Nenhum
surfista poderá tirar a lycra amarela de Matt Wilkinson na terceira e
última etapa da perna australiana do Circuito Mundial, em Margaret
River. Campeão das duas primeiras etapas, o australiano é o líder
isolado do ranking mundial, com 20.000 pontos, e será o homem a ser
batido, ao lado de Adriano de Souza,
atual campeão mundial e defensor do título no
local. Em um território selvagem e de clima frio, será testada pela
primeira vez uma tecnologia de proteção aos surfistas contra tubarões,
com sonares instalados nos jet skis. Embora nunca tenha havido na
competição uma ameaça como a sofrida por Mick Fanning em Jeffreys Bay,
na África do Sul, a região tem um histórico preocupante. Por isso, a
etapa é uma das mais perigosas do Tour. A chamada para avaliar as
condições para o primeiro dia de disputas será nesta quinta-feira, às
20h (de Brasília). A janela se encerra no dia 19 de abril.
-
Não temo os tubarões ali. Pelo menos, nunca tivemos problemas até agora.
A WSL (Liga Mundial de Surfe) continua trabalhando desde o incidente
com o Mick, e as medidas que eles acharem cabíveis acredito que tanto
nós quanto vocês saberão na mesma hora - afirmou Mineirinho.
+ Confira o ranking do Circuito Mundial+ Wilkinson arrasa Jordy em Bells, fatura 2º título seguido e dispara na liderança+ Algoz de Toledo e Mineiro deixa visual irreverente por seriedade rumo ao top 5
+ Melhor brasileiro em Bells, Italo aposta no estilo agressivo para voar alto na elite
Adriano de Souza é carregado após título em
Margaret River, na Austrália, no ano passado ]
(Foto: WSL/Kirstin scholtz)
Apesar
de ter desistido do polêmico projeto de extermínio dos predadores, em
2014, o governo do estado da Austrália Ocidental autoriza a população a
matar os grandes tubarões quando o risco é iminente. No ano passado,
pôde se notar uma mancha escura no mar, provavelmente, um tubarão
branco, em algumas baterias, como a de Gabriel Medina. Nesta temporada,
cada surfista terá um jet ski para a sua segurança. Como a distância
entre a arrebentação e o local onde os surfistas pegam as ondas é longe,
os competidores não precisam remar durante o percurso e podem contar
com o auxílio das motos aquáticas para evitar um encontro indesejável
com um tubarão. É o que conta Graham Stapelberg, diretor internacional
de eventos da WSL.
- Nós contratamos dois diferentes
consultores para tratar da questão do risco de ataques. Um na Cidade do
Cabo, na África do Sul, que tem nos enviado uma análise completa sobre a
segurança em Jeffreys Bay, com relatórios e recomendações... E um
engenheiro para Margaret River. Teremos nos jet skis uma tecnologia de
sonar para detectar possíveis ameaças de tubarões. Cada um dos surfistas
terá um jet ski à sua disposição, monitorando tudo e com um sistema de
rádio para comunicação. Se houver algum perigo, vamos reagir
imediatamente. É a primeira vez que vamos usar este sistema em Margaret
River, uma etapa que colocamos na categoria de alto risco. Mas também
temos o mesmo plano e estratégia para J-Bay - explicou Stapelberg. ]
Margaret River é o palco da terceira etapa do
Circuito Mundial de Surfe em 2016
(Foto: Reprodução/Twitter)
WILKO É Nº 1 ATÉ O RIO DE JANEIRO
Em sete temporadas na elite, Matt Wilkinson nunca havia vencido uma
etapa do Circuito Mundial até este ano. O australiano de Copacabana, nos
subúrbios da Costa Central, em New South Wales, entrou renovado em
busca do tão sonhado título.
Abandonou o visual irreverente e as roupas de estampas inusitadas e
viu brotar um espírito competitivo que até então não conhecia, mesmo
sem entender ao certo qual elemento o colocou no caminho das vitórias,
seja a mudança na mentalidade, os exaustivos treinos ou o trabalho com o
novo treinador, Glenn Hall. Depois de se aposentar do surfe no Pipeline
Masters, no Havaí, em dezembro do ano passado, o irlandês tem feito um
trabalho irretocável como técnico, tanto com Matt, como com Tyler
Wright, que disputa o circuito feminino.
Eu não queria encerrar a minha carreira e fiquei pensando
no que eu poderia fazer para melhorar. Tenho trabalhado em uma série de
coisas. Se você conseguir melhorar 10% em 10 diferentes partes, você
será um surfista 100% melhor. Quero deixar rolar. Eu amo "West Oz"
Matt Wilkinson, o Wilko
Wilko
passou a ganhar baterias e a manter a regularidade até o alto do pódio,
sem se deixar abalar pela pressão de ser o atual líder do ranking. Pelo
contrário, a lycra lhe fez bem. As vitórias consistentes na Gold Coast e
em Bells Beach o deixaram na liderança isolada do ranking mundial, com
20.000 pontos. Ele assegurou a ponta não só em Margaret River, como até a
quarta etapa, no Rio de Janeiro, de 10 a 21 de maio.
