terça-feira, 22 de novembro de 2016

O artigo sobre delação que Moro traduziu de um juiz dos EUA prega o oposto do que faz a Lava Jato. Por Marcos Danhoni



FONTE:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-artigo-sobre-delacao-que-moro-traduziu-prega-o-oposto-do-que-faz-a-lava-jato-por-marcos-danhoni/


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Sérgio Moro
Sérgio Moro


O DCM recebeu este artigo de Marcos Cesar Danhoni Neves, professor Titular do Departamento de Física da Universidade Estadual de Maringá, autor da obra “Do Infinito, do Mínimo e da Inquisição em Giordano Bruno”.

O juiz Sérgio Fernando Moro vem tendo sua atuação chamada de “contundente, precisa e implacável” pela imprensa amiga desde o início da assim chamada “Operação Lava-Jato”.
Para entender este personagem do mundo jurídico contemporâneo, é necessário lembrar que Sergio Moro, filho de um professor do Departamento de Geografia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e de mãe professora de Ensino Fundamental e assídua nas hostes conservadoras católicas da cidade, graduou-se em Direito pela UEM (fato que não se encontra em seu currículo Lattes de uma página), fez mestrado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR – fato que também não consta em seu C.V.) e doutorou-se ali estranhamente em dois anos, entre 2001 e 2002 (“estranhamente” porque sabemos que um doutorado leva, no mínimo, 48 meses, ou seja, 4 anos).
Sérgio Moro traduziu um ensaio de Stephen Sprangler Trott, intitulado The use of a criminal as a witness: a special problem publicado no U.S. Department of Justice’s Manual for Federal Prosecutors e no Hastings Law Journal, vol. 47, July/August 1996, no. 5/6.
A tradução de Moro, intitulada O uso de um criminoso como testemunha: um problema especial foi publicada na Revista CEJ (Brasília, Ano XI, n. 37, p. 68-93, abr./jun. 2007; disponível aqui), é de um ano depois.
O autor é juiz, filiado ao Partido Republicano, indicado por Ronald Reagan para ocupar a Corte de Apelo da 9ª Jurisdição dos EUA. Trott disserta sobre a possibilidade de se usar delatores para punir um criminoso.
É rico em detalhes neste procedimento, mas levanta inúmeras cautelas sobre a eficácia dessa estratégia, uma vez que o delator, ele também um criminoso, tenta incriminar pessoas inocentes.
Trott afirma que:
“a questão apropriada não é a de se criminosos devem realmente ser utilizados como testemunhas de acusação, mas quando e como. Entende que criminosos colaboradores(sic) são perigosos, pois quase sempre possuem uma mentalidade que não carrega os princípios que animam a lei, além de serem motivados por interesses próprios, o que pode levar à traição. Alega que um promotor desatento a essas verdades poderá transformar-se eventualmente em objeto de investigação, e por isso, disponibiliza exemplos de casos concretos relacionados ao assunto e orientações para lidar com o problema de modo efetivo.” (grifos nossos)
O artigo orbita em torno do Direito Processual Penal norte-americano, a jurisprudência nos EUA e as intricadas relações entre delação, criminoso, testemunha, defesa e acusação.
Um promotor que não for sensível aos perigos de utilizar criminosos recompensados como testemunhas arrisca comprometer a missão de busca de verdade em nosso sistema de justiça criminal. Porque a acusação decide se e quando utilizar essas testemunhas e o quê, se alguma coisa, dar a elas pelos seus serviços, a acusação encontra-se posicionada de maneira única para proteger contra a perfídia.” (grifos nossos)
Trott prossegue, agora citando o caso notório de Charles Manson, envolvido no pavoroso homicídio múltiplo que vitimou Sharon Tate, esposa do cineasta Roman Polanski:
“Por outro lado, alguns dos maiores sucessos em nossas cortes criminais poderiam não ter sido alcançados sem a utilização experiente e habilidosa desse tipo de testemunha. Vicent Bugliosi usou destramente membros da Família Manson para derrubar seu confiante líder, o próprio Charles Manson.”
“Um conjunto sem fim de promotores habilitados utilizou mafiosos para derrubar seus líderes e destruir seus impérios. Até mesmo o Presidente Nixon foi retirado do mais elevado posto da nação com a ajuda do depoimento de seus mais próximos confidentes. A lista de sucessos é comprida  e   impressionante. Como a Suprema Corte disse em Kastigar v. United States, nossas leis de imunidade a testemunhas refletem a importância da prova testemunhal e o fato de que muitoscrimes são do tipo de que as únicas pessoas aptas a dar depoimentos úteis são aquelas neles implicadas.” (grifos nossos)
Um promotor norte-americano pergunta-se como um profissional da Lei torna-se adequadamente treinado e habilitado nessa área peculiar de sua arte. E ele próprio responde:
O currículo requerido não pode comumente ser encontrado na sala de aula de nossas escolas de Direito, mas apenas nas ruas, nas cadeias e nos fóruns de nossas cidades. Aqui, o conhecimento vem das trincheiras, dos veteranos, das escolas dos nocautes duros, e espera-se que venha antes que erros problemáticos sejam cometidos.” (grifos nossos)
Nota-se que o promotor deve ter muita experiência no campo da delinquência, no trabalho de rua, o que destoa do perfil de Sergio Moro e de seus colegas de desventuras jurídicas, especialmente Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima.
Sobre testemunhas passíveis de se tornarem traidores de seus colegas de crime, Trott afirma:
“Cedo ou tarde, no entanto, outro tipo não tão confiável de testemunhacomeçará a aparecer ocasionalmente na lista de intimações, e o promotor começará a aventurar-se em um mar totalmente diferente e no qual ele está freqüentemente mal preparado para navegar: as águas e o domínio traiçoeiro do cúmplice, do co-conspirador, do delator e do informante. Após o depoimento do Sr. Jones como vítima de uma fraude, um dos estelionatários é chamado a depor em uma tentativa de condenar o mentor que planejou o esquema e que escondeu todo o seu saque em contas em bancos estrangeiros. (grifos nossos)
Criminosos estão dispostos a dizer e a fazer qualquer coisa para obterem o que querem, especialmente quando o que eles desejam é livrar-se de seu problema com a lei. Este desejo de fazer qualquer coisa inclui não-somente espalhar os segredos dos amigos e parentes, mas também mentir, cometer perjúrio, fabricar provas, solicitar a outros que corroborem suas mentiras com mais mentiras e trair qualquer um que tiver contato com eles, incluindo o promotor.” (grifos nossos)
Incrível que Moro, traduzindo este importante artigo, não tenha se valido das precauções de seu autor. A prisão indevida de uma cunhada de um tesoureiro de um partido, as escutas ilegais contrabandeadas para a imprensa e a aceitação da “des-delação” do presidente da Andrade Gutierrez que emitiu um cheque nominal de um milhão de reais para o Golpista Michel Temer como propina de campanha, indicam que Moro não entendeu o livro.
O promotor prossegue:
“(…) a história de Marion Albert Pruett é apavorante mas obrigatória. Mantido em prisão federal, ele negociou seu caminho para a liberdade concordando em testemunhar contra um prisioneiro acusado de matar o seu colega de cela (que também estava arrolado como testemunha pela Acusação). Em trocao governo norte-americano colocou-o no seu programa secreto de segurança para testemunhas, dando-lhe nova identidade e um novo começo de vida.
Por volta do último outubro e por sua própria conta, no entanto, Pruett havia cometido uma seqüência de roubos a banco e havia matado dois balconistas de lojas de conveniência, um perto de Denver, outro em Fort Smith, Arkansas.”(grifos nossos)
E cita outros casos:
“o que dizer da história de Willie Kemp, que, em troca de dinheiro, inventou casos criminais contra trinta e duas pessoas inocentes? O National Law Journal contou a história em 27/02/1995, sob esta manchete: Agentes postais marcados pelo escândaloPor quinze meses, Willie Kemp e outros se infiltraram no correio de Cleveland, ostensivamente procurando provas contra usuários e vendedores de drogas. Providos de dinheiro do governo, eles alcançaram o topo, alugando carros de luxo … Os dezenove trabalhadores do correio despedidos após serem presos em setembro de 1992 foram readmitidos em seus empregos.” (grifos nossos)
“New York Times – A Califórnia abalada por um informante. No mundo desagradável dos informantes da cadeia, traição tem sido há tempos o seu credo e favores dos carcereiros sua recompensa. Agora advogados e promotores devem ponderar se a ficção era o seu método. Essa é a implicação infeliz atrás da crise na aplicação da lei que foi revelada no Sul da Califórnia desde que um prisioneiro, Leslie Vernon White, que testemunhou vários casos de grande publicidade, demonstrou em outubro (1988) como ele podia fabricar as confissões de outros presos sem sequer ter falado com eles. Ele disse posteriormente ter mentido em um número significativo de casos criminais. Advogados de defesa compilaram uma lista de 225 pessoas condenadas por homicídio ou outros crimes graves, alguns dos quais sentenciados a morte, em casos nos quais o Sr. White e outros informantes prisioneiros testemunharam nos últimos dez anos no Condado de Los Angeles.” (grifos nossos)
Em todos os casos citados por Trott, demonstra-se a extrema complexidade em se confiar num delator premiado pelo poder que um criminoso possui, inclusive, em ludibriar o Promotor que o interroga e todo o sistema judiciário e também a mídia de massa.
Por essa razão, Trott fala na regra de precaução:
“A regra de precaução contra a sujeira por parte de uma confissão na prisão oferecida por outro prisioneiro é a de que ela é falsa até que o contrário seja provado acima de qualquer dúvida razoável. Se você não sabe como Leslie Vernon White foi capaz de forjar confissões com credibilidade sem sequer falar com o alegado confesso sobre o crime, deve descobrir. Usando o telefone e fingindo ser outra pessoa, ele era capaz de coletar de fontes oficiais informação privilegiada suficiente acerca de um crime, a fim de convencer investigadores de que ele teria ouvido isso diretamente do suspeito. Uma leitura clara e instrutiva, que você deve experimentar, é Key Witness, de J. F. Freedman. É um romance, mas um que irá abrir-lhe os olhos. Poderia um delator em potencial, procurando informação sobre um acusado para trocar com a polícia, a fim de obter benefícios, invadir os arquivos de computador de um advogado de defesa? Pense a esse respeito. (grifos nossos)
Trott finaliza:
“Finalmente, e eu repito, nunca, em tempo algum, perca o controle sobre a testemunha. Ela vai tentar manipulá-lo se ela quiser, pensando que você precisa dela e não vice-versa. Esteja preparado para dizer “não” a pedidos bizarros e deixe-a saber, todo o tempo, que você está no controle. Isso pode ser feito educadamente, mas deve ser feito com firmeza, e, acredite ou não, ela usualmente vai respeitá-lo por isso. Ela deve confiar em você até certo grau, mas não irá machucá-la ter um elemento de medo fundado em confiança e respeito. Você não quer deixá-la pensar que pode passar por cima de você e abandoná-lo com isso. Se ela cometer perjúrio, processe-a por isso. É o seu dever. A verdade é a sua mercadoria de troca! (grifos nossos)
Sergio Moro nunca trabalhou com “a verdade como mercadoria”. Criou uma similaridade com a operação Mani Pulite (“Mãos Limpas”) do promotor Antonio di Pietro, que destruiu a classe política italiana de uma forma que permitiu a sucessão de um governo estável pelos 10 anos posteriores com um mafioso como Berlusconi no poder.
Dez longos e doloridos anos que mergulharam a Itália numa crise da qual ela ainda não saiu: política, econômica, social e judiciária. O próprio Antonio di Pietro, cego pela ambição política e por ter-se tornado um promotor pop-star, adentrou na política e nela se enterrou com posteriores acusações contra si por subtração de fundos destinados ao seu partido e por enriquecimento ilícito (ver Illeciti nei rimborsi elettorali, Di Pietro indagato per truffa – Corriere della Sera  https://goo.gl/BiccCd).
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Temos que nos acostumar a ser governados por moleques? Por Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça



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http://www.diariodocentrodomundo.com.br/temos-que-nos-acostumar-a-ser-governados-por-moleques-por-eugenio-aragao-ex-ministro-da-justica/



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"Moleques"
“Moleques”



Publicado no Blog do Marcelo Auler.
Por Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça.

Ao decidir manter Geddel Vieira Lima no cargo, Temer fechou os olhos às graves denuncias e demonstra o risco que vive a nossa democracia.

Banalizou-se a tal ponto a prática de ilícitos na administração ad hoc do Doutor Temer, que já não causam qualquer mal-estar notícias de que S. Exª., mesmo sabendo da prática de grave crime por subalterno seu, prefere fingir que nada viu e mantê-lo confortável em sua cadeira ministerial.
O que chama atenção é que mesmo sendo jurista festejado (escrevi até artigo publicado em livro em sua homenagem nos idos de 2012), parece não se dar conta do que consta do artigo 320 do Código Penal. O tipo ali previsto chama-se “condescendência criminosa”, incorre em suas penas o funcionário que “deixar (…), por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente”.
Já assistimos ministro da justiça antecipar a eleitores operação policial sigilosa; ministro da suprema corte exibir desavergonhadamente, de público, autêntica “Schadenfreude” pela destituição da Presidenta da República e não se dar por suspeito para julgar ações eleitorais contra a mesma; juiz tornar públicas gravações sigilosas de conversas telefônicas ilicitamente captadas; invasão da Câmara dos Deputados por uma malta de celerados que interromperam os trabalhos legislativos sem serem seriamente molestados; senadores passando com o carro oficial sobre manifestantes; autoridades expondo ao gáudio público a detenção de ex-governador que se debatia e a sua família que se esvaía em lágrimas… enfim uma quantidade tão copiosa de absurdos sem qualquer consequência legal para aqueles que deviam se portar como autoridades, que os fatos vindos a lume com a saída do ministro da cultura, a envolverem o Sr. Geddel Vieira Lima, querem soar como crime de bagatela.
Afinal, Geddel só pediu uma “mãozinha” ao ministro para dar um “chega prá lá” nos burocratas do IPHAN que estavam a atrapalhar a construção de um espigão no centro histórico de Salvador em que tinha comprado uma modesta morada de 2 milhões e tantos de reais.
Mas o que mais deve deixar o cidadão médio atordoado é a completa inércia do Ministério Público Federal em todos esses casos. A instituição a que a Constituição atribuiu a defesa do estado democrático e que mostrou dominar com extrema ligeireza o gatilho contra Presidenta Dilma, para acusá-la de obstrução de justiça às vésperas de seu julgamento pelo Senado, que se apressou em pedir a prisão dos senadores Renan Calheiros e Romero Jucá e do ex-presidente José Sarney por elocubrações sobre a operação Lava Jato gravadas clandestinamente, move-se nesse cenário com velocidade de um cágado.
Nada de declarações, nada de PowerPoints que celebrizaram seus membros do sul. Parece que a caneta persecutória se cansou de tanto trabalho que se deu em ajudar a depor um governo democraticamente eleito. Tem-se a impressão que a ação penal pública deixou de ser obrigatória quando os ilícitos partem da atual administração federal ad hoc e dos que a apoiam.
As pessoas não estão se dando conta da gravidade da omissão das instituições. Sua degradação, sua manifesta inapetência para lidar com ilícitos de certos atores e sua gana em punir outros, as joga no completo descrédito. E reconstruir credibilidade de um estado agonizante, uma vez que esta foi abalada, é mais difícil do que criar um estado novinho em folha, desde suas fundações.
É que nem traição flagrada de cônjuge: dizia meu saudoso pai que torna o casamento como um valioso vaso quebrado, que, mesmo colado pelo maior especialista em restauração, jamais será igual ao que foi quando intacto.
Este é o estado da república. Faz-nos pensar em o que será depois dessa turbulenta administração ad hoc do Doutor Temer. Parece que o futuro de Michelzinho e de seus contemporâneos não lhe interessa. Que mundo será esse?
Terão que se acostumar com ser governados por moleques? Terão que achar banal a inviabilização de um governo eleito porque não agrada a seus adversários? Terão que tolerar a atuação seletiva de autoridades da persecução penal? Terão que achar bonita a medieval exposição destrutiva de pessoas suspeitas da prática de crimes? Terão que achar legítimo que uma lei de diretrizes e bases da educação nacional discutida anos a fio com a sociedade civil pode ser alterada na canetada, por uma medida provisória gestada em gabinetes reclusos após consulta a atores de filmes vedados a menores?
A leniência da sociedade com esses desvios de conduta será tributada pesadamente. De um país a caminho da civilização inclusiva estamos nos transformando lentamente numa tribo de homens que puxam as mulheres pelos cabelos para dentro da caverna. Só não vê quem não quer. E não adianta o discursinho falso-moralista de “combate” à corrupção para justificar tudo isso.
Não se controla a corrupção com ações e omissões corrompidas de sedizentes autoridades públicas sem moral.
(*) Escusas a Camille Saint-Saëns pelo empréstimo do título
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O JORNALISMO DE GUERRA ESCONDEU QUE O BRASIL MELHOROU SOB DILMA


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http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-jornalismo-de-guerra-escondeu-que-o-brasil-melhorou-sob-dilma-por-paulo-nogueira/


A pós-verdade e a mídia brasileira




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Reproduzo abaixo um tuíte desta tarde do site Carta Maior:
Onde estão as garrafais!? Pnud/Ipea:renda dos brasileiros cresceu média de 1,1% entre 2011/14. Pobreza recuou 9,3% ao ano e miséria, 14% a.a
Resposta: estão escondidas. O jornalismo de guerra que se pratica no Brasil tratou de sumir com aquelas informações, divulgadas por um estudo chancelado pela ONU.
O jornalismo de guerra funciona assim: você publica com estrépito tudo que seja do interesse da plutocracia. E ignora tudo que possa mostrar virtudes de outras visões de mundo.
Foi este jornalismo de guerra que derrubou Dilma e a democracia, e agora se empenha por destruir Lula.
Confronte os números do levantamento patrocinado pela ONU com o cenário desolador falsamente descrito pelos golpistas.
Dilma tinha destruído o Brasil. Era o que o jornalismo de guerra dizia todos os dias, todas as horas.
Só que a realidade era outra.
Eis aí um exemplo da Era da Pós-Verdade. Pós-Verdade foi escolhida a palavra do ano pelo Dicionário Oxford muito em razão das falácias de Trump. Mas as mentiras dos sabotadores da democracia brasileira não ficaram para trás.
O golpe de 2016 pode ser classificado como o golpe da Pós-Verdade.
Considere: qual o maior desafio que o Brasil enfrenta? A desigualdade. Os extremos de opulência e de miséria. O estudo mostra que estávamos avançando rumo a uma sociedade mais igualitária. E prova o cinismo colossal dos comandantes do impeachment.
O jornalismo de guerra faz um mal terrível para o Brasil. Mantém-nos como uma eterna República de Bananas.
Ou o Brasil acaba com ele, ou ele acaba com o Brasil.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Temer deve decidir se empurra Geddel ou se desce com ele, por José Roberto de Toledo


FONTE:
http://jornalggn.com.br/noticia/temer-deve-decidir-se-empurra-geddel-ou-se-desce-com-ele-por-jose-roberto-de-toledo



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Jornal GGN - "Cabe a Michel Temer decidir se acompanhará seu ministro ladeira abaixo ou se vai dar um empurrão para a descida ser mais rápida", publicou José Roberto de Toledo, em coluna no Estadão sobre a crise ministerial desencadeada com o Secretário de Governo, Geddel Vieira.
 
O jornalista lembra que a decisão do peemedebista não será fácil, considerando a histórica relação de confiança entre os dois, desde a "Turma do Pudim", na era de Fernando Henrique Cardoso, em 1990, formada por Temer, Geddel, Renan, Eliseu Padilha e Jader Barbalho. "A Turma do Pudim continua onde sempre esteve: mandando e demandando", completou.
 
Por José Roberto de Toledo
 
 
Do Estadão
 
Lá vem o Geddel, descendo a ladeira – do “La Vue”. Cabe a Michel Temer decidir se acompanhará seu ministro ladeira abaixo ou se vai dar um empurrão para a descida ser mais rápida. Não é fácil, porém, para o presidente abandonar quem gerencia a articulação política (quando não está empenhado em aprovar projetos imobiliários no Iphan). O dilema de Temer deve-se menos ao futuro do que ao passado. Sua ligação com Vieira Lima sobrevive há duas décadas, passou por quatro presidentes da República.
Na era FHC, em meados dos anos 90 do século passado, ambos faziam parte da Turma do Pudim. Reunidos semanalmente em torno de um prato de comida, Temer, Geddel, Renan Calheiros, Eliseu Padilha e Jader Barbalho decidiam o que o PMDB queria do governo tucano. Quem transmitia os recados era Henrique Eduardo Alves.
Muito mudou na aparência da política brasileira desde então, mas a Turma do Pudim continua onde sempre esteve: mandando e demandando. Eles mudam de cargo, circulam do Legislativo para o Executivo, mas raramente largam o poder. No governo FHC, a disposição das cadeiras era outra, mas quem as ocupava não.
Como Renan hoje, Temer, à época, presidia uma das Casas do Congresso (a Câmara). O hoje presidente do Senado é quem estava no Executivo, comandando o Ministério da Justiça. Padilha era ministro então e é ministro agora, só mudou de prédio: do Ministério dos Transportes para o Palácio do Planalto. Geddel, que era líder do PMDB, agora é ministro. Barbalho era e é senador (além de ser pai do ex-ministro dos Portos de Dilma). Alves era deputado, foi um breve ministro e caiu.
Eles dividem o pudim desde 1995. Prestam favores ao governo -qualquer governo – e depois cobram a fatura na forma de cargos. Foi assim que Temer emplacou o presidente das Docas de Santos (Codesp), Marcelo Azeredo, no governo FHC, e que Geddel viu seu pai, Afrísio, assumir posição semelhante nas Docas da Bahia.
Na primeira configuração da turma, Temer era líder do PMDB na Câmara, e Geddel, seu vice. No mandato seguinte, Geddel coordenou a campanha de Temer a presidente da Câmara, que contou com o apoio informal de FHC. Não foi à toa. Meses depois naquele 1997, ambos ajudaram a viabilizar a aprovação da emenda constitucional que garantiu o direito à reeleição a FHC (o autor da emenda foi o hoje ministro da Educação, Mendonça Filho).
Não é, portanto, trivial a decisão que Temer tem à sua frente. Ele e Geddel dividiram mais do que sobremesas. Foram do couvert ao digestivo, passando por incontáveis pratos principais.
Maior sinal da dificuldade do presidente é sua demora para agir. Nada fez mesmo depois de informado pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero, sobre as pressões de Geddel para que o Iphan (a ele subordinado) desembargasse as obras do Condomínio La Vue, um espigão de 30 andares na ladeira do Porto da Barra, em Salvador, onde Geddel comprara apartamento “em andar alto”.
Mesmo depois de o embrulho vir a público e de a versão preferida pelo Planalto (de que Calero havia caído por causa do projeto que regula a vaquejada) não ter emplacado, Temer não tomou nenhuma atitude em relação a seu ministro palaciano. Se, como diz Calero, Geddel de fato assediou o colega para agir em favor de seus interesses particulares, não há o que pensar. Se não é verdade, caberia então agir judicialmente contra Calero.
A inação não é uma opção por muito mais tempo. Mas a atitude que Temer vier a tomar não terá repercussões apenas sobre Geddel. Ela servirá de precedente para toda a Turma do Pudim.
Se o presidente entregar a cabeça do parceiro de confraria, os outros confrades saberão que, amanhã, dependendo das circunstâncias, pode ser a deles. Assim como o Iphan melou o pudim de Geddel, Renan, com seus 12 inquéritos no STF, tem o poder de embargar os principais projetos de Temer no Senado.

27/11: Lula e Mujica pelo Fora, Temer



FONTE:
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/27-11-lula-e-mujica-pelo-fora-temer


Ato contra o Golpe será em São Paulo (SP)
Lula e Mujica.jpg
Crédito: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
Domingo, 27 de novembro, é dia de manifestação popular em defesa da democracia, de Lula, dos direitos trabalhistas e sociais e contra a PEC 55, a chamada proposta do fim do mundo.
A manifestação acontecerá na Avenida Paulista, a partir das 15h, no Vão Livre do MASP (Museu de Arte de São Paulo).
Lula e o ex-presidente do Uruguai, Jose Mujica, já confirmaram presença. Chico Buarque também informa que virá. Outros artistas e lideranças políticas são aguardadas.
A mobilização é uma iniciativa das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, das quais a CUT faz parte. A Central está convocando sua militância e seus sindicatos para o grande ato.
A iniciativa também se insere na campanha “Um Brasil Justo Pra Todos e Pra Lula”, lançada oficialmente no último dia 10, em São Paulo.
“O Brasil vive um momento dramático, e muitos setores da sociedade ainda não perceberam de forma clara, pois a mídia confunde as pessoas. Mas a verdade é que o governo golpista do Temer está preparando uma série de medidas que vai reduzir drasticamente, senão simplesmente acabar, com serviços públicos como saúde e educação, vai eliminar ainda muitos milhões de empregos, pois aposta na recessão, e vai destruir conquistas como os direitos trabalhistas e a Previdência Social”, comenta o presidente da CUT, Vagner Freitas, ao explicar as razões da manifestação.
A defesa de Lula também é uma das bandeiras da mobilização do próximo domingo porque, segundo Vagner, “Lula é maior liderança popular produzida pelo Brasil e, apesar de toda a campanha feita contra ele, o que inclui acusações sem prova e difamações, ele continua sendo esse símbolo de busca por um país justo, que supere as imensas desigualdades sociais que mancham nossa história. Por isso, defendê-lo é proteger o País dos retrocessos sociais, políticos e culturais que a direita usurpadora está impingindo ao povo”.
O presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, destaca o caráter formativo e politizador da manifestação. "Estamos vivendo um período de profundos ataques aos direitos e às liberdades democráticas no Brasil. Ao contrário do que foi vendido pelos golpistas, a economia brasileira não se recuperou e passa por um momento grave, com forte retração , elevação do desemprego e queda na renda das famílias. As medidas recessivas anunciadas pelo governo biônico de Temer mostram que a conta recairá sobre a classe trabalhadora e o povo mais pobre deste país. Por isso ocuparemos as ruas neste domingo. Precisamos alertar a população sobre os retrocessos e o ‘Estado Policial’ que se instaurou no Brasil."
Ato pela democracia, justiça e por Lula
Onde: Vão Livre do MASP
Quando: domingo, dia 27, a partir das 15h

WAGNER: TEMER, COPIA O COSTA E SILVA!



FONTE:
http://www.conversaafiada.com.br/politica/wagner-temer-copia-o-costa-e-silva



Em defesa das Anas Júlias​

Bessinha Manual Inútil.jpg
Por sugestão do amigo navegante Eugênio Aragão, o Conversa Afiada tem o prazer de publicar esse afiado artigo de Wagner Gonçalves, que honrou a PGR, hoje infestada de marqueteiros, como diz o Aragão:
Em respeito às Anas Júlias!
Vivemos tempos sombrios. Impera o ódio e a intolerância. Aqueles que nunca se manifestaram durante e após os crimes da ditadura de 1964 afloram como moscas. Hibernaram depois de 1985, porque, afinal, não dava mais para negar os mortos e desaparecidos, os gritos dos torturados e o movimento pela volta da democracia e das diretas já. Hoje mostram a cara, em manifestações públicas, invadem a Câmara Federal aos gritos, berram pela volta dos militares, combatem qualquer política pública que beneficie os mais necessitados, demonstram suas raízes racistas, xenófobas e intolerantes, chegando a fazer manifestação na Av. Paulista, em São Paulo, a favor do candidato Donald Trump, um aventureiro milionário que, no voto direto, foi rejeitado pela a maioria dos americanos. Com a queda de Dilma Roussef, por força de um impeachment sem base legal (“eu posso pedalar, você não”), essas forças do atraso, cônscias agora de seu poder, perderam o pudor. Estão entranhadas dentro de organismos do Estado, dentro de um Governo ilegítimo, que, em poucos meses, quer definir e impor, além do Ato Institucional n. 241 (PEC 55) e quejandos, modificação na previdência, nas aposentadorias, no sistema de ensino, na exploração do petróleo, tudo de cambalhotada, como se fossem deuses do olimpo num paraíso de néscios. Mas como todo golpe de Estado, por mais cuidadoso que seja, acaba demonstrando a que veio, a criminalização dos estudantes, “que estão desrespeitando as instituições, as leis e a ordem”, é agora a sua face mais visível.
Todos os órgãos policiais e instituições públicas, que pretendam combater o livre pensar, que cerceiam a liberdade de manifestação e de ação de estudantes (ameaçando-os, prendendo-os e algemando-os) são úteis às ditaduras e não às democracias. Agrava-se ainda mais a situação, quando agentes políticos do Estado, a quem incumbe a defesa das liberdades fundamentais e do regime democrático, a título de defender o patrimônio público e a ordem, trabalham como verdadeiros SNIs, levantando nomes de lideranças estudantis, datas de reuniões e manifestações, inclusive dentro de colégios e campus universitários, que outro sentido não tem a não ser criar constrangimentos, fazer ameaças e formar “dossiês” de triste memória.
Tais fatos foram constantes durante a ditadura militar de 1964/1985, que tinha nos estudantes seu maior alvo para garantir a “segurança nacional”.
É lição atual o texto de um advogado, ao apresentar habeas corpus a favor de estudantes goianos em 1968, que foram presos quando se manifestavam contra as deficiências da educação brasileira (com ocupação de escolas): “A juventude está sedenta de carinho, de compreensão e amor. Abra-se-lhe um crédito ilimitado de confiança e amizade. Quem não vislumbra um elo comum de explosão da juventude de todo o mundo? Em Berlim, em Tóquio, Praga, Berkeley, Guanabara ou Goiânia, os epítetos são os mesmos e trescalam à mesma insatisfação e rebeldia. Será que ninguém percebe que o descontentamento do jovem é indício de vitalidade a ensejar a dúvida e a indagação, para opção por um roteiro melhor? São nossos filhos, inundados de civismo, que querem erradicar a hemiplegia educacional, num país de analfabetos; que querem revisão de arcaicas estruturas, fraturadas nos pontos de maior carga e que nos tornam eternos tributários de povos desenvolvidos. Talvez não precisem eles seus objetivos, mas sentem, como ninguém, a falência dos métodos superados. Enfim, a vida, na sua imensa sabedoria, fala pelo espírito puro da juventude, que pode ter excesso de audácia, de inovação ou de desordem, mas que jamais se engajou nas empreitadas dolosas do crime ou do interesse pessoal.”
Seria oportuno que o senhor Michel Temer viesse a público, para segurar o ímpeto dos agentes do Estado, dizer, como o fez o então Marechal Costa e Silva, em 16.9.1968, ao inaugurar a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul: “Eu creio na juventude, como todos os membros do meu Governo, porque se não acreditássemos nela, teríamos de declarar a falência da Nação. Nós queremos governar com a juventude para a juventude, porque estamos no fim de nossas carreiras.”
Como o inferno está cheio de boas intenções, não faliu a Nação, faliu a democracia, o que esperamos não acontecer, em definitivo, no Brasil.
Wagner Gonçalves 
Ex-Subprocurador Geral da República.
 Em tempo: esse Bessinha... Os dallagnóis ainda pegam ele... - PHA