque de Palacios, as cubanas fecharam em 25 a 23.
Motivadas pelo belo final no primeiro set, a Seleção começou bem o início da segunda parcial. Com bons desempenhos de Natália e Sheilla, que estavam mal na partida até aquele momento, o time verde e amarelo abriu 6 a 3. Em um ataque de Jaqueline, o Brasil chegou a primeira parada técnica com 8 a 5. Com a motivação bem diferente do que se viu no primeiro set, a equipe dominava a parcial e em um bloqueio triplo abriu 12 a 8. O desempenho em quadra era refletido nas arquibancadas do Nippon Gaishi Hall. Com uma maioria de torcedores brasileiros, o ginásio começou a apoiar com ainda mais força as jogadoras.
A seleção cubana mostrava até um certo abatimento e com mais um bloqueio, o Brasil chegou à segunda parada técnica com 16 a 10 no marcador. A conversa com o treinador Juan Gala deu uma acordada nas caribenhas. No saque de Sanchez, elas quebraram a recepção brasileira e diminuíram para 18 a 15. A experiência da Seleção, porém, falou mais alto. Sabendo dominar as ações, o time igualou a partida fazendo 25 a 20, em um ataque de Jaqueline, explorando o bloqueio.
O terceiro set começou com o Brasil abrindo vantagem no placar. Com um ataque de Fabiana no meio, o time fez 5 a 2. A seleção cubana já sofria para encontrar as principais jogadoras do Brasil. Na primeira parada técnica, a pontuação seguia marcando três pontos de diferença, depois de um ataque de Natália na diagonal: 8 a 5. Mostrando sentir o baque de tomar a virada, as cubanas sofreram através do saque de Fabíola, que fez o Brasil marcar cinco pontos seguidos: 14 a 7.
Com o bloqueio funcionando bem e em um jogo muito bom da meio de rede Fabiana, a Seleção só ia abrindo distância. No saque de Natália, mais uma bela sequência de pontos seguidos levaram a equipe a abrir 22 a 11. Sem conseguir vencer na parte técnica, as cubanas passaram a tentar tirar o controle das brasileiras com provocações.
Experiente, Fabi acalmou o time verde e amarelo: "deixa elas falarem, deixa elas falarem", dizia a líbero para as colegas. Seguindo o conselho da jogadora, o time manteve a calma e em um ataque de Jaqueline fechou o set em tranquilos 25 a 13.
O quarto set começou bastante complicado para o Brasil. Relembrando os erros e as dificuldades para passar pelo bloqueio cubano, como já havia acontecido na primeira parcial, a equipe verde e amarela chegou na parada técnica com uma desvantagem de 8 a 3 no placar.
Se no primeiro set nada adiantou, no quarto os conselhos de Zé Roberto deram resultado e em mais uma bela reação, o time virou para 9 a 8, em um bloqueio da ponteira Natália. Mais uma vez no saque de Fabíola, o Brasil conseguiu dominar a partida e foi para a segunda parada técnica com 16 a 13. As cubanas desistiram até das provocações e não precisou de muito trabalho para a Seleção vencer sua sétima partida na competição.