- Eu não queria encerrar a minha carreira e fiquei pensando
no que poderia fazer para melhorar. Tenho trabalhado em uma série de
coisas. Se você conseguir melhorar 10% em 10 diferentes partes, você
será um surfista 100% melhor. Quero deixar rolar. Eu amo "West Oz"
(Oeste da Austrália) - contou Wilkinson, que começou o ano sendo campeão
do QS 6.000 de Newcastle, na Austrália.
Líder isolado do ranking, Matt Wilkinson ga
nhou duas únicas etapas do ano: Gold
Coast e Bells Beach (Foto: WSL/Ed Sloane)
O
australiano só perdeu uma bateria esse ano, para Wiggolly Dantas, na
quarta fase em Bells Beach. Por pouco, não caiu de novo para o paulista
de Ubatuba nas quartas de final. Se salvou com uma onda no estourar do
cronômetro (7.43) para vencer por 13,26 a 12,00
pontos. Em seguida, se recuperou e dominou os seus confrontos, deixando
os rivais em combinação. Foi assim com o potiguar Italo Ferreira, na
semifinal, e na decisão contra o sul-africano Jordy Smith. Matt passou
anos como coadjuvante de uma equipe que tem nomes como Mick Fanning e
Gabriel Medina e admite que duvidou de si mesmo, mas, este ano, resolveu
virar protagonista.
- Eu sempre tentei ganhar em todos os lugares, mas nunca aconteceu. Este ano parece que estou conseguindo pegar os troféus
que sempre quis, então, estou muito feliz por ter vencido aqui em Bells.
Eu venho para esse evento há tanto tempo, sempre quis ganhar e
finalmente tive a minha chance - contou Wilko, depois de faturar o segundo título consecutivo na temporada.
Adriano de Souza Mineiro campeão Margaret
surfe (Foto: Divulgação/WSL)
Uma
das ameaças aos tops da elite em Margaret River será o wildcard
australiano Jacob Wilcox, vencedor da triagem para o evento principal. O
local entrou na bateria de Mineirinho e do havaiano Keanu Asing na
estreia da terceira etapa do Tour.
Outro perigo será o
local Jack Robinson, convidado da organização. O surfista de 18 anos foi
um dos destaques da temporada de inverno em Teahupoo, no Taiti, e
Pipeline, no Havaí, sendo indicado pelos comissários da Liga Mundial de
Surfe (WSL). Ele foi escalado para enfrentar o potiguar Italo Ferreira e
o americano Kanoa Igarashi.
Este começo de ano tem sido muito interessante e mostrou que qualquer um
pode vencer qualquer um. Eu amo vir ao Oeste da Austrália e gosto muito
de surfar em todos os picos que estão disponíveis para o evento. Tomara
que as condições estejam ótimas"
Adriano de Souza, atual campeão mundial e defensor do título em Margaret River
-
Me sinto muito privilegiado por ter sido escolhido. Mal posso esperar
para ver o show começar e estou com ótimas expectativas, considerando os
outros locais disponíveis para a disputa este ano - afirmou Jack
Robinson.
Mais uma vez, o palco principal será em Main Break,
onde Mineirinho sagrou-se campeão, na temporada passada. Em um dia de
ondas pesadas, o paulista do Guarujá teve uma vitória contundente sobre o
havaiano John John Florence, por 17.53 a 16.87. O pico alternativo, no
entanto, foi um espetáculo à parte. A onda perigosa e tubular de The
Box, que quebra sobre uma rasa laje de pedras, fez os surfistas irem do
sonho em tubos perfeitos ao pesadelo em vacas dolorosas. Situação que
poderá ser vista novamente neste ano. A novidade serão as direitas de
North Point, outra opção para os organizadores do evento.
-
São dois picos bem diferentes e que podem se alternar a qualquer
momento. The Box é uma onda muito difícil e lembro que, antigamente, eu
deixava de treinar em Main Break para me aprimorar lá. Nos últimos anos
tivemos altas ondas e espero me entender com elas novamente neste ano -
contou Adriano de Souza.
Mineirinho dominou as ondas de The Box (foto) e Main Break em Margaret (Foto: Divulgação/WSL)
Mineirinho,
que teve uma precisão quase cirúrgica nas diferentes ondas de Margaret,
ocupa atualmente a décima posição no ranking e espera repetir o feito
da temporada passada.
- Foi um evento difícil no ano passado,
pois passei pelas duas repescagens, peguei o Kelly nas quartas em uma
bateria dificílima, peguei o Taj depois e na final o John John. Derrotei
alguns dos melhores do mundo ali. Foi um dos pontos altos junto com
Pipeline - disse.
Com dois desfalques, o Brazilian Storm terá
oito representantes na terceira etapa da perna australiana. A disputa
será marcada pelo retorno de Alejo Muniz. O argentino de Mar Del Plata,
criado nas ondas de Bombinhas, litoral catarinense, retorna após um
longo período fora de combate. Ele sofreu uma lesão no ligamento
colateral do joelho esquerdo na etapa
francesa e se submeteu a uma cirurgia em outubro do ano passado.
Jadson
André, por sua vez, machucou o tornozelo em Bells e anunciou estar fora
do campeonato em Margaret. Ainda em recuperação de uma lesão no fêmur
esquerdo e em um músculo da virilha,
Filipe Toledo é outra ausência e só volta na etapa do Rio de Janeiro, em maio.
O
aussie Jack Freestone sofreu uma lesão na perna na Gold e continua sem
competir. Outras baixas são os australianos Owen Wright, por conta de
uma concussão na cabeça nos treinos para o Pipeline Masters, em
dezembro, e Bede Durbidge, com um lesão no quadril em uma vaca
também no North Shore de Oahu. Mick Fanning é outro desfalque. Após um
ano traumático, em que escapou ileso de um ataque de tubarão na final em
Jeffreys Bay, precisou lidar com a morte do irmão durante o Pipeline
Masters e ainda terminou o seu casamento, o tricampeão mundial só volta a
competir em J-Bay, de 6 a 17 de julho. Os substitutos são Adam Melling,
Stuart Kennedy, Sebastian Zietz, Dusty Payne, Jay Davies e Leonardo
Fioravanti, atual líder do QS.
BATERIAS DA 1ª FASE EM MARGARET RIVER
1: Jeremy Flores (FRA), Taj Burrow (AUS),
Alex Ribeiro (BRA)2: Julian Wilson (AUS), Kai Otton (AUS), Adam Melling (AUS)
3: Matt Wilkinson (AUS), Stuart Kennedy (AUS), Dusty Payne (HAV)
4:
Italo Ferreira (BRA), Kanoa Igarashi (EUA), Jack Robinson (AUS)
5:
Gabriel Medina (BRA), Davey Cathels (AUS) e Leonardo Fioravanti (ITA)
6:
Adriano de Souza (BRA), Keanu Asing (HAV) e Jacob Wilcox (AUS)
7: Jordy Smith (AFS), Michel Bourez (TAH),
Alejo Muniz (BRA)8: Nat Young (EUA),
Caio Ibelli (BRA), Matt Banting (AUS)
9: Joel Parkinson (AUS), Conner Coffin (EUA), Ryan Callinan (AUS)
10: Kelly Slater (EUA), Kolohe Andino (EUA),
Miguel Pupo (BRA)11: John John Florence (HAV), Adrian Buchan (AUS), Sebastian Zietz (HAV)
12:
Wiggolly Dantas (BRA), Josh Kerr (AUS), Jay Davies (AUS)
CONFIRA O TOP 10 APOS BELLS BEACH
1: Matt Wilkinson (AUS) - 20.000 pontos
2: Conner Coffin (EUA) - 9.200
3: Jordy Smith (AFS) - 8.500
3: Kolohe Andino (EUA) - 8.500
5: Mick Fanning (AUS) - 8.250
5: Italo Ferreira (BRA) - 8.2505: Stuart Kennedy (AUS) - 8.250
8: Caio Ibelli (BRA) - 8.0009: Filipe Toledo (BRA) - 7.000
10: Adriano de Souza (BRA) - 6.95010: Nat Young (EUA) - 6.950
10: Joel Parkinson (AUS) - 6.950
10: John John Florence (AUS) - 6.950
10: Wiggolly Dantas (BRA) - 6.95010: Adrian Buchan (AUS) - 6.950
10: Michel Bourez (TAH) - 6.950
OUTROS BRASILEIROS NO RANKING
22: Gabriel Medina (BRA) - 3.500
23: Jadson André (BRA) - 2.250
23: Miguel Pupo (BRA) - 2.250
33: Alex Ribeiro (BRA) - 1.000
33: Alejo Muniz (BRA) - 1.000
BRASILEIROS EM BELLS BEACH
3º - Italo Ferreira - Baía Formosa (RN)
5º - Wiggolly Dantas - Ubatuba (SP)
9º - Caio Ibelli - São Paulo, radicado no Guarujá
13º - Miguel Pupo - Itanhaem (SP)
13º - Adriano de Souza - Guarujá (SP)
13º - Gabriel Medina - São Sebastião (SP)
25º - Alex Ribeiro - Praia Grande (SP)
25º - Jadson André - Vila de Ponta Negra, Natal (RN)
FONTE:
http://globoesporte.globo.com/radicais/surfe/mundial-de-surfe/noticia/2016/04/mineirinho-tenta-bi-em-margaret-river-e-wsl-testa-protecao-contra-tubaroes.html