Camisa 10 da Seleção Brasileira comanda a
reação depois que David Luiz marcou gol contra e Daniel Alves foi
expulso ainda no primeiro tempo
Por Leandro Canônico
Direto de Torreón, México
Craque é aquele que decide. E se todos cobravam o retorno de Ronaldinho Gaúcho como protagonista na
Seleção Brasileira,
nesta terça-feira, no amistoso contra o México, em Torreón, o atacante
do Flamengo mostrou que está “vivo”. Foi dele o pontapé inicial para a
virada por 2 a 1 do Brasil sobre os mexicanos. De falta, ele empatou o
jogo aos 33 minutos, encerrou um jejum de quatro anos sem balançar a
rede com a amarelinha e abriu o caminho para Marcelo virar aos 38.
A boa atuação do camisa 10 evitou um drama de novela mexicana para a
Seleção. Afinal, tudo começou errado. No primeiro tempo, David Luiz
marcou contra, Daniel Alves foi expulso e Jefferson teve de defender
pênalti de Guardado para dar sobrevida ao time de Mano Menezes. Mas sob a
batuta do craque, responsável pelas principais jogadas do segundo
tempo, o Brasil se superou. Nos acréscimos, Ronaldinho foi substituído
por Hernanes e deixou o campo aplaudido de pé pela torcida mexicana no
estádio Corola.
E mais: o gol de falta marcado por Ronaldinho Gaúcho acabou com um
jejum de quatro anos (ou 12 jogos) do atacante sem marcar pelo Brasil. A
última vez que ele tinha balançado as redes pela Seleção havia sido em
17 de outubro de 2007, na goleada por 5 a 0 sobre o Equador, no
Maracanã, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Agora, o
Brasil de Mano tem dez vitórias, cinco empates e três derrotas.
A Seleção Brasileira volta a se reunir no mês de novembro. No dia 10, o
time canarinho encara o Gabão, em Libreville, na África. Nesse período
são duas datas Fifa, mas a CBF ainda não confirma o outro amistoso. O
site da entidade, no entanto, já deu que poderia ser contra o Egito, em
Doha, no Qatar, dia 14.
f
Paradona na esquina: Ronaldinho acabou com jejum quatro anos sem gols pela Seleção (Foto: Mowa Press)
Jefferson pega pênalti e evita vexame no primeiro tempo
O amistoso começou com homenagem da Federação Mexicana de Futebol ao
goleiro Osvaldo Sánchez, de 38 anos. Jogador do Santos Laguna, de
Torreón, ele recebeu uma placa por gratidão aos serviços prestados ao
time. Ele esteve em três Copas do Mundo: 1998, na França, 2002, na
Coréia e no Japão, e 2006, na Alemanha.
Aproveitando o clima de festa, os torcedores mexicanos se empolgaram e
passaram a gritar “olé” a cada toque de bola dos donos da casa. E foi
isso mesmo que os jogadores fizeram com a Seleção Brasileira. Colocaram
na roda. Com bom toque de bola, o México dominou a equipe de Mano
Menezes e logo abriu o marcador.
Está certo que para gritar gol foi preciso uma ajuda de David Luiz, que
marcou contra após cruzamento de Barrera, aos nove minutos. Por mais
irônico que possa parecer, a desvantagem fez bem ao Brasil. O quarteto
de ataque acordou e passou a criar boas chances, especialmente com
Neymar e Hulk.
Só que faltou pontaria. Na melhor delas, aos 16, Hulk deu de calcanhar
para Neymar, que mandou por cima do gol. Sem saber aproveitar o bom
momento, a Seleção Brasileira deixou o nervosismo tomar conta. Passes
errados, faltas bobas, pênalti bobo. Aos 44, Daniel Alves derrubou
Chicharito na grande área.
Como já tinha o cartão amarelo, o lateral-direito do Brasil foi
expulso. O cenário, então, parecia ficar tenebroso para o time de Mano
Menezes. Mas Jefferson, aos 46 minutos, defendeu a cobrança de Guardado e
deu sobrevida à Seleção Brasileira na partida. O feito do goleiro do
Botafogo foi comemorado como gol.
Ronaldinho acaba com jejum de gols e inicia virada
Com a necessidade de recompor a lateral direita depois da expulsão de
Daniel Alves, o técnico Mano Menezes voltou para o segundo tempo com
Adriano no lugar de Lucas – o lateral-esquerdo passou a atuar
improvisado. Original da posição, Fábio, do Manchester United, estava no
banco, mas não foi a opção do treinador.
Se com o mesmo número de jogadores já estava complicado para o Brasil
no primeiro tempo, com um a menos ficou ainda pior. Principalmente
porque o México soube minimizar os espaços e se armar de maneira que
pudesse explorar os contra-ataques e as jogadas rápidas pelas pontas.
O México estava tão bem postado em campo que o Brasil não conseguia
sair. Prova disso eram os seguidos recuos para Jefferson. Restou ao time
de Mano arriscar na bola parada. Aos 19 minutos, Ronaldinho Gaúcho teve
oportunidade, mas Osvaldo Sánchez fez excelente defesa e foi aplaudido
pelos torcedores.
Com o passar do tempo, os brasileiros voltaram a ficar nervosos com a
falta de oportunidades. Ronaldinho se apresentou mais, é verdade, mas
não conseguia dar ritmo para a reação. A maioria das bolas passava pelos
seus pés, mas não havia muitas alternativas para o passe, já que Neymar
e Hulk estavam marcados.
Embora o Brasil tivesse mais posse de bola, o México era mais perigoso.
Aos 29, Chicharito só não marcou o segundo porque Jefferson fez grande
defesa. A história do jogo mudou logo depois. Aos 33, Neymar sofreu
falta à esquerda da área. Ronaldinho cobrou com perfeição e empatou o
jogo.
Era o fim do jejum de gols de Ronaldinho pela Seleção. O camisa 10 não
marcava com a amarelinha desde 17 de outubro de 2007, quando havia
balançado a rede na vitória de 5 a 0 sobre o Equador no Maracanã, pelas
eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010.
A virada do time de Mano Menezes saiu cinco minutos depois. Marcelo
arrancou pela esquerda, tabelou com Neymar, entrou na área, driblou dois
rivais e chutou sem defesa para Sánchez. Golaço. Na comemoração, um
abraço entre o lateral e o técnico, que já tiveram problemas (Mano
acabou deixando Marcelo fora da Copa América).
tabela-confronto componente_materia">
MÉXICO 1 X 2 BRASIL
Sánchez (Talavera); Juárez (Pérez), Rodríguez, Torres (Moreno) e
Salcido; Rafa Marquez, Castro, Barrera (Andrade) e Guardado; Giovanni
dos Santos (Peralta) e Chicharito. |
Jefferson; Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Lucas
Leiva, Fernandinho e Ronaldinho Gaúcho (Hernanes); Lucas (Adriano),
Neymar (Elias) e Hulk (Jonas). |
Técnico: José Manuel de la Torre |
Técnico: Mano Menezes |
Gols: David Luiz, contra, aos nove do primeiro tempo; Ronaldinho Gaúcho, aos 33 do segundo tempo; Marcelo, aos 38 do segundo tempo |
Cartões amarelos: Juárez, Torres, Salcido, Chicharito, Rafa Marquez (México); Daniel Alves, Lucas Leiva (Brasil). Cartão vermelho: Daniel Alves (Brasil) |
Local: Estádio Corona, em Torreón, México. Data: 11/10/2011. Árbitro: Marlon Mejía (El Salvador). Assistentes: Daniel Williamson (Panamá) e Octavio Jara (Costa Rica). |