Chance foi aos 14 anos, quando ela atuava na quadra. Ao saber que teria de deixar o esporte, abandonou a ideia: "Jogo desde novinha, sempre fui apaixonada, não deu"
Fernanda Berti atualmente joga na praia com a parceira Taiana (Foto: Paulo Frank / CBV)
Tudo aconteceu quando Fê Berti tinha apenas 14 anos e ainda atuava no
vôlei de quadra. O namorado de sua irmã na época era modelo e insistia para que
ela fizesse um book. Apesar de relutar, a jovem aceitou e foi para uma agência
de São Paulo. Bem magra e com perfil de modelo, a carioca agradou. E insistiram
bastante para que Fernanda fechasse contrato. Quando soube que teria de largar
o esporte, abandonou a ideia.
- Eles queriam que eu ficasse lá, morasse lá e virasse modelo. Eu disse:
"Vou parar de jogar?". O cara: "Vai ter que parar". Respondi:
"Então não quero não". Fui embora, nem pensei. O cara saiu de dentro
de lá, correndo atrás de mim na rua, me puxando pelo braço: "Você vai se
arrepender". Eu era uma menina, só pensava no vôlei, queria jogar. Se eu
não estivesse no vôlei, talvez tivesse seguido. Mas como eu jogo desde
novinha e sempre fui apaixonada, não deu.
Fê Berti jogava na quadra antes de migrar para
a praia por meio de um projeto da CBV
(Foto: Vipcomm)
Fê Berti começou jogando no Fluminense e, rapidamente, passou a integrar
as categorias de base da seleção brasileira. Foi vice-campeã mundial
infanto-juvenil em 2001 e, dois anos depois, venceu o Campeonato Mundial
Juvenil. Ela chegou à seleção adulta em 2005 e já defendeu clubes brasileiros e
estrangeiros, como Campos, São Caetano, Pinheiros, Daejeon, da Coreia do Sul, Vôlei Futuro e
Praia Clube. Em 2012, recebeu um convite da Confederação Brasileira de Vôlei
(CBV) para integrar um projeto de jogadoras em transição para o vôlei de praia.
Walsh é a inspiração de Fê Berti (Foto: Instagram)
- Quando fiz a transição, foi como se estivesse mudando de esporte. Tive
que aprender tudo de novo. Há funções que eu não fazia na quadra e faço agora.
Eu não fazia levantamento, por exemplo. É muito mais completo e mais
individual. Parece mais um jogo de tênis e, psicologicamente, é diferente. Mas estou
amando. Grandes jogadores, como o Nalbert, já falaram dessa dificuldade. Há
atletas habilidosos que não conseguem. Eu me adaptei bem rápido – relatou a
jogadora, que foi campeã da etapa de Haia do Circuito Mundial em 2014 com
Taiana, mas já teve Drussyla, Júlia Schmidt e Elize Maia como parceiras na
praia.
Fernanda Berti lembra que, no início, ficou bastante deslumbrada (e até
em choque) com o fato de estar jogando do lado de atletas como Emanuel e
Ricardo, medalhistas olímpicos de Atenas 2004. Apesar de já ter estado em
quadra com jogadoras vitoriosas como Fernanda Venturini, Fofão e Sheilla, ela diz
que, na praia, foi ainda mais emocionante e ficou “na posição de fã”. Mas
sua inspiração, conta Fê, é uma estrangeira, a americana Kerri Walsh,
tricampeã dos Jogos Olímpicos.
- Eu me inspiro na Walsh, acho ela incrível. Admiro muito. Ela tem três
medalhas olímpicas, mas admiro ainda mais como pessoa. Acaba o jogo e ela vai
lá falar com todo mundo. Essa humildade dela é sensacional – finalizou.
Fernanda Berti e Taiana são parceiras na praia
e jogam o Circuito Brasileiro (Foto: Paulo
Frank / CBV